Pesquisa em Foco
TEORES DE CARBONO E NITROGÊNIO EM SOLOS SUBMETIDOS À AREAS DE MANEJO FLORESTAL E VEGETAÇÃO NATIVA
Francisco Assis de Sousa Filho Agronomia/UFCA asfilho@agronomo.eng.br
Antonio Italcy de Oliveira Júnior Engenharia/UFCA antonioitalcy@alu.ufc.br
Adriana Oliveira Araújo Engenharia/UFCA adrianasaneamento050@gm ail.com
Luiz Alberto Ribeiro Mendonça Professor/UFCA larm@ufc.br
1 Introdução
2 Fundamentação Teórica
O manejo do solo empregado na agricultura e o extrativismo da vegetação, resultantes da substituição de áreas de vegetação nativa por sistemas agrícolas, resultam em impactos ambientais negativos, alterando a dinâmica da matéria orgânica do solo (MOS) (RANGEL et al., 2008). LEITE et al (2003) ressalta que os sistemas agrícolas e manejos florestais, em substituição às florestas nativas, causam desequilíbrios de ecossistemas, modificando propriedades físicas, químicas e biológicas dos solos. A intensidade destas modificações varia com as condições edafoclimáticas, a natureza do solo e os usos e manejos adotados. Neste contexto, os sistemas agrícolas e manejos florestais em substituição ás florestas nativas causam desequilíbrios de ecossistemas, modificando propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. A intensidade destas modificações varia de acordo com as condições edafoclimáticas, a natureza do solo e os usos e manejos adotados (ÁRAUJO et al., 2004). A relação C/N é um bom indicador da qualidade de solos manejados. Elevados valores da relação C/N indicam que a decomposição da MOS é lenta, já que há menor quantidade de nitrogênio disponível para os microrganismos, favorecendo a imobilização. Valores de C/N > 30 (alto) indicam a possibilidade do esgotamento do nitrogênio nos solos, já para C/N < 20 (baixo) há possibilidade de liberação do carbono mineralizado (MOREIRA & SIQUEIRA, 2006). A MOS faz parte do equilíbrio do ciclo do carbono (C) e do nitrogênio (N), e seu conteúdo encontra-se estável em solos sob vegetação natural. Quando ecossistemas nativos são alterados por atividades antrópicas, o equilíbrio dinâmico é quebrado e, normalmente, as entradas de C são menores do que as saídas, o que conduz à redução da quantidade e a modificação da qualidade da MOS (BORTOLON et al., 2009). Assim, objetivou-se com este estudo analisar os teores de carbono orgânico e nitrogênio total de solos sob áreas de manejo florestal e de vegetação nativa preservada na Chapada do Araripe.
A região do Araripe, na confluência dos Estados de Pernambuco, Ceará e Piauí tem localizada em seu território a Floresta Nacional do Araripe – FLONA/ARARIPE, primeira a ser criada no Brasil, através do Decreto Nº 9.226, no dia 02 de maio de 1946. Localiza-se no topo da Chapada do Araripe – centro da Região Nordeste do Brasil, no extremo sul do estado do Ceará, abrangendo parte dos municípios de Santana do Cariri, Crato, Barbalha, Missão Velha e Jardim ocupando aproximadamente 5 % da área da Chapada do Araripe, que é de 8.000 km2. (ALVES, 2011). Manejo Florestal (MF) é a administração da floresta para a obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema. Corresponde à utilização de múltiplas espécies madeireiras, de múltiplos produtos e subprodutos não madeireiros, bem como a utilização de outros bens e serviços ambientais (SÁ et al, 2011). A qualidade do solo (QS) está centrada na identificação de um índice capaz de servir como indicador, assim como existem indicadores para qualidade do ar e da água. Cientistas do solo, agricultores e instituições governamentais tem interesse em obter um indicador de qualidade do solo (IQS) para avaliar terras, em relação à degradação, estimar necessidades de pesquisa e de financiamentos e julgar práticas de manejo, a fim de monitorar mudanças nas propriedades e nos processos do solo, na sustentabilidade e na qualidade ambiental, que ocorram no tempo, em resposta ao uso da terra e as práticas de manejo (VEZANI; MIELNICZUC, 2009). O solo pode ser entendido como um sistema aberto, sendo que o conteúdo de matéria orgânica do solo (MOS) presente no mesmo é resultado do balanço entre as adições e perdas de C do sistema. A adição se dá pelas plantas, com a formação da biomassa vegetal (parte aérea e raízes), e as perdas ocorrem pelos processos de decomposição microbiana da MOS, lixiviação de compostos orgânicos e erosão hídrica. Segundo o mesmo autor estes processos são determinados não só pelo clima e condições do solo, mas também pela qualidade do resíduo e pela atividade de raízes, micro-organismos e fauna do solo (LAPEN et al ., 2004). 225