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MERCADO
Setembro 2021
Executivos do setor avaliam tendências para o futuro do Mercado Bioenergético
Diante do atual cenário de ten− dências mundiais na área de ecologia, sustentabilidade, transição energética, mudanças climáticas e até mobilidade inteligente, quais são as perspectivas de futuro que se podem vislumbrar para o mercado bioenergético. Quem acompanha o setor, viu ce− nário semelhante em meados de 2004/2005 quando o segmento pas− sou por uma enorme transformação. Com entrada de grandes players in− ternacionais, muitas usinas se alavan− caram para crescer e talvez até pela empolgação e falta de prudência, muitas enfrentaram problemas e fica− ram pelo caminho. Se ficar pelo caminho não é uma das perspectivas mais atraentes, quais são as alternativas e possibilidades que permitam as usinas prosseguirem a passos largos em seus projetos de cres− cimento e expansão. O assunto foi te− ma do 6º CEO Meeting promovido pelo JornalCana na quarta−feira, dia 18 de agosto, com patrocínio das em− presas Autojet from Spraying Systems, AxiAgro, Netafim e S−PAA Soteica. Sob a condução do jornalista e diretor do ProCana, Josias Messias, o
webinar contou com a participação de Gustavo Henrique Rodrigues, CEO da Clealco, Jean Gerard Lesur, diretor superintendente Usinas na Viterra e Walfredo Linhares, CEO do Ingenio Valdez no Equador. Gustavo Henrique Rodrigues, CEO da Clealco, destaca o papel so− cioeconômico das usinas e comenta que há duas décadas, o grande desafio era a questão ambiental, com a elimi− nação da queimada, o que obrigou as usinas a se reinventarem nesse aspecto. “Hoje nosso destaque é socioeconô− mico, e as usinas têm uma influência muito grande nos locais onde estão instaladas. Nós, por exemplo, influen− ciamos diretamente 27 municípios”, afirmou, comentando ainda o benefí− cio da volta das operações da Unidade Clementina, na última safra, que gerou 700 novos empregos na região. Para o executivo, o momento é de aproveitar as oportunidades de mer− cado e se fortalecer em termos de ca− pacidade financeira, de estrutura de capital e fazer investimentos em me− lhorias operacionais. “O grande passo é estar preparado, assim como um maratonista tem que se preparar para correr 42km, a gente tem que se pre− parar a cada momento para os desafios que o crescimento nos impõe”, argu− mentou. Para Jean Gerard Lesur, diretor su− perintendente Usinas na Viterra, é preciso olhar mais atentamente para a área agrícola, onde estão concentrados
75% dos custos.“Temos que concen− trar ações no plantio, no desenvolvi− mento de novas variedades mais resis− tentes à seca, ampliar o uso de defen− sivos biológicos em detrimento dos produtos químicos, com a ampliação do uso racional da vinhaça”, disse. Le− sur também defende o investimento em treinamento dos colaboradores, para que eles se sintam parte inte− grante de todo o processo. Ele acredi− ta que o setor pode ampliar sua atua− ção no segmento de cogeração de energia e também na produção do biometano, através da vinhaça. Segundo o diretor, o setor passou muito tempo apenas tentando “man− ter a cabeça acima da água” e agora
Gustavo Henrique Rodrigues
Jean Gerard Lesur
Walfredo Linhares
As usinas elevam sua importância sócio econômica e planejam ações de crescimento
chegou o momento de investir em tecnologias para conseguir se perpe− tuar no mercado. Walfredo Linhares, CEO do Inge− nio Valdez, localizada no Equador, fa− lou sobre a perspectiva na comunida− de Andina das Nações, que reúne Equador, Colômbia, Peru e Bolívia. Segundo ele o setor sucroalcooleiro na região apresenta números bem mais modestos se comparados aos do mer− cado brasileiro. Estamos falando de uma produção de 600 a 700 mil toneladas de açúcar ao ano e de 150 milhões litros. Walfredo acredita que o grande desafio para o setor é a busca pela eficiência com suporte tecnológico. “Se você tem um desafio de cada vez ser mais eficiente, acho que é efi− ciência na transformação dessa matéria− prima nos produtos finais nos cobra a fazer um investimento, nos cobra ser dedicados para cada vez mais levar pro− dutos aos consumidores.E podemos es− tar bastante orgulhosos de ter uma pe− gada de carbono super baixa”, acredita Com relação à mobilidade urba− na, Walfredo entende que já existe um caminho pela eletrificação, principal− mente em veículos e ônibus urbanos. Mas segundo ele, isso ainda está longe de acontecer, principalmente pela fal− ta de infraestrutura e pelo alto valor de aquisição dos veículos elétricos.