entre a Dança e outras áreas de estudo (outros componentes curriculares), mas também entre os/as diversos/as agentes educacionais envolvidos/as e, ainda, entre os eixos e objetos do conhecimento aqui propostos que, como já foi explicitado, tem uma ordem de apresentação que é propositiva, mas não é uma fórmula universal. SABOREANDO A PERSPECTIVA RIZOMÁTICA – CONEXÕES ENTRE AS CONCEPÇÕES Muitos são os atravessamentos que poderiam estar nesta proposta, e que podem não só ser pensados, mas efetivados pelos/as educadores/as. Como pistas para uma cartografia (PASSOS; KASTRUP; ESCÓSSIA, 2015; PASSOS; KASTRUP; TEDESCO, 2014) tenho apresentado aberturas, possibilidades para se pensar o ensino de Dança indicando um caminho possível, por uma perspectiva que considero pertinente, flexível e com a possibilidade de ser efetivada em diversos contextos. As ramificações da perspectiva rizomática aqui proposta, suas possíveis conexões entre diferentes concepções (conceitos e mobilizações) e seu caráter de interdisciplinaridade, deverão operar como fator de integração, mediação e colaboração entre estas, ou seja, entre todos os fatores que se atravessam, todos os conceitos abordados. Vamos considerar que um ponto comum entre todas as concepções seja a ideia de Educação Integral e, a partir desta, pensar como podem ocorrer a integração, a mediação e a colaboração entre os diferentes conceitos que abordamos: rizoma, autonomia, emancipação, interdisciplinaridade, pilares da educação, conteúdos: conceituais, procedimentais e atitudinais; ODS e outros possíveis. A ideia de uma “formação humana integral” é comumente encontrada nos discursos de estudiosos/as, bem como na legislação educacional, sob o termo de “Educação Integral”, que, relacionando-a com a Constituição Federal do Brasil (de 1988) em seu artigo 205, pode ser traduzida como “[...] o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 2013, p. 121). Para além das ideias contidas na legislação educacional brasileira, mas partindo de um conceito de Educação Integral, aqui pensando na plenitude do desenvolvimento de um corpo, ou melhor, uma corpessoa, acreditamos que tal formação só é possível se for pensada enquanto constituída por uma multiplicidade de concepções, e, estas, brotando das reais necessidades educacionais identificadas na contemporaneidade, ou seja, das realidades vivenciadas por aquelas corpessoas. Neste sentido, penso que todas as conexões já propostas nesta perspectiva, bem como as que podem vir a ser, em um devir educação integral, aqui também conecta-se à proposta de Antonio Moreira quando emprega o termo “conversa”, no sentido abordado por William Pinar (2004), para remeter-se [...] ao ponto para o qual convergem diversas enunciações presentes na comunicação humana. Nele, escuta-se uma diversidade de vozes: discursos se encontram, se reconhecem, se atritam e se relacionam, sem que nenhum se imponha ou seja imposto ao outro. [...] deseja-se a confluência, mas não a homogeneização, de distintos modos de pensar, de imaginar e de improvisar. (MOREIRA, 2009, p. 379).
Como no pensamento citado, aqui distintas concepções conversam entre si, estão imbricadas umas nas outras. Por exemplo: tem-se como pensar no desenvolvimento integral de uma corpessoa sem levar em consideração o que preconizam os quatro pilares da educação propostos por Delors? Tem-se como pensar que alguém estaria plenamente preparado para a vida se não tiver autonomia de pensamentos e atitudes? Existirá autonomia na vida de uma pessoa que não se considere emancipada educacional e socialmente?
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