Em 1987 o relatório Brundtland criou o conceito de desenvolvimento sustentável, definido como o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer as das futuras gerações. Com esta definição foram lançadas as bases da Cimeira do Rio de 1992, quanto à dependência irrenunciável que cada elemento da economia e das nossas vidas tem dos ecossistemas naturais. Não há nada que produzamos, façamos ou necessitemos para sobreviver que não provenha em última instância da natureza, que conta com uma capacidade máxima de carga que não devemos ultrapassar. O desenvolvimento implica que nenhum recurso renovável devia ter sido utilizado a um ritmo superior ao da sua produção, que nenhum poluente devia ter sido produzido a um ritmo superior ao que pode ser neutralizado pelo ambiente, e que todos os recursos não renováveis deviam ter sido aproveitados ao máximo até serem substituídos por recursos renováveis. No entanto, durante as três últimas décadas, o modelo de produção e consumo e a nossa forma de habitar o planeta, registou indicadores de desenvolvimento degenerativo, ultrapassando vários limites que nos afastaram do ideal da sustentabilidade. Nestas três últimas décadas perdemos 40% da biodiversidade do planeta e não deixámos de fazer aumentar as emissões de gases com efeito de estufa. Além disso, estimase que cerca de 80% da poluição lançada nos mares e oceanos resulta de atividades realizadas em terra, especialmente devido ao uso de fertilizantes. Biodiversidade, mudança climática e ciclos biogeoquímicos são três dos nove limites planetários que não devíamos ter ultrapassado para garantir um bem-estar económico e social sustentável e sustentado. Dependemos da natureza para absolutamente tudo: para que nos proporcione alimentos, água e refúgio; para que regule as doenças, clima, ciclos de nutrientes e oxigénio; e para a nossa saúde e bem-estar. O planeta funciona como um sumidouro das nossas emissões e detritos. Todos somos gestores desse capital
As nossas economias, meios de subsistência e bem-estar humano dependem diretamente de nosso bem mais precioso: a natureza. Revisión Dasgupta, 2021