Pesquisa em Foco
SOBRE A ANALÍTICA DO PODER: DA REPRESSÃO À BIOPOLÍTICA EM MICHEL FOUCAULT
Eliude Ferreira Lima Filosofia/UFCA eliudelima@hotmail.com
Veridiana Sâmiles Pereira Texeira Engenharia Civil/UFCA veridianatxr@hotmail.com
Lília Barbosa Xavier Filosofia/UFCA lilianbx@hotmail.com
Cícera Ferreira Sousa Filosofia/UFCA ciceraferreirasousa@hotmail. com
Geislane Lopes Rodrigues Filosofia/UFCA geislanelopes@outlook.com
Cesar Augusto Borges Paiva Ferreira Engenharia Civil/UFCA cesherion@hotmail.com
Marcius Aristóteles Loiola Lopes Professor /UFCA marcius_re@hotmail.com
1 Introdução
é assim tratado não como uma entidade estável, coesa ou até mesmo uma unidade, o poder é antes algo da “ordem da relação”. Notemos no que se refere à questão do poder na filosofia de Michel Foucault:
Este trabalho tem como finalidade tratar da analítica do poder em Michel Foucault como ponto de verificação filosófica. Apresentando a partir do olhar e pensamento do autor uma análise do poder e sua relação com a vida, Foucault elabora e apresenta sua analítica discorrendo sobre três momentos do poder dentro da sociedade ocidental. O primeiro é o poder soberano, este normalmente é dado pela figura de um rei ou soberano que tem poder sobre a vida e a morte de seus súditos. O segundo surge com o nascer da modernidade em que aparece uma nova tecnologia de poder, a qual Foucault chama de poder disciplinar que se dirige ao corpo individualmente. A terceira forma seria a biopolítica que é uma instrumentalidade que vai se somar ao poder de disciplina e fundamentalmente vai se dirigir aos fenômenos ligados à população, à espécie humana globalmente, refere-se ao poder centrado na vida. Diante disso, tentaremos expor neste trabalho como Foucault pensa o poder, de como desenvolve sua genealogia dos procedimentos e das práticas de funcionamento que permeia todas as relações humanas.
o poder não existe. Quero dizer o seguinte: a ideia de que existe, em um determinado lugar, ou emanando de um determinado ponto, algo que é um poder, me parece baseada em uma análise enganosa e que, em todo caso, não dá conta de um número considerável de fenômenos. Na realidade, o poder é um feixe de relações mais ou menos organizado, mais ou menos piramidalizado, mais ou menos coordenado (FOUCAULT, 1979, p. 248).
Pelo o que se expõe no presente fragmento citado, há em Foucault uma recusa de encarar o poder como uma entidade fixa ou que emana de um centro. Vejamos a questão ainda por outro ângulo de compreensão: o poder deve ser analisado como algo que circula, ou melhor, como algo que só funciona em cadeia. Nunca está localizado aqui ou ali, nunca está nas mãos de alguns, nunca é apropriado como uma riqueza ou um bem. O poder funciona e se exerce em rede. Nas suas malhas os indivíduos não só circulam, mas estão sempre em oposição de exercer este poder e de sofrer sua ação; nunca são o alvo inerte ou consentido do poder, são sempre centros de transmissão. Em outros termos, o poder não se aplica aos indivíduos, passa por eles. Não se trata de conceber o indivíduo como uma espécie de núcleo elementar, átomo primitivo, matéria múltipla e inerte que o poder golpearia e sobre o qual se aplicaria, submetendo os indivíduos ou estraçalhando-os. Efetivamente, aquilo que faz com que
2 Fundamentação teórica Considerando a investigação do poder desenvolvida pelo filosofo francês Michel Foucault, Deleuze (2005) constata que os poderes não estão situados em nenhum lugar determinado na sociedade. O seu funcionamento ocorre por meio da disposição de aparelhos a que nenhuma pessoa se esquivar, pois, o poder “nunca é global, mas ele não é local nem localizável porque é difuso” (DELEUZE, 2005, p. 36). Detecta-se dessa forma a existência de modos de treino do poder sobre o homem como elementos de um dispositivo de natureza fundamentalmente política, como peças de relações de poder. O poder 301