determina que partículas atômicas comportam-se tanto como corpos materiais, quanto como ondas. Este princípio foi enunciado pela primeira vez em 1924 pelo físico francês Louis Victor de Broglie (Nobel de Física em 1929). Atualmente, esse experimento foi realizado usando-se, em vez de partículas subatômicas, objetos bem maiores como cem moléculas e o resultado foi o mesmo: moléculas comportam-se como partícula e como onda, dependendo da escolha do observador.
O Princípio da Complementaridade Outro fato intrigante ocorre quando tentamos determinar por qual fenda a partícula passou. Para resolver esta questão podemos proceder fechando uma das fendas para ter certeza que ela passou pela outra. Mais uma surpresa: a figura de interferência no segundo anteparo é destruída dando lugar a apenas uma concentração bem localizada de partículas, a daquelas que passam pela fenda aberta! Portanto, ao montarmos um experimento que evidencia o caráter corpuscular da matéria (apenas uma fenda aberta), destruímos completamente o seu caráter ondulatório, ou seja, o oposto ao caso com as duas fendas abertas. Este fato define o princípio da complementaridade. Isto acontece porque as naturezas ondulatórias e corpusculares do elétron não podem ser simultaneamente determinadas. A tentativa de determinar uma delas inviabiliza a determinação da outra. Temos que escolher com qual das duas queremos trabalhar. Bohr afirmou que as naturezas de onda e partícula do elétron não são dualísticas, nem simplesmente polaridades opostas. São propriedades complementares, como os conceitos de Yin e Yang da filosofia chinesa. Os elétrons não são ondas nem partículas, são de natureza transcendente a ambas, uma mistura das duas ou ondículas, neologismo usado pelo físico Amit Goswami14. Dependendo de como são observadas, as partículas podem se comportar como partículas ou como ondas. O que determina a o resultado é a natureza do experimento. Se fizermos um experimento de difração ou interferência, o caráter ondulatório é manifesto; se quisermos verificar o caráter de partícula localizada escolhemos o experimento de espalhamento de Compton. Tal experimento foi realizado por Arthur Holly Compton (Nobel de Física de 1927) e consiste em fazer incidir sobre um alvo, radiação com direção e energia bem determinadas, e a seguir medir a direção e 14 GOSWAMI, Amit. O Universo Autoconsciente, São Paulo: Editora Aleph. 226