no Brasil houve a junção desses povos e consequentemente a dos seus deuses e assim formou-se o candomblé3 – uma religião de matriz africana, porém brasileira, mas que mantém as tradições dos cultos aos orixás, nkisis e voduns. A história das irmandades e confrarias, que data desde o império romano, nos ajuda a melhor perceber como vai se dar a formação da identidade negra no Brasil principalmente na Bahia que vai levar o povo negro do banzo ao xirê com a invenção do candomblé e a criação do espaço que aqui conhecemos como terreiro. Elas tinham funções assistencialistas para com seus membros, além de política e religiosa, iriam ocupar lugar de destaque na igreja como instrumento de difusão do cristianismo, e no Estado como espaço de cidadania. Deste último, herda a forma burocratizada das suas autarquias, com seus livros de registro e contabilidade e os cargos hierarquizados dos quais podemos destacar o de juiz ou juíza suprema, tesoureiro(a) e secretário(a). Vivem, basicamente, das joias pagas por cada membro ao entrar, de contribuições mensais dos mesmos, de doações e heranças além de verbas governamentais e a utilização de prédios públicos. As irmandades não trabalhavam de graça por seus membros. Estes as sustentavam por méis de jóias de entrada, anuidades, esmolas, coletadas periodicamente, loterias, rendas de propriedades legadas em testamentos. Os recursos auferidos por várias fontes eram gastos nas obrigações com os irmãos e em caridade pública; na construção, reforma e manutenção das igrejas, asilos, hospitais e cemitérios; na compra de objetos do culto, como imagens, roupas, bandeiras, insígnias; na folha de pagamento de capelães, sacristãos, funcionários; 3
Na África cada clã ou família africana cultuava somente um único deus. A junção dos cultos é um fenômeno brasileiro decorrente da importação de escravos, estes agrupados nas senzalas nomeavam um babalorixá (pai de santo) ou uma yalorixá(mãe de santo).
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! EMANOEL LUÍS ROQUE SOARES • SAYONARA CARDOSO COPQUE