em movimento” e possíveis formas performativas de diálogo entre o observador e o observado. A terceira parte inclui um estudo de caso sobre paisagem, mobilidade e performance, tendo como palco o Cariri cearense.
Paisagens em Tensão O conceito de paisagem na cultural ocidental surgiu no final do século XV como uma forma de ver o mundo externo, tendo como base o humanismo renascentista e suas concepções do espaço (COSGROVE, 1985, p.46). Com a consolidação da Geografia como disciplina acadêmica ainda no século XIX, a ideia de paisagem se tornou um dos conceitos centrais nos debates. Portanto, muitos geógrafos restringiram o estudo da paisagem às marcas visíveis. Forças mentais e práticas sociais que moldaram a paisagem não pertenciam ao objeto de estudo da Geografia (SCHLÜTER, 1906; SEEMANN, 2004). De certa forma, essa concepção reflete a definição do termo, que ainda pode ser encontrada em dicionários dos dias atuais: “extensão de território que se abrange num lance de vista”.1 Paisagem era o que o olho via e que os pintores paisagistas retrataram nas suas telas. Sob a influência de autores europeus, o geógrafo norte-americano Carl Ortwin Sauer (1889-1975) refinou esses princípios sobre o conceito, estabelecendo uma relação mais forte entre o meio ambiente e a produção humana do espaço. Para Sauer, o ponto de partida era a paisagem natural que seria transformada pelas ações antrópicas: “a paisagem cultural é modelada a partir de uma paisagem natural por um grupo cultural. A cultura é o agente, a área natural é o meio, a paisagem cultural é o resultado” (SAUER, 1998, p.59). Se1
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! JÖRN SEEMANN