JornalCana 332 (Novembro 2021)

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MERCADO

Novembro 2021

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em issõe s de GEE s p elo hidr at ado. Como é com o anidro e com o eta− nol de milho? Em termos de emissão de GEE ao longo do ciclo de vida do com− bustível, o etanol anidro resulta nu− ma redução de mesma ordem de grandeza ao do hidratado. Obviamente, como seu uso é parcial, em mistura com a gasolina, a redução é proporcional ao volume utilizado, que atualmente é de 27%. No caso do etanol de milho produzido no Brasil, dependendo do processo produtivo e utilização in− tensiva de biomassa na geração energética da usina, o resultado po− de ser próximo ao obtido com o etanol de cana.

C o m o a s si m ? Poderia ser dada prioridade para ônibus urbanos, vans, cami− nhões de entregas urbanas e cami− nhões de serviços, como coleta de lixo, segmentos que inclusive já contam com oferta de modelos 100% a bateria. Veículos de duas rodas de baixa potência, frequentemente usados em trajetos de curta distância, e que apresentam custo relativamente bai− xo, também se constituem em seg− mento que poderia ser objeto de eletrificação. Esse tipo de abordagem, que po− de ser induzida por políticas públi− cas, possibilitaria que o Brasil se in− tegrasse nas novas tendências de ele− trificação sem, contudo, abrir mão do uso do etanol. S i g n i f i ca q u e o e t a n o l t e r á s o − brevida? É importante lembrar que en− quanto a eletrificação demora déca− das para trazer resultados substanciais no abatimento de emissões, o uso do etanol possibilita isso hoje. Basta um veículo flex substituir o uso da gasolina pelo etanol e teremos

imediatamente um abatimento de GEE superior a 60% segundo os cál− culos mais conservadores. O e t a n o l t e m e s p a ço g a r a n t i d o com as tecnolog ias em desenvolvi− m ento de célula de combustível? O etanol vem sendo objeto de vários estudos para uso em sistemas com células de combustível, que podem gerar eletricidade para di− versas aplicações, além de seu uso em veículos. Vale lembrar que um veículo com célula de combustível é, na verdade, um veículo elétrico que, ao invés de ser carregado com eletricidade, gera a sua energia a partir do hidrogênio ou de subs− tâncias que contenham hidrogênio, como o etanol, o metanol ou o gás natural. A Nissan é a empresa que neste momento está mais avançada na aplicação veicular da célula de com− bustível a etanol, tendo já construí− do protótipos testados no Brasil e no Japão. Outras empresas estão igual− mente desenvolvendo suas pesquisas embora ainda não as declararam pu− blicamente.

Em qua nto t emp o t ere mos a tecnolog ia no mercado? Trata−se de tecnologia que ain− da está em fase de aperfeiçoamento e que, se tiver viabilidade comercial, poderá chegar ao mercado por volta de 2030. Contudo existe uma série de aplicações não veiculares, como sis− temas de backup elétricos, ou gera− ção elétrica em hospitais e escolas, que poderiam vir a utilizar células de combustível a etanol e suprir as ne− cessidades energéticas sem emissões, ruído e vibração. Em termos ambientais, caso caia o consumo de etanol corremos o risco de ampliar as emissões de GEE, já que o consumo de gasolina segue em alta? O etanol é o combustível que deve ter a preferência do público, es− pecialmente por ser renovável e de baixo carbono, além dos outros be− nefícios que traz para a sociedade e economia. A substituição do etanol por gasolina é certamente indesejá− vel nos tempos atuais, pois resulta no aumento de GEE. Fa la−se mu ito na redução de

M o t o r e s a c o m bu s t ã o : o s e n h o r aj udou a emp ree nder o Proconve. Temos também o Rota 2 030. Ainda é possível m elhorar a eficácia desses motores? Com o? O Rota 2030 é um bom progra− ma, mas poderia ter objetivos mais amplos e ambiciosos em termos de melhoria da eficiência energética dos motores a combustão. É possível avançar na tecnologia de motores, mas isso requer mais in− vestimentos em engenharia e desen− volvimento. Como as decisões sobre investi− mentos das montadoras instaladas no país são em geral tomadas pelas ma− trizes, justificar investimentos no Brasil nem sempre é tarefa fácil, es− pecialmente quando o foco de mui− tas matrizes passa a ser eletrificação. E o gover no? Todavia, o governo federal po− deria contribuir de forma mais efe− tiva nesse esforço utilizando diversas formas de estímulos em suas políti− cas voltadas para o desenvolvimento industrial e energético. Há também outras medidas que poderiam ser consideradas e que faci− litariam o desenvolvimento industrial. Cite um exemplo, por f avor. Uma delas é a redução do teor de água do etanol hidratado, para cerca de 2%, o que resultaria no au− mento energético do combustível em torno de 3%. O consumidor de um veículo flex faz a sua opção de compra no− tadamente com base no preço rela− tivo dos combustíveis e a paridade desses em termos da autonomia do veículo. Portanto, avançar numa agenda objetivando um melhor rendimento do etanol é jogar a favor da susten− tabilidade ambiental e da perenidade do setor sucroenergético.


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