Narrativas da Realidade: O gosto pelo Jornalismo
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Não tem uma coisa muito precisa para explicar como é que se deu esse processo.” A frase exposta acima do jornalista Fernando Boente é para identificar a imprecisão com que tomou a de-
cisão de fazer o curso de Jornalismo. Não se trata de uma decisão simples, muito menos de considerar que houve um único fator primordial que o conduziu para o mergulho na escolha da produção jornalística como meio de vida. O fato é que du rante a entrevista, a memória coletiva de Fernando Boente estabeleceu na narrativa o marco dessa decisão. E toda vez que a memória instaura como relevância determinado fato, temos de reconhecer que é o passado em movimento a partir da ressignificação da experiência vivida no presente. A primeira referência apresentada pelo entrevistado está na dimensão de temporalidade e espaço. Ao fim do Ensino Médio, permaneceu por um ano parado, mas com o pensamento exercendo a mesma atividade quando estudava. A pergunta a si mesmo, revela, era: o que vou fazer agora? E outras mais imprecisas que deixam nubladas qualquer caminho a ser seguido: o que eu gosto de fazer? Ao indagar a si mesmo sobre o que gostaria de fazer, a primeira imagem que se pode recorrer é de indefinição. Mas que pode remeter, por um lado ao vazio de referência, como pode suscitar, ao contrário, o preenchimento completo ao ter a sua frente essas diversidades de possibilidades no campo profissional.