PARADOXO DO COTIDIANO II

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Gerson de Sousa

entender o que se refere a pauta do cotidiano, que pela correria passa batido em relação às pautas do que se identifica como assuntos políticos. É provável que não se trate de assuntos políticos mas de personalidades políticas. Pois é justamente o cotidiano, a cultura como política, que se efetiva um posicionamento do sujeito diante da realidade. A finalização deste embate veio com outra resposta inesperada, que o entrevistado conceitua esse problema teórico. O que edifica a produção jornalística como história seria então o suporte na qual se faz o registro? Seria porque se faz dez anos que foi publicado que se torna história? Se no momento que se produz, o jornalista não tem consciência de que faz história e realmente pra ele foi batido, porquê daqui a 10 anos se tornará história? E a resposta veio em tom de mudança conceitual da percepção, que até então sustentava o discurso de Erivelton Rodrigues, para o da experiência vivida. Mas eu não diria que história é feita só de ato consciente, não, né? É de vivência, não importa se tem consciência ou não daquilo, mas é de vivência... Ainda que fosse sinalizado um problema, mesmo que fosse na imprensa, em determinado período, acho que faz parte da história. É preciso discutir isso entendeu, com tempo, e ver que rumo seguir, né? Também é história, ainda que fosse um problema, a gente constatasse um problema na imprensa como pode ser sugerido, é história. (ENTREVISTA, Erivelton Rodrigues, 2016).

A história não é feita somente de ato consciente, é de vivência. A justificativa em primeiro momento se apresenta plausível, pois traz para a produção de sentido outros elementos para além da razão. É assim que Erivelton Rodrigues estabelece a vivência como ponto nodal. O fator primordial aqui é compreender os limites dessa vivência no processo de produção jornalística já relatado pelo entrevistado. E que sinaliza que nem sempre se consegue vencer ao enfrentamento da determinação hegemônica. A resposta traz a tônica novamente a pergunta: se é história, que narrativa histórica estamos contando por meio do jornalismo?

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

2min
pages 263-264

Considerações finais

7min
pages 257-262

A Maturidade da liberdade criativa na prática jornalística

42min
pages 229-254

Narrativas da Realidade: O gosto pelo Jornalismo

37min
pages 205-226

Capítulo 11

1min
pages 255-256

Os dilemas da emoção na arte de interpretar a notícia

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pages 181-202

A tensão da teoria na prática bruta do Jornalismo

36min
pages 157-178

A interrogação do eu provocado na produção de sentido

30min
pages 117-134

A narrativa em tempos de consciência histórica

28min
pages 137-154

Os incômodos da paixão na prática vivenciada no Jornalismo

39min
pages 63-86

Capítulo 4

2min
pages 87-88

Capítulo 5

1min
pages 115-116

Capítulo 6

0
pages 135-136

Capítulo 3

2min
pages 61-62

Capítulo 2

3min
pages 37-38

Agradecimentos

1min
pages 1-6

A produção de sentido do conhecimento

34min
pages 39-60

Capítulo 1

2min
pages 15-16

Justificativa

3min
pages 8-12

O desafio de lutar contra o tempo na produção de sentido

32min
pages 17-36

Metodologia

3min
pages 13-14
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