Gerson de Sousa
entender o que se refere a pauta do cotidiano, que pela correria passa batido em relação às pautas do que se identifica como assuntos políticos. É provável que não se trate de assuntos políticos mas de personalidades políticas. Pois é justamente o cotidiano, a cultura como política, que se efetiva um posicionamento do sujeito diante da realidade. A finalização deste embate veio com outra resposta inesperada, que o entrevistado conceitua esse problema teórico. O que edifica a produção jornalística como história seria então o suporte na qual se faz o registro? Seria porque se faz dez anos que foi publicado que se torna história? Se no momento que se produz, o jornalista não tem consciência de que faz história e realmente pra ele foi batido, porquê daqui a 10 anos se tornará história? E a resposta veio em tom de mudança conceitual da percepção, que até então sustentava o discurso de Erivelton Rodrigues, para o da experiência vivida. Mas eu não diria que história é feita só de ato consciente, não, né? É de vivência, não importa se tem consciência ou não daquilo, mas é de vivência... Ainda que fosse sinalizado um problema, mesmo que fosse na imprensa, em determinado período, acho que faz parte da história. É preciso discutir isso entendeu, com tempo, e ver que rumo seguir, né? Também é história, ainda que fosse um problema, a gente constatasse um problema na imprensa como pode ser sugerido, é história. (ENTREVISTA, Erivelton Rodrigues, 2016).
A história não é feita somente de ato consciente, é de vivência. A justificativa em primeiro momento se apresenta plausível, pois traz para a produção de sentido outros elementos para além da razão. É assim que Erivelton Rodrigues estabelece a vivência como ponto nodal. O fator primordial aqui é compreender os limites dessa vivência no processo de produção jornalística já relatado pelo entrevistado. E que sinaliza que nem sempre se consegue vencer ao enfrentamento da determinação hegemônica. A resposta traz a tônica novamente a pergunta: se é história, que narrativa histórica estamos contando por meio do jornalismo?
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