CDM 53 - Impressa

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Lute como uma artista Conheça as lideranças feministas que lutam contra a discriminação de gênero no mundo da arte Paula Moran

P

elos arredores de uma pequena cidade praiana no interior do Rio Grande do Norte, chamada Pipa, é possível ver, em alguns lugares, grafites e lambe-lambes de vulvas espalhadas pelos muros de ruazinhas, que se não fosse por Beatriz Lago, 24, seriam apenas monótonas. “Dizer o que minha arte representa é muito difícil, porque é, na verdade, tudo o que está acontecendo comigo agora, está tudo em transformação. É a partir de trocas e experiências com as outras manas que também pintam e somam a gente de outra forma, que me inspiro nessas mulheres e tudo isso vai se expressando no meu trampo”, conta Beatriz, mais conhecida como “Bea Lake”. Para Beatriz, a arte é um instrumento de transformação social. E é por isso que ela retrata o feminismo em seus trabalhos como uma forma de conscientizar as pessoas: “Os temas das minhas ilustrações sempre são mulheres e suas formas reais, não aquilo que a mídia gosta de impor como algo inatingível, que é o corpo feminino hipermidiatizado, padrão. Por isso, gosto de retratar as mulheres em suas mais variadas formas, e tenho adotado a vulva feminina como símbolo da minha arte, junto à outra área que eu gosto, que é o ecofeminismo”, conta a ilustradora, que pinta sempre uma vulva em formato de suculenta e transformou essa imagem em sua marca pelos

editoria 70 revistacdm | cultura

muros da cidade de Curitiba e outros lugares do Brasil.

GUERRILHEIRAS NA ARTE Sim, a história sempre foi contada por homens, e para homens. As mulheres ficaram em segundo plano, ou muitas vezes nem apareceram. Silenciadas e ofuscadas pelo patriarcado, as mulheres trilharam seus caminhos sempre à beira de um homem que, por sua vez, e quase sempre, era cercado de privilégios. Felizmente, isso está mudando. Os séculos passaram e hoje já podemos ver pequenas mudanças, mais direitos conquistados e mais espaços alcançados. Infelizmente, a realidade ainda está muito longe da utopia dos direitos iguais e equidade entre gêneros - e como abordaremos, especialmente nesta reportagem, no mundo da arte. Paula Moran

Grafite de Bea Lake na Rua São Francisco.


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