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AGRÍCOLA
Novembro 2021
Usinas buscam novas técnicas de manejo para melhorar a produtividade De olho em ampliar a performance no plantio, usinas investem em tecnologia e planejamento
O cuidado com a matéria−prima reflete na sua qualidade e, conse− quentemente, na produtividade. In− vestir nesse processo é a garantia de bons resultados. O setor bioenergé− tico está atento a isso. As usinas estão buscando aprimorar as técnicas de plantio e replantio da cana visando melhorar a performance agrícola. O assunto foi tema do webinar realizado no dia 14 de setembro, pro− movido pelo JornalCana, que reuniu um time de especialistas para falar sobre “Usinas de Alta Performance Agrícola – Inovações no Plantio e Replantio”. Participaram do evento Inês Ja− negitz, gerente agrícola da Usina Atena; Gabriel Della Coleta Canal, diretor agrícola da DCBIO e Mer− quisson Sanches, gerente de operação da TT do Brasil. Sob a condução do jornalista Alessandro Reis, do JornalCana, o webinar foi patrocinado pelas empre− sas: Axiagro; HRC e TT do Brasil. Inês Janegitz, da Usina Atena, fo− cou sua apresentação nos cuidados com o sistema radicular. Localizada na região de Presidente Prudente – SP, a Usina Atena tem capacidade pa− ra processar 1,5 milhão de toneladas, sendo 99% de cana própria. O pla− nejamento de plantio da usina conta com dois tipos de modalidade: 55% convencional e 45% com o sistema de meiose, onde 30% do plantio ocorre de forma mecanizada. “A maior parte da área de meio− se é ocupada pela cultura de amen− doim (50%) e uma pequena parte para crotalaria e milheto. O restante da área fazemos um pousio, onde va− mos preparando o solo para o plan− tio”, contou. Com relação aos cuidados com o sistema radicular, Inês explica que é necessário um trabalho de descom− pactação do solo. “Quando se fala em raiz, nós sabemos que existem as raí−
Gabriel Della Coleta Canal
Inês Janegitz
Merquisson Sanches
zes superficiais responsáveis pela ab− sorção dos nutrientes e da água; as raízes de fixação, que fixam a planta no solo e as raízes cordão, que res− pondem pela absorção da água. En− tão, basicamente trabalhamos com um plantio mais profundo e acondi− cionamento deste solo, preparando− o química e biologicamente para re− ceber a raiz a fim de nutrir a planta”, salientou. Inês ressaltou ainda que o prepa− ro em profundidade traz como bene− fícios o crescimento e abrangência de raízes no perfil, melhor sustentação da planta (menor arranquio de soquei− ra); um maior volume de solo explo− rado pelas raízes, aumentando a ab− sorção de água e de nutrientes e me− nor suscetibilidade à estiagem e ao ataque de pragas. Com relação à aplicação de con− dicionador, os benefícios são o au− mento na população e diversidade de microrganismos, um sistema radicu− lar mais agressivo, maior aproveita− mento dos nutrientes do solo, maior desenvolvimento geral da planta, en− tre outros. Todo esse trabalho é mensurado através de um sistema de avaliação de trincheiras para análise de construção do solo. “As trincheiras nos permitem fazer essa análise embaixo da cana e analisar como seu sistema radicular está se comportando”, disse. Com relação ao preparo do solo a Atena utiliza o convencional com grade e arado e o mínimo, com can− teirizador. Gabriel Della Coleta Canal, da DCBIO, usina com capacidade de
moagem de 1.950.000 toneladas por safra, e 3.000 ha de plantio, sendo 80% manuel e 20% mecanizado, ex− plicou os pontos que devem ser le− vados em consideração em um Plano Diretor Agrícola. “Considerando−se as unidades de manejo de solos (capacidade de água disponível, erodibilidade e fertilida− de), ambientes potenciais de produ− ção e planialtimetria detalhada das áreas da empresa, elaborar os projetos de sistematização de forma integrada, independentemente do ano de refor− ma, alocando cada área nos períodos de safra (inícios, meado e final) para cada bloco de colheita, de forma a obter a máxima equalização das pro− dutividades durante os períodos de safra considerados, respeitando−se a logística para entrega linear da maté− ria−prima na indústria e obtendo− se também a otimização da estrutura envolvida no CTT e nos tratos cul− turais de soqueiras”, explicou. Gabriel destaca que para se ter assertividade no planejamento é pre− ciso planejar com antecedência le− vando em consideração os seguintes aspectos: definição dos blocos de projetos através do levantamento macro altimetria; classificação carto− gráfica do ambiente de produção; le− vantamento das áreas irrigadas e se− queiro; sistematização adequada, de− finição do sistema de plantio (seja manual ou mecânico) e alocação va− rietal. “Na DCBIO, nós temos 380 fa− zendas com 61 macroprojetos. É im− portante que todos estejam interliga− dos, pois isso permite maior eficiên−
cia no CTT e também nos tratos culturais”, explicou. Merquisson Sanches, da TT do Brasil, levou ao debate o ponto de vista dos fabricantes dos equipamen− tos. Há 37 anos na fabricação de máquinas agrícolas e com presença em mais de 20 países a TT do Brasil Ltda produz no Brasil máquinas e equipamentos que trazem grande inovação ao mercado canavieiro, através de novos conceitos em plan− tio e cultivo de cana. O gerente destacou a questão da assertividade lembrando da necessi− dade de se executar com precisão ca− da uma das funções que a máquina se propõe a fazer dentro de parâmetros bem definidos. Entre os benefícios do plantio mecanizado, ele destacou a questão da segurança para o pessoal, no uso de químicos, obtenção de mudas, trans− porte, redução direta de acidentes, normas da NR12 em todos os equi− pamentos. Outro fator positivo por ele apontado foi a alta disponibilida− de de hora/máquina, reduzindo tam− bém a necessidade de mão−de−obra. Outra vantagem, segundo Mer− quisson, é que o plantio mecanizado convive com outros sistemas. “Ele precisa ser combinado com semente de alta qualidade, podendo ser com− binado com MPB; utilizado em téc− nicas de Meiosi ou Cantose; além do plantio manual e semi−mecanizado”, comentou. Segundo o gerente, um dos desafios do setor para se adequar ao plantio mecanizado, é entendê− lo como um sistema e não como uma plantadora.