sença dos modelos. As duas cabeças estavam ligadas por um veículo escondido. Flora, vendo continuar o silêncio de Aires, compreendeu acaso parte do que lhe passava no espírito. Com um gesto pronto, pegou do desenho e deu-lho. Não lhe disse nada, menos ainda escreveu qualquer palavra. Qualquer .que fosse, seria indiscreta. Demais, era o único desenho a que ela não pôs assinatura. Deu-lho como se fora um penhor de arrependimento. Em seguida, atou novamente as fitas da pasta, enquanto Aires rasgava calado o desenho e metia os pedaços no bolso. Flora ficou por um instante parada, boca entreaberta mas logo lhe apertou a mão, agradecida. Não pôde evitar que lhe caíssem duas pequeninas lágrimas, — como outras tantas fitas que lhe atavam para sempre a pasta do passado. A imagem não é boa, nem verdadeira; foi a que acudiu ao conselheiro, andando, ao voltar de Andaraí. Chegou a escrevê-la no Memorial, depois riscou-a, e escreveu uma reflexão menos definitiva: “Talvez seja uma lágrima para cada gêmeo.” “Pode acabar com o tempo, pensou ele indo para a barca de Petrópolis. Não importa; é um caso embrulhado.”
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