JornalCana 332 (Novembro 2021)

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Novembro 2021

Série 2

Número 332

www.axiagro.com.br

SETOR BIOENERGÉTICO VIVE EXPECTATIVA DE EXPANSÃO APÓS PARTICIPAÇÃO NA COP-26

Segmento se esforça para apresentar a viabilidade econômica da cana-deaçúcar como importante alternativa de matriz energética renovável

Conheça os vencedores do MasterCana Centro-Sul 2021




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CARTA AO LEITOR

Novembro 2021

índice MERCADO Safra de cana no Centro-Sul: uma quebra com magnitude nunca registrada . . . . . . . . .06 Usinas do Norte e Nordeste devem aumentar a oferta de etanol no ciclo 2021/22 . . . .07 Safra 2021/22 deve encerrar com moagem de 515 milhões de toneladas . . . . . . . .08 e 09 FS anuncia investimentos de 2,3 bilhões na construção de planta de etanol de milho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10 e11 Grupo Nardini lança Pedra Fundamental de sua segunda usina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12 Clealco firma parceria inédita com maior exportadora de amendoim do Brasil . . . . . . .13 Embraer apresenta aviões conceito movidos por energia renovável . . . . . . . . . . . . . . . . .14 Usina de etanol em construção no RS produzirá 10 milhões de litros/ano . . . . . . . . . . .15 Etanol permite motores híbridos elétricos até na coleta de lixo . . . . . . . . . . . . . . . .16 e 17 Setor bioenergético vive expectativa de expansão após COP-26 . . . . . . . . . . . . . . . .18 e 19 Biogás pode reduzir emissões de metano em mais de 30% até 2030 . . . . . . . . . . . . . . . . .20

INDUSTRIAL Como aumentar a capacidade de secagem de levedura sem uma torre nova? . . . . . . . .21 Usinas otimizam processos de recepção, preparo e extração da cana . . . . . . . . . . . . . . . .22 Bioenergética Aroeira reduz consumo de vapor e aumenta significativamente sua receita com bioeletricidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23

USINAS Cerradão maximiza a condensação do conjunto de geração de vapor através de RTO .24 Raízen e Bonsucro celebram 10 anos da primeira certificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26 Baldin termina safra com moagem de 1,1 milhão de toneladas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26

AGRÍCOLA Irrigação por gotejamento permite mapeamento de aumento de produtividade . . . . . .27 Usinas buscam novas técnicas de manejo para melhorar a produtividade . . . . . . . . . . . .28 Oxíquimica Agrociência mais uma vez inova no mercado de cana . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29

GENTE Morre diretor do grupo Santa Isabel, Alcides Graciano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30 Falece pai de André Rocha, presidente do Sifaeg/SIFAÇÚCAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30 Roberto Hollanda Filho deia Biosul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31

GESTÃO Profissionalização da gestão exige confiança e transparência . . . . . . . . . . . . . . . . . .32 e 33

MASTERCANA Premiação MasterCana 2021 destaca os melhores em um ano de superação . . . . .34 a 42

"Bendiga, minha alma, o Senhor, e não se esqueça de nem um só de seus benefícios. Ele é quem perdoa todas as suas iniquidades; quem cura todas as suas enfermidades"

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Mesmo com tantos desafios, etanol tem futuro promissor Considerada por muitos como a safra mais desafiadora da história, a temporada 2021/22 sofreu com as más condições climáticas, fato agravado pela elevação dos custos, o que acabou prejudicando a produção.“É uma quebra com magnitude nunca registrada”, enfatizou Plínio Nastari, presidente da DATAGRO. Neste cenário, a DATAGRO, a Canaplan e a StoneX estimam que os volumes produzidos pelas unidades devem ser menores até mesmo no próximo ciclo. As projeções das consultorias são destaques nesta edição de novembro. A edição mostra também os investimentos feitos em novas plantas, como o Grupo Nardini, que lançou a pedra fundamental de sua segunda unidade. E a FS, que continua apostando agressivamente no etanol de milho, tendo anunciado a construção de mais uma planta em Mato Grosso, dias após ter inaugurado oficialmente sua segunda unidade em Sorriso, com direito a ter presente a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,Tereza Cristina. “Fazemos aqui um grande sistema integrado de produção de alimento e energia”, afirmou na ocasião, o CEO da companhia, Rafael Abud. Além disso, o jornal destaca acordos que prometem reforçar o caixa das usinas. Exemplo disso, é a parceria inédita que a Clealco fechou com a Beatrice Peanuts que passará a cultivar canaviais e fornecerá a produção colhida para a moagem da usina. Nessa busca pela competitividade, as usinas passaram a investir também na profissionalização da gestão, tema que vem sendo discutido em webinares realizado pelo JornalCana e que pode ser conferido nesta edição. A matéria de capa ressalta que os holofotes se viraram para o etanol durante a COP−26, a conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, realizada em Glasgow, na Escócia. As externalidades do biocombustível fizeram parte do discurso dos representantes brasileiros e como resultado, a conferência deixou expectativas positivas do setor em relação aos desdobramentos das negociações pós COP−26. “Para atingirmos uma mobilidade verdadeiramente sustentável, todas as soluções efetivas para redução de emissões são bem−vindas e estamos aqui para mostrar como podemos contribuir nesse esforço mundial”, destacou o presidente da União da Indústria de Cana−de−Açúcar (UNICA), Evandro Gussi, afirmando que o uso do etanol como complementar à adoção do modelo de transporte elétrico, pode ajudar na renovação da frota mundial rumo ao fim do uso de combustíveis fósseis. “O etanol vem sendo objeto de vários estudos para uso em sistemas com células de combustível, que podem gerar eletricidade para diversas aplicações, além de seu uso em veículos”, reforçou Alfred Szwarc. especialista em biocombustíveis e diretor da ADS tecnologia e desenvolvimento sustentável, em entrevista exclusiva publicada neste mês. O leitor ainda encontra sugestões para otimizar processos de recepção, preparo e extração da cana; dicas sobre novas técnicas de manejo para melhorar a produtividade e a cobertura do MasterCana Centro−Sul 2021. É muito conteúdo interessante. Boa leitura!

Salmos 103:2,3

ISSN 1807-0264

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MERCADO

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Safra de cana no Centro-Sul: uma quebra com magnitude nunca registrada Afirmação é do presidente da DATAGRO, Plínio Nastari

A safra de cana 2021/22 foi uma das mais desafiadoras da história, em termos de execução constatou o pre− sidente da DATAGRO, na 21ª Con− ferência Internacional DATAGRO sobre Açúcar e Etanol realizada entre os dias 25 e 26 de setembro, na capi− tal paulista. Na ocasião, o consultor fa− lou sobre os fatores que influenciaram negativamente a produção na região Centro−Sul do Brasil, sendo os sinto− mas de seca os mais severos. “Atraso no desenvolvimento, fa− lhas de brotação e perda no peso da cana foram os sintomas gerais. A seca trouxe ainda incêndios, grande parte deles criminosos”, disse, destacando os “vilões” que prejudicaram a produção na referida temporada. “Infelizmente, uma sequência de más condições climáticas, acompa− nhada por elevação dos custos, assolou os canaviais em 2021/22. O volume de chuva em 2021 atingiu o pior acú− mulo nos últimos 90 anos, somando− se ao déficit hídrico dos anos anterio− res”, ressaltou o presidente da DATA− GRO. Além disso, ocorreram três for− tes geadas em julho deste ano.A que− da da temperatura foi mais generali− zada, provocando geadas em Goiás e no norte de Minas Gerais. Isso resultou em “morte súbita” nas áreas canavieiras do Centro−Sul em 2021/22 e a probabilidade de atraso no início da safra 2022/23. Em média, a produtividade agrícola no Centro−Sul atingiu 70,60 toneladas por hectare, queda de 14,7% ante mesmo período de 2020/21.Ao mes− mo tempo, a área colhida com cana até 1º de outubro já somou 6,68milhões de hectares, uma extensão de 9,7% maior do que a área colhida em mes− mo período de 2020/21. A estimativa da consultoria para a safra em curso é de uma produção de 518,6 milhões de toneladas no Centro−Sul do Brasil, ante 605,5 mi de toneladas em 2020/21. “Teremos na região CS uma quebra de 88−90 toneladas de cana em apenas um ano. Uma quebra dessa magnitude nun−

ca foi registrada na história do se− tor”, disse Plinio. A quebra na safra de cana será equivalente a 13,4 mmt de ATR, com mix ligeiramente mais alcooleiro. A produção de açúcar no Brasil deve recuar 6,6 milhões de toneladas, para 34,9 milhões de toneladas; esti− ma−se que a de etanol de cana caia para 26,0 bilhões de litros – 3,8 bi de litros a menos do que em 2018/19. Segundo Nastari, o crescimento da produção de etanol de milho tem amenizado o impacto do clima na sa− fra de cana e o impacto no preço ao consumidor. Dados da consultoria

mostram que, desde 2015/16, a pro− dução do biocombustível derivado do cereal cresceu de 141 milhões de litros para 3,32 bilhões de litros esperados em 2021/22. Já o mix de etanol anidro aumen− tou 4,8 p.p. em um ano para 24,80% na segunda quinzena de setembro, o maior para este período em sete anos. A tendência é de que os preços per− maneçam em alta à medida que há a expectativa de maiores reajustes do preço da gasolina. No Norte e Nordeste, a moagem de cana ganha ritmo. O clima voltou a favorecer o processamento da cana

após um início de safra chuvoso. As− sim, até 30 de setembro, as unidades da região tinham processado 14,9 mi− lhões de toneladas e produzido 520,9 mil toneladas de açúcar e 789,62 mi− lhões de litros de etanol. Sobre a safra 2022/23, a estimati− va inicial da DATAGRO é de uma moagem de entre 530 e 565 milhões de toneladas Centro−Sul.A produção de açúcar deverá ser de 33,7 milhões de toneladas, em um cenário de oti− mismo e em 31,6 mi de toneladas em cenário mais pessimista. De acordo com Plinio, o volume de cana deve voltar aos patamares de 2020/21, quando foram processadas na região Centro−Sul um total de 605 milhões de toneladas, somente em 2023/24. “No curto prazo, os desafios são a retomada do plantio de cana de 12 me− ses, tratos culturais e originação e custo de insumos, como fertilizantes, gesso e calcário, e maquinário. O foco conti− nuará sendo no controle de custos e di− versificação para aproveitar ao máximo a energia da cana”, esclareceu o consultor. As previsões indicam ainda que os preços, que têm sido compensadores, deverão continuar em alta por mais 3 a 4 anos, algo que não se via há mui− to tempo.


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Usinas do Norte e Nordeste devem aumentar a oferta de etanol no ciclo 2021/22 A região prevê a ampliação da produção em nova safra de cana A consultoria StoneX prevê que o volume pro− cessado pelas usinas do Norte e Nordeste será de 53,6 milhões de toneladas nesta safra. A produção estimada será uma maior que a das duas temporadas anteriores, que fecharam em pouco mais do que 47 milhões de toneladas. O cenário climático favorável, sustenta a expec− tativa de uma safra maior.“As chuvas vinham abai− xo da média nos últimos meses e se recuperaram em agosto e setembro.As perspectivas são positivas pa− ra as chuvas ao longo da safra”, disse Marina Mal− zoni, analista de açúcar e etanol da StoneX.A con− sultoria acredita, porém, que as mesmas precipita− ções devem reduzir em 1,1% o teor de sacarose na cana, a 130,3 quilos de Açúcares Totais Recuperá− veis (ATR) por tonelada de cana. Já as usinas espe− ram um aumento no ATR. A princípio, a maior parte da cana deve mais uma vez ser direcionada à produção de etanol, com pou− cas diferenças em relação à safra passada, ainda que o mix possa mudar, a depender de alterações nos con− textos dos mercados de açúcar e etanol. Malzoni afirma que, no momento, o etanol anidro em Per−

nambuco está oferecendo uma remuneração 4,6% maior do que a do açúcar, o que pode favorecer uma safra mais alcooleira. Tanto as usinas como a consultoria estimam que a produção de etanol anidro das regiões Norte e Nordeste deve alcançar 1,05 bilhão de litros, volu−

me 9% superior ao da temporada passada, diante do aumento do consumo de gasolina, o que demanda mais aditivo. Porém, a oferta ainda não deverá ser suficiente para atender a demanda regional, e isso deverá gerar fluxos de importação. Em reuniões recentes com o governo, o setor de distribuição calculou que, para atender a demanda esperada para o intervalo entre outubro e março, quando acaba a safra sucroenergética do Centro− Sul, e ainda garantir estoque para o consumo de abril do ano que vem, será necessário importar 600 mi− lhões de litros de etanol anidro no período. De acordo com a StoneX, os preços dos contra− tos futuros de etanol na bolsa de Chicago já indicam que a janela de importação do biocombustível para o Nordeste estará aberta entre novembro deste ano e maio de 2022, a despeito do aumento dos custos do frete marítimo e da desvalorização do real. Essa perspectiva de importações deve−se à quebra de sa− fra no Centro−Sul ocorrida neste ano e ao fato de a oferta dos Estados Unidos estar em níveis competi− tivos, afirma a analista. No Norte e no Nordeste, a produção de etanol hidratado deve chegar a pouco mais de 1,1 bilhão de litros, volume ligeiramente menor que o da tempo− rada passada, calcula a associação. Para a produção de açúcar, a estimativa da StoneX é de 3,1 milhões de toneladas. Na safra passada, o volume foi de 3 mi− lhões de toneladas.


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Safra 2021/22 deve encerrar com moagem de 515 milhões de toneladas Estimativa é da Canaplan Da safra da resiliência, para a da incerteza, mas com alguma dose de otimismo. Essa foi a síntese dos pro− dutores de cana ao avaliarem o ciclo 2021/22 e as expectativas em relação à vindoura safra 22/23. O tema da II Semana Canavieira / Reunião Ca− naplan iniciada na última semana de setembro. Luiz Carlos Corrêa Carvalho (Caio Carvalho), diretor da Canaplan, apresentou um breve panorama dos desafios enfrentados nesses dois últi− mos anos no cenário global. No âm− bito nacional, Carvalho ressaltou as condições adversas que marcaram a safra 20/21, alternando longo perío− do de seca com geadas surpreenden− tes e incêndios. Tudo isso, em meio a uma pande− mia sem precedentes na história da humanidade. Passando também por variáveis macroeconômicas na área internacional como a guerra comer− cial EUA X China, a disparada do preço do petróleo, o processo de des− carbonização, pauta da reunião de Glasgow: como acelerar a transição energética, saindo de uma matriz de combustível fóssil para uma matriz re− novável, “o que pode fortalecer o eta− nol”, acredita. O consultor da Canaplan, Ciro Mendes Sitta, ao apresentar indicado− res da safra 20/21 na região Centro− Sul, destacou que foi um período no qual os produtores tiveram que correr para apagar o fogo e tentar mitigar os prejuízos. Segundo ele, a safra come− çou em um patamar mais baixo de produtividade e foi caindo drastica− mente nos últimos meses. “O ATR não foi o vilão, sofreu uma redução mais se aproximou da safra passada, mas a produtividade agrícola sofreu um corte muito baixo em comparação à safra anterior pas− sando de 82,6 t/ha para 68,7 t/ha”, detalhou. Para Sitta, a estratégia da compra de insumos será primordial para se alcançar bons resultados na sa− fra 22/23. Em sua apresentação o consul− tor Nilceu Cardozo, apontou a safra 21/22 como a safra da resiliência, em virtude dos diversos fatores ad− versos já apontados, comparando−a com a 11/12 que passou por situa− ção semelhante.

Ele destaca que o desafio do setor será retornar à produtividade normal. Para ele a temporada 22/23 será a sa− fra a incerteza. “Há espaço para uma visão otimista, desde que se tome cui− dado com as variáveis.Temos algumas certezas: o atraso no desenvolvimen− to; chuvas retornaram mais cedo com mais intensidade; a safra deve começar com perspectivas de baixa inferior a 21/22; e deve voltar a ser ‘anidreira’, em virtude da preocupação com eta− nol”, prognosticou. Para Cardozo a área de cultivo tende a estabilização e a dinâmica do plantio pode definir o sucesso ou fracasso no próximo ciclo. Diante deste cenário, a consulto− ria prevê moagem entre 510 e 529

Caio Carvalho

milhões de toneladas na safra 2021/22, com sugestão de 515 mi− lhões de toneladas. A produção de açúcar deverá ficar na faixa entre 31,66 milhões de toneladas a 32,28 milhões de toneladas e a de etanol deverá ficar entre 23,41 bilhões de li− tros a 23,87 bilhões de litros. Já as estimativas para a próxima safra 2022/23 apontam que o volume de cana deverá ser menor do que o moído em abril/22, com a qualidade da matéria−prima processada com baixos ATR’s. A Canaplan trabalha com três ce− nários para a temporada, sempre con− siderando as condições climáticas no outono e inverno. Uma delas, é de re−

Nilceu Cardozo

cuperação, com chuvas acima da mé− dia, ficando em 540 milhões de tone− ladas; outra de estagnação, com restri− ção hídrica média, com produção pa− recida com a de 2021/22, 515 milhões de toneladas e a safra da depressão, com seca intensa, registrando volume processado menor do que os 515 mi− lhões de toneladas. Caio Carvalho ressaltou ainda que o verão volátil em chuvas agravaria a moagem e sugeriu que, após o desafio para os ganhos de biomassa, o produ− tor deverá preparar−se para eventual florescimento em 2022.

Apostando na tecnologia Mesmo diante deste cenário, em− presários e produtores vislumbram o “copo meio cheio” para a próxima safra, contando com a chuva e a tec− nologia. “Nesta época no ano passa− do tínhamos uma expectativa muito grande de romper com a regra de 80 hectares por unidade, mas isso não se concretizou. Tivemos secas, geadas, obrigando a antecipar a colheita, com moagem 15% menor e produtivida− de agrícola 17% menor em relação ao ano passado. Tivemos uma chuva em junho, e retomamos o nosso plantio e mesmo assim, deixamos de plantar


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cerca de 30% da nossa área (cerca de 700 hectares), que só vamos conse− guir plantar ano que vem. Em setem− bro e outubro retomamos com as chuvas, e em função disso, para o ano que vem a gente espera uma safra su− perior ao que a gente está tendo es− se ano”, disse Cassio Manin Paggia− ro, da Usina Clealco, Edson Girondi, da Usina Alto Alegre, ressaltou que o ano foi seco, com geadas, que afetou de 30 a 40% das áreas do Paraná. “Para a próxima safra a expectativa em função de toda essa complexidade, devemos ter um viés de baixa em relação a essa safra 4 a 5% menor”. José Olavo BuenoVendramini, da Tereos, disse que é preciso “sair do muro das lamentações, cuidar do ca− navial e ser criativo. Saímos de uma safra muito boa na 20. Para o próxi− mo ano, apesar das boas chuvas em outubro, o canavial está falhado, muitas plantas daninhas, mas prevejo uma safra com pelo menos 4 tone− ladas a mais”. Luiz Antônio Dias Paes, diretor do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), a expectativa é que a safra que vem seja melhor que essa, tomando por base as recuperações que o setor já apresentou em crises anteriores,

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com o apoio da tecnologia. Opinião também compartilhada por Luís Gustavo Teixeira, da Usina São Mar− tinho. “Esperamos uma recuperação, embora nada extraordinária, em grande parte por conta do investi− mento em tecnologia”. Para o produtor Paulo Roberto Artioli, da Tecnocana, “as commodi− ties estão altas.Teremos sim uma difi− culdade com relação a suprimentos e insumos, mas acho que a próxima sa− fra, graças a tecnologia, vai ser bem melhor que a desse ano”. Segundo Rodrigo Vinchi, da At− vos, o que preocupa para safra que vem “é que tivemos um plano de plantio prejudicado. Mas com relação à conjuntura, também prefiro olhar o lado mais cheio do copo, com os avanços no nosso trato cultural, que deve nos permitir um próximo ano menos atribulado”. De acordo com Rogério Bremm, da BP Bunge, que soma 11 usinas em 5 Estados, “Estamos investindo bas− tante no canavial.As chuvas de outu− bro têm ajudado e de maneira geral, a expectativa para o ano que vem, se vier chuva, pelo menos dentro da mé− dia, deveremos ter um ano positivo. Se chover acima da média será melhor ainda”, concluiu.


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FS anuncia investimentos de 2,3 bilhões na construção de planta de etanol de milho No final de outubro, dia 28, a usina promoveu a inauguração oficial de sua segunda unidade em Sorriso, no Mato Grosso A primeira empresa a apostar na produção de etanol de milho no Brasil, a FS já conta com duas usinas, e anunciou investimentos na ordem de R$ 2,3 bilhões para a construção de sua terceira unida− de na cidade de Primavera do Leste, no Estado do Mato Grosso. A futura planta terá capacidade para produzir 585 milhões de litros de etanol ao ano a partir da moagem de 1,3 milhão de toneladas de milho. A nova unidade será construída em duas etapas e irá gerar cerca de 8 mil empregos indiretos durante as fases de obras e 500 empregos diretos e indiretos durante o seu funcionamento. Os trabalhos de ter− raplanagem da unidade já foram iniciados e a plan− ta tem inauguração prevista para 2023. Parte do grão que abastecerá a primeira safra já está sendo comprada. Com a unidade na ativa, a FS alcançará uma capacidade nominal de produção de pouco mais de 2 bilhões de litros de etanol por ano. “Primavera do Leste é uma região muito im− portante para a FS devido à grande oferta de milho e sua localização estratégica para distribuição dos nossos produtos”, afirma o CEO da FS, Rafael Abud.

No dia 28 de outubro a empresa promoveu a inauguração oficial de sua segunda unidade, loca− lizada na cidade de Sorriso, também em Mato Grosso. Com capacidade total de produção de 880 milhões de litros de etanol por ano; 212 mil to− neladas de farelo de milho; 28 mil toneladas de óleo de milho e 190 mil MWh por ano de coge− ração de energia. “É com muito entusiasmo que inauguramos a nossa mais nova e maior unidade, localizada em uma região estratégica para a FS. Iniciamos nossas ope− rações em junho de 2017, com a capacidade de pro− duzir 275 milhões de litros de etanol por ano. Ho− je, com as duas maiores plantas de etanol 100% de milho do país, em Lucas do RioVerde e Sorriso, no Mato Grosso, já somamos mais de 1,4 bilhão de ca− pacidade produtiva de litros de etanol/ano”, desta− ca o CEO da FS. A usina de Sorriso, que recebeu investimento de cerca de R$ 2 bilhões, é uma unidade eficiente do ponto de vista estratégico para a FS, pois aumenta a proximidade com os fornecedores da região e am− plia as chances de negócio. Além de ter capacidade de armazenar 600 mil toneladas de milho, processa, diariamente, 2,7 mil toneladas do grão por dia. Mantendo essa média, pode ultrapassar a marca de 2 milhões de toneladas processadas neste ano safra. Do ponto de vista energético, a eficiência fica por con− ta da utilização da biomassa da nova unidade, pro− veniente de uma floresta de 30 mil hectares de eu−

caliptos, que fazem parte do projeto de incentivo do fomento florestal da FS. “Fazemos aqui, um grande sistema integrado de produção de alimento e energia”, disse o CEO da FS, complementando “Com o nosso plano de in− vestimento, que contempla ainda mais três unidades industriais até 2026, todas no estado de Mato Gros− so, a FS atingirá a marca de capacida.de produtiva de, aproximadamente, 5 bilhões de litros de etanol por ano,” completa Abud. Para a safra 2021/2022, a previsão da Compa− nhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de uma produção de 29,2 bilhões de litros de etanol. No Brasil, o biocombustível, além de utilizar a cana−de− açúcar como matéria−prima, avança no uso do mi− lho. São 3,36 bilhões de litros de etanol de milho estimados pela Conab para a temporada, aumento de 29,7% em relação ao período anterior, demonstran− do o interesse das usinas em utilizar a matéria−pri− ma, abundante no país, principalmente na região Centro−Oeste. E a tendência é de um aumento ainda maior nos próximos anos. Durante a inauguração da planta da FS, em Sorrido, a ministra da Agricultu− ra, Pecuária e Abastecimento,Tereza Cristina, ava− liou que este modelo agrega valor para os produ− tos agropecuários. “O milho, que antes era um produto de baixíssimo valor, hoje tem um merca− do firme não só para alimentação, mas também pa− ra a produção desse combustível limpo que é tão importante hoje para essa pauta de sustentabilida− de. Esse é um exemplo das boas coisas que o Bra− sil vem fazendo na agricultura”, disse. Apesar de representar ainda 8% da produção to−


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tal desse biocombustível, o etanol de milho “veio para ficar”, na visão de Tereza Cristina.“A comple− mentaridade do etanol de milho é excelente para a agropecuária brasileira, porque produz o etanol, o DDG para uso em confinamento bovino e a bio− massa para geração de energia”. Segundo a União Nacional do Etanol de Milho (Unem), a produção deve alcançar, em 2030, 9,65 bilhões de litros. O avanço significaria 185% a mais do que será produzido nesta safra. A previsão é feita com base em anúncios de investimentos em novas plantas de etanol de milho ou de expansão das já existentes, como é o caso da indústria de Sorriso. Já a produção de DDG no Brasil deve ultrapassar 2 milhões de toneladas em 2021/22, valor 60% maior que as 1,3 milhão toneladas produzidas na safra an− terior, de acordo com a Unem.A entidade também projeta alcançar 6 milhões de toneladas do farelo proteico até 2029. Para Luciano Rodrigues, gerente de economia e análise setorial da União da Indústria de Cana−de− Açúcar (UNICA), o aumento da participação do milho é fundamental para consolidar o etanol na matriz energética e manter as metas de descarboni− zação do RenovaBio. “De acordo com as metas do RenovaBio, a produção de etanol tem que crescer dos atuais 30 para algo próximo de 50 bilhões de li− tros. Por isso, é fundamental esse avanço do etanol de milho para complementar essa oferta, sem a ne− cessidade de competição entre uma matéria−prima e outra, para lá no fim a gente oferecer um biocom− bustível cada vez mais limpo”, disse. O diretor Técnico da UNICA, Antônio de Pádua Rodrigues, lembra que o etanol de milho

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não é concorrente ao etanol de cana. “Nós esta− mos juntos para substituir o combustível fóssil. Uma das vantagens do milho é a alternativa de es− tocar a matéria−prima por seis meses, coisas que a cana não permite. Com a questão da seca, o grão também foi afetado, mas o seu processo comer− cia fez com que não fosse prejudicado, diferente− mente da cana. O etanol de milho complementa, hoje, a oferta do biocombustível em torno de 12 a 13% e mais de 3,5 bilhões de litros de etanol car− burante. O que falta talvez um pouco ainda é pa− ra gerar CBIO. A cana é mais fácil obter essa cer− tificação, porque você consegue identificar a ori− gem da matéria−prima”, explica. A diretora executiva do Sindalcool−MT, Lhais Sparvoli, destaca o momento importante vivido pe− lo etanol.“Temos um combustível super sustentável, que tem que ser mais divulgado. Hoje se fala tanto dos carros elétricos, mas no Brasil um estudo da Unicamp, mostra que o etanol brasileiro emite me− nos gás carbônico do que o carro elétrico se for le− vado em consideração a vida útil do carro. Então precisamos divulgar isso, e mostrar esse potencial do Brasil, para a gente começar a exportar essa tecno− logia para fora”, ressaltou. Lhaís explica que “graças à produção de etanol milho, Mato Grosso aumentou, nos últimos 5 anos, 200% da produção de etanol. Estamos usando milho de segunda safra, ou seja, não tem desmatamento. Estamos investindo em tecnologia, então deveremos ter um aumento significativo na produção de etanol de milho para os próximos anos, ajudando a produ− ção de etanol no Brasil. Isso é um caminho sem vol− ta”, concluiu.


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Grupo Nardini lança Pedra Fundamental de sua segunda usina Unidade será construída em Goiás e entrará em operação em 2023 O Grupo Nardini retoma,neste mês de novembro, a montagem da indústria da unidade de Aporé – GO.A previsão é que o início da moagem aconteça em abril de 2023,com 800 mil toneladas de cana, aumentando ano a ano, até chegar a 3 milhões de toneladas. A nova unidade vai produzir energia elétrica, etanol hidratado e le− vedura. Está prevista a produção de 100.000 MW de energia na primeira safra, chegando a 300.000MW poste− riormente – o equivalente ao consu− mo de 27 mil famílias, por ano. Serão produzidos 100 milhões de litros de etanol na primeira fase, com expecta− tiva de chegar a 300 milhões de litros. O lançamento da Pedra Funda− mental da usina aconteceu no último dia 22 de outubro, em evento presen− cial, que contou com a participação de políticos e do setor bioenergético, fornecedores além da diretoria e co− laboradores da companhia. De acordo com Vanderlei Caeta− no, diretor superintendente da Nar− dini, até o momento, já foram inves− tidos, R$ 200 milhões de reais, sendo até o final das obras, o total de inves− timento deverá chegar a R$ 1 bilhão. “Há mais de 20 anos viemos para Aporé e não foram poucos os entra− ves que superamos para estarmos reu− nidos aqui hoje”, ressaltou Ricardo Nardini, presidente da companhia, no evento, momento no qual agradeceu a todos os envolvidos, pela viabilização da unidade industrial. Devido ao momento pandêmico, Guimar Della Togna Nardini, matriar− ca da família Nardini, não pode estar presente, mas um vídeo com sua mensagem foi transmitido durante o evento, o qual contou com apresenta− ção da Banda Marcial Municipal Olhos de Águia, interpretando a mú− sica The Sound Of Silence (o som do silêncio). “Nada é por acaso. Não fosse o empenho das autoridades presentes, em superar a burocracia, ainda estaría− mos ouvindo o som do silêncio. Nos últimos 10 anos, nenhuma usina nova foi construída no Brasil”, disse André Rocha, presidente do Sindicato das Indústrias de Fabricação de Etanol no

Estado de Goiás (SIFAEG). O Grupo Nardini está em Aporé há mais de 20 anos, atuando inicial− mente na pecuária (Fazenda Santa Lúcia). Em 2007 foi iniciado o proje− to desta filial da usina Nardini em Aporé, com atividades agrícolas de plantio de cana, amendoim e soja e agora tiveram todas as autorizações para dar início à segunda unidade do Grupo Nardini.“Quando você vê um planejamento bem−feito como esse, sabe que, com certeza haverá mais su− cesso ainda do que a Nardini já repre− senta”, comenta Antonio de Padua Rodrigues, diretor da UNICA. Opinião compartilhada com Pe− dro Mizutani, conselheiro da Nardini. “Neste momento em que a Nardini está totalmente preparada, está sendo lançada a unidade Aporé”, avalia. A nova unidade deverá gerar cer− ca de 1.200 empregos diretos, além dos indiretos.“Geração de emprego e renda, qualificação profissional. Eu não conheço nenhum município, estado e país que cresça e desenvolva a não ser através dessa bandeira”, considerou Vanderlan Cardoso, senador pelo es− tado de Goiás. No final do evento, os convidados redigiram desejos e votos para a nova unidade da Nardini, as mensagens fo− ram soterradas em uma cápsula do tempo e serão desenterradas e lidas em abril de 2023, no início das ope− rações da usina.


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Clealco firma parceria inédita com maior exportadora de amendoim do Brasil Grupo produtor do grão vai cultivar os canaviais e fornecerá toda a produção colhida para a moagem da usina Avançando na expansão de canaviais próprios e novas parcerias para o fornecimento de cana, a Cleal− co assinou um contrato inédito com a Beatrice Pea− nuts, localizada em Tupã − SP, que é referência no mercado brasileiro de amendoim e planta 9 mil hec− tares do grão em São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A empresa é a maior exportadora do setor, en− viando a produção para mais de 45 países. Com a par− ceria a previsão é de que em março de 2022, o grupo faça pela primeira vez a diversificação do negócio com o cultivo de cana−de−açúcar em áreas da Clealco. Um dos principais fatores que contribuíram para que a matéria−prima seja a alternativa ideal para a ro− tatividade de cultura, principalmente em lavouras de grãos como soja, milho e amendoim, é a alta valori− zação dos produtos derivados da cana, principalmen− te o etanol e o açúcar. A parceria da Clealco com a Beatrice Peanuts não está focada somente na rotatividade de solo, mas no

ingresso de uma nova prospecção de investimento do grupo produtor de amendoim que, além de cultivar os canaviais, fornecerá toda a produção colhida para a moagem da companhia. “Para começar um importante projeto como es− te, numa cultura nova para nosso grupo, é muito im− portante contar com parceiros que tenham todo o co− nhecimento em cada uma das etapas desta cultura, desde o campo até a comercialização, como a Cleal− co. Temos certeza de que será uma parceria de suces− so e duradoura. A cana−de−açúcar está entre as mais importantes riquezas agroindustriais do Brasil, é a principal ativi− dade agrícola do Estado de São Paulo e utiliza gran− des extensões de terra para o plantio. Sabemos da si−

nergia que tem a cultura da cana com o amendoim para a reforma do canavial. São duas culturas que vem trabalhando e crescendo conjuntamente nos últimos anos, sendo referências do agronegócio tanto no Bra− sil como no mundo”, diz Pablo David Rivera, Geren− te Geral da Beatrice Peanuts. Na última quarta−feira, dia 10 de novembro, o CEO,osVPs e gestores do setor de Originação de Ca− na da Clealco foram recebidos pela diretoria e pelos fundadores da Beatrice Peanuts, os irmãos Romildo e Nilson Contelli. O encontro realizado na sede da em− presa, também contou com a participação de autori− dades políticas da cidade como o prefeito Caio Aoqui e o presidente da Câmara dos Vereadores, Eduardo Shigueru. Os convidados conheceram a área industrial onde os amendoins são processados e como é feito o rigoroso controle de qualidade do produto. “Esta parceria é um marco na história da expan− são de canaviais da Clealco e reafirma o valor da ca− na−de−açúcar para o mercado brasileiro.Assinar con− trato com uma empresa que é referência nacional na produção e exportação de amendoim é um orgulho para nós, pois também mostra a confiança no trabalho que está sendo desenvolvido pelo grupo Clealco. Es− se é mais um importante passo no caminho de suces− so que temos trilhado, avançando nos planos estraté− gicos traçados a cada safra”, ressalta Gustavo Henrique Rodrigues, CEO da Clealco.


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Embraer apresenta aviões conceito movidos por energia renovável Empresa já testou misturas de cana e combustível derivado da planta de camelina A Embraer apresentou no início de novembro, o projeto “Energia Family”, que consiste em 4 modelos de aeronaves movidas por energia renovável, conce− bido para ajudar a indústria a atingir sua meta de zero emissões líquidas de car− bono até 2050. A empresa fez parceria com um consórcio internacional de universidades de engenharia, institutos de pesquisas aeronáutica e pequenas e médias empre− sas para entender melhor a captação, ar− mazenamento e gerenciamento térmico de energia, e suas aplicações para a pro− pulsão sustentável de aeronaves. As aeronaves conceito, com tama− nhos variados, incorporam diferentes tecnologias de propulsão – eletricidade, célula de combustível de hidrogênio, turbina a gás de duplo combustível e hí− brido−elétrico. Cada aeronave está sen−

do analisada de acordo com sua viabili− dade técnica e comercial A primeira delas é híbrida e poderá usar combustível sustentável de aviação, o chamado SAF, com entrada em ope− ração prevista para 2030. O segundo modelo será elétrico e deve começar a operar em 2035, assim como a terceira aeronave−conceito, movida a célula de combustível. Já a quarta está prevista para entrar em ope− ração em 2040, intitulada Energia H2 Gas Turbine. "A nova família estará em operação em um futuro não tão distan− te", disse o vice−presidente de Enge−

nharia, Tecnologia e Estratégia Corpo− rativa da Embraer, Luis Carlos Affonso, em apresentação dos projetos, em São José dos Campos – SP. Embora os aviões da Energia Fa− mily ainda estejam na fase de projeto, a Embraer já avançou na redução das emissões de suas aeronaves. A empresa testou combustível sustentável de avia− ção (SAF), misturas de cana−de− açúcar e combustível derivado da planta de camelina e combustível fóssil, na sua família de E−Jets.A meta da empresa é ter todos os aviões da Embraer compa− tíveis com SAF até 2030.

"SAF é a melhor opção para reduzir emissões, temos experiência para elevar sua escala. Estamos trabalhando para produzi−lo no Brasil com parceiros", afirmou Affonso. Em agosto passado, a Embraer fez voos com seu Demonstrador Elétrico, um monomotor EMB−203 Ipanema, 100% movido a eletricidade. Já um de− monstrador de célula de combustível de hidrogênio está planejado para 2025 e o eVTOL, um veículo de decolagem e pouso vertical totalmente elétrico e com zero emissões, está sendo desenvolvido para entrar em operação em 2026.

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Usina de etanol em construção no RS produzirá 10 milhões de litros/ano Com tecnologia 100% nacional, somente nesta fase de construção, a nova usina deve gerar mais de 80 empregos Uma nova unidade operada pela CB Bioenergia está sendo implantada na cidade de Santiago no Rio Gran− de do Sul. A nova usina terá uma ca− pacidade de produção de 10 milhões de litros de etanol por ano e 15 mil toneladas de DDGS, ração animal usada na alimentação de suínos, equi− nos e bovinos. Mesmo em processo de constru− ção, a usina de etanol no RS já tem um projeto de expansão para 80 mi− lhões de litros e 120 mil toneladas de DDGS. A produção de DDGS e etanol será através do processamento de amiláceos, especialmente originados das culturas de inverno como trigo

e Triticale. Para construir a usina e montar toda a indústria, a CB Bio− energia e Ampla Performance In− dustrial estabeleceram um acordo comercial para tornar o empreendi−

mento viável no RS. A expectativa é que ao longo de todo processo de construção da usina, serão gerados mais de 80 empregos diretos e indiretos. Durante a opera−

ção serão gerados 50 empregos dire− tos, além de várias oportunidades in− diretas na produção, logística, armaze− nagem, e vários outros. Tendo em vista a potencialização das culturas de inverno, investimentos neste setor trarão ao RS um grande desenvolvimento econômico, pois criarão um considerável incremento de mão de obra, insumos e máquinas, gerando renda para os agricultores e tributos aos municípios. A matéria−prima utilizada para a produção de etanol virá dos cerealis− tas e agricultores da região Centro Oeste do RS. O empreendimento será desen− volvido por etapas.A primeira terá um investimento de R$ 60 milhões e nas outras etapas, os investimentos podem chegar a R$ 500 milhões.A usina se− rá implementada em uma área priva− da com um total de 15 hectares. Todo o processo de elaboração de projetos, licenciamento, produção e desenvolvimento de equipamentos se iniciaram em setembro, e o início das operações da usina de etanol está pre− vista para outubro de 2022.


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ETANOL VERSUS HÍBRIDOS

Etanol permite motores híbridos elétricos até na coleta de lixo Com ajuda do biocombustível, os eletrificados podem chegar a ônibus urbanos e a veículos de serviços, afirma Alfred Szwarc

Com o emprego da tecnologia de célula de combustível a etanol, que permite gerar eletricidade em motores híbridos, a eletrificação po− de ampliar presença além dos veícu− los particulares. E chegar, por exem− plo, a ônibus urbanos, vans, cami− nhões de coleta de lixo, que já con− tam com modelos 100% a bateria. Essa expansão depende, sim, de políticas públicas, mas a base está disponível ou em desenvolvimento, caso do etanol e das tecnologias de célula de combustível, afirma o en− genheiro mecânico Alfred Szwarc. Especialista em biocombustíveis, diretor da ADS Tecnologia e Desen− volvimento Sustentável e com expe− riência de 20 anos na Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Szwarc tem autoridade de sobra sobre temas ligados ao meio ambiente. Defende, por exemplo, os ganhos ambientais dos motores elétricos. Ganhos que são ainda maiores com motores híbridos, com o emprego do etanol.

Nesta entrevista ao JornalCana, o especialista, que também integra a diretoria do Departamento de De− senvolvimento Sustentável da FIESP, comenta sobre tendências do biocombustível e se é possível me− lhorar a eficiência dos motores a combustão. Jor nalCana − A eletr ificação veio para ficar no Brasil, ou é apenas pro− duto para as classes m ais abastadas, já que a realidade econômica impede o acesso da maior ia da população? A lf red Szwarc − A eletrificação dos veículos é uma tendência que está em fase de consolidação em vá− rios países com vistas à transição pa− ra sistemas de mobilidade mais sus− tentável, que possam enfrentar os desafios do aquecimento global e da poluição atmosférica. Há vários graus de eletrificação que estão sendo adotados interna− cionalmente, sendo que alguns pos− sibilitam a convivência dos motores de combustão com sistemas elétricos. Os veículos híbridos flex são um exemplo real e se constituem em uma opção extremamente interes− sante para o Brasil e para outros paí−

ses da América Latina, onde a pro− dução de bioetanol é comercial− mente viável. Além disso, na sua versão mais simples, não requerem infraestrutura de recarga uma vez que a energia elétrica é gerada pelo próprio motor a combustão em determinadas con− dições de operação e, também, pela recuperação de energia durante o uso dos freios. Apesar de serem veículos atual− mente posicionados no mercado co− mo "premium", notícias da indústria automobilística levam a crer que em breve o consumidor poderá ter à sua disposição um leque mais amplo de veículos híbridos flex, possivelmente a custos mais acessíveis. E quanto aos 100 % elétr icos? Quanto aos veículos 100% elé− tricos, além do elevado custo que apresentam, mesmo para modelos simples, enfrentam o desafio da fal− ta de infraestrutura de recarga e a necessidade de ampliação da gera− ção e distribuição de energia elé− trica renovável de baixo carbono para abastecimento, o que requer bilhões de reais.

Embora se possa visualizar um avanço da eletrificação no país e no continente, pode−se prever que ocorrerá de forma gradual e mais lenta que nos países que lideram esse processo, caso dos EUA, Chi− na, Japão e membros da União Europeia. Q u a i s o s b e n e f í ci o s a m b i e n t a i s que a eletr if icação pode trazer? A eletrificação, parcial (veículo híbrido) ou total (100% a bateria), possibilita a redução significativa da emissão de poluentes atmosféricos e de gases de efeito estufa, os GEEs, responsáveis pela intensificação do aquecimento global. Também contribui para a redu− ção da geração de ruído nas ruas, es− pecialmente no caso dos veículos motorizados com duas rodas e veí− culos com motor diesel. Como no Brasil a matriz elétri− ca é predominantemente renovável e de baixo carbono (principalmen− te biomassa, hidrelétrica, eólica e solar), é possível traçar uma estraté− gia para a inserção racional da ele− trificação no transporte, em parale− lo ao uso do etanol.


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em issõe s de GEE s p elo hidr at ado. Como é com o anidro e com o eta− nol de milho? Em termos de emissão de GEE ao longo do ciclo de vida do com− bustível, o etanol anidro resulta nu− ma redução de mesma ordem de grandeza ao do hidratado. Obviamente, como seu uso é parcial, em mistura com a gasolina, a redução é proporcional ao volume utilizado, que atualmente é de 27%. No caso do etanol de milho produzido no Brasil, dependendo do processo produtivo e utilização in− tensiva de biomassa na geração energética da usina, o resultado po− de ser próximo ao obtido com o etanol de cana.

C o m o a s si m ? Poderia ser dada prioridade para ônibus urbanos, vans, cami− nhões de entregas urbanas e cami− nhões de serviços, como coleta de lixo, segmentos que inclusive já contam com oferta de modelos 100% a bateria. Veículos de duas rodas de baixa potência, frequentemente usados em trajetos de curta distância, e que apresentam custo relativamente bai− xo, também se constituem em seg− mento que poderia ser objeto de eletrificação. Esse tipo de abordagem, que po− de ser induzida por políticas públi− cas, possibilitaria que o Brasil se in− tegrasse nas novas tendências de ele− trificação sem, contudo, abrir mão do uso do etanol. S i g n i f i ca q u e o e t a n o l t e r á s o − brevida? É importante lembrar que en− quanto a eletrificação demora déca− das para trazer resultados substanciais no abatimento de emissões, o uso do etanol possibilita isso hoje. Basta um veículo flex substituir o uso da gasolina pelo etanol e teremos

imediatamente um abatimento de GEE superior a 60% segundo os cál− culos mais conservadores. O e t a n o l t e m e s p a ço g a r a n t i d o com as tecnolog ias em desenvolvi− m ento de célula de combustível? O etanol vem sendo objeto de vários estudos para uso em sistemas com células de combustível, que podem gerar eletricidade para di− versas aplicações, além de seu uso em veículos. Vale lembrar que um veículo com célula de combustível é, na verdade, um veículo elétrico que, ao invés de ser carregado com eletricidade, gera a sua energia a partir do hidrogênio ou de subs− tâncias que contenham hidrogênio, como o etanol, o metanol ou o gás natural. A Nissan é a empresa que neste momento está mais avançada na aplicação veicular da célula de com− bustível a etanol, tendo já construí− do protótipos testados no Brasil e no Japão. Outras empresas estão igual− mente desenvolvendo suas pesquisas embora ainda não as declararam pu− blicamente.

Em qua nto t emp o t ere mos a tecnolog ia no mercado? Trata−se de tecnologia que ain− da está em fase de aperfeiçoamento e que, se tiver viabilidade comercial, poderá chegar ao mercado por volta de 2030. Contudo existe uma série de aplicações não veiculares, como sis− temas de backup elétricos, ou gera− ção elétrica em hospitais e escolas, que poderiam vir a utilizar células de combustível a etanol e suprir as ne− cessidades energéticas sem emissões, ruído e vibração. Em termos ambientais, caso caia o consumo de etanol corremos o risco de ampliar as emissões de GEE, já que o consumo de gasolina segue em alta? O etanol é o combustível que deve ter a preferência do público, es− pecialmente por ser renovável e de baixo carbono, além dos outros be− nefícios que traz para a sociedade e economia. A substituição do etanol por gasolina é certamente indesejá− vel nos tempos atuais, pois resulta no aumento de GEE. Fa la−se mu ito na redução de

M o t o r e s a c o m bu s t ã o : o s e n h o r aj udou a emp ree nder o Proconve. Temos também o Rota 2 030. Ainda é possível m elhorar a eficácia desses motores? Com o? O Rota 2030 é um bom progra− ma, mas poderia ter objetivos mais amplos e ambiciosos em termos de melhoria da eficiência energética dos motores a combustão. É possível avançar na tecnologia de motores, mas isso requer mais in− vestimentos em engenharia e desen− volvimento. Como as decisões sobre investi− mentos das montadoras instaladas no país são em geral tomadas pelas ma− trizes, justificar investimentos no Brasil nem sempre é tarefa fácil, es− pecialmente quando o foco de mui− tas matrizes passa a ser eletrificação. E o gover no? Todavia, o governo federal po− deria contribuir de forma mais efe− tiva nesse esforço utilizando diversas formas de estímulos em suas políti− cas voltadas para o desenvolvimento industrial e energético. Há também outras medidas que poderiam ser consideradas e que faci− litariam o desenvolvimento industrial. Cite um exemplo, por f avor. Uma delas é a redução do teor de água do etanol hidratado, para cerca de 2%, o que resultaria no au− mento energético do combustível em torno de 3%. O consumidor de um veículo flex faz a sua opção de compra no− tadamente com base no preço rela− tivo dos combustíveis e a paridade desses em termos da autonomia do veículo. Portanto, avançar numa agenda objetivando um melhor rendimento do etanol é jogar a favor da susten− tabilidade ambiental e da perenidade do setor sucroenergético.


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Setor bioenergético vive expectativa de expansão após COP-26 Segmento se esforça para apresentar a viabilidade econômica da cana-de-açúcar como importante alternativa de matriz energética renovável Encerrada no dia 13 de novembro, a 26ª edição da Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP−26, serviu como im− portante vitrine para o setor bioener− gético brasileiro destacar as potencia− lidades do etanol como relevante al− ternativa para reduzir a emissão de CO2 do setor automotivo, ressaltando também sua capacidade de geração de energia limpa e renovável. Muitas são as expectativas do se− tor em relação aos desdobramentos das negociações pós COP−26, uma das poucas certezas, no entanto, é que não será uma tarefa fácil. Ao término da reunião, na assinatura do texto final, aprovado por seus quase 200 países membros, o segmento dos combustí− veis fósseis, mostrou seu peso e força que ainda exerce na economia mun− dial, embora conste no documento, a redução gradativa de subsídios para este tipo de combustível e, também do uso de carvão. Três rascunhos haviam sido divul− gados no decorrer dos últimos dias. O segundo deles suavizou as expectati− vas relacionadas a este tipo de com− bustível: antes, se falava em acelerar "a eliminação do carvão e dos subsídios aos combustíveis fósseis”; depois, o documento passou a prever "a elimi− nação progressiva do uso sem restri− ções" do carvão e dos "subsídios ine− ficientes para os combustíveis fósseis". Por último, na versão final, a Índia pe−

diu de última hora para trocar o ter− mo "eliminação" por "redução" do uso do carvão. A neutralidade zero (ou emissões líquidas zero) é alcançada quando to− das as emissões de gases de efeito es− tufa que são causadas pelo homem al− cançam o equilíbrio com a remoção desses gases da atmosfera, que aconte− ce, por exemplo, restaurando florestas. Isso significa mudar a matriz energé− tica para fontes sustentáveis que não dependem de queima de combustíveis fósseis, em setores como transporte, geração de energia e na indústria. O presidente da Associação Na− cional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, ressalta a necessidade de ampliação da participação dos bio− combustíveis na matriz energética de transportes, além de um trabalho de

educação com os consumidores so− bre os benefícios dos combustíveis renováveis no combate às mudanças do clima. “O Brasil tem um ativo que é muito importante, precisamos combinar esses ativos, essas qualida− des, essas vantagens, para poder tal− vez avançar de forma diferente dos outros países”, afirmou. “O etanol é apenas uma parte da solução para esse desafio. É a mensa− gem que levamos para Glasgow. Pa− ra atingirmos uma mobilidade ver− dadeiramente sustentável, todas as soluções efetivas para redução de emissões são bem−vindas e estamos aqui para mostrar como podemos contribuir nesse esforço mundial”, destacou o presidente da União da Indústria de Cana−de−Açúcar (UNICA), Evandro Gussi. O etanol pode, por exemplo, ser

complementar à adoção do modelo de transporte elétrico, porque pode ser usado em carros elétricos capazes de produzir a própria energia e ajudar na renovação da frota mundial rumo ao fim do uso de combustíveis fósseis. Um exemplo da receptividade do combustível é a quantidade de países interessados, como Canadá,Vietnã, Lí− bano e Coreia do Sul. A Índia está em fase de negociação adiantada com o governo brasileiro e empresas do setor como a Raízen, estão oferecendo apoio tecnológico aos asiáticos. Na América do Sul, o presidente da Co− lômbia, Iván Duque Márquez, visitou o Brasil em busca de parcerias para desenvolver a produção no seu país. Segundo o Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componen− tes para Veículos Automotores), o Bra− sil tem a sexta maior frota de veículos

Carolina da Costa

Evandro Gussi

Joaquim Leite

Luiz Carlos Moraes


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O Brasil quer mais

do mundo, com 46,2 milhões de au− tomóveis em circulação. Isso nos co− locaria automaticamente como um grande emissor de CO2 no transpor− te, mas graças ao biocombustível con− seguimos reduzir o esse impacto. Des− de 2020, o Brasil substituiu 48% da gasolina automotiva utilizada nos veí− culos pelo etanol e 85% da frota do país já é de carros flex, abastecidos por álcool e gasolina.

Mercado de Carbono “Chegamos com alguns poten− ciais a materializar. O Brasil contribui com 3% dos gases de efeito global. As nossas grandes oportunidades de re− dução de emissão estão na contenção do desmatamento, depois uso da ter− ra, e terceiro transporte, com uso de biocombustíveis, com capacidade pa− ra nos transformar num grande for−

Marcelo Morandi

necedor para o mundo, sem contar o mercado de carbono, com o Reno− vaBio. Tudo que vem do processo da cana pode ser altamente benéfico, podendo gerar riquezas que variam de 70 a 100 bilhões de dólares com carbono. Mas a grande ameaça está em fazer tudo isso acontecer, pois fi− nanciar esse tipo de transformação requer grandes recursos”, aponta a administradora que atua no setor fi− nanceiro, integrante da equipe da Mauá Capital, Carolina da Costa. Segundo ela, para que se con− verta a mudança de manejo em algo que vire um ativo, tem que ter um projeto. “O RenovaBio é um pro− grama que enfrenta problemas com o fluxo de informação na cadeia de rendimento. O mundo só vai enten− der nosso carbono, quando nós comprovarmos que temos um con− trole sobre isso. Hoje ele ainda tem preços de mercado voluntário de carbono, não de mercado regulado”, afirma Carolina. Para o engenheiro agrônomo da Embrapa, Marcelo Morandi, em rela− ção ao biocombustível, o país esbarra na competição pelo uso da terra. “A Europa não tem condições de fazer isso no mesmo território. A gente tem, pois a nossa expansão em cana não afeta nossa produção de alimentos. Is− so já conseguimos mostrar, mas infe− lizmente, nos últimos anos essa ques− tão voltou por conta do desmatamen−

to. Porque o mercado de carbono tem outros componentes indiretos, mesmo que o setor não tenha ligação, como o desmatamento da Amazônia, por exemplo. Precisamos primeiro resol− ver essa ameaça como país”, ponde− rou. O engenheiro agrônomo e pro− fessor da Unicamp, Gonçalo Pereira, acredita que “ninguém vai ouvir o Brasil enquanto a Amazônia estiver queimando. Precisamos em primeiro lugar acabar com as queimadas. Em seguida temos que simplificar as coi− sas. Hoje, por exemplo, eu não consi− go comprar um CBIO. Aliás, muita gente nem sequer sabe que isso exis− te. Por exemplo, o bitcoin é uma moeda que qualquer um pode com− prar. Então precisamos fazer esse ne− gócio ir para o coração das pessoas e passar a comercializar isso de forma mais simples”, sugeriu. O CBIO só tem valor se tiver las− tro, ou seja, credibilidade, enfatiza Marcelo Morandi. “Não estou ven− dendo um produto físico e sim uma externalidade, um produto virtual. O CBIO não é do agro, não é da usina, é do etanol. Se essa cadeia não estiver organizada, ninguém ganha. Mas en− quanto todos estão olhando apenas para o preço do CBIO, estão deixan− do de perceber o ganho que ele está trazendo para a cadeia de produção, trazendo a questão ambiental para o centro das discussões”.

Em sua participação na COP 26, o ministro do Meio Ambiente, Joa− quim Leite, anunciou metas climá− ticas ambiciosas: redução de emissões de 50% até 2030 e neutralidade cli− mática até 2050; zerar o desmata− mento ilegal até 2028; e apoio à re− dução global de metano. “Nossa agricultura de baixo carbono já restaurou quase 28 mi− lhões de hectares de pastagens de− gradadas; temos 16 milhões de hec− tares de florestas nativas em recupe− ração; temos o maior programa operacional do mundo de biocom− bustíveis, nossas energias renováveis contribuem com 84% da nossa ma− triz elétrica, gerando o recorde de empregos em solar e eólica; e nosso programa de gestão de resíduos só− lidos já reduziu em 20% o número de lixões a céu aberto”, disse. Leite enfatizou que o Governo do Brasil quer mais. “Há menos de um mês, lançamos as bases do Programa Nacional de Crescimento Verde, para dar prioridade a iniciativas verdes, se− jam públicas ou privadas, voltadas à redução de emissões, conservação flo− restal e uso racional de recursos natu− rais, dessa maneira contribuindo para a geração de empregos verdes. O pro− grama já nasce com recursos de ban− cos federais da ordem de 50 bilhões de dólares”, comentou. O ministro afirmou ainda que, na conferência e, mesmo muito antes de estarem lá, tem sido feito um traba− lhado para que seja alcançado resulta− dos positivos na criação do mercado global de carbono. “É importante que os países de− senvolvidos reconheçam a emergên− cia financeira e mobilizem os recursos necessários para atingir os objetivos desejados nesta conferência. A meta dos 100 bilhões de dólares não foi cumprida, e este valor já não é mais suficiente para que o mundo construa uma nova economia verde com uma transição responsável”, analisou. O ministro Joaquim Leite enfati− zou também que todas as partes da conferência devem assumir suas res− ponsabilidades comuns, porém dife− renciadas na direção de uma econo− mia verde neutra em emissões.“O de− safio global a ser superado é reverter a lógica negativa da punição, da sanção e da proibição, para a lógica positiva do incentivo, da inovação, da priori− zação”, discursou. Na trilha do caminho da susten− tabilidade, o setor bioenergético vem se reinventando, se modernizando, in− vestindo em tecnologia e em práticas ambientais sustentáveis. A expectativa é prosseguir ampliando o alcance des− se trabalho.


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MERCADO

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Biogás pode reduzir emissões de metano em mais de 30% até 2030 Afirmação foi feita pelo presidente da ABiogás na COP26 Durante participação na COP26, a Conferência das Nações Unidas so− bre Mudanças Climáticas, realizada em Glasgow, na Escócia, no começo de novembro, o presidente da ABiogás, Alessandro Gardemann, apresentou o potencial e as oportunidades do bio− gás no Brasil. A fala de Alessandro aconteceu no dia seguinte ao país aderir ao Compromisso Global do Metano, que prevê o corte de 30% nas emissões até o fim da década. “Com certeza, esta redução é grande parte da solução para ficarmos abaixo dos 2°C de aumento na tem− peratura global. Para isso, precisamos evitar as perdas involuntárias na ex− ploração de gases fósseis, e atuar na agroindústria e no saneamento, cap− turando este metano para produção de riqueza. Queremos transformar estes setores em fábricas de produção de gás, para produzir energia elétrica, energia térmica, combustível, biometano (gás natural equivalente intercambiável) e biofertilizante”, afirmou. Segundo o executivo, a partir do biogás é possível desenvolver toda a cadeia de biorrefinaria, transforman− do o biometano em hidrogênio, amô− nia e metanol. “É uma oportunidade única para o Brasil, principalmente, com esta escala. Hoje, o país desper− diça 100 milhões de m³ de metano renovável por dia, que equivalem a 35% da energia elétrica consumida no Brasil e 70% do diesel. Falamos que é o ‘pré−sal caipira’, porque de fato ca− da usina de cana−de−açúcar tem a escala de um poço de petróleo do pré−sal”, comentou. Hoje, o Brasil conta com cerca de 600 plantas em operação e apresenta crescimento de 30% ao ano, porém ainda está muito longe de aproveitar todo seu potencial. Apenas 2% são utilizados, representando menos de 0,01% da matriz energética do Brasil. “Temos este desafio, o Ministério da Agricultura junto com o Plano ABC ampliou o limite de financiamento para plantas de biogás, pensando em trazer tecnologia, trazer eficiência, de fato. Não podemos olhar para uma planta como apenas de tratamento de dejetos, é uma usina que vai fazer hi− drogênio. A gente tem que agregar tecnologia e fazer isso de maneira efi−

lhões de m³/dia até 2030, que é 30% do potencial de hoje e que também está alinhado à redução de 30% das emissões involuntárias que o Brasil as− sinou”, concluiu Alessandro.

Redução nas emissões

ciente”, afirmou Alessandro. O presidente da ABiogás também ressaltou o ambiente regulatório favo− rável para a expansão do biogás, com a nova lei do gás que reconheceu o biometano como equivalente ao gás natural fóssil, o RenovaBio (programa de créditos de carbono para biocom− bustíveis) e a modernização do setor elétrico, que contempla usinas de bio−

gás da mesma forma que as térmicas a gás, com a vantagem de se tratar de um gás de origem renovável, além da uni− versalização do saneamento que po− derá contar com o biogás como recei− ta acessória. “Hoje temos R$ 700 milhões in− vestidos, mas queremos chegar a R$ 10 bilhões por ano até 2030. Nossa meta é chegar à produção de 30 mi−

Segundo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), o Brasil emitiu, no ano de 2020, mais de 20 milhões de toneladas de metano, um gás que tem um poder de agravamento do efeito estufa 20 vezes pior do que o do CO2. De acordo com relatório do IPCC (Painel Intergovernamental so− bre Mudanças Climáticas), o metano foi responsável em 30% pelo aumen− to da temperatura. A partir da projeção da ABiogás de produzir 30 milhões de m³/dia de Biometano até 2030, o país estaria captando e dando uma utilização no− bre para 7,2 milhões de toneladas de metano por ano, o que significa que o país poderá contribuir com a redução de 36% das emissões em relação ao ano passado, superando a meta estabe− lecida pela ONU. Segundo a gerente executiva da ABiogás, Tamar Roitman, é possível ultrapassar este índice se todo o po− tencial do biogás de 120 milhões de m³/dia for aproveitado. “Todo o resí− duo, que em economia linear é enca− rado como rejeito do processo produ− tivo, em uma visão de economia cir− cular, é encarado como um insumo. Portanto, é possível aproveitar 100% dos resíduos dando uma destinação correta para geração de energia”, ex− plicou Tamar.


INDUSTRIAL

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Como aumentar a capacidade de secagem de levedura sem uma torre nova? Os evaporadores tubulares convencionais (contínuos ou em bateladas) com circulação forçada e filme ascendente ou descenden− te, comumente utilizados, têm su− cesso com uma variedade de ma− teriais. Porém, eles não são efica− zes para líquidos sensíveis ao calor, viscosos, incrustantes, com pre− sença de sólidos e com alto ponto de ebulição, como é o caso da le− vedura. Esses tipos de evaporadores cos− tumam gerar alguns problemas ope− racionais como a degradação das proteínas, devido ao longo tempo de residência, incrustação da superfície de transferência de calor, entupi− mento ou obstrução dos tubos, bai− xo coeficiente de transferência de calor e perda de carga devido à alta viscosidade. No entanto, existe uma tecnolo− gia que permite obter alta concen− tração, total termólise e desalcooli− zação econômica e eficiente de le− veduras. E ainda eliminar os incon− venientes ao longo do processo mencionados anteriormente.

A tecnologia de película pulve− rizada foi desenvolvida para uso com os produtos mais difíceis de manu− sear e tem sido usada com êxito. Consiste, basicamente, em um pro− cesso que separa rapidamente os componentes voláteis dos menos voláteis, usando transferência de ca− lor indireta e pulverização com agi−

tação do filme de levedura sob con− dições controladas. A separação é feita a vácuo para maximizar o delta de temperatura, mantendo a temperatura do produ− to mais baixa para evitar a degrada− ção da proteína e promovendo a re− cuperação do álcool. Dessa forma, os componentes voláteis evaporam rapidamente. Os vapores são enviados para conden− sação no multijato. O creme con− centrado é descarregado na saída in− ferior para recirculação e parte é enviada para o processo posterior. A limpeza contínua pelo líquido pul− verizado evita a incrustação da pa− rede térmica onde o produto está mais concentrado. A combinação de curto tempo de residência, alta turbulência e rá− pida reposição do filme de levedura permite que o equipamento proces− se com sucesso produtos sensíveis ao calor, viscosos, com presença de es− puma, sólidos e incrustantes. Instalação do evaporador de pe− lícula pulver izada AutoJet®, o STF E

(Spr ayed Thin F ilm Evapor ator). Os principais diferenciais dessa tecnologia são: • Autolimpante: não necessita de paradas frequentes. Por ser auto− limpante, as paredes térmicas es− tão sempre isentas de incrusta− ções. • Menor gasto energético: utiliza o vinho centrifugado da in− dústria como meio condensan− te e absorvedor do álcool con− tido e recuperado da levedura, evitando gastos energéticos desnecessários em processa− mento posterior. • Produtividade: realiza simulta− neamente a concentração de le− veduras com retirada de água, termólise e recuperação de todo o álcool contido no creme. • Qualidade do produto processa− do: sem alterações do teor nu− tritivo e características palatabi− lizantes. • Reaproveitamento: o calor utili− zado para evaporação é reapro− veitado na coluna de destilação de álcool.


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INDUSTRIAL

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Usinas otimizam processos de recepção, preparo e extração da cana

Luís Murakami, da Bioenergética Aroeira, falou sobre os equipamentos geralmente usados na etapa de prepa−

ro da cana: o picador de facas rotativas e o desfibrador de martelo oscilantes, equipamentos que consomem mais de 25% do total da potência requerida pela usina. Os objetivos dessa etapa são re− duzir a cana alimentada em peque− nos pedaços, rompendo ao máximo as células de cana que contém açú− car, facilitando o processo de extra− ção. Segundo Murakami, para alcan− çar altos índices de extração, é essen− cial que a cana seja preparada em desfibradores que alcancem open cell acima de 90%. Os picadores geralmente são acio− nados por turbinas a vapor ou moto− res elétricos em conjunto com redu− tores e a potência absorvida é sempre relacionada com a vazão de fibra e não pela vazão de cana de alimentação. Com a vinda da mecanização no campo e a valorização da geração de energia elétrica, muitas usinas extin− guiram o uso do picador, conseguin− do economia na manutenção e na potência consumida, gerando ganhos na exportação de energia elétrica. O desfibrador tem martelos ro−

bustos que cobrem toda sua largura, ajustados com um pequeno espaça− mento em suas pontas e a placa desfi− bradora, que tem a função de maxi− mizar as colisões entre a cana e os martelos. Nos últimos anos as usinas vêm usando desfibradores pesados ou ex− tra pesados que atingem índice de preparo de 90% e requerem potência instalada de 55 KWh/tf, acionados por turbina a vapor ou motores elé− tricos em conjunto com redutores. Os com motores elétricos têm me− nor custo de investimento e baixo custo de manutenção. Na instalação da segunda linha de extração da Aroeira, eles optaram pela instalação de um Preparo Extra Pesa− do tipo DVU de 72”, acionado por dois motores elétricos de 1.500 CV em 8 Pólos (900 rpm), no mesmo ei− xo, sem redutores, atingindo índices de preparo acima de 90% com menor custo instalação e manutenção. Essa instalação, segundo Murakami, per− mite maior eficiência energética, ma− ximizando a exportação de energia elétrica em relação ao uso da turbina a vapor e redutor. Gustavo Martins Mariano, da Jal− les Machado − unidade Otávio Lage, que já processou cerca de 2.300.000 toneladas de cana, disse que executou até o momento apenas uma troca do cabo Hillo. Ele aponta como fatores que contribuíram para essa situação: reposicionamento das bases da cor− rente de elevação, utilização de rolda− nas de vesconyl no balanção, taliscas de 3 metros, 5 linhas de corrente, retira− da do contra recuo do balanção e corrente de segurança. “A unidade de Otávio Lage se or− gulha em ser a segunda no ranking nacional da Fermentc, em extração com 5 ternos, estando até o momen− to com 96,67% de extração ART acumulado safra”, concluiu.

Edson Rocha

Gustavo M. Mariano

Lujis Murakami

Novos equipamentos garantem ganhos na geração de energia elétrica Os cuidados na recepção, no pre− paro e extração da cana são determi− nantes para se obter um melhor apro− veitamento e rendimento na safra. Es− ses cuidados incluem ajustes nos equi− pamentos de acordo com a real ne− cessidade de cada usina e, também, o melhor aproveitamento dos recursos tecnológicos disponíveis. Tudo isso, foi pauta da edição do SINATUB − Recepção, Preparo e Extração, promovido pelo JornalCana realizado no dia 4 de setembro. O we− binar contou com a participação de Edson Rocha, vice−presidente e di− retor operacional América do Sul, Spraying Systems Co, Gustavo Mar− tins Mariano, coordenador de moa− gem da Jalles Machado unidade Otá− vio Lage e Luís Fernando L. Muraka− mi, Gerente Industrial, da Bioenergé− tica Aroeira. Com o patrocínio das empresas Au− toJet, BioCon e S−PAA Soteica, o we− binar contou com a mediação do jorna− lista do JornalCana, Alessandro Reis. Em sua apresentação, Edson Ro− cha da Spraying Systems, falou sobre a importância da limpeza do esteirão de cana desfibrada, lembrando que o ta− manho dos equipamentos deve ser baseado em cada um dos componen− tes da cana, levando em consideração a porcentagem de fibras, impurezas, água e de ATR. “Por isso, antes de mais nada, é necessário entender todo o processo, para a partir daí eliminar as restrições”, disse. Segundo ele, o controle da água é importante. “Toda água que entra tem que ser evaporada. Para aumentar a geração de energia é necessário re− duzir o consumo do vapor de escape e para isso tem que reduzir o volume de água no processo. Utilizamos um conceito de coeficiente de variação, para tratar o excesso ou déficit da água, assegurando a uniformidade na sua distribuição. As perdas decorrentes de problemas na limpeza do esteirão po− dem chegar a 0,57% de todo açúcar que está entrando”, informou Rocha. Ele explica que a utilização de chuveiros autolimpantes permitem a recuperação do açúcar retido nas ta− liscas. A aplicação de água quente

com alta pressão, promove a limpeza e esterilização. A água com a cana re− cuperada vai direto para a moenda sem sistema auxiliar de bombeamen− to, permitindo a recuperação de 0,1 a 0,5% de açúcar. Rocha também destaca a economia para a usina ao usar a água condensada a alta pressão, em detrimento do vapor superaque− cido. O custo do vapor é estimado em R $1.500.000,00 por safra, en− quanto, que, o custo com a água condensada cairia para R $15.000,00 apenas 1% do valor. Para o processo de embebição da cana, ele destaca a necessidade de uti− lização de chuveiros com baixo coe− ficiente de variação e alto impacto, as− sim como na peneira rotativa, onde além de limpar também esteriliza, permitindo a utilização de malhas menores, aumentando a área útil de filtragem, assegurando a recuperação de 0,1 a 0,2% de açúcar.

Preparo


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Bioenergética Aroeira reduz consumo de vapor e aumenta significativamente sua receita com bioeletricidade O gerente industrial, Luiz Fernando Murakami, conta os detalhes A Bioenergética Aroeira, localiza− da em Tupaciguara − MG, é uma usi− na construída há apenas dez anos, e que, de lá para cá, está em uma curva ascendente de investimentos e resul− tados positivos. Isso não é fruto do acaso, já que a unidade produtora apostou em ações que vão desde a construção e a ampliação de sua fábri− ca de açúcar VHP, a implantação de uma segunda caldeira e uma segunda linha de extração, a criação de uma central energética e até mesmo a emissão de certificados de recebíveis do agronegócio (CRA). Obstinada por bons resultados e em sinergia com as melhores práticas de gestão, a direção da usina também decidiu avançar no processo de trans− formação digital de sua indústria, co− mo forma de aperfeiçoar seus proces− sos e aumentar sua rentabilidade. Essa inserção aconteceu ao implementarem o S−PAA, software de Otimização em Tempo Real (RTO), para laços de va− por. Os resultados observados são al− tamente relevantes.

O gerente industrial da Bioener− gética Aroeira, Luis Fernando Mura− kami, expõe e explica em detalhes. “Do dia 6/8 até o dia 12/09, tivemos uma moagem diária acima de 11.000 toneladas/dia. Dentro deste contexto operamos os laços com 15 dias habi− litados e 15 dias desabilitados. Sendo que, observamos o dia habilitado sen− do maior de 85% do tempo habilita− do e o dia desabilitado, sendo menor que 85% do tempo habilitado”, es− miúça Murakami. Quanto aos resultados, o gerente

industrial informa que houve au− mento da geração e exportação de energia, redução do consumo de va− por por ART processado, redução no consumo específico global do con− junto de geração e redução do con− sumo de vapor de processo. Os nú− meros detalhados podem ser observa− dos na tabela abaixo. De acordo com Luís Fernando Murakami, bons resultados financeiros foram obtidos com a produção de energia elétrica cogerada, graças a ins− talação do S−PAA, já que o software

calcula em tempo real a energia mí− nima necessária pelo processo, man− tendo os alvos de brix e consequen− temente de vapor V1 que atendem a estratégia de produção da usina. Ele comenta os detalhes. “Esta atuação supracitada captura a oportu− nidades de redução de carga nos ge− radores de contrapressão (principal− mente TG1), permitindo o aumento de carga na condensação. Levando a uma eficiência maior do conjunto de geração (menos vapor para gerar um MW). Temos com isso uma redução de 0,47 toneladas de vapor por MW gerado. Esta redução equivalente a um consumo de vapor do conjunto é de 19,33 ton/h, que leva a uma redução de consumo de bagaço da ordem de 8,78 ton/h”, avalia Murakami. Segundo ele, por estratégia co− mercial relativa ao mercado, o baga− ço foi utilizado para aumentar a co− geração e explorar ao máximo a va− zão das caldeiras. Extrapolando o au− mento para uma safra de 5.000 horas de operação efetiva. O aumento cal− culado de geração seria de 15.000 MW no total de uma safra. “Consi− derando o aumento da exportação (+ 3 MWh) e um preço médio de R$ 270,00 /MWh, o aumento da recei− ta com a implementação de R$ 4.050.000,00 na safra”, quantifica o gerente industrial.


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Cerradão maximiza a condensação do conjunto de geração de vapor através de RTO Diretor industrial da usina mineira expõe os detalhes Produzindo açúcar, etanol e bio− energia, a Usina Cerradão, localizada em Frutal (MG), é uma indústria fa− miliar que cultiva no seu dia a dia operacional a inovação, eficiência e customização dos processos industriais. Exercitando estes princípios na ope− ração do negócio, por consequência reduz custos e aumenta a margem operacional ao agregar processos e ferramentas inovadoras. A produção de bioeletricidade é uma das áreas em que a usina encon− trou condições de agregar valor na biomassa, gerando relevante fonte adicional de receita. Nesse contexto, a unidade investe em equipamentos importantes, como caldeira, turbinas a vapor e gerador. O diretor industrial, Pedro Felipe de Castro Andrade, ofe− rece mais detalhes. “Na safra de 2022 contaremos com mais uma caldeira de 330 toneladas de vapor/hora a 67 bar e 520ºC, e um gerador de 60 MW/h, elevando a capacidade instalada de geração elétrica para 165 MW/h. A operação eficiente do conjunto cal− deira/gerador tem um papel impor− tantíssimo no aumento da geração de energia elétrica e consequentemente na receita de toda esta operação”. Com o intuito de padronizar as operações nos turnos e aumentar a eficiência do uso de recursos já dispo− níveis, a usina conta com o S−PAA, da Soteica, para desenvolver a Otimiza− ção em Tempo Real de seus processos industriais. “O trabalho em conjunto com a Soteica se mostrou um grande desafio, uma vez que a usina já opera− va na nominal de seus equipamentos. O foco era explorar os equipamentos de modo mais eficiente possível e se− guro. Foi elaborado, então, um mode− lo matemático específico para repre− sentar o processo da Usina Cerradão. Este modelo especificamente do sis− tema de vapor e energia da planta busca a estabilidade do vapor vegetal e de escape das turbinas dos geradores, colocando os geradores em pontos de sua curva operacional que atenda to− do o vapor necessário para os proces− sos de produção de açúcar, etanol e levedura, e ainda maximize a conden− sação do conjunto de geração, melho− rando assim a sua eficiência”, explica Pedro Felipe de Castro Andrade.

O diretor industrial, Pedro Felipe de Castro Andrade, e a equipe industrial da Cerradão

De acordo com o diretor indus− trial, a implementação do algoritmo via S−PAA além de estabilizar os va− pores de processo (V1 e V2), também evitou o desperdício dos mesmos, cap− turando todas as variabilidades opera− cionais comuns do setor de sucroener− gético. “Outro ponto importante de otimização implementado com o S− PAA foi na combustão nas caldeiras, reduzindo as oscilações por conta da variação natural da biomassa e das de− mandas operacionais, mantendo uma exportação mais constante e a confia− bilidade dos equipamentos. Nós sem− pre direcionamos as solicitações à So− teica para a manutenção e constância

do vapor direto para o sistema de ge− ração e a planta como um todo”, des− taca o diretor industrial da Cerradão. Utilizando o S−PAA, a usina conseguiu um aumento médio da ex− portação da ordem de 1,96 MWh. Este se deu via aumento na exporta− ção líquida vendida e pela redução do conjunto específico de vapor que permitiu sobra de biomassa que au− menta a capacidade de cogeração via condensação. Douglas Mariani, engenheiro químico sênior, especialista de apli− cação da Soteica, avalia a atuação do S−PAA na usina, acrescenta que os benefícios alcançados e todo o ganho

de produtividade está relacionado ao trabalho sinérgico entre a usina e à equipe da Soteica. “Esse bom resul− tado é reflexo do quanto os gestores da Usina Cerradão como diretores, gerente industrial, coordenadores, encarregados, líderes, operadores de campo, técnicos e auxiliares conse− guiram transmitir para a equipe da Soteica seus conhecimentos, e com isso a atuação do sistema reflete todo este conhecimento acumulado em anos. Deixo aqui meu agradecimen− to a todos da gestão que disponibili− zou um pouco de seu tempo para que este projeto se tornasse uma rea− lidade”, celebra Mariani.



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Raízen e Bonsucro celebram 10 anos da primeira certificação Até o final deste ano 100% das usinas do grupo deverão estar certificadas Em 2011, a unidade Maracaí foi a primeira usina a obter a certificação pelo Padrão de Produção Bonsucro. A unidade faz parte da Raízen, que pos− sui 95% de suas usinas de cana−de− açúcar certificadas. Dez anos depois, mais de 100 usi− nas em todo o mundo em países co− mo Paquistão, Colômbia, México, Ín− dia, Austrália e Ilhas Maurício também têm a certificação Bonsucro. E essa lis− ta está crescendo. A Bonsucro se tor− nou o mais conhecido e respeitado padrão de sustentabilidade para a ca− na−de−açúcar. A Bonsucro é uma iniciativa glo− bal sem fins lucrativos que visa reduzir impactos ambientais e sociais na pro− dução de açúcar, etanol e energia pro− venientes da cana−de−açúcar. A cer− tificação garante a compradores, for− necedores e consumidores finais que o açúcar e o etanol foram produzidos com foco no cumprimento de cinco itens: legislação, biodiversidade e im− pacto ao ecossistema, direitos huma− nos, produção e melhora contínua. Primeira certificação de sustenta− bilidade voltada especificamente para o setor sucroenergético no mundo, a Certificação Bonsucro, que tem vali− dade de três anos e pode ser renovada, exige que as empresas adotem pelo menos cinco critérios essenciais basea−

Danielle Morley

Gustavo M. Mariano

dos nos pilares sustentabilidade, lucra− tividade e competitividade: cumpri− mento a lei; respeito aos direitos hu− manos e trabalhistas; aumento da sus− tentabilidade (gerenciando com efi− ciência insumos, produção e processa− mento); gerenciamento ativo da bio− diversidade e serviços do ecossistema; e melhoramento constante das áreas chaves do negócio. Para a CEO da Bonsucro, Daniel− le Morley, o compromisso da Raízen com certificação “é sempre um marco significativo para nós, para a Raízen e para todo o setor bioenergético”. Segundo Danielle, a certificação Bonsucro foi estruturada em 2009, re− sultado de uma combinação de anos de diálogo anteriores entre as empresas lí− deres e organizações não−governa− mentais. “Dois anos depois, em 2011, colocamos os toques finais no sistema de certificação finalizando o processo que viu a Raízen, vencer a corrida pa− ra se tornar a primeira empresa no mundo, a ter uma usina certificada de acordo com o padrão Bonsucro. Hoje,

temos 138 usinas certificadas em 20 países e na última década nossos membros venderam quase 10 milhões de toneladas de açúcar e 1,4 milhões de metros cúbicos de etanol, uma grande conquista”, elucidou. “O compromisso com a sustenta− bilidade já faz parte do DNA da nossa empresa” afirmou Ricardo Mussa, CEO da Raízen. “Quando começa− mos os negócios com uma joint−ven− ture da Cosan e Shell em 2011 e aí já tivemos naquele ano, a primeira certi− ficação de uma usina E isso tem sido parte da nossa pauta desde então. Ou− tra coisa que quero citar é que fazer as coisas de forma correta também é um com negócio. Podemos testemunhar isso”, disse. O executivo comenta que, quan− do se menciona o custo da implemen− tação para se obter essa certificação, não é nada comparado às conquistas em termos de lucratividade e susten− tabilidade dos negócios. “Nós somos muito mais que uma usina de açúcar. Temos etanol, biogás, entre outros. E

todos esses produtos derivados têm a certificação da Bonsucro e assim po− demos provar aos nossos clientes que está fazendo o que é correto, indo na direção certa. E isso nunca foi tão im− portante, como estamos vendo hoje para o mercado”, ressaltou. Para André Valente, gerente de sus− tentabilidade da Raízen, os resultados obtidos justificam todo o investimen− to na busca da certificação. “Foi difí− cil no início justificar o investimento, mas hoje temos a visão de que só há uma forma de produzir cana: a forma sustentável e isso faz muito mais sen− tido.” Valente disse que até o final des− te ano, a Raízen dever estar com 100% de suas usinas certificadas.

Critérios Os critérios adotados pelo Bonsu− cro foram definidos a partir da cola− boração de produtores, consumidores, compradores de açúcar e produtos de− rivados, investidores, traders e organi− zações não−governamentais – todos interessados em aperfeiçoar a produ− ção sustentável de cana e que podem receber a certificação. Durante o processo de determina− ção dos critérios, foram conduzidos estudos em usinas do Brasil, da Austrá− lia, da República Dominicana, da África do Sul e da Índia, com o obje− tivo de obter uma visão representativa dos valores, práticas e aspirações do se− tor. Os critérios são revistos periodi− camente para sempre acompanhar a evolução dos processos e do meio am− biente e as empresas certificadas pas− sam por auditorias anuais feitas por institutos independentes.

Baldin Bioenergia encerra safra com moagem de 1,1 milhão de toneladas de cana Grupo que completou 65 anos em agosto, finaliza processo para certificação do RenovaBio O Grupo Baldin Bioenergia ter− minou a safra na primeira quinzena de outubro com uma moagem de 1.111.706,82 toneladas de cana, o que representa uma pequena quebra de produção em relação à safra passada. Nesta temporada foram produzi−

dos 47.057.327 litros de etanol e 75.616,0920 toneladas de açúcar cris− tal. A geração de energia ficou em 106.324,900Mwh. A previsão de moagem para a safra 22/23 é de 1.200.000 toneladas. Instalado na cidade de Pirassunun− ga – SP, o grupo, que completou 65 anos em agosto deste ano, contribui para o desenvolvimento da região, ge− rando em torno de 900 empregos di− retos e mais de 300 indiretos. A usina, que atravessa um período de recupera− ção judicial, já está finalizando proces− so para a certificação no RenovaBio.


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Irrigação por gotejamento permite mapeamento de aumento de produtividade Gotejamento pode elevar a produtividade a valores excepcionais O Brasil é o maior produtor e ex− portador de cana−de−açúcar do mun− do, ocupando uma área de aproxima− damente 10 milhões de hectares. Mas, o sucesso e insucesso na produtividade agrícola anual sempre esteve à mercê das chuvas e principalmente do déficit hídrico anual, chegando o fator clima representar 50% dos resultados. Em anos como 2021, de grande escassez hídrica, estima−se quedas de produtividade de até 20%. Uma das formas de mitigar ou até mesmo di− minuir a volatilidade da produção da matéria prima para a indústria é o uso da irrigação. A irrigação por goteja− mento vem se destacando devido a grande eficiência na aplicação de água, possibilidade de se irrigar canaviais adultos, principalmente aqueles des− tinados a meio e final de safra, aplica− ção de fertilizantes e defensivos quí− micos e biológicos.

Dados de incremento de produtividades (%) de cana de açúcar em relação à média da região, por corte, nas macro regiões de São Paulo

A escolha de qual método de irri− gação adotar ainda traz dúvidas para o setor. Para esclarecer essas questões, a Netafim, empresa criadora do sistema de gotejamento, junto à Usinas e for− necedores parceiros, realizou um cen− so que analisou corte a corte a produ− tividade que os irrigantes por goteja− mento podem atingir comparado à média da região. Divididas em macros regiões, os dados de acréscimo de produtividade são apresentados em percentagem e di− vididos até o quinto corte, para efeitos comparativos nos Estados de São Pau− lo, Minas Gerais e na região Nordeste. Os resultados mostraram que, além de ser um investimento seguro para es− tabilização da produção, o gotejamento pode elevar a produtividade a valores excepcionais, além de propiciar vanta− gens como redução de custo de produ− ção, diminuição no custo do CTT e do arrendamento de novas áreas. Dependendo da região os valores apontaram aumento de 45 a 98%. Da− dos médios da região centro sul de− monstraram aumento de produtividade em até 78%, e na região nordeste 82%.


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AGRÍCOLA

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Usinas buscam novas técnicas de manejo para melhorar a produtividade De olho em ampliar a performance no plantio, usinas investem em tecnologia e planejamento

O cuidado com a matéria−prima reflete na sua qualidade e, conse− quentemente, na produtividade. In− vestir nesse processo é a garantia de bons resultados. O setor bioenergé− tico está atento a isso. As usinas estão buscando aprimorar as técnicas de plantio e replantio da cana visando melhorar a performance agrícola. O assunto foi tema do webinar realizado no dia 14 de setembro, pro− movido pelo JornalCana, que reuniu um time de especialistas para falar sobre “Usinas de Alta Performance Agrícola – Inovações no Plantio e Replantio”. Participaram do evento Inês Ja− negitz, gerente agrícola da Usina Atena; Gabriel Della Coleta Canal, diretor agrícola da DCBIO e Mer− quisson Sanches, gerente de operação da TT do Brasil. Sob a condução do jornalista Alessandro Reis, do JornalCana, o webinar foi patrocinado pelas empre− sas: Axiagro; HRC e TT do Brasil. Inês Janegitz, da Usina Atena, fo− cou sua apresentação nos cuidados com o sistema radicular. Localizada na região de Presidente Prudente – SP, a Usina Atena tem capacidade pa− ra processar 1,5 milhão de toneladas, sendo 99% de cana própria. O pla− nejamento de plantio da usina conta com dois tipos de modalidade: 55% convencional e 45% com o sistema de meiose, onde 30% do plantio ocorre de forma mecanizada. “A maior parte da área de meio− se é ocupada pela cultura de amen− doim (50%) e uma pequena parte para crotalaria e milheto. O restante da área fazemos um pousio, onde va− mos preparando o solo para o plan− tio”, contou. Com relação aos cuidados com o sistema radicular, Inês explica que é necessário um trabalho de descom− pactação do solo. “Quando se fala em raiz, nós sabemos que existem as raí−

Gabriel Della Coleta Canal

Inês Janegitz

Merquisson Sanches

zes superficiais responsáveis pela ab− sorção dos nutrientes e da água; as raízes de fixação, que fixam a planta no solo e as raízes cordão, que res− pondem pela absorção da água. En− tão, basicamente trabalhamos com um plantio mais profundo e acondi− cionamento deste solo, preparando− o química e biologicamente para re− ceber a raiz a fim de nutrir a planta”, salientou. Inês ressaltou ainda que o prepa− ro em profundidade traz como bene− fícios o crescimento e abrangência de raízes no perfil, melhor sustentação da planta (menor arranquio de soquei− ra); um maior volume de solo explo− rado pelas raízes, aumentando a ab− sorção de água e de nutrientes e me− nor suscetibilidade à estiagem e ao ataque de pragas. Com relação à aplicação de con− dicionador, os benefícios são o au− mento na população e diversidade de microrganismos, um sistema radicu− lar mais agressivo, maior aproveita− mento dos nutrientes do solo, maior desenvolvimento geral da planta, en− tre outros. Todo esse trabalho é mensurado através de um sistema de avaliação de trincheiras para análise de construção do solo. “As trincheiras nos permitem fazer essa análise embaixo da cana e analisar como seu sistema radicular está se comportando”, disse. Com relação ao preparo do solo a Atena utiliza o convencional com grade e arado e o mínimo, com can− teirizador. Gabriel Della Coleta Canal, da DCBIO, usina com capacidade de

moagem de 1.950.000 toneladas por safra, e 3.000 ha de plantio, sendo 80% manuel e 20% mecanizado, ex− plicou os pontos que devem ser le− vados em consideração em um Plano Diretor Agrícola. “Considerando−se as unidades de manejo de solos (capacidade de água disponível, erodibilidade e fertilida− de), ambientes potenciais de produ− ção e planialtimetria detalhada das áreas da empresa, elaborar os projetos de sistematização de forma integrada, independentemente do ano de refor− ma, alocando cada área nos períodos de safra (inícios, meado e final) para cada bloco de colheita, de forma a obter a máxima equalização das pro− dutividades durante os períodos de safra considerados, respeitando−se a logística para entrega linear da maté− ria−prima na indústria e obtendo− se também a otimização da estrutura envolvida no CTT e nos tratos cul− turais de soqueiras”, explicou. Gabriel destaca que para se ter assertividade no planejamento é pre− ciso planejar com antecedência le− vando em consideração os seguintes aspectos: definição dos blocos de projetos através do levantamento macro altimetria; classificação carto− gráfica do ambiente de produção; le− vantamento das áreas irrigadas e se− queiro; sistematização adequada, de− finição do sistema de plantio (seja manual ou mecânico) e alocação va− rietal. “Na DCBIO, nós temos 380 fa− zendas com 61 macroprojetos. É im− portante que todos estejam interliga− dos, pois isso permite maior eficiên−

cia no CTT e também nos tratos culturais”, explicou. Merquisson Sanches, da TT do Brasil, levou ao debate o ponto de vista dos fabricantes dos equipamen− tos. Há 37 anos na fabricação de máquinas agrícolas e com presença em mais de 20 países a TT do Brasil Ltda produz no Brasil máquinas e equipamentos que trazem grande inovação ao mercado canavieiro, através de novos conceitos em plan− tio e cultivo de cana. O gerente destacou a questão da assertividade lembrando da necessi− dade de se executar com precisão ca− da uma das funções que a máquina se propõe a fazer dentro de parâmetros bem definidos. Entre os benefícios do plantio mecanizado, ele destacou a questão da segurança para o pessoal, no uso de químicos, obtenção de mudas, trans− porte, redução direta de acidentes, normas da NR12 em todos os equi− pamentos. Outro fator positivo por ele apontado foi a alta disponibilida− de de hora/máquina, reduzindo tam− bém a necessidade de mão−de−obra. Outra vantagem, segundo Mer− quisson, é que o plantio mecanizado convive com outros sistemas. “Ele precisa ser combinado com semente de alta qualidade, podendo ser com− binado com MPB; utilizado em téc− nicas de Meiosi ou Cantose; além do plantio manual e semi−mecanizado”, comentou. Segundo o gerente, um dos desafios do setor para se adequar ao plantio mecanizado, é entendê− lo como um sistema e não como uma plantadora.


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AGRICOLA

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Oxiquímica Agrociência mais uma vez inova no mercado de cana Companhia lançou no mercado três novos produtos de alta performance A Oxiquímica, empresa 100% bra− sileira, com indústria na cidade de Ja− boticabal− SP, é uma reconhecida par− ceira do produtor de cana−de−açúcar, sendo pioneira no desenvolvimento da única solução com eficácia comprova− da e registrada para a doença causadora da Estria Vermelha na cana, o produto DIFERE. A partir da continuidade nos inves− timentos em pesquisa para geração de ferramentas Inovadoras que auxiliem os canavicultores no aumento da sua pro− dutividade, em 2021 a Oxiquímica lançou no mercado três novos produ− tos de alta performance, desenvolvidos especificamente para a cultura da cana− de−açúcar, atuando nas fases de plantio, desenvolvimento vegetativo, maturação e corte de soqueira. CPA Gold, com alta concentração de Boro e Zinco, estimula brotação,

gerando maior número de perfilhos por metro, sendo aplicado tanto no plantio quanto no corte de soqueira, com pH adequado para aplicação com inseticidas. Exato, proporciona maior desen− volvimento vegetativo, maior velocida− de de absorção dos nutrientes e com pH adequado para aplicação com inse− ticidas e fungicidas. Effort, com balanço nutricional e pH calibrado, estimula a translocação e acúmulo de sacarose, elevando o TCH e TAH quando utilizado em associação ao maturador químico. CPA Gold, Exato, Effort, possuem o exclusivo aditivo de performance Oxi− química, que proporciona maior com− patibilidade entre os nutrientes, melhor solubilidade e estabilidade da formulação. Consultorias atestam:“Constatamos em pesquisas de campo com os novos produtos da Oxiquímica excelentes re− sultados, com expressivos incrementos de TCH, ATR e consequentemente TAH. Promovendo assim aumento tanto de produtividade, qualidade da matéria prima e rentabilidade na lavou− ra”, afirma Hervatin e Prado Filho.


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GENTE

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Morre diretor do Grupo Santa Isabel, Alcides Graciano

Falece pai de André Rocha, presidente do Sifaeg/SIFACUCAR

Empresário estava internado

Ney Lins tinha 81 anos

O empresário e diretor da Usina Santa Isabel, Alcides Luís Graciano Júnior, faleceu na manhã do dia 14 de setembro. O falecimento ocorreu em São Paulo, onde o empresário estava internado para tratamento. O corpo do empresário foi velado e enterrado em Novo Horizonte – SP. “O setor perde um empresário e um grande incentivador de tecnolo− gias”, lamenta Josias Messias, diretor da Procana. Em nota de pesar o Grupo Santa Isabel manifesta que “Nesses quase 45 anos de empresa, temos orgulho de ter na liderança do grupo, um homem comprometido com o trabalho, hon− rado, de caráter ilibado, com grandes sonhos, propósitos e objetivos, preo− cupado com o bem−estar de todos os colaboradores e a comunidade”.

Morreu no dia 4 de outubro, em Goiânia, José Ney Lins Rocha, que nos últimos 30 anos presidiu a Federação Goiana de Automobilismo (Faugo). Ney Lins é pai de André Rocha, pre− sidente do Sifaeg/SIFACUCAR. Ele tinha 81 anos, e faleceu em consequência de complicações clíni− cas, após ter sido submetido a uma ci− rurgia. Casado com Maria Terezinha Baptista Lins Rocha. Ele deixa quatro filhos: além de André Rocha, Gustavo, Daniel, Ana Thereza e oito netos. Diversas manifestaram de condo− lências foram feitas pelo falecimento de Ney por entidades do setor, como a NovaBio, em nota assinada pelo seu presidente, Renato Cunha. “Externa− mos nossa sincera solidariedade a se− nhora Maria Therezinha Baptista Linz Rocha e a todos os membros de sua família. Que Deus conforte a todos”. E, também pela Confederação

Brasileira de Automobilismo. “Sob seu comando, o esporte em seu estado re− gistrou forte crescimento e a capital Goiânia passou a ser um dos princi− pais destinos para disputas de compe− tições nacionais. Entusiasta do espor− te a motor, Ney tinha como marca principal a forma calorosa de receber todos os competidores e profissionais das mais diversas áreas, além de pro− porcionar as melhores condições de trabalho possíveis para todos”, assina Giovanni Guerra, presidente da CBA.


GENTE

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Roberto Hollanda Filho deixa a Biosul Principal ação em sua gestão foi colocar MS entre os maiores produtores de cana do país

Em novembro, Roberto Hollan− da Filho deixa o cargo de presiden− te−executivo da Associação dos Pro− dutores de Bioenergia de Mato Gros− so do Sul (Biosul) entidade que con− duziu desde a sua criação em janeiro de 2009. O executivo partirá para novos desafios em Brasília como diretor− executivo no Fórum Nacional Su− croenergético, que vem a ser a repre− sentação nacional do setor. O Fórum Nacional Sucroenergé− tico – FNS congrega entidades repre− sentativas de produtores de etanol, açúcar e bioeletricidade em quinze estados brasileiros. A entidade tem co− mo presidente Mário Campos, do SIAMIG– Minas Gerais, e o vice− presidente é Renato Cunha, do Sin−

daçúcar, de Pernambuco. “O nome de Roberto Hollanda Filho fica na história e na boa memó− ria do setor sucroenergético em Ma− to Grosso do Sul. Estamos seguros que Roberto continuará desempenhando papel importante para o setor, dessa vez em nível nacional”, afirmou Amaury Pekelman, presidente do Conselho Deliberativo da entidade.

“Saio com o coração feliz e com uma ótima sensação de dever cumpri− do na Biosul. Ao longo desses anos fiz muitos amigos, vivenciei boas histó− rias, obtive junto a minha equipe re− sultados expressivos para o setor e de− senvolvi um encanto com o Mato Grosso do Sul que será eterno. Agora é hora de encarar os novos desafios que virão com muita motivação e

comprometimento”, comentou Ro− berto Hollanda Filho. A entidade segue com a mesma estrutura de governança, conduzida pelo Conselho Deliberativo, e man− tém também a equipe operacional. Em recente entrevista ao Jornal− Cana, o executivo informou que a sa− fra em Mato Grosso do Sul, desta vez, será diferente. “As unidades se adap− taram às condições climáticas do Es− tado e passou a ser uma característica MS não ter entressafra, pois sempre ti− nha uma usina moendo. Este ano, de− vido à perda com a seca e a geada, acreditamos que a safra acabará mais cedo e teremos entressafra”, explicou. Segundo Hollanda, das 18 usinas em operação no Estado, 7 haviam en− cerrado a temporada até o final de outubro.“Inicialmente a nossa estima− tiva era de 50 milhões de toneladas de cana processadas, mas depois da seca, a previsão é que a produção em MS atinja 45 milhões de toneladas”, disse, ressaltando que o acumulado da safra até a última semana de outubro era de 37 milhões de toneladas, ou seja, 3% abaixo da safra anterior, porém, o pro− cessamento caiu bastante em outubro em comparação com o mesmo perío− do do ciclo anterior.


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GESTÃO

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Profissionalização da gestão exige confiança e transparência

A busca de competitividade e até mesmo a luta para assegurar a pró− pria existência, tem empurrado as usinas para um processo de profis− sionalização da sua gestão. Mas, sair de uma gestão familiar para uma profissional, implica também em riscos e cuidados que devem ser le− vados em consideração, para que es− sa transição possa acontecer de for− ma que os benefícios se estendam a todos. Administrar conflitos entre antigos e novos gestores é prepon− derante para o sucesso da operação. Para debater essa questão o Jor− nalCana realizou no dia 21 de se− tembro o webinar “A Profissionali− zação da Gestão nas Usinas”, que contou com a participação dos em− presários Alberto Pedrosa, CEO da DCBio; André Monaretti, CEO da Usina Furlan e Renato Gennaro, consultor de Governança e Modelo de Gestão em diversas usinas. Sob a condução do jornalista e diretor do Procana, Josias Messias, os empresários trataram dos percalços e caminhos a serem percorridos no momento de enfrentar essa transição. O evento contou com o patrocínio

das empresas: Axiagro, AutoJet, Bio− Con, HRC e S−PAA Soteica. “O setor de açúcar precisa cada vez mais de experiência e compe− tência para lidar com o negócio, o endividamento do setor, as novas exigências técnicas, consolidação das usinas e evolução das estruturas de capital, que tornam os negócios mais complexos”, são alguns fatores que segundo Alberto Pedrosa, contri− buem para acelerar o processo de profissionalização das usinas. André Monaretti adiciona a es− ses fatores o fato de as empresas não estarem bem posicionadas em seus negócios, pois a profissionalização assegura modelos mais eficientes de gestão. “O objetivo é enriquecer a empresa e mantê−la em operação”. O consultor Renato Gennaro acrescentou alguns números a dis− cussão. Segundo ele, entre 85 e 90% das empresas nascem familiares, o que faz com que a profissionalização se torne um caminho natural. “30% das empresas que nascem passam da primeira para segunda geração, 43% da segunda para ter− ceira, e 17% da terceira para quarta, ou seja, é inevitável a profissionali− zação nesses casos que começam a acontecer naturalmente”, explicou ele, lembrando ainda que “Profissio− nalização é aquele profissional que reúne todos os atributos, para ge− renciar uma empresa. Acredito que não significa que ele não seja da fa− mília. Desde que ele reúna todas es− sas condições.” Ele entende que não se deve comparar a gestão profissional com a

familiar. “São gestões diferentes, uma é mais objetiva, busca resultados, e outra está envolvida com valores e princípios da organização, são for− mas diferentes. Os resultados de uma são mais agressivos e outra perpe− tuaram o negócio. O ciclo de matu− ração de uma empresa tem necessi− dades específicas para cada momen− to”, disse. Alberto Pedrosa menciona ain− da, o fato de grandes grupos conta− rem com uma política de formação dos herdeiros, de forma que possam ter experiências em outras empresas, para depois voltar a gerir a empresa. “Ou seja, profissionalização não é sinônimo de sair a família e entrar outros profissionais”.

Alberto Pedrosa

André Monaretti

Renato Gennaro

Vista como inevitável, iniciativa vem dominando o cenário das usinas que querem se manter competitivas

Modelos de Governança Com relação à governança não há um modelo perfeito ou melhor, pri− meiro precisa ver a questão da pro− priedade, sendo preciso coesão entre os sócios, argumenta André Mona− retti. “Depois vem o Conselho de Administração, que precisa ter seu papel mais bem definido, contando com profissionais que enxergam o papel estratégico das empresas. Tem também a questão do Conselho Fis− cal, que analisa o papel da adminis− tração”, disse O executivo ressaltou que, a pró− pria gestão do negócio, não tem como ter uma boa prática de governança se não houver uma boa gestão. Citou também os auditores independentes, e os comitês financeiro, de crise, am− biental. “É importante ver a contri− buição que a empresa traz para a so− ciedade. A melhor prática de gover− nança tem que fazer a abrangência de todas essas questões, portanto os exe− cutivos têm que estar bem atualizados para isso”, disse Monaretti. Para Renato, o modelo de gover− nança que tem maior adequação ao setor tem que estar baseado em ESG. “Trabalhar o ambiental e a sustentabi− lidade é o pilar básico, seguido das se− guintes premissas: qual o tamanho da organização? qual o número de grupo


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familiar dentro dela? Lembrando sempre da necessi− dade de separar o que é propriedade, o que é família, e o que é negócio”, afirma. No momento de migrar de um modelo para ou− tro, o consultor adverte sobre a necessidade de trans− parência. “Esclarecer todos os pontos, limpar a casa e preparar as pessoas envolvidas”, elucidou. André Monaretti lembra, que essa mudança não pode ser muito rápida, porque existe toda uma es− trutura em operação. “Primeiro é preciso dominar a estrutura para depois ir fazendo os ajustes. Os erros são não dar ouvidos aos profissionais que já estavam na empresa. A colocação de executivos não adequa− dos, funcionários sem preparo, sendo promovidos a líder. Primeiro é preciso ser capaz e depois é preciso ter o domínio do negócio”, explica. Alberto Pedrosa reforça também a necessidade de saber escutar.“É importante a escuta. Respeito a cul− tura existente na empresa é um fator de sucesso. Muitas vezes, se pensa que mudar é jogar tudo fora e começar do zero, mas para mim o melhor é uma adaptação, é uma transformação progressiva”. Um dos segredos para um processo de transição é bem conduzido, é a figura de um sujeito oculto, que não aparece, e que exerce um papel de moderador. “Tem que ter esse moderador, para discernir com to− da organização e chegar até o chão de fábrica. Se não tiver bem pautada essa estratégia não se vai atingir o objetivo”, afirma Monaretti. Alberto acredita que essa função possa ser ocu− pada por um acionista, um conselheiro indepen− dente, um consultor, “enfim, pois trata−se de en− contrar as alavancas que nos permitem chegar aon− de se quer chegar.” “Quando se tem empresas com multiculturas, é

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preciso que tenha um moderador na família. Pode ser capital aberto, fechado, S/A, tem que ter, pois ele pas− sa credibilidade ao processo”, defende Renato.

Inovação digital A cultura da inovação na transformação digital também foi abordada no webinar. Para Alberto a ino− vação é chave do negócio. Ela vem da conjugação de diversidade de experiências. De acordo com ele, é importante que mesmo quando tudo vai bem, fo− quem na inovação, foquem no digital. Hoje existem ferramentas que tem que ser usadas pelas empresas. “O sol é para todos, as commodities e o preço também. Antes se tinha lucros de 40%, os custos de outros países eram diferentes daqui, mas com o de− correr dos anos os commodities está nivelando os países. Então temos que ter a prática da profissiona− lização, e também a tecnologia, que deve ser busca− da diariamente. A informação precisa ser muito mais rápida. Meu sonho é ser totalmente automatizado, desde o preparo do solo até a venda do produto, do início até o final da operação usar a tecnologia. Quem não conseguir isso vai acabar se distanciando”, acre− dita Monaretti. Para Gennaro, o mundo digital é tudo aqui que cabe dentro do seu celular. “Todo dia nascem em− presas baseadas em tecnologia. Nos últimos 10 anos, o agronegócio é o que mais cresce em sistema de tecnologia. A pandemia foi um tsunami que mudou os nossos hábitos. Inovação é pensar diferente. Ino− vação digital é tentativa e erro, não se pode ter me− do de errar. Todo dia tem que ser exercitado. Tem que estar aberto a novas ideias. Incentivar o coleti− vo. A transformação digital tem que estar na agen− da do CEO”, concluiu.


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Premiação MasterCana 2021 destaca os melhores em um ano de superação O prêmio foi entregue para quem apostou em inovação e sustentabilidade Em meio à pandemia, crise hídri− ca, queimadas, entre outros fatores atípicos, os profissionais do setor bio− energético tiveram mais do que nun− ca que se reinventar e mostrar uma grande capacidade de superação. No dia 11 de novembro, um seleto grupo desses profissionais foi contemplado com o prêmio MasterCana Centro− Sul 2021. O evento é a principal e mais tra− dicional premiação do segmento. Realizado desde 1988, o Prêmio MasterCana tornou−se tradição de credibilidade no mercado, por reco− nhecer o mérito daqueles que traba− lham por uma agroindústria canaviei− ra sustentável, pujante e dinâmica. Nesta edição, teve como patroci− nadores a Axiaagro; AutoJet; BioCon; Citrotec; Dimastec; Netafim e S−PAA. Antonio Eduardo Toniello, presi− dente dos conselhos de administração da Copercana e do Grupo Toniello, abriu a premiação e recebeu o troféu de Empresário do Ano no MasterCa− na Centro−Sul. Parte de uma das fa− mílias mais tradicionais do segmento bionergético, Tonielo, que tem atual− mente 81 anos, empreende no setor há décadas. Atual presidente do Conselho de Administração da Copercana, coir− mã da Sicoob Cocred, Toniello fez questão de dividir o prêmio com fa− miliares e principalmente com os co− laboradores do grupo. “Receber este prêmio é um mo− tivo de satisfação. Dedico aos meus fi− lhos, sobrinhos, todos os nossos cola− boradores. O empresário administra e quem faz acontecer é o colaborador. O grupo Toniello mudou a gestão e eu sou presidente do Conselho. Fize− mos essa mudança numa hora certa,

numa hora boa, e num mundo globa− lizado uma andorinha só não faz ve− rão. Trabalhei bastante para que o grupo se unisse e felizmente está dan− do certo”, disse. O prêmio de executivo do ano, fi− cou com Francis Queen,VP Executi− vo Etanol, Açúcar e Bioenergia da Raízen. Em sua mensagem, Queen destacou os desafios enfrentados pela companhia ao longo deste ano. “Su− peramos desafios agudos, como o da Covid−19, questão climática, mas, mesmo assim, tivemos conquistas ex− ponenciais, como a abertura de IPO

PAT R O C Í N I O M A S T E R

na bolsa de valores e a aquisição da Biosev”, destacou. Para Bento Gonzaga, represen− tante da Usina Santa Lúcia, premiada na categoria tecnologia e inovação na preservação ambiental, “o prêmio é importante, porque preservar o meio ambiente faz parte do nosso dia a dia. Estamos com um novo investimento em uma destilaria e vamos diminuir a captação de recursos hídricos em 50%. E sermos reconhecidos por isso é gratificante”. Ricardo Almeida, da Netafim, que conquistou o prêmio de fornecedor

mais indicado na área de irrigação, destacou que a empresa é cada vez mais presente no setor de cana e mui− to se orgulha por essa conexão, “O grande mérito do prêmio é conectar todos os players do setor”, disse. Para Inês Janegitz, gerente Agrí− cola da Usina Atena, a “honrosa pre− miação deve ser compartilhada com toda a equipe”. “A usina tem buscado, cada vez, mais uma performance em plantio para garantir a produtividade e a nossa equipe toda da usina fica li− sonjeada e muito agradecida pela honra desse prêmio”, afirmou. Letícia Sampaio, gerente de Marketing e Relações Internacionais da Citrotec, destacou a importância da premiação para a empresa, que desde 2000, desenvolve equipamen− tos inovadores para os mais diversos setores industriais, tais como, su− croenergia, indústria cítrica, frutos diversos, grãos, mineração e setor alimentício. Além disso, presta servi− ços de engenharia, fabricação, mon− tagem e assistência técnica a equipa− mentos industriais. “Estou representando o time de 400 colaboradores da empresa e pa− ra nós é muito importante essa pre− miação. Trabalhamos há mais de 22 anos com logística no setor sucroe− nergético e ter esse reconhecimen− to dos clientes é muito significati− vo”, disse Roberto Lellis, gerente Telog Logística. Josias, diretor do Procana, organi− zador do evento, destaca a importân− cia de estimular o benchmarking. Es− te é o objetivo. Primeiro dar visibili− dade para quem trabalha corretamen− te, labuta, se dedica, consegue fazer entregas importantes, e às vezes não tem a oportunidade. Então essa é a nossa missão: poder dar visibilidade para o trabalho de vocês, estimular o desenvolvimento do setor para sermos cada vez mais sustentável”. Confiram a lista dos premiados e os representantes que receberam os prêmios:

PAT R O C Í N I O S TA N D A R D


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PREMIADOS MASTERCANA 2021

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EMPRESÁRIO DO ANO Antonio Eduardo Toniello, presidente dos conselhos de administração da Copercana e do Grupo Toniello. Prêmio entregue por José Darciso Rui.

EXECUTIVO DO ANO Francis Queen, VP Executivo Etanol, Açúcar e Bioenergia da Raízen.

FORNECEDOR DE CANA: AGROTERENAS Na premiação, a empresa foi representada pelos gerentes de Operações Agrícolas e Planejamento Agrícola, respectivamente, Murilo Meirelles e André Tomazela.

ESTRATÉGIA EMPRESARIAL GESTAO: RAÍZEN Thiago Mercadante, gerente de Logística Agroindustrial.

PERFOMANCE: COLOMBO AGROINDUSTRIAL Antonio Josias, gerente corporativo de RH. Prêmio entregue por José Darciso Rui.

RESPONSABILIDADE EMPRESARIAL: TEREOS Renato Zanetti, superintendente de Excelência Operacional. Prêmio entregue por José Darciso Rui.

PROGRAMAS DE QUALIDADE E PRODUTIVIDADE (PERFORMANCE): BEVAP Ednei Robiatti, gestor SGQ. Prêmio entregue por José Darciso Rui.

PROGRAMAS DE QUALIDADE E PRODUTIVIDADE (TECNOLOGIA E INOVAÇÃO): USINA SANTA ADÉLIA - Sérgio Lobo Senegalha, supervisor de Manutenção Industrial e José Augusto Predo Veiga, diretor de Operações. Prêmio entregue por José Darciso Rui.


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PREMIADOS MASTERCANA 2021

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ADMINISTAÇÃO E FINANÇAS (GESTÃO): JALLES MACHADO Ronaldo Tomazella Monteiro, presidente do Comitê de Auditoria Estatuário da Jalles Machado. Prêmio entregue por Dimas Fausto.

PRESERVAÇÃO AMBIENTAL (GESTÃO): DIANA BIOENERGIA Renan Bazzo, engenheiro Ambiental. Prêmio entregue por Dimas Fausto.

PRESERVAÇÃO AMBIENTAL (TENCOLOGIA E INOVAÇÃO): USINA SANTA LÚCIA Bento Dias Gonzaga Neto, gerente de RH e Motomecanização,

RECURSOS HUMANOS (TECNOLOGIA E INOVAÇÃO): COCAL Fernando Murta Mejias, tecnologia da Informação e Maíra de Lima Almeida, relações trabalhistas e Ouvidoria. Prêmio entregue por Dimas Fausto.

SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO (GESTÃO): CLEALCO Carlos Eduardo Furlaneti, vice-presidente de pessoas e jurídico.

COMPLIANCE (GESTÃO): ATVOS Luciano Livino de Melo, riscos e conformidade, controles internos e LGPD. Prêmio entregue por Dimas Fausto.

INDUSTRIAL (GESTÃO): VIRALCOOL Nadir Nascimento Junior, gerente industrial corporativo do Grupo. Prêmio entregue por Sérgio Gaiotto.

INDUSTRIAL (PERFOMANCE): COLOMBO Antônio Josias, gerente Corporativo de RH. Prêmio entregue por Rodrigo Valdomiro de Souza.


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INDUSTRIAL (TECNOLOGIA E INOVAÇÃO): BIONERGÉTICA AROEIRA Luís Fernando Murakami, gerente industrial. Prêmio entregue por Sérgio Gaiotto.

BIOLETRICIDADE (GESTÃO): USINA SANTA ADÉLIA Luiz Fernando Cremonez, gerente industrial e José Augusto Prado Veiga, diretor de Operações. Prêmio entregue por Sérgio Gaiotto.

BIOLETRICIDADE (PERFOMANCE): BEVAP Fernando Sardella, gestor Utilidades e Energia. Prêmio entregue por Sérgio Gaiotto.

BIOLETRICIDADE (TECNOLOGIA E INOVAÇÃO): SJC BIOERNGIA Aryel Alves Guimarães, gerente de Processos Industriais. Prêmio entregue por Sérgio Gaiotto.

AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL (PERFOMANCE): USINA LINS André Teixeira, diretor industrial. Prêmio entregue por Sérgio Gaiotto.

AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL (TECNOLOGIA E INOVAÇÃO): TEREOS Everton Carpanezi, superintendente de Operações Agroindustriais. Prêmio entregue por Letícia Sampaio.

PRODUÇÃO DE AÇÚCAR (GESTÃO): ZILOR Gustavo Leda Minetto, responsável por Processos Industriais. Prêmio entregue por Letícia Sampaio.

PRODUÇÃO DE AÇÚCAR (TECNOLOGIA E INOVAÇÃO): SÃO MANOEL Vander Marcos Gimenes, supervisor de produção industrial. Prêmio entregue por Letícia Sampaio.


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PREMIADOS MASTERCANA 2021

PREMIADOS MASTERCANA 2021

PRODUÇÃO DE ETANOL (TENOLOGIA E INOVAÇÃO): GOIASA Márcio do Nascimento Silva, gestor de Produção. Prêmio entregue por Letícia Sampaio.

DISPONIBILIDADE E CONFIABILIDADE INDUSTRIAL (GESTÃO): GRUPO PITANGUEIRAS Maicon Caetano, gestor de PCMI. Prêmio entregue por Letícia Sampaio.

DISPONIBILIDADE E CONFIABILIDADE INDUSTRIAL (TECNOLOGIA E INOVAÇÃO): ADECOAGRO - Waldyr Pascoal Neto, gerente de Manutenção Industrial do Cluster MS – Usinas Angélica e Ivinhema. Prêmio entregue por Letícia Sampaio.

AGRÍCOLA (GESTÃO): USINA AÇUCAREIRA GUAÍRA Alfredo Barbosa Neto, encarregado de geotecnologia. Prêmio entregue por Elon Svicero.


MASTERCANA

Novembro 2021

PREMIADOS MASTERCANA 2021

PREMIADOS MASTERCANA 2021

PREMIADOS MASTERCANA 2021

AGRÍCOLA (TECNOLOGIA E INOVAÇÃO): USINA SÃO DOMINGOS Fred Polizello, diretor Agrícola. Prêmio entregue por Elon Svicero.

IRRIGAÇÃO (TECNOLOGIA E INOVAÇÃO): BEVAP Wagner Oliveira, gestor TI. Prêmio entregue por Elon Svicero.

DISPONIBILIDADE E CONFIABILIDADE AGRÍCOLA (GESTÃO): ZILOR Darci Emerson Moro Conche, responsável por Operações Agrícola Quatá. Prêmio entregue por Elon Svicero.

MANEJO E TRATOS CULTURAIS (TECNOLOGIA E INOVAÇÃO): TEREOS Everton Carpanezi, superintendente de Operações Agroindustriais. Prêmio entregue por Elon Svicero.

39


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MASTERCANA

PREMIADOS MASTERCANA 2021

Novembro 2021

PREMIADOS MASTERCANA 2021

PREMIADOS MASTERCANA 2021

AUTOMOTIVA E LOGÍSTICA AGRÍCOLA (GESTÃO): COLOMBO AGROINDÚSTRIA Antônio Josias, gerente corporativo de RH. Prêmio entregue por Rodrigo Valdomiro de Souza.

AUTOMOTIVA E LOGÍSTICA AGRÍCOLA (PERFOMANCE): USAÇUCAR-USINA SANTA TEREZINHA - Leonardo Nicula Cintra, diretor Agroindustrial. Prêmio entregue por Rodrigo Valdomiro de Souza.

AUTOMOTIVA E LOGÍSTICA AGRÍCOLA (TECNOLOGIA E INOVAÇÃO): USINA AÇUCAREIRA GUAÍRA - Alfredo Barbosa Neto, encarregado de geotecnologia. Prêmio entregue por Rodrigo Valdomiro de Souza.

PREPARO E PLANTIO (GESTÃO): DCBIO Gabriel Della Coletta, diretor. Prêmio entregue por Rodrigo Valdomiro de Souza.


MASTERCANA

Novembro 2021

PREMIADOS MASTERCANA 2021

PREMIADOS MASTERCANA 2021

PREMIADOS MASTERCANA 2021

PREPARO E PLANTIO (PERFOMANCE): ATENA Inês Janegitz, gerente Agrícola

AUTOMAÇÃO AGRÍCOLA (TECNOLOGIA E INOVAÇÃO): BEVAP Wagner Oliveira, gestor TI. Prêmio entregue por Rodrigo Valdomiro de Souza.

INOVAÇÃO (ÁREA AGRÍCOLA): AXIAGRO Rodrigo Valdomiro de Souza, diretor executivo. Prêmio entregue por Everton Carpanizi.

FORNECEDOR MAIS INDICADO (TECNOLOGIA INDUSTRIAL): AUTOJET Sérgio Gaiotto, gerente de Vendas. Prêmio entregue por Everton Carpanizi.

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MASTERCANA

Novembro 2021

PREMIADOS MASTERCANA 2021

PREMIADOS MASTERCANA 2021

PREMIADOS MASTERCANA 2021

FORNECEDOR MAIS INDICADO (DESTILARIA): CITROTEC Letícia Sampaio, gerente de Marketing e Relações Internacionais

FORNECEDOR MAIS INDICADO (BOMBAS CENTRÍFUGAS): CENTURY DO BRASIL Carlos Eduardo Ferreira de Souza, diretor. Prêmio entregue por Everton Carpanizi.

FORNECEDOR MAIS INDICADO (IRRIGAÇÃO): NETAFIM Ricardo Almeida, CEO da Netafim Mercosul. Prêmio entregue por Everton Carpanizi.

FORNECEDOR MAIS INDICADO (ADMINISTRATIVA SERVIÇOS E CONSULTORIA EM MANUTENÇÃO: LEMA EMPRESARIAL Manoel Gomes da Silva, diretor Técnico. Prêmio entregue por Everton Carpanizi.

FORNECEDOR MAIS INDICADO (GESTÃO DE PESSOAS): DIMASTEC Dimas Fausto, diretor

FORNECEDOR MAIS INDICADO (TRANSPORTE E LOGÍSTICA): TELOG Rosana Zumstein, diretora executiva

DISPONIBILIDADE E CONFIABILIDADE INDUSTRIAL (PERFOMANCE): BP BUNGE Participação Online.

PRODUÇÃO DE ETANOL (GESTÃO): BP BUNGE Participação Online.

MANEJO E TRATOS CULTURAIS (GESTÃO): VALE DO VERDÃO Renato Ferreira da Rosa, gerente de Planejamento e Desenvolvimento. Presença Online.

FORNECEDOR MAIS INDICADO (TELAS PARA FILTRO): BIG TELAS Rodrigo Luchesi Grassi, diretor. Presença online.




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