Consciência e Liberdade N.º 22 (2010)

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Editorial O extremismo religioso e a liberdade religiosa Para este número da Consciência e Liberdade escolhemos como tema “O Extremismo religioso e a liberdade religiosa”. Antes de abordar o assunto, questionámos o que significava “extremismo”, “fanatismo” e “fundamentalismo” religioso e que relação tinham com a liberdade religiosa. Aparentemente, o fanatismo religioso e a liberdade religiosa são dois fenómenos que criam tensões e que, em certa medida, são antinómicas. O extremismo, e mais particularmente o extremismo religioso, tem tendência a ser um entrave para a liberdade religiosa. Com muita frequência cria restrições legais e, em certos casos, fornece às autoridades um pretexto para limitar a liberdade religiosa. Ao abordarmos o nosso assunto, viemos a compreender que o vocabulário usado em volta deste problema era, na maior parte das vezes, vazio. Logo, a primeira dificuldade é, portanto, semântica. O que é que entendemos por “extremismo religioso”? Os termos “fanatismo” e “fundamentalismo” são aparentados? Numerosos autores e oradores utilizam com frequência estas palavras como sinónimos inter-cambiáveis. Falta a todos uma definição clara e admissível. Além disso, o sentido de certas palavras tem evoluído com o passar do tempo. Por exemplo, o fundamentalismo, que era muito mais positivo na sua origem, tem, actualmente, uma conotação pejorativa. Uma vez que estes termos não são claramente definidos, suscitam sentimentos negativos, o que torna a sua compreensão ainda mais subjectiva. O que é um extremista? O que é um fanático? O que é um fundamentalista? Quando consultamos as enciclopédias, corremos o risco de nos sentirmos frustrados pela imprecisão e a subjectividade das definições que aí encontramos. Eis o género de definição que lá se encontra: “Fanatismo designa uma adesão apaixonada e incondicional a uma causa, um entusiasmo duradouro e quase monomaníaco por um determinado assunto, ou uma ligação opinativa, cega e por vezes violenta” (Wikipedia). Uma outra fonte propõe: “O fanatismo religioso pode ser definido como o fanatismo ligado à devoção de uma pessoa ou de um grupo a uma religião. Contudo, o fanatismo religioso é uma avaliação subjectiva definida pelo contexto cultural de quem faz a avaliação. O que pode ser considerado como fanatismo no comportamento ou a crença de outrem é determinado pelas hipóteses de base daquele que avalia. Eis porque não existe, na hora actual, nenhum modelo teórico constante daquilo que define o fanatismo religioso.” O “extremismo” e o “fanatismo” são, em geral, definidos como um desvio em relação a uma norma comportamental aceite por todos, que varia segun4


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