JornalCana 335 (Fevereiro 2022)

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@canalProcanaBrasil

Fevereiro 2022

Série 2

Número 335

www.axiagro.com.br

Ingenio Aguaí é a primeira Usina 4.0 da Bolívia fora do Brasil

Unidade se junta às mais de 70 usinas brasileiras que já se beneficiam de tecnologia única no mundo, que controla plantas inteiras de processos contínuos




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CARTA AO LEITOR

Fevereiro 2022

índice MERCADO Medida provisória aprimora regras que permitem venda direta de etanol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 Política de prelos dos combustíveis deve focar na estabilização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 “O Brasil tem tudo para exportar a tecnologia dos biocombustíveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 e 7 Para especialistas a safra 2022/23 será de “folhas e falhas” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 e 9 Safra 2022/23 em MG deve chegar a 7-,9 milhões de toneladas de cana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10 Futuro do RenovaBio é destacado pelo diretor de Biocombustíveis do MME . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 Usina Coruripe conclui primeira emissão “bond” no exterior e captou US$ 300 mil . . . . . . . . . . . . . . .12 Jalles Machado bate recorde de produção e triplica lucro na safra 2021/22 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13 Etanol de milho movimenta usina paranaense na entressafra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14 CerradinhoBio e Neomille investem cerca de R$ 3,5 milhões em projetos sociais . . . . . . . . . . . . . . . . .15 Raízen deve investir na construção de duas novas plantas de E2G ainda este ano . . . . . . . . . . . . . . . .16 Mussa avalia que o Brasil pode se consolidar como exportador de tecnologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17 Mercado de carbono pode ser fonte de transformações sociais no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18 Socicana fecha parceria que permitirá a associados ingressar no mercado de carbono . . . . . . . . . . .18 Ministro do Meio Ambiente prevê programa de inventivos para geração de biometano . . . . . . . . . . .19 Trator movido a biometano foi testado em usina na última safra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19 Uisa investe na construção de planta de biolgás . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20

INDUSTRIAL Ingenio Aguaí é a primeira usina 4.0 da Bolívia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22 e 23 AxiAgro e SciCrop discutem aplicações de soluções tecnológicas para usinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 Usina São José do Pinheiro transforma planta em indústria 4.0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 Usina Furlan avança no processo de transformação digital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 O dobro pela metade: dobre a capacidade de secagem de levedura pela metade do investimento em uma torre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25

AGRÍCOLA O desafio da integração da manutenção agrícola e industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26 e 27 Saiba como reduzir custos para garantir as próximas safras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28 e 29 Vida longa ao seu canavial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30 Clima melhora estimativa da safra 2022/23 de cana no Centro-Sul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30 Pesquisa pretende aumentar produtividade da cana através da edição de DNA . . . . . . . . . . . . . . . . . .32 Adoção de sementes no plantio pode dobrar a produção de cana-de-açúcar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33

LOGÍSTICA Copersucar multiplica eficiência fiscal no Porto de Santos e na distribuição de açúcar . . . . . . . . . . . .34 Tereos e Porto Commodities realizam exportação pelo Porto de São Francisco do Sul . . . . . . . . . . . .35

ENERGIA Cana gerou 79% da bioeletricidade ofertada à rede . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36

GESTÃO Sistema desenvolvido pela Caeté avalia produção, qualidade e segurança do trabalho . . . . . . . . . . .37 Sob risco de penalização, usinas precisam se adequar às normas de proteção de dados . . . . .38 e 39

MASTERCANA MasterCana Award reconhece Luís Fernando Barbery Paz como “Sugar man of the year” . . . . . . . . .40 Mais influentes do MasterCana Brasil recebem troféu após evento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41

GENTE Morre a matriarca da família Biagi em Ribeirão Preto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42 Morre fundadora da Usina Santa Terezinha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42 Falece Geraldo Majela, ex-diretor da Orplana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42

“Quando vocês ouvirem falar de guerras e rumores de guerras, não se assustem; é necessário que isso aconteça, mas ainda não é o fim. Porque nação se levantará contra nação, e reino, contra reino. Haverá terremotos em vários lugares e também fomes. Essas coisas são o princípio das dores.” Marcos 13:7,8

ISSN 1807-0264

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carta ao leitor Andréia Vital - redacao@procana.com.br

Uma safra de “folhas e falhas” A expectativa sobre o início da safra 2022/23 é geral e traz indagações sobre o quanto os problemas críticos em decorrência da seca, incêndios e geada, que atingiram as lavouras nos últimos dois anos, irão atrasar o início da nova temporada. A volta das chuvas e maior estabilidade climática podem garantir a produtividade e preços melhores que o da safra passada, mas a situação ainda preocupa os produtores. Diante deste cenário, o JornalCana de fevereiro traz um panorama com informações de especialistas que destacam as ações adotadas para salvar o canavial e evitar perdas e mais prejuízos. Para Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da ABAG e CANAPLAN, as usinas precisam direcionar o investimento no desenvolvimento da cana. “Duas realidades que compõem a safra: uma safra de folhas e falhas.Tem muito mais folha do que cana, mas com muitas falhas”, disse. Também ganha destaque, nesta edição, a aposta das usinas na diversificação dos seus produtos, com investimentos em novas plantas de E2G, etanol de milho e biogás. Exemplos são destacados na edição, como o da Raízen que anunciou a construção de novas unidades voltadas à produção de etanol celulósico, sendo uma delas anexa à Usina Guariba e a Uisa, que firmou acordo com a Geo Biogás & Tech para a construção de uma planta anexa ao complexo industrial da usina, localizado em Nova Olímpia (MT). A matéria de capa destaca que o Ingenio Aguaí, localizado na Bolívia, é a primeira unidade produtora fora do Brasil a se tornar uma Usina 4.0. A açucareira consolida−se como líder tecnológico no segmento de produção de açúcar da América Latina com a assinatura do contrato de implantação do S−PAA, único software de Otimização em Tempo Real (RTO)RTO para usinas de açúcar e etanol em todo o mundo e, inclusive, o único que controla de forma integral plantas de processo contínuo. “Essa tecnologia vem nos ajudar a ser mais eficientes em nossos processos e mais produtivos nos resultados. É o passo que nos permite inteligência artificial, internet das coisas, entre outros, além de combinar técnicas avançadas de produção e operações inteligentes”, afirmou Cristóbal Roda Vaca, representante do Conselho de Administração e Acionistas da Aguaí, na assinatura do contrato, no dia 9 de fevereiro. Na área agrícola, o leitor encontra informações sobre as novas tecnologias que podem revolucionar as lavouras, como as sementes no plantio, que prometem dobrar a produção da cana−de−açúcar. Encontram também dicas de especialistas para reduzir os custos ao mesmo tempo em que se aumenta a eficiência e produtividade do setor bioenergético. Além de informações sobre manutenção, com cases de usinas que usam a integração dos segmentos da indústria e automotiva como solução para otimizar a qualidade dos serviços. Nesta edição ainda, mostra que companhias estão se adequando às normas de proteção de dados para evitar punições e que o MasterCana Award reconheceu Luis Fernando Barbery Paz como “Sugar man of the year”. O executivo é presidente da Unagro Corporation, da Bolívia. O troféu “SUGAR MAN OF THE YEAR”, inédito para um executivo boliviano, foi entregue em Santa Cruz, por Décio Freitas, da Solution Engenharia, acompanhado por Nelson Nakamura, sócio fundador da Soteica do Brasil. É muito conteúdo interessante. Boa leitura!

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MERCADO

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Medida provisória aprimora regras que permitem venda direta de etanol MP ajusta cobrança de impostos que incidem na cadeia de produção Uma medida provisória (MP) que aprimora a venda direta do etanol foi publicada no dia 15 de fevereiro, no Diário Oficial da União (DOU). A MP 1.100/2022 promove ajus− tes na cobrança da Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Ser− vidor Público (contribuição para o PIS/Pasep) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) incidentes na cadeia de pro− dução e de comercialização de etanol. A proposta ajusta as regras esta− belecidas pela Lei nº 14.292, de 3 de janeiro de 2022, que permitem a venda direta de etanol do produtor ou do importador para as pessoas ju− rídicas comerciantes varejistas, espe− cialmente para instituir regramento próprio para as vendas diretas efetua− das por cooperativas.

Estas modificações se tornaram necessárias em razão dos vetos postos à Lei nº 14.292, em obediência à Lei de Responsabilidade Fiscal, Lei Com− plementar nº 101, de 4 de maio de 2000 explica a Agência Brasil.

A iniciativa também revoga a Me− dida Provisória nº 1.069, de 13 de se− tembro de 2021, considerando−se as modificações implementadas na MP publicada hoje e as disposições já em vigor pela Lei nº 14.292/2022.

Em nota, a Secretaria−Geral da Presidência da República explicou que as medidas implementadas não trazem impacto fiscal, pois não ensejam re− núncia tributária na cadeia de produ− ção e de comercialização de etanol.

Política de preços dos combustíveis deve focar na estabilização Economista defende a redução velocidade da volatilidade dos preços no bolso do consumidor Diante as inúmeras propostas vi− sando a redução dos preços dos com− bustíveis, o economista Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra− estrutura (CBIE), argumenta que “em primeiro lugar, é fundamental enten− der que o que devemos buscar é a re− dução da velocidade da volatilidade dos preços no bolso do consumidor, mais do que gasolina e diesel baratos”. Segundo Pires, para atingir essa meta, temos de compreender como se forma o preço dos combustíveis. “Os preços dos combustíveis no Brasil são compostos do preço na refinaria, das margens de distribuição e revenda e de uma parcela de impostos federais e es− taduais. Além disso, no caso da gasoli−

na, ainda influencia no seu preço final a mistura de 27% de etanol anidro e, no diesel, os 10% de biodiesel”, afirma. O economista ressalta ainda que em relação ao preço da refinaria incide a política de paridade de importação (PPI), determinada pelos preços no mercado internacional, variável exóge− na, fora do nosso controle, e do câm− bio que reflete o grau de confiança na

economia brasileira.“Para ter uma ideia da importância do câmbio, caso a taxa de câmbio hoje fosse R$ 4,50, os pre− ços da gasolina e do diesel seriam re− duzidos em algo como 14%. Primeira conclusão: a taxa de câmbio tem sido uma grande vilã, igual ou pior do que o preço do petróleo”, explica. Outro ponto importante, de acor− do com Leite, “é o fato de que as

margens de refino, de distribuição e revenda são baixas e isso é uma carac− terística da indústria do petróleo mundo afora. Ou seja, não é discutin− do a redução de margem que vamos diminuir a volatilidade e os preços dos combustíveis. Dito isso, a segunda conclusão é que uma redução de volatilidade e dos preços no curto prazo só será possível mexendo na parcela de impostos. É bom que fique claro que os impostos não são a causa do aumento nos pre− ços, mas os preços são altos e muito voláteis na bomba, em função da me− todologia de cálculo dos impostos, em particular, do ICMS. Terceira conclusão: no curto pra− zo precisamos ter um ICMS reais/li− tros calculado com prazos mais longos do que os atuais 15 dias; no médio prazo, esperar a valorização do real ante o dólar; e no longo prazo, ter um fundo de estabilização ou um novo imposto como política estrutural de redução da volatilidade”, sustenta o economista.


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MERCADO

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ETANOL VERSUS HÍBRIDOS

“O Brasil tem tudo para exportar a tecnologia dos biocombustíveis” Afirmação é de Besaliel Botelho, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA)

Assim como países tentam expor− tar a tecnologia de veículos elétricos ou eletrificados − caso dos híbridos − , o Brasil tem tudo para exportar a tecnologia dos biocombustíveis − ca− so do etanol. A avaliação é do engenheiro ele− trônico Besaliel Botelho, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA) que, nesta entre− vista ao JornalCana, afirma que por dominar a tecnologia do flexfuel e por já demonstrado sua capacidade técni− ca com o Proálcool e com outras tec− nologias, “as biomassas [incluindo a da cana] são essenciais na política indus− trial do setor automotivo brasileiro.” Mas alerta: “não podemos olhar apenas o mercado interno.” Graduado em Engenharia Eletrô− nica e Telecomunicações, Botelho é CEO da Robert Bosch na América

gíveis aos consumidores e à sociedade. No entanto, em relação ao uso de matrizes energéticas e porque o Brasil domina a tecnologia do flexfuel e tam− bém do biodiesel, entendemos que as biomassas são essenciais na política in− dustrial do setor automotivo brasileiro.

Latina e, na entrevista a seguir, co− menta também sobre tendências do mercado automotivo. Jor nalCana − O senhor defende o etanol diante do avanço dos veículos

elétr icos e eletr ificados. Por quê? Besaliel Botelho − Como entida− de técnica, a Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA) sem− pre defende quaisquer tecnologias au− tomotivas que tragam benefícios tan−

Os elétr icos e eletr ificados estão chegando, mesmo diante dos preços incompatíveis com a renda média brasileira e diante a f alta de estr utura de recarga de bater ias. Em sua opinião, eles tendem a substituir a atual frota de automóveis (de 39 milhões de unida− des, segundo o Sindipeças)? Em quanto tempo? Os principais polos produtivos in− ternacionais de automóveis têm ca− minhado para os veículos elétricos e eletrificados, cenário no qual o Brasil se configura como subsidiária. É natural, portanto, que as matri− zes queiram direcionar suas tecnolo− gias, a partir de suas bases, transferin−


MERCADO

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do−as para as subsidiárias. Mas como o Brasil é rico em bio− massas, possui característica própria, sem precedentes no mundo. Daí, entendemos que o País pre− cisa e deve se utilizar dessa riqueza, mantendo a economia em atividade, tanto no campo como na indústria. Sem dúvida, os veículos elétricos e eletrificados vão se estabelecer no Brasil. Mas, diante de seu próprio ques− tionamento, primeiro vão atender aos nichos muito específicos de mercado. Por enquanto, não vão atingir a grande massa de consumidores.

A engenharia automotiva já demonstrou sua capacidade técnica com o Proálcool, o flexfuel, biodiesel, gás, entre outras tecnologias Montadoras como a Volks e o g rupo de tecnolog ia Bosch, de quem o senhor é presidente na Amér ica La− tina, entre outros, investem em tecno− logias de células de combustível a eta− nol e em chips para híbr idos. São apor tes como esses que irão ditar o futuro do etanol?

Entendemos que sim. Precisamos acelerar esse processo para que o Bra− sil esteja pronto quando o setor e o mercado interno estiverem aptos a re− ceber essa tecnologia. A capacidade atual das 352 usinas de cana (e 16 de etanol de milho) do País vai a 36 bilhões de litros anuais de anidro e hidratado. O incentivo ao consumo de etanol, também por meio de prog ramas como o RenovaBio, es− tima oferta de 50 bilhões de litros até 2030. Ocor re que o empresár io do setor precisa investir para chegar a tanto e, diante das incer tezas e con− cor rência com os elétr icos, demonstra insegurança. O que f azer para incen− tivá−lo? Entendemos que as palavras− chave são previsibilidade e consumi− dor. A decisão final sempre será do consumidor em optar por esta ou aquela tecnologia, cujo lastro tem na economicidade o ponto alto dessa escolha. Se o consumidor brasileiro enten− der que o etanol traz benefícios eco− nômicos, certamente o seu consumo vai aumentar, até porque – do ponto de vista tecnológico – esse combustí− vel já está consagrado. Em relação à previsibilidade, todos os players, e também o consumidor, precisam dessa condição sine qua non para se manter fiel. Caso contrário, em especial o consumidor vai migrar pa− ra outras tecnologias.

Como o setor sucroenergético e a cadeia de fornecedores de bens de ca− pitais e de ser viços desse setor pode − e deve − par ticipar da ampliação do consumo de etanol em outros países, caso da Índia, que antecipou a am− pliação de mistura do biocombustível à gasolina em 2023? Do mesmo modo que outros paí− ses tentam exportar a tecnologia de elétricos, o Brasil tem tudo para ex− portar a tecnologia dos biocombustí− veis. Não podemos olhar apenas o mercado interno. A engenharia automotiva nacional já demonstrou sua capacidade técnica, primeiro com o Proálcool, depois com o flexfuel, biodiesel, gás, entre outras tecnologias. Temos tudo para mostrar ao mundo que a saída não é apenas por meio da eletrificação veicular, até porque precisamos e é nosso dever di− fundir o conceito “do berço ao túmu− lo” para demonstrar que o veículo elétrico nem sempre é o mais limpo. Como o senhor avalia a tendência do etanol no Brasil, enquanto tecno− log ia (etanol celulósico ou 2G, de mi− lho) e maior produção sem afetar o meio ambiente? É mais um ponto positivo para a indústria da cana. E, nós da indústria, acompanhamos muito de perto, por entender que novamente o Brasil po− de oferecer mais tecnologia ao mundo.

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Quem é Besaliel Botelho Graduado em Engenharia Eletrônica e Telecomunicações pela Universidade de Karlsru− he, na Alemanha, Besaliel Bo− telho possui MBA em Admi− nistração Internacional de Ne− gócios pela Universidade Esta− dual de São Paulo. Está na segunda gestão se− guida à frente da presidência da Associação Brasileira de Enge− nharia Automotiva (AEA) no biênio 2021/2022. Ingressou no Grupo Bosch no Brasil em 1985 e, desde en− tão, atuou em diferentes áreas de engenharia e desenvolvi− mento de produto e vendas técnicas, sendo responsável por projetos locais e internacionais. Entre outros, foi responsável pelo desenvolvimento da tec− nologia flex fuel. Em 1997, Botelho assumiu a direção da divisão de negó− cios Gasoline Systems e poste− riormente em 2006 assumiu a vice−presidência executiva da Robert Bosch América Latina, onde atua como CEO desde outubro de 2011. Além de sua trajetória dentro da Bosch América La− tina, Botelho é membro da MEI (Movimento Empresarial para Inovação, da CNI – Con− federação Nacional da Indús− tria), e atua no conselho exe− cutivo do Sindipeças (Sindica− to Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores).Também repre− sentou a SAE Brasil (Society of Automotive Engineers) de 2009 a 2010 como presidente


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MERCADO

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Para especialistas a safra 2022/23 será de “folhas e falhas” A volta das chuvas e maior estabilidade climática podem garantir preços melhores que o da safra passada Herança de uma safra anterior marcada por grande seca, incêndios pós geadas, atraso na colheita, preços dos insumos em alta, disparada do pe− tróleo, somada às incertezas climáticas, deram o tom nas análises de especia− listas quanto às perspectivas da safra 2022/23. Tema da Quarta Estratégica do JornalCana, o webinar contou com a participação de Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da ABAG e CA− NAPLAN, Rogério Bremm, diretor agrícola da BP Bunge Bioenergia e Tarcilo Rodrigues, presidente da Bioagência. Com patrocínio das empresas AxiAgro, HRC e S−PAA, o webinar contou com a condução do jornalista e diretor da ProCana, Josias Messias. “Duas realidades que compõem a safra: uma safra de folhas e falhas. Tem muito mais folha do que cana, mas com muitas falhas”, ilustrou com ima− gens Caio Carvalho, que atribuiu essa situação como resultado da herança de duas safras secas, também marcadas por grande quantidade de incêndios após as intensas geadas. “Como resultado teremos um canavial bastante atrasado”, apontou Carvalho lembrando que compara− da com outros indicadores a safra 2021/22 foi marcada por um gran− de recuo, em termos comparativos, se constituindo numa safra muito complicada. Caio ressalta, porém, que a boa quantidade de chuva que caiu no mês de janeiro, pode alterar a questão da produtividade em relação à cana atrasada gerando algumas dúvidas por esse fator. “Vamos precisar fazer o re− plantio em escala grande, mas temos o problema da falta de muda. Temos que olhar a competição com grãos. E o casamento com milho deve ser to− tal”, destacou. Para o presidente da Canaplan, em relação ao mercado, “o Petróleo está a nosso favor”. Para a definição da po− lítica de preços dos combustíveis, o ano eleitoral deve trazer alguns im−

Caio Carvalho

Rogerio Bremm

Tarcilo Ricardo Rodrigues

pactos. Ele faz um alerta contra o ris− co do populismo. Caio lembrou que o preço mundial do etanol, seja no Bra− sil, nos EUA, ou na Europa, passou por um período de pico, e posteriormen− te os preços deram uma arrefecida. Ao comparar janeiro de 2020 com janei− ro de 2021, ele explica que houve uma queda na demanda. Para a produção do canavial na safra 2022/23 ele prevê um cenário entre 540 e 550 toneladas, “não me atrevo a falar mais do que isso. A sa− fra deve atrasar sim. Acredito que na média começamos em abril, talvez algumas usinas nem arrisquem no fi− nal de março”. Ele aponta, que para superar es− se atraso, o investimento deve ser direcionado no desenvolvimento da cana. “Vamos rezar para que tenha− mos chuvas que completem o cana− vial até a chegada do inverno e pa− ra termos uma primavera com tem− po favorável. Em termos financeiros, apesar das eleições trazerem uma

certa sombra, a tendência é imagi− nar preços bons. Devemos começar a safra com preços bons e devemos continuar assim e acredito que os preços devam ser melhores que os da safra 2020/21” aponta com cer− to otimismo.

tima que teremos um superávit na sa− fra 2022/23. Segundo em relação aos preços, o galão de gasolina a U$ 2,62 para o americano está dentro da lógi− ca dos EUA. “Já para nós, o que muda, além do preço do petróleo e da gasolina, é que temos ainda temos a variação do câmbio. A gente já começa 2022 num patamar mais elevado, trazendo pres− são para a Petrobrás.Vide o número de PECs falando em redução de com− bustível”, afirmou. Segundo ele, a Petrobrás está de− vendo 0,42 centavos por litro da ga− solina. E as projeções indicam uma elevação nos preços do petróleo, esti− mado numa média de 80 dólares o barril em 2022. Para Rodrigues existe uma de− manda de combustível, reprimida desde 2014, que já dura 7 anos, indo para o oitavo. A projeção é que os preços da gasolina na bomba fiquem em na média de R$ 6,58/l e o eta− nol R$ 4,74.

Preço dos combustíveis Tarcilo Rodrigues, presidente da Bioagência, através de uma análise do movimento das estradas peda− giadas, apresentou um cenário do que aconteceu com os combustíveis na safra 2021/22. “Tivemos uma depressão e uma euforia, e agora uma estabilidade. O motivo é sim− ples, o combustível está caro, para os padrões brasileiros. Oferta pequena de etanol, aumento da demanda, igual a pico de preço. Os combus− tíveis devem seguir o tamanho do PIB”, ressaltou. Rodrigues explica que a definição do preço do etanol está atrelada a de− finição do preço do petróleo. Ele es−


MERCADO

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Investir em tecnologia O presidente da Bioagência lem− bra que o petróleo mais caro, puxa preço de etanol e pode puxar o pre− ço do açúcar. Ele entende que solu− ções populistas trazem um rombo fiscal, e a conta será paga lá na fren− te. “O mercado de açúcar conjugado com o câmbio permitiu boas fixa− ções. Mas a cautela ainda impera, pois não se tem certeza do tamanho do canavial”, explica. Rogério Bremm, diretor agrícola da BP Bunge Bioenergia, destacou que a safra 2021/22 foi muito desa− fiadora por conta da pandemia. “A criação de protocolos, afastamentos dificultaram, mas conseguimos man− ter as operações, fizemos parceria e doações às comunidades onde atua− mos”, comentou. Com relação aos problemas oriundos dos efeitos climáticos, Bremm destacou que a distribuição geográfica das 11 unidades da usina, localizadas em cinco estados, contri− bui para diluir os impactos da seca, pois os climas são muito diferentes. Ele comentou também que o au− mento dos custos de produção vai exigir medidas visando sua redução, e melhorias na performance para au− mentar a produtividade. “A safra 2022/23 será de recupe− ração do canavial. Teremos situações

diferentes por região em relação ao clima. Acreditamos em termos de produção numa safra melhor neste ano”, alegou. Entre as ações adotadas, ele desta− cou o investimento na renovação do canavial e irrigação com foco para salvar a cana e evitar perdas. “Também investimos em tecnologias voltadas para aprofundamento das raízes, mu− dança para produtos biológicos, con− trole de pragas e doenças, gestão de frotas, investir em conectividade ru− ral”, contou. Bremm também lembrou das

ações de prevenção de incêndios, cui− dados com as pessoas e foco na detec− ção dos incêndios. Com isso, conse− guiram reduzir em 80% a área quei− mada no Tocantins, através desse tra− balho de detecção. “Para viabilizar a redução de cus− tos, estamos buscando produtos subs− titutos. Investir no plantio, tecnologia, em busca de sinergias para melhorar a nossa operação e também na redução de custos. Acreditamos que devemos ter mais cana para essa safra. Somos muito dependentes do clima e uma das nossas estratégias é tornarmos me−

nos dependentes através de investi− mentos em irrigação”. Ele vê como positiva a vinda de produtores de grãos para a produção de cana. “Enriqueceu o setor. O ca− samento da cana com outras culturas – (soja, crotalária, milho)”, afirmou. Para cumprir os desafios do mer− cado de carbono para elevar a produ− tividade, Bremm destacou que o foco das ações está voltado para o enchi− mento das plantas, busca de sinergias operacionais, otimizando as estruturas, investimento em tecnologia e irriga− ção para os próximos 5 anos.


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MERCADO

Fevereiro 2022

Safra 2022/23 em MG deve chegar a 70,8 milhões de toneladas de cana Estimativa é do presidente da SIAMIG Apesar da volta das chuvas, o pre− sidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (SIAMIG), Mário Campos, avalia que a safra 2022/23 será de recuperação. A tendência é de moagem supe− rior à da 2021/22, em Minas Gerais, ficando na casa de 70,8 milhões de toneladas. Na região do Centro−Sul, a indicação é de 605 milhões de to− neladas. Com relação ao mix desta safra, Mário destaca a importância da flexi− bilidade do parque industrial. “O se− tor já demonstrou flexibilidade inte− ressante, o que dá às usinas posiciona− mento estratégico em função disso, porque permite otimizar um pouco mais o produto mais rentável, lem− brando que no mercado de açúcar de exportação é de contrato, de relação das usinas com tradings, de cumpri− mento desses contratos. Onde é pos− sível fazer hedge, definir ganhos. Di− ferente do etanol, onde o anidro tem contrato, mas o indexador é flutuante ao longo do ano, enquanto o hidrata− do opera no mercado spot. O etanol tem muito o calor do momento, pro− penso a vender. Trata−se de dois pro− dutos diferentes”, disse em recente entrevista. Mário Campos explica que o mercado de etanol é interno, e de− pende de como está a situação da ga− solina, de como está a economia bra− sileira, porque o mercado de com− bustíveis é ligado à condição finan− ceira. E isso tudo afeta, como acon− teceu no fim de 2021, com preços mais elevados e o com Ciclo Otto com sinais de estabilidade. Para o executivo, como se dará em 2022 é incógnita, embora existam alguns instrumentos para dar a pre− visibilidade, o que é possível com o açúcar. “Vale mais o feeling das dire− torias das empresas daquilo que acha que irá acontecer. Por exemplo: ago− ra, no fim de janeiro, tem−se pro− posta de PEC para desonerar tribu− tos federais, fundo de compensação para variações, limites de ICMS. São projetos em tramitação e, em ano de eleição, sempre gera possibilidade de mudanças”, explicou. Na avaliação do presidente da SIAMIG, a mobilidade sustentável é um dos grandes desafios do setor. “O

RenovaBio foi construído para ser representação em números da sus− tentabilidade do produto etanol. 2020 foi o primeiro ano do programa. Tu− do muito novo, há disparidade gran− de de notas, com possibilidade de melhoria, e as usinas certificados que já se recadastraram apresentaram me− lhorias”, disse.

Para ele, a visão é crescer a pro− dução de biocombustível, também à base de grãos (milho para etanol e soja para biodiesel) e garantir a ori− gem dos insumos para qualificá−los no RenovaBio. “É prematuro ainda fazer projeção. O programa preza pela previsibilidade com metas de 10 anos e, em função de 2020, ano

da pandemia, começou−se aquém e foi o primeiro ano de inclusão das usinas. Mas agora as curvas darão pulos maiores. Mas depende do avanço do mercado Otto e da eco− nomia”, explicou. Ao falar da tendência da eletrifi− cação no setor automobilístico, Cam− pos defende o modelo híbrido. “Ire− mos conviver com mudanças na mo− bilidade. Ela vai se tornar cada vez mais sustentável. E qual é nosso papel e acreditamos: o Brasil e outros países (caso da Índia, que amplia a mistura de etanol à gasolina), geram possibi− lidade de fazer essa transição. Aliás, o Brasil já faz desde a década 70, muito mais focada nos biocombustíveis. Já temos mobilidade sustentável no Brasil. E é claro que pode melhorar ainda mais: a integração do motor elétrico com o uso do etanol via mo− tor híbrido. Já temos carros a etanol que rodam sem tanta eficiência como os híbridos. Se juntarmos as duas tec− nologias, teremos alternativa ao carro elétrico a bateria. Muitos países têm esse, em que é preciso carregar a ba− teria. A gente não: no Brasil existe produto em larga escala que pode fa− zer parte da transição”, afirmou. “Não se trata de brigar com o elétrico, mas mostrar que temos pro− duto tão bom quanto, sem a necessi− dade de mudar toda a estrutura – com pontos de recarga”, concluiu.


MERCADO

Fevereiro 2021

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Futuro do RenovaBio é destacado pelo diretor de Biocombustíveis do MME Perspectivas do mercado de CBIOs são boas, segundo Pietro Mendes Pietro Mendes (foto), diretor do Departamento de Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), destacou o futuro do Reno− vaBio, em recente entrevista, diante da perspectiva de criação de um merca− do global de carbono, o diálogo do programa com os projetos de merca− do de carbono no Brasil, preços e co− mercialização de CBIOs e o anda− mento das questões que envolvem o programa no Congresso Nacional. O diretor falou sobre as estraté− gias brasileiras para o cumprimento das metas na qual o Brasil se com− prometeu a reduzir em 50% as emis− sões de carbono até 2030, e se tornar neutro em carbono até 2050. Entre elas estão as metas do RenovaBio e o programa Combustível do Futuro, com diversas iniciativas para descar− bonização com diferentes modos de transporte e integração de políticas públicas, e o Programa Nacional do Hidrogênio. No âmbito internacional, o dire− tor destacou a relevância da regula− mentação de criação do mercado glo− bal de créditos de carbono. Segundo ele, o Brasil é um dos países que tem maior potencial de geração de crédi− tos de carbono e pode gerar um fluxo financeiro dos países do hemisfério norte para os do hemisfério sul. “A boa notícia é que o think tank europeu E3G estima que esse mer− cado, em 2030, vai comercializar en− tre US$ 100 e 400 bilhões e que o Brasil pode contribuir com entre US$ 16 e 72 bilhões, conforme anunciou o Centro Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS)”, declarou.

Programa Combustível do Futuro No âmbito do programa Com− bustível do Futuro, MME e Ministé− rio da Economia (ME) têm discutido sobre metas corporativas para o setor automotivo e créditos de carbono. O ME, no âmbito do Programa Rota 2030, avalia integrar um possível sis− tema de compensação das montado− ras ao RenovaBio. O ME quer definir metas corpora− tivas para montadoras e aquelas que ex− cederem essas metas poderiam vender créditos de carbono no mercado. Uma montadora, que porventura não cumpriu a meta, teria a possibilidade de comprar esses créditos de outra montadora. “Nesse sentido, temos discutido com o Ministério da Economia a possibilida− de de integrar essa meta e esses créditos ao RenovaBio”, esclareceu Mendes.

Perspectivas do mercado de CBIOs Mendes explicou que o MME tem trabalhado para desenvolver o mercado de derivativos com a Asso− ciação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e com a Bolsa de Valores B3. Segundo o diretor, o crescimen− to do produto que, em 2020, nego− ciou R$ 650 milhões, e, em 2021, R$1,17 bilhões, tem impulsionado o interesse pelo CBIO. “Temos que aumentar a liquidez do produto e uma das etapas que pre− cisam ser cumpridas, para que o cré− dito de descarbonização seja listado, é ter uma curva de preços do CBIO com o desenvolvimento dos derivati− vos”, disse. “Já iniciamos esse processo com vistas à alteração da Portaria 419 – que estabelece as regras de comercializa− ção dos CBIOs –, alteração que irá para uma consulta pública que, espe−

ramos, possa receber outras sugestões de alteração”, acrescentou. Neste contexto, outro ponto im− portante a ser considerado pelo dire− tor do MME é o chamado mercado secundário, que possibilita o aumento das negociações do CBIO a partir de uma integração do RenovaBio ao mercado exterior.

PL 528/2021 e dupla contagem O MME tem participado das dis− cussões em torno do PL 528/21, que institui o Mercado Brasileiro de Re− dução de Emissões (MBRE), a fim de regular a compra e venda de créditos de carbono no País. Segundo Pietro Mendes, existe toda uma expertise de comercialização do CBIO na B3, e o que tem sido pleiteado, através da apresentação de emendas ao texto original, é que seja dado o mesmo tratamento tributário do crédito de carbono ao CBIO, deixando−o isen− to do PIS/Cofins e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Outra preocupação apontada pe− lo diretor em relação ao PL 528 diz respeito à dupla contagem. Segundo Mendes, existe uma preocupação de que a “parte obrigada” do RenovaBio também não possua metas de emis− sões no MBRE. “Temos defendido que a introdução desse mercado res− peite os programas setoriais que já existem, justamente para não criar es− sa dupla obrigação”, argumentou o diretor do MME.

MME contabilizou mais de 10,4 milhões de CBIOs até 1º de janeiro Oferta total de CBIOs previs− ta para 2022 será superior ao vo− lume necessário para o ano O Ministério de Minas e Energia (MME) informou que a abertura do mercado de créditos de descarbonização (CBIOs), em 1º de janeiro de 2022, contabili− zou estoque de 10.426.464 CBIOs, volume que corresponde a 29% da meta definida pelo Con− selho Nacional de Política Ener− gética (CNPE) para o ano. O MME monitora perma− nentemente o mercado de CBIOs, a comercialização dos títulos dis− ponibilizados por emissores e ad− quiridos pelos compradores, por meio dos dados publicados pela B3, entidade registradora das ope− rações, que informa que o valor máximo do CBIO no ano foi de R$ 83,00. O MME reitera que a ofer− ta total de CBIOs, emitidos mais estoques, prevista para 2022, se− rá superior ao volume de CBIOs necessário para o cum− primento integral da meta defi− nida para o ano.


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MERCADO

Fevereiro 2022

Usina Coruripe conclui primeira emissão “bond” no exterior e captou US$ 300 mi Objetivo com operação é o alongamento de pacote de dívidas

A Usina Coruripe concluiu nesta segunda−feira (7 de fevereiro) a emis− são de US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,59 bilhão) em títulos de renda fixa no exterior (bonds), com juros de 10% ao ano. A transação marca a entrada da companhia no mercado de capitais internacional e representa uma evo− lução na estrutura de liquidez, a partir do alongamento de parte da dívida atual para um período de cinco anos. A operação foi coordenada pelos bancos Morgan Stanley, Itaú BBA, BTG Pactual e Citigroup. XP e Santander participaram como "joint bookrunner". "Os investidores internacionais reconheceram os valores da compa− nhia e a evolução da nossa eficiência operacional nos últimos anos", co− menta o presidente da Usina Coruri− pe, Mario Lorencatto. Ele ressalta que a empresa segue investindo em melhorias operacionais e em técnicas avançadas de cultivo, ir− rigação e manejo, além de priorizar os altos níveis de eficiência nas plantas industriais. "Com isso, temos alcançado exce− lentes resultados: durante a safra 2020/2021, obtivemos um fatura− mento de R$ 3,16 bilhões, o que re− presentou um crescimento de 28,9% em relação à safra 2019/2020." O lu− cro líquido alcançou o valor de R$ 338,3 milhões, um aumento de 331,9% na comparação com o perío− do anterior. "Para o ano de 2022, queremos continuar a desenvolver as atividades da empresa com sustenta− bilidade, de forma a gerar valor para acionistas, colaboradores e sociedade", afirma o presidente. O diretor−financeiro da compa− nhia, Thierry Soret, lembrou que a Coruripe tem tradição na emissão de títulos no Brasil, onde já efetuou qua− tro captações de CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), com valores bastantes expressivos, R$ 1,6 bilhão, e agora fez sua estreia também no mercado externo. O executivo avaliou esta primeira emissão no mercado internacional um sucesso, mesmo em um momento de alta dos juros no Brasil e no exterior.

"Em meio a um cenário volátil nos principais mercados durante as últimas semanas, com tensões entre Rússia e Ucrânia, além de incertezas acerca dos juros americanos, a companhia con− duziu um extenso e bem−sucedido exercício de marketing, com cinco dias de reuniões com grandes investi− dores locais e internacionais. A opera− ção abre uma porta para o setor su− croenergético brasileiro para futuras emissões”, disse. “O nosso objetivo, com essa emissão internacional, era captar US$ 350 milhões e mesmo com o merca− do bastante desafiador, conseguimos sucesso nesta emissão, obtendo juros mais baixos que a taxa Selic, mesmo assim foi uma taxa de 10%, por isso também não avançamos muito em

valores maiores”, explicou. O diretor afirmou que foi um passo muito importante na estratégia de reestruturação de capital da com− panhia. “A intenção com essa emissão era alongar o pacote de dívidas de aproximadamente R$ 1,2 bilhão que temos com os bancos, com venci− mento em média de 2,5 anos para cinco anos”, disse. Em entrevista ao JornalCana, So− ret comentou ainda que a companhia irá fazer a proteção cambial desse bond.“Já temos as linhas aprovadas nos bancos e vamos fazer um hedge de 80% desse bond para não ficar expos− to à variação cambial”.

Expectativas Sobre a safra, o diretor explicou

que as expectativas são boas para a próxima temporada. “Devemos fechar com moagem de 12 milhões, o que representará 15% a menos do que foi processado na temporada passada, de− vido a efeitos climáticos, principal− mente a seca nas unidades de Minas Gerais. Mas por outro lado, por con− ta das condições favoráveis de preços, nós vamos fechar com os resultados muito parecidos com a safra passada, com receita acima de R$ 3 bilhões e um resultado ebitda muito próximo ao do ano passado”, disse. Para a safra 2022/23, a companhia deverá manter o mix mais açucareiro, embora ainda não tenha o percentual fechado. Concluindo, o diretor co− mentou que a Coruripe já fixou boa parte de seu açúcar para este ano.


MERCADO

Fevereiro 2021

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Jalles Machado bate recorde de produção e triplica lucro na safra 2021/22 Com uma moagem de 5,357 milhões de toneladas de cana, a usina alcança seu novo recorde operacional Depois de bater recorde opera− cional com uma moagem de 5,357 milhões de toneladas, a Usina Jalles Machado, com sede em Goiânia, tri− plica seus lucros na safra 2021/22. Segundo relatório com resultados da safra divulgado pela companhia, os altos preços do açúcar e do etanol im− pulsionaram os ganhos da usina no 3º trimestre da safra atual (2021/22). O lucro líquido contábil da companhia mais do que triplicou em relação ao mesmo período da temporada passa− da, para R$ 169,5 milhões. Conside− rando o resultado com efeito caixa, o lucro ficou em R$ 127 milhões, alta

de cinco vezes. Apesar de ter vendido menos eta− nol hidratado em meio à demanda fraca e aos preços estáveis no trimes− tre, os valores ainda mais elevados do que um ano antes garantiram uma re− ceita mais robusta com o biocombus− tível. A companhia também continuou tendo problemas para exportar açúcar orgânico devido às dificuldades de encontrar contêineres e navios e por causa dos valores ainda elevados de frete marítimo. Porém, conseguiu au− mentar os volumes de venda de açú− car branco no mercado interno, apro− veitando, ainda, os preços bem mais elevados nesta temporada. Com isso, a receita líquida da companhia no trimestre cresceu 34,8%, para R$ 360,4 milhões, sendo que a maior parte foi de açúcares, que alcançou R$ 250,1 milhões, enquan− to as vendas de etanol (anidro e hidra− tado) responderam por R$ 129,9 mi−

lhões do faturamento. Houve ainda ganhos com a venda de Créditos de Descarbonização (Cbios), derivados de levedura e de outros produtos, como saneantes, que conjuntamente garan− tiram uma receita de R$ 4,8 milhões.

quanto o lucro antes de juros, impos− tos, depreciação e amortização (Ebit− da) ajustado cresceu 77,3%, para R$ 291,6 milhões. Com isso, a margem Ebitda aumentou em 19,4 pontos percentuais, alcançando 80,9%.

Com as dificuldades para embar− car o açúcar orgânico, as exportações tiveram um peso menor na composi− ção da receita líquida − 14,2% no 3º trimestre nesta safra, contra 26,2% no mesmo período do ciclo passado −, o que explica a variação menor nessa li− nha do balanço em comparação com o aumento da receita bruta, já que as exportações contam com incentivo tributário. E, apesar de a empresa ter passado mais um trimestre sob pressão de cus− tos mais elevados, os altos preços do açúcar e do etanol ainda garantiram um aumento das margens. O custo dos produtos vendidos aumentou 10% no trimestre, para R$ 169 milhões, en−

Recorde de moagem De acordo com a companhia, os números evidenciam mais um forte ciclo, com a Jalles Machado atingindo recorde histórico de moagem e pro− dução, mesmo em um período no qual boa parte das demais usinas do setor vivenciaram momento adverso em relação à produtividade agrícola, com quebra de safra em função de condições climáticas. Foram moídas, até o terceiro tri− mestre da safra 2021/22, 5,357 mi− lhões de toneladas de cana−de− açúcar, valor 1,2% maior quando comparada com as 5.295,7 mil tone− ladas da safra 2020−21, novo recorde operacional da Jalles Machado.


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MERCADO

Fevereiro 2022

Etanol de milho movimenta usina paranaense na entressafra Com a quebra da última safra, a produção do etanol de milho desponta como alternativa para recuperação do setor Com uma planta industrial flex, usina localizada em Jandaia do Sul, norte do Paraná, mantém a produção de etanol de milho durante a entres− safra da cana. Das dezenove usinas paranaenses, esta é a única que continua a produ− zir o combustível, mesmo no período de entressafra da cana. Nas outras de− zoito os maquinários estão parados e o momento é de manutenção dos equi− pamentos. Localizada em uma região cercada de lavouras, a usina compra a matéria− prima de cooperados ou de produto− res independentes. São grandes quan− tidades de milho recebidas todos os dias, em um período em que não há cana−de−açúcar para ser moída. “Este ano, a safra de cana foi muito curta porque nós tivemos uma seca muito grande em 2020 e uma geada forte, o que fez com que muitos canaviais diminuíssem. En− tão, têm unidades que já estão pa− radas desde setembro. E nós, com a nossa unidade de milho, embora a margem esteja sendo menor, esta− mos conseguindo operar pelo me− nos por mais quatro meses”, explica o presidente da usina, Fernando Fernandes Nardini. A capacidade da usina permite moer até seiscentas toneladas de mi− lho por dia e com cada tonelada do

cereal é possível produzir mais de quatrocentos litros de etanol. Já com a cana−de−açúcar, a produção fica em torno dos oitenta litros. Na produção com milho, a neces− sidade de mão de obra é menor. Na moagem da cana, são necessários tre− zentos funcionários e na do milho são cerca de cem trabalhadores. Mesmo assim, a margem de lucro do etanol de milho é menor: no ce−

real, fica em torno de 7%, enquanto na cana é de 40%. Grande parte disso se dá por conta da alta no preço da saca de milho. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento indicam que a produ− ção de etanol no Brasil na safra 2021/22 chegue a 29,2 bilhões de li− tros. Desse total, mais de três bilhões e trezentos milhões de litros serão deri− vados do milho.

O presidente da Associação de Produtores de Álcool e Açúcar do Es− tado do Paraná (Alcopar), Miguel Tra− nim, avalia que essa produção deve crescer também no estado. “Eu sei de pelos menos mais duas unidades industriais que estão com processo para produzir a partir do mi− lho, com projeto em andamento para instalação futura. Assim como no Bra− sil, deve ser uma realidade muito bre− ve. Se a gente pensar comparativa− mente, os Estados Unidos produzem muito mais etanol do que o Brasil e é todo de milho”, diz Tranim. Na última safra de cana, as usinas paranaenses reduziram o percentual de produção de açúcar de 60% para 56%, e aumentaram o de etanol de 40% para 44%. Mesmo com a maior parte do açúcar sendo vendida para o exterior, a alta no preço do etanol no mercado interno foi fundamental para este efeito, já que as exportações do com− bustível foram 58% menores. O presidente da Alcopar afirma que usinas têm atravessado uma crise nos últimos anos, agravada pela seca. Segundo ele, a produção de etanol de milho pode contribuir para a recupe− ração do setor. “No Paraná temos 19 usinas em operação. Chegamos a ter mais de 30, mas com a crise, esse número foi se reduzindo. Um outro ponto que hou− ve depois dessa pandemia, foi a eleva− ção fortíssima dos preços, que afeta também o custo dos arrendamentos, nessa própria concorrência com ou− tras atividades. A grande saída para as usinas é se dedicaram a produção de energia elétrica, ou seja, fazer o con− texto da bioenergia, além do etanol, além do açúcar partir também para cogeração”, avalia Tranim

www.youtube.com/canalProcanaBrasil


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CerradinhoBio e Neomille investem cerca de R$ 3,5 milhões em projetos sociais turos e, por meio de projetos e campanhas que be− neficiam crianças, adolescentes e adultos, promove− mos a cidadania e a qualidade de vida, sempre pre− zando pelo diálogo e transparência nas relações com os segmentos da sociedade”, destacou. Além dos aportes financeiros em projetos sociais, a CerradinhoBio possui um grupo de voluntariado, com a participação de mais de 160 colaboradores. Em 2021, foram mais de 13 ações realizadas pelo grupo de funcionários e que impactaram mais de 9 mil pessoas.

Investimento focou em projetos voltados para educação, cultura, esporte, saúde e qualidade de vida nas cidades onde atuam A CerradinhoBio e sua subsidiária Neomille, por meio do Instituto Sanches Fernandes, investiram aproximadamente R$ 3,5 milhões em projetos so− ciais ao longo de 2021, ano de maior aporte da em− presa em projetos sociais. Os investimentos foram feitos via leis de incentivo e por meio de recursos próprios. Chapadão do Céu (GO), onde a Cerradi− nhoBio está sediada, recebeu mais de R$ 3 milhões do total investido, enquanto Catanduva (SP), onde a empresa possui escritório, foi agraciada com o res− tante do investimento. Por meio dos incentivos fiscais, doze projetos fo− ram apoiados, em iniciativas voltadas para a capaci− tação, a promoção da cultura, da educação, da saúde e da qualidade de vida. Além disso, em dezembro do ano passado, uma parceria realizada com o BNDES permitiu que 540 alunos do Colégio Estadual Fru− tos da Terra, de Chapadão do Céu, passassem a con− tar com um laboratório de informática, criado com aporte realizado pelas empresas, também por meio do Instituto Sanches Fernandes. Vale destacar, ainda, o Projeto Doce Energia, por meio do qual as empresas investem em educação e capacitação de crianças e adolescentes, filhos de fun− cionários e integrantes da comunidade da cidade do sudoeste goiano. Desde 2016, a CerradinhoBio vem investido de

Instituto Sanches Fernandes

forma consistente em iniciativas que contribuam para o desenvolvimento da sociedade. Projetos de cultura e esporte, além de outros voltados para a ca− pacitação de mão de obra profissional, também fo− ram beneficiados com o investimento da empresa no ano passado. De acordo com o presidente da CerradinhoBio, Paulo Motta, o investimento da companhia em pro− jetos sociais faz parte da cultura da empresa. “É um orgulho poder ajudar no desenvolvimento das co− munidades onde atuamos. Compreendemos o nos− so papel na resolução dos desafios sociais atuais e fu−

O Instituto Sanches Fernandes, área de res− ponsabilidade social da CerradinhoBio, foi criado em junho do ano passado. Constituído sob a for− ma de associação, o Instituto é pessoa jurídica de direito privado, e tem como finalidade atuar na promoção da saúde, da educação e da assistência social, buscando o desenvolvimento das comuni− dades onde a CerradinhoBio atua. A prática da responsabilidade social é, para a Família Sanches Fernandes, um grande valor. Desde sempre, ela atua no desenvolvimento das comunidades, apoiando iniciativas locais de saúde, educação e cultura; para as crianças, jovens e adultos. “Com o Instituto Sanches Fernandes, almejamos seguir evoluindo em nossa atuação social, visando construir um grande legado em linha com a nossa estratégia de sustentabilidade. Ele nasce para assegu− rar a qualidade e a melhor gestão e acompanhamen− to de nossa atuação, confirmando o nosso DNA so− cial”, diz Andrea Sanches Fernandes, presidente do Conselho do Instituto Sanches Fernandes.


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MERCADO

Fevereiro 2022

Raízen deve investir na construção de duas novas plantas de E2G ainda este ano Somadas a unidade que está sendo construída em Guariba, totalizam três novas plantas em fase de construção Durante análise de resultados da Raízen no 3T 21/22, através de tele− conferência, Phillipe Casale, Head de RI da companhia, destacou o investi− mento de 50 milhões de reais neste trimestre focado na construção da se− gunda planta de etanol de segunda geração, na cidade de Guariba, no Es− tado de São Paulo. Ele disse que tam− bém estão previstos o início das obras de outras duas plantas, totalizando três plantas em fase de construção ao lon− go do ano de 2022/23. Casale iniciou a apresentação apresentando dados da produção agroindustrial. “Encerramos o perío− do de moagem do ano safra com qua− se 76 milhões de toneladas de cana processada. A queda de 13% em rela− ção ao ano passado foi reflexo do cli− ma mais seco e dos impactos das gea− das que reduziram a disponibilidade de cana na região centro−sul”, disse. Já a produtividade agrícola, medi− da em toneladas de ATR/ha, caiu 14%. “Importante reforçar os resulta− dos da nossa jornada para captura de eficiência agrícola e retomada da pro− dutividade da Raízen. O TCH nos nossos canaviais, sofreu menos com o clima mais seco do que a média da in− dústria, tanto no Estado de São Pau− lo, quanto na região Centro−Sul. Es− se número é ainda mais relevante quando olhamos apenas para cana de primeiro corte, com uma pequena evolução dos nossos dados versus do ano passado, enquanto o estado de São Paulo caiu em média 12%. Essa mé− trica é importante, para deixar claro que estamos no caminho certo”. Ao falar sobre o açúcar, Casale destacou a meta da empresa de alcan− çar a margem de 90% das vendas de forma direta. “A queda do EBITDA do segmento reflete a menor produ− ção e venda, além da pressão e custos. Esses efeitos foram parcialmente compensados pelo melhor preço da commodity. Queria destacar a evolu− ção dos preços de açúcar realizado e já fixados pela Raízen. Temos preços crescentes e já travados para os próxi− mos anos, o que deve garantir uma

evolução do retorno no negócio. Esse cenário mais positivo reflete a menor safra do Brasil com mix mais alcoo− leiro”, disse. O executivo ressaltou ainda que o crescimento estável da demanda glo− bal por açúcar e o nível de preço em dólares não incentiva expansão de ca− pacidade na maior parte dos países produtores. “Seguimos expandindo nossa participação na cadeia de valor do açúcar alcançando 40% das vendas feitas direto ao destino, ou seja, sem intermediário. Nossa meta é alcançar 90% das vendas sendo feitas direta− mente aumentando a nossa relevância, e a nossa participação na cadeia global de açúcar”, explicou. O CEO da Raízen, Ricardo Mussa, lembrou que “há sempre coi− sas boas e ruins que vem do merca− do. Algumas delas estão fora do nos− so controle, mas acho que as que controlamos foram muito boas.Tive− mos um ano excelente. Nunca tive− mos tanto recorde em todas as linhas aqui na Raízen: em volumes, mar− gem, retorno, realmente o ano foi incrível até agora”. Mussa destacou o progresso do etanol de segunda geração. “A nossa produtividade, o açúcar que está che− gando ao destino diretamente. São coisas muito importantes para a em− presa, que vem mantendo resultados muito robustos”, finalizou.


MERCADO

Fevereiro 2021

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Mussa avalia que o Brasil pode se consolidar como exportador de tecnologia CEO da Raízen destaca as oportunidades para o uso do biocombustível

é uma grande fonte. Esse é um mer− cado com muito potencial. O merca− do mundial de combustível é de mais de seis trilhões de litros, e o Brasil é uma gota nesse oceano. O etanol é barato e renovável”, justifica.

Diante da realidade da transição energética, Ricardo Mussa, CEO da Raízen, acredita que o Brasil tem um grande potencial para exportar tecno− logia na produção do etanol da cana− de−açúcar. “Na busca global pela re− dução da emissão de carbono, o eta− nol deve assumir o protagonismo em países com condições similares à nos− sa. Temos que exportar nossa tecno− logia para países como a Índia,Tailân− dia e alguns países da África”, defen− de o empresário. Durante conferência do Credit Suisse, realizada no início de fevereiro, Mussa disse que não existe uma res− posta única para os desafios da transi− ção energética. “Cada região tem um perfil diferente. Cada país tem uma saída diferente, por exemplo, os países nórdicos, investem no carro a bateria, pois não tem outras alternativas. No caso do Brasil, existem opções que são mais viáveis, para atingir o mesmo número de emissões, sem a necessida− de de tantos investimentos em infra− estrutura. A transição é um fato, mas não deve acontecer da mesma forma e intensidade em todos os locais”, afir− mou. “A cana é uma planta fantástica para se produzir energia. Nosso setor

Biogás

nunca foi muito eficiente na transfor− mação dessa energia. Existe muita matéria−prima subaproveitada. Com o E2G conseguimos aumentar 50% da nossa produção sem gerar nenhum impacto ambiental, sem precisar de um hectare a mais. Então a gente po− de exportar esse produto, e também essa nossa tecnologia. É uma estrada nova que está apenas começando”, avalia o empresário. Além do veículo híbrido, Mussa

também defende a utilização do eta− nol como combustível sustentável de aviação (SAF). “A junção do carro elétrico como etanol, através da célula de hidrogênio, como bateria, é sem dúvida um produto viável, mas eu também quero destacar o SAF. A avia− ção é, claramente, um setor da econo− mia mundial, responsável por grandes emissões de CO². Então existe uma grande busca em torno de uma alter− nativa viável, e nesse sentido o etanol

O CEO da Raízen também de− fendeu a substituição do diesel pelo biogás.“A gente tem a maior planta de biogás na América Latina. Não cha− mamos mais de usina e sim de parque de bioenergia. Transformamos a ma− téria orgânica que está dentro da vi− nhaça e convertemos em biogás. O uso mais nobre é na substituição do diesel na frota. Nós importamos diesel e consegue substituir esse uso, na sua frota. É uma nova linha de produto, que cria mais oportunidades de recei− ta e que não precisa de um pé de cana a mais. A demanda está dentro do se− tor. E isso já é realidade hoje”, afirma. Mussa lembra que em termos de produtividade, ainda existe um gran− de potencial a ser explorado na ca− na−de−açúcar. “Se você faz um bom trato do canavial, mesmo com a va− riedade atual você consegue uma boa produção, com ganhos de 20% a 30%. Com as novas variedades você pode dobrar a produtividade. Então a gen− te está no país certo, com muita ter− ra disponível, sol, você tem uma planta muito resiliente que é a cana, E mesmo o setor, como um todo não fazendo esse trabalho de aumentar a produtividade, temos um produto competitivo. Não só um produto carburante, a gente tem um produto competitivo para substituição de plásticos, químicos. A grande vanta− gem é que temos uma cadeia carbô− nica barata. Hoje grande parte da nossa produção não vai para o carbu− rante, vai para o setor industrial, vá− rias demandas do setor químico, far− macêutico estão partindo para o eta− nol”, exemplificou. De acordo com o empresário, a demanda para esses produtos será ca− da vez maior, por isso a melhora na produtividade será essencial. “A cana é muito resiliente. Ano passado com se− ca, geada, a gente perdeu em média 12% de produtividade, se fosse milho, soja, ou outra cultura, a perda ficaria em 70%. Portanto, estamos na hora certa, no lugar certo, com a planta certa, a cana−de açúcar. Temos uma série de tecnologias novas, e as prin− cipais vantagens estão a nosso favor”, finaliza o CEO da Raízen.


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MERCADO

Fevereiro 2022

Mercado de carbono pode ser fonte de transformações sociais no Brasil CEO da Cosan, país pode servir como modelo para países com matriz energética semelhantes Em tempos de transição energéti− ca, o CEO da Cosan, Luiz Henrique Guimarães, vê o Brasil como grande potência verde e com um portfólio de recursos no mercado de carbono com potencial para promover as transfor− mações sociais que o país necessita. “A sociedade civil, as empresas, a academia e os governos, têm que se unir de maneira que a gente não per− ca essa oportunidade. A precificação do carbono e o valor do carbono que o portfólio brasileiro tem, pode ser a maior fonte de transformação social e econômica desse país, tirando milhões de pessoas da pobreza fazendo a so− ciedade muito mais inclusiva”, afir− mou o empresário. Para Guimarães, a produção de

etanol e a capilaridade da nossa rede de distribuição, serão determinantes para uma transição mais lenta para o carro elétrico, a despeito do que vem acontecendo em outros países. Se− gundo ele, a empresa conta com 40 mil pontos de venda, todos eles têm uma bomba ou várias bombas de eta−

nol e da capacidade de misturar com outros combustíveis. “Quando olho o nosso ecossiste− ma vejo que nossa companhia cons− truiu uma enorme capilaridade com capacidade de distribuir produtos, que hoje, são o ponto forte. No futuro depende do que for ao mercado na

economia, nada impede que eles se− jam um grande time do hidrogênio, o grande distribuidor ainda maior de eletricidade ou de outra alternativa que surgir. Por isso, acredito que com essa transição estamos no país certo, no setor certo e com o portfólio certo”, afirmou. Para o executivo, o Brasil tem que perder um pouco a síndrome de “vi− ra−lata”. Parar de pensar em função dos outros e se orgulhar do que tem. “Na verdade, podemos servir como fonte de inspiração para outros países que podem ter uma matriz parecida com a nossa. Caso da Índia e Tailân− dia, que são grandes produtores de açúcar”, ressaltou. Guimarães enfatizou ainda que não há uma solução única na vida. “Acho que o mais importante é cada país entender quais são suas vantagens comparativas e seu portfólio e não se− guir modismos. Devemos implemen− tar o que é melhor para o Brasil, me− lhor para a nossa sociedade e garantir que o Brasil de fato caminhe para ser uma grande potência verde”, finaliza.

Socicana fecha parceria que permitirá a associados ingressar no mercado de carbono Acordo firmado tem como alvo a redução de emissão de gases de efeito estufa A Associação dos Fornecedores de Cana de Guariba (Socicana) fechou um acordo com a chocolateira suíça Barry Callebaut, para apoiar a redução de emissões de gases de efeito estufa dos produtores associados. A compa− nhia terá preferência na compra de créditos de carbono que serão gerados após medidas de mitigação do impac− to climático da atividade Não há um volume preestabele− cido de emissões a serem mitigadas. As estratégias para diminuir as emissões estão em estudo, mas devem passar por substituição de fertilizantes nitrogena− dos e de agroquímicos, diminuição do consumo de diesel, aumento da ab− sorção de carbono pelo solo e recu− peração de vegetações nativas. Outras medidas que podem ser sugeridas são o uso de drones para a

aplicação de inimigos biológicos em vez de agroquímicos com o uso de máquinas. Também serão estudadas formas de sistematizar o desenho das linhas de cana no solo para otimizar o trabalho das máquinas e o uso de pa− lha no solo para fixar carbono. Os associados da Socicana interes− sados em participar receberão apoio técnico da Barry Callebaut para a de− finição das estratégias de ação. A com−

panhia também bancará os custos de certificação do crédito de carbono que será gerado com as medidas. Uma consultoria especializada será contratada para medir as emissões antes e depois de os produtores adotarem as ações de mitigação. Podem ser contra− tadas consultorias como Verified Car− bon Standard (Verra) e Gold Standard. A adesão dos produtores da Soci− cana será voluntária, e os créditos

vendidos, rateados proporcionalmen− te à participação de cada um no cor− te das emissões. A parceria faz parte da estratégia da Barry Callebaut para alcançar sua meta de redução de 30% das emissões de carbono até 2025, estabelecida conforme a Science Based Targets Initiative (SBTi), e de ser “positiva” em carbono. Para isso, a empresa suíça, respon− sável por 25% do chocolate produzi− do no mundo e que fornece princi− palmente para outras indústrias, tam− bém vem trabalhando com produto− res de outras cadeias, como óleo de palma e cacau, disse Kevin Ogorzalek, gerente sênior de fornecimento sus− tentável do grupo. Quem optar pelo programa com a Barry Callebaut, porém, não deverá contar com o benefício do programa federal RenovaBio, diz Rafael Kalaki, superintendente da Socicana. A asso− ciação preferiu separar os dois tipos de remuneração para evitar o risco de ser considerado como “dupla contagem” na redução de emissões.


MERCADO

Fevereiro 2021

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Ministro do Meio Ambiente prevê programa de incentivo para geração de biometano Joaquim Pereira Leite prevê uma receita “extraordinária” para o país no mercado de crédito de carbono O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Pereira Leite, informou que o Governo Federal estuda o lança− mento de um programa de incenti− vo à geração do biometano. O anúncio foi feito durante entrevista ao Centro de Estudos do Agronegó− cio (FGV Agro), da Escola de Eco− nomia de São Paulo (FGV EESP) no início de fevereiro. Entusiasta do ingresso no país na OCDE (Organização para a Coope− ração e Desenvolvimento Econômi− co), Pereira atribui ao desempenho do país na COP26, como determinante para o convite recebido pelo Brasil, em janeiro deste ano, para se tornar membro deste bloco econômico in− ternacional.

“Tivemos a oportunidade de apresentar nossas estratégias e ações ambientais de combate ao desmata− mento, mostrando que o Brasil é par− te da solução desses desafios climáti− cos, que estão muito ligados aos com− bustíveis fósseis”, disse. Leite ressaltou que a matriz ener− gética brasileira é bastante renovada. “Nós fechamos 20% dos lixões do Brasil nos últimos 3 anos. Estamos adotando um novo modelo de con−

cessão dos parques nacionais. O Go− verno Federal está trabalhando junto com a iniciativa privada, para trazer soluções para os problemas climáticos. Lançamos o Floresta Mais, e criamos uma formalização de atividade eco− nômica, o que não existia. A platafor− ma Floresta Mais conecta a floresta ao produtor rural, e puxamos acordos se− toriais para que o produtor que cuida de florestas tenha algum benefício. E essa informação vai chegar aos países da OCDE”, continuou o ministro que estima que o Brasil “deve abocanhar 25% dos créditos de carbono em ní− vel global”. O ministro anunciou que o go− verno prepara um programa de in− centivo à produção do biometano. “Devemos lançar um programa nos próximos dias, baseado na geração de biometano através de resíduos de aves, suínos, indústria sucroenergética e aterros sanitários. São volumes rele− vantes de metano que hoje vão para atmosfera e que poderiam ser trans− formados em biogás purificado e transformados em combustíveis para

os veículos na agricultura. Já temos algumas ações que já estão se inician− do nessa direção. Uma empresa já lan− çou um trator a gás, possibilitando ao produtor produzir seu combustível, a partir de um resíduo, reduzindo o custo por quilômetros rodados em re− lação ao diesel”. Para o ministro, o que vai fazer es− sa engrenagem rodar será o mercado de carbono.“De um lado você terá um crédito de metano ou por não ter jo− gado ele na atmosfera, do outro lado um crédito de carbono por substituir o diesel no seu veículo. Então este vai ser o incentivo econômico para girar esses projetos que hoje são grandes. Acho que o investimento mínimo é de 23 milhões para você colocar um purificador de biogás numa proprie− dade. Mas nós vamos colocar toda a força do Governo Federal com a es− trutura de financiamento usando to− das as ferramentas que nós temos pa− ra incentivar o setor e desenhar no mercado de carbono que trará uma receita extraordinária para essa estru− tura”, afirmou Leite.

Trator movido a biometano foi testado em usina na última safra tir de R$ 800 mil.

Máquina apresenta redução de até 80% na emissão de gases A aposta no biometano como fonte de energia vem crescendo cada vez mais e oferecendo oportunidades para o setor bioenergético. No início de fevereiro, por exemplo, foi divul− gado o início da venda comercial do primeiro trator movido exclusiva− mente a biometano do mundo. A fabricante do equipamento, a New Holland, assegura uma redução de até 80% das emissões de gases com o mesmo desempenho do trator mo− vido a diesel. Lançado globalmente em 2019, na Alemanha, o T6 Methane Power co− meçou a ser produzido em escala co− mercial em 2021, na fábrica de Basil− don, na Inglaterra, e a partir de junho já estará disponível para o mercado brasileiro, via importação. Criadores de gado de corte e de leite, produtores de aves e suínos, coo−

Testado

perativas que fazem abate de animais e usinas de cana−de−açúcar são os principais alvos da empresa para ven−

der o novo trator, que deve custar em torno de 35% a 40% a mais que o si− milar a diesel, hoje com preços a par−

Antes de ser lançado comercial− mente, o trator a biometano já vinha sendo testado no Brasil. Na safra pas− sada de cana−de−açúcar, um equipa− mento rodou na unidade 2 da Usina Cocal, em Narandiba (SP), que inves− tiu R$ 150 milhões na implantação de plantas de biogás, biometano e em uma termelétrica de 5 megawatts (MW), que ocupam 20 hectares. A usina já produz biometano des− de setembro, a partir dos resíduos (1,5 milhão de m³ de vinhaça e 130 mil toneladas de torta de filtro) da indus− trialização do açúcar e álcool. Segundo a Associação Brasileira de Biogás (Abiogás), o país tem potencial para produzir até 121 milhões de m³ de biogás por dia, sendo 57,8 milhões do setor sucroenergético, 38,9 milhões da produção animal e 18,2 milhões das demais atividades agrícolas. Esse volu− me seria suficiente para substituir 70% do consumo de óleo diesel no país e 100% do gás natural.


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MERCADO

Fevereiro 2022

Uisa investe na construção de planta de biogás Projeto, em sua fase inicial, conta com parceria da Geo Biogás & Tech A Uisa e a Geo Biogás & Tech firmaram acor− do para a construção de uma planta anexa ao com− plexo industrial da usina, localizado em Nova Olímpia (MT). A planta irá converter em biogás os resíduos lí− quidos e sólidos (vinhaça, torta de filtro e palha) re− sultantes do processamento de cana−de−açúcar, ou− tras biomassas e resíduos agroindustriais locais, ser− vindo também como uma plataforma de tratamen− to de efluentes orgânicos. O biogás obtido na unidade da Uisa Geo Bio− gás vai permitir, na primeira fase do projeto, a gera− ção de 32 mil megawatts por hora no ano (MWh/ano) e de 64 mil MWh/ano em sua segun− da fase. Essa energia é suficiente para abastecer, por exemplo, uma cidade de 40 mil habitantes. Além da geração de energia elétrica, a planta também produzirá biofertilizantes, que serão utili− zados pela Uisa no cultivo da cana, e o biometano – combustível renovável e carbono neutro que pode substituir o uso do diesel e do GLP em tratores, ca− minhões e processos industriais. O projeto prevê a produção total de 10,2 milhões de metros cúbicos de biometano por ano (Nm3/ano). Em sua segun− da etapa, o projeto prevê a conversão do biogás em outros produtos como amônia, metanol e hidrogê− nio verde. A planta de biogás vai trazer também impac− tos diretos para o desenvolvimento econômico e social do Mato Grosso. De imediato, as obras de instalação devem proporcionar mais emprego e mais renda para a população. Está prevista a gera− ção de cerca de 200 empregos, entre postos dire− tos e indiretos. Segundo o CEO da Uisa, José Fernando Mazu− ca Filho, a utilização de resíduos sólidos (torta de fil− tro e palha) possibilitará a oferta de biogás durante o ano todo, evitando a sazonalidade da safra canaviei− ra e garantindo o abastecimento de biometano aos clientes industriais e outros parceiros. “A integração do processo de biogás na biorre− finaria reduz custo com ganho de eficiência, au− menta a receita do complexo industrial por tonela− da de biomassa processada e com a substituição de diesel e adubo fósseis, por biometano e biofertili− zantes melhoramos a nossa pegada de carbono, e aceleramos o processo de descarbonização da matriz energética e agrícola do país”, afirma Mazuca. O projeto UISA Geo Biogás será o quarto rea− lizado pela Geo Biogás & Tech, líder em pesquisa e no desenvolvimento do setor de biogás no Brasil.

Com 3 plantas em operação (Tamboara, Raízen Geo Biogás e Cocal Geo Biogás), a empresa já investiu mais de R$450 milhões em projetos de biogás e, em conjunto com seus parceiros, gera anualmente em torno de 41 MW de potência equivalente. “Nossa parceria segue em linha com o propó− sito da Geo de transformar resíduos orgânicos, sóli− dos e líquidos, da agroindústria como a vinhaça e torta de filtro, em fonte renovável de matéria−pri− ma para produção de biogás, biofertilizantes, bio− combustíveis e geração de energia elétrica em escala, capaz de mover os ponteiros do nosso sistema energético”, diz Ales− sandro Gardemann, CEO da Geo Biogás & Tech. “O biogás é alternativa de fonte firme, des− pachável e escalável para des− carbonizar setores como o transporte pesado, a indústria consumidores de GLP e óleo combustível”, completa.

Hub de P&D A parceria Uisa e Geo so− ma−se ao hub de conheci− mento conquistado pelo cen− tro de pesquisa e tecnologia da Geo, localizado em Londrina, no Paraná, que há mais de uma década figura entre os mais avançados centros de P&D em biodigestão do mundo. A área tem como fo− co o desenvolvimento de no− vas soluções e rotas de produ− ção de biogás para serem ab− sorvidas por setores industriais dispostos a eliminarem seus níveis de emissões (Net Zero) em razão dos compromissos com as práticas ESG (meio ambiente, social e governança, na sigla em inglês). A operação de uma planta de biogás está inserida na estra−

tégia de tornar a Uisa uma das mais importantes biorrefinarias com geração de bioprodutos e ener− gia renovável do mundo. A empresa tem realizado também permanentes investimentos em biotecno− logia, digitalização do campo e inovação. Agora, a planta de biogás posiciona definitivamente a Uisa como importante polo tecnológico na região em que atua. A partir dessa plataforma, a empresa pode− rá usar tecnologia para processar seus próprios resí− duos, e ajudar a explorar o grande potencial exis− tente no Brasil para a produção de energia limpa e renovável. “Queremos que a UISA seja líder no processo de transição da matriz energética, em linha com o movimento global de redução do uso de combustíveis fósseis. A geração de energia a partir de resíduos resultantes de nosso próprio processo produtivo é al− go que materializa a nossa visão de sustentabilidade. Vamos dar uma importante contribuição para a definição de novo perfil da matriz energética do País, o que beneficia diretamente toda so− ciedade”, explica Mazuca. Localizada em região de grande riqueza natural e no co− ração do Mato Grosso, a Uisa tem como diretriz a conjugação de suas atividades com a preser− vação do ecossistema local. A empresa já tem importantes ini− ciativas nesse sentido, como o reflorestamento de áreas de nas− centes de rios e lagoas no Esta− do de Mato Grosso, possuí mais de 30 mil hectares em áreas pre− servadas e é mantenedora de uma séria de programas de pro− teção e preservação da fauna e flora local. A planta de biogás será um importante marco des− sa visão de desenvolvimento sustentável.



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INDUSTRIAL

Ingenio Aguaí é a primeira Usina 4.0 fora do Brasil Unidade se junta às mais de 70 usinas brasileiras que já se beneficiam de tecnologia única no mundo, que controla plantas inteiras de processos contínuos

O Ingenio Aguaí, localizado na Bolívia, é a pri− meira unidade produtora fora do Brasil a se tornar uma Usina 4.0. A açucareira consolida−se como lí− der tecnológico no segmento de produção de açú− car da América Latina com a assinatura do contra− to de implantação do S−PAA, único software de Otimização em Tempo Real (RTO) para usinas de açúcar e etanol em todo o mundo e, inclusive, o único que controla de forma integral plantas de processo contínuo. Cristóbal Roda Vaca, representante do Conselho de Administração e Acionistas da Aguaí, assinou no dia 9 de fevereiro, o contrato com a Soteica do Bra− sil associada à Pró−Usinas e Solution Engenharia na implantação do S−PAA para simulação e otimiza− ção em tempo real da planta industrial localizada no município de Fernández Alonso, província de Obis− po Santistevan, que fica cerca de 150 km de Santa Cruz de La Sierra. “Essa tecnologia vem nos ajudar a ser mais efi− cientes em nossos processos e mais produtivos nos resultados. É o passo que nos permite inteligência artificial, internet das coisas, entre outros, além de combinar técnicas avançadas de produção e ope− rações inteligentes. Mais uma vez, a Aguaí está na vanguarda das mudanças tecnológicas, buscando não só a otimização de nossos recursos e a eficiên−

cia dos processos, mas para que toda a cadeia pro− dutiva seja automatizada com melhores resultados”, afirma Roda Vaca. De acordo com o representante do conselho ad− ministrativo, a instalação da tecnologia terá duração de seis meses. A partir da instalação, todos os proces− sos da planta serão realizados digitalmente e, uma vez concluída essa primeira fase, seguirá para suporte e treinamento por um período de três anos. Na opinião do gerente industrial da Aguaí, Pe− dro Collegari, a grande vantagem do S−PAA é con− tar com um “cérebro 24 horas” que antecipa as ocorrências da planta, atuando automaticamente e recomendando os melhores parâmetros para a ope− ração, permitindo à equipe ganhar tempo e tomar as decisões mais assertivas. “Com a expertise de nossa equipe e toda a tecnologia que temos na Aguaí, se− guramente o sistema vai ultrapassar todo os objeti− vos”, antecipa. Nelson Juniti Nakamura, sócio−diretor da So−

teica, empresa brasileira e atuante há mais de 35 anos no mercado químico, petroquímico e que desenvol− veu o S−PAA no segmento bioenergético, também destaca a inovação. "É com orgulho que vemos uma ferramenta desenvolvida no Brasil, por engenheiros brasileiros, conquistar o mercado internacional com uma solução inovadora e sem similar no mundo. Agradeço a Aguaí pela confiança depositada e temos certeza de que a usina obterá ganhos de eficiência e rentabilidade, colocando a Aguai no seleto quartil das Usinas 4.0", afirma. Para Josias Messias, diretor da Pró−Usinas parceira estratégica da Soteica do Brasil, a im− plantação do S−PAA na Aguaí se reveste de uma importância ímpar, considerando que é a pri− meira usina fora do Brasil a implantar a platafor− ma de Otimização em Tempo Real (RTO), fato que deveria ter acontecido anos atrás, mas aca− bou sendo postergado por conta da pandemia. “Para nós, é uma grande satisfação dar este pas− so no mercado internacional em parceria com a Aguaí, pois desde que a usina boliviana sagrou− se “Sugar Mill of the Year” no MasterCana Award 2017, entendíamos que ela reunia todas as con− dições favoráveis para ser nosso primeiro proje− to fora do Brasil: usina modelo em tecnologia e sustentabilidade, alta direção com visão inovado− ra e uma equipe de gestão industrial muito competente.”, explica..

Nova caldeira permite aproveitamento máximo da capacidade instalada Desde 2013, quando iniciou suas operações, a Aguaí se caracteriza como uma planta que utiliza tecnologias inovadoras de processos, mais responsá− vel com o meio ambiente e que otimiza todos os seus recursos. A usina produz açúcar – sem enxofre


Usina é ao mesmo tempo moderna, tecnológica, segura e sustentável Décio Freitas, da Solution Engenharia, Nelson Nakamura, da Soteica e Cristóbal Roda Vaca, representante do Conselho de Administração e Acionistas da Aguaí durante coletiva de imprensa após cerimônia de assinatura do contrato de implantação do S-PAA

adicionado no processo de branqueamento –,etanol para mistura com gasolina, e álcool para indústria, para uso farmacêutico e doméstico. Além disso, for− nece energia elétrica, de fonte limpa e renovável, ao Sistema Interligado Nacional. Recentemente, a usina montou uma nova caldeira que permite o aproveitamento máximo da capacidade instalada da fábrica. A nova caldeira tem capacidade de 165 TVH (toneladas de vapor por hora), pressão de 65 bar e praticamente duplica a produção de vapor. “O novo investimento chegará a praticamente 10 milhões de dólares. Em 2013, a Aguaí iniciou sua produção de álcool de cana; porém, em 2015, a diretoria decidiu ins− talar a usina de açúcar.A caldeira foi dimensionada ape− nas para o uso da linha de álcool e atingiu sua produ− ção máxima, impedindo um maior crescimento da moagem e capacidade de produção”, informa a Aguaí. A instalação da nova caldeira a vapor é a conti− nuação de uma série de investimentos que a empre− sa vem fazendo desde 2015. Começou com a am− pliação da usina de açúcar; posteriormente, foi ins− talada uma usina de desidratação para produção de álcool anidro, cuja destinação é o programa de bio− combustível com a estatal YPFB. Em seguida, em 2019, concluiu com a construção e comissionamen− to da subestação elétrica para fornecer energia elé− trica excedente ao Sistema Interligado Nacional.

Os equipamentos de alta tecnologia e as moder− nas instalações do Ingenio Sucroalcoholero Aguaí SA chamam a atenção de quem passa pelo empreendi− mento. Operando no leste da Bolívia (estado de Santa Cruz) desde 2013, a planta se dedica à produ− ção de álcool industrial e é a primeira da América Latina a produzir açúcar utilizando o processo de carbonatação, que elimina o uso do enxofre em seu branqueamento, assim como já ocorre em países da Europa e nos Estados Unidos. Considerada a usina sucroenergética mais mo− derna do país, e uma das mais modernas e belas do mundo, é o primeiro projeto greenfield do setor bo− liviano nos últimos 45 anos, levou três anos para ser construída e contou com investimento de 160 mi− lhões de dólares. É o maior empreendimento boliviano construí− do com capital nacional e financiamento provenien− te de fundos nacionais, por meio da venda de títu− los na Bolsa Boliviana de Valores, os quais foram vendidos em apenas 15 minutos. “Os investidores viram que era um projeto confiável nas mãos de gente com tradição na área agrícola e com conhe− cimento na área industrial e resolveram apostar”, conta o presidente da companhia, Cristóbal Roda Vaca, mais conhecido como Pili. Se compararmos os números da Aguaí em rela− ção às demais usinas do país, podemos concluir que durante na safra 2020, a usina ocupou o terceiro lu− gar na moagem de cana com 19,40% de participa− ção; o quarto lugar na produção de açúcar com uma participação de 16,97% e o segundo lugar em eta− nol com uma participação de 24,87%. Ao observar a evolução de 8 safras, incluindo também a safra 2020, nota−se que, nesta última sa−

fra, foi alcançado um crescimento próximo de 10% na cana moída, observou−se um aumento significa− tivo na produção de açúcar, que cresceu 25%, supe− rando 2.000.000 quintales (sacas de 47 kg) em ape− nas 5 safras, enquanto o etanol teve uma pequena queda devido a uma mudança no plano de produ− ção motivada por baixos níveis de álcool anidro pe− la YPFB. É importante destacar o grau de flexibilidade que Aguaí possui, diferentemente de outras usinas, para poder destinar sua produção ao açúcar ou ao álcool e ajustar rapidamente às mudanças do mercado.

Carbonatação é um de seus diferenciais produtivos A planta nasceu como destilaria, mas a necessi− dade do mercado levou à construção da fábrica de açúcar já na terceira safra. Com o início da produção açucareira em 2015, surgiu a ideia e o desejo de fa− zer algo ousado e diferente para chamar a atenção: ser a primeira e única fábrica da Bolívia (e da América Latina) a fazer açúcar refinado sem utilizar o enxo− fre em seu processo de branqueamento, utilizando o processo de carbonatação, assim como o fazem os países da Europa, Estados Unidos e alguns na Ásia. O engenheiro boliviano Luis Caballero Barba, idealizador do projeto e responsável pela construção da planta, explicou que o açúcar sem enxofre da Aguaí tem um processo de fabricação diferente do existente nas usinas da América Latina. Para clarear o açúcar, ao invés de utilizarem o processo de sulfi− tação com uso de enxofre, optaram pela carbonata− ção que utiliza o dióxido de carbono que é emitido no processo de fermentação. O resultado deste pro− cesso é um produto com características especiais: um açúcar mais branco, mais saudável pela ausência de enxofre e mais doce, portanto, mais econômico pa− ra uso doméstico e industrial.


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INDUSTRIAL

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AxiAgro e SciCrop discutem aplicações de soluções tecnológicas para usinas Representantes da Usina São Domingos também estiveram presentes No dia 27/1, a SciCrop® sediou um encontro que ilustra perfeitamen− te o significado da transformação di− gital no agronegócio. Marcaram pre− sença no evento, duas organizações de alta relevância para o setor bioenergé− tico brasileiro: a Usina São Domingos – Açúcar e Etanol S.A., representada pelos executivos Eder Clei, Ariel Sou− za e Flávio Crivelari, e também a Pro− Cana Brasil/AxiAgro, representada por seu próprio presidente, Josias Messias. Este time de especialistas uniu−se ao CDO da SciCrop, Marcos Scalabrin, para discutir as aplicações de soluções tecnológicas em todo complexo agroindustrial da cana−de−açúcar em território nacional. Ariel Souza, Head de Inovação e

AxiAgro e SciCrop discutem aplicações de soluções tecnológicas para usinas

Tecnologia, comentou sobre o en− contro: “A Usina São Domingos ini− ciou seu processo de transformação digital a três anos, neste período ado− tamos as mais modernas tecnologias,

elas estão nos permitindo capturar uma infinidade de dados em nossas diversas operações. Agora que temos dados com qualidade e precisão, uti− lizaremos as tecnologias de Analytics

para extrair valor e oportunidades pa− ra nossa operação. Entendemos que a SciCrop possui expertise e ferramen− tal técnico para evoluirmos juntos neste processo”.

Usina Furlan avança no processo de transformação digital A partir desta safra a unidade produtora conta com ferramenta de RTO em seu processo industrial

Douglas Mariani, da Soteica, com a equipe industrial da S. J. do Pinheiro

Usina São José do Pinheiro transforma planta em indústria 4.0 Estabilidade operacional são evidentes e a performance já aparece A Usina São José do Pinheiro é mais um tradicional produtor nordes− tino que entra para a indústria 4.0. A equipe liderada pelo gerente Industrial

Eduardo Saldanha concluiu junto a Soteica a implementação do módulo de energia do S−PAA. Douglas Mariani destaca o traba− lho em equipe com alinhamento ple− no entre as áreas da usina que levou a uma implementação tranquila e com forte participação operacional. Os re− sultados em estabilidade operacional são evidentes e a performance já apa− rece nos poucos dias que a solução rodou plenamente.

Com mais de 100 anos de história, a Usina Furlan é uma sociedade familiar de capital fechado, com uma grande es− trutura que produz cana−de açúcar, etanol e bioenergia. O grupo vem ba− tendo recordes e aumentando seu lucro líquido acumulado.“Com o aumento de 32% na moagem de cana de açúcar na

safra 2/22 encerrada, o Grupo Furlan garantiu pelo segundo ano consecutivo um lucro líquido acumulado de R$ 160 milhões aproximadamente”, informa o CEO, André Monaretti. A meta é continuar crescendo. Nesta safra a unidade produtora avan− ça para mais uma etapa de crescimen− to e aperfeiçoamento de seus processos ao juntar−se à outras 19 usinas que re− cebem nesta safra – dentre as mais de 70 usinas que já possuem – a implan− tação do S−PAA, único software de RTO para usinas de açúcar e etanol em todo o mundo e, inclusive, o único que controla de forma integral uma planta de processo contínuo.

Bruno e Tiago, da Usina Furlan e equipe da Pró-Usinas


INDUSTRIAL

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O dobro pela metade: Dobre a capacidade de secagem de levedura pela metade do investimento em uma torre Usinas de açúcar e etanol costumam enfrentar problemas na concentração de leveduras Comumente utilizados, os evapo− radores tubulares convencionais (con− tínuos ou em bateladas) com circula− ção forçada e filme ascendente ou des− cendente, têm sucesso com uma va− riedade de materiais. Porém, eles não são eficazes para líquidos sensíveis ao calor, viscosos, incrustantes, com pre− sença de sólidos e com alto ponto de ebulição, como é o caso da levedura. O equipamento costuma gerar al− guns problemas operacionais como a degradação das proteínas, devido ao longo tempo de residência, incrusta− ção da superfície de transferência de calor, entupimento ou obstrução dos tubos, baixo coeficiente de transfe− rência de calor e perda de carga devi− do à alta viscosidade. Para obter alta concentração, total termólise e desalcoolização econômi− ca e eficiente de leveduras, é impor− tante usar o que a tecnologia traz de melhor no sentido de eliminar esses inconvenientes ao longo do processo.

Tecnologia de película pulverizada ou autolimpante A tecnologia de película pulveri− zada foi desenvolvida para uso com os produtos mais difíceis de manusear e tem sido usada com êxito. Basicamente, a tecnologia consis− te em um processo que separa rapida− mente os componentes voláteis dos menos voláteis, usando transferência de calor indireta e pulverização com agitação do filme de levedura sob condições controladas. A separação é feita a vácuo para maximizar o delta de temperatura, mantendo a temperatura do produto mais baixa para evitar a degradação da proteína e promovendo a recuperação do álcool. O evaporador de película pulve− rizada, ou autolimpante, como tam− bém é conhecido, consiste em dois conjuntos principais: um corpo

aquecido e um eixo rotativo que pulveriza a levedura em uma espiral descendente. Dentro do evaporador vertical, o produto é pulverizado continuamen− te e distribuído uniformemente ao longo de toda zona aquecida. O produto desce pela parede em fluxo altamente turbulento, gerando alto coeficiente de calor e, ao mesmo tempo, limpando as paredes da super− fície aquecida. Dessa forma, os componentes vo− láteis evaporam rapidamente. Os va− pores são enviados para condensação no multijato. O creme concentrado é descarregado na saída inferior para re− circulação e parte é enviada para o processo posterior: um segundo está− gio de evaporação ou diretamente pa− ra secagem. A limpeza contínua pelo líquido pulverizado evita a incrusta− ção da parede térmica onde o produ− to está mais concentrado. A combinação de curto tempo de

residência, alta turbulência e rápida reposição do filme de levedura per− mite que o evaporador de película pulverizada processe com sucesso produtos sensíveis ao calor, viscosos, com presença de espuma, sólidos e in− crustantes. O evaporador de película pulve− rizada da AutoJet®, o STFE (Sprayed Thin Film Evaporator), tecnologia patenteada, permite dobrar a produ− ção de levedura seca pela metade do investimento em uma torre. Ele completa o amplo portfólio de soluções para usinas de açúcar e etanol voltadas para aumento de ren− tabilidade, produtividade e redução de custos. Confira os principais diferenciais: •

Produtividade: realiza simultanea− mente a concentração de levedu− ras com retirada de água, termóli− se e recuperação de todo o álcool contido no creme.

Qualidade do produto processado: sem alterações do teor nutritivo e características palatabilizantes. • Autolimpante: não necessita de paradas frequentes para limpeza. Por ser autolimpante, as paredes térmicas estão sempre isentas das incrustações. • Menor gasto energético: utiliza o vinho centrifugado da indústria como meio condensante e absor− vedor do álcool contido e recupe− rado da levedura, evitando gastos energéticos desnecessários em processamento posterior. • Reaproveitamento: o calor utili− zado para evaporação é reaprovei− tado na coluna de destilação de álcool. A AutoJet® é Engenharia de Re− sultados para aumentar a eficiência in− dustrial por meio da pulverização precisa. Soluções que eliminam os gargalos para aumentar a Eficiência Técnica e Econômica da indústria. •


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AGRÍCOLA

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O desafio da integração da manutenção agrícola e industrial Usinas investem em tecnologia para facilitar a integração dos processos de manutenção dentro da usina

Setor fundamental para assegurar a boa produtividade das usinas, a manu− tenção, vê na integração dos seus seg− mentos (Indústria e Automotiva) a so− lução para otimizar a qualidade dos seus serviços. Os desafios para se ob− ter essa integração foi o tema da últi− ma Quarta Técnica, promovida pelo JornalCana, no dia 16. Henrique Minaré, gerente Cor− porativo de Manutenção Agroindus− trial da Tereos, João Victor Silva, ges− tor de Engenharia de Manutenção da Jalles Machado e José Augusto Prado Veiga, diretor de Operações da Usina Santa Adélia, integraram o seleto time de profissionais do setor, que ao lon− go de quase duas horas compartilha− ram experiências e práticas adotadas nas usinas em que atuam. O webinar “Manutenção Agroin− dustrial – Os Desafios para Integrar In− dústria e Automotiva”, foi conduzido pelo jornalista do JornalCana, Alessan− dro Reis e contou com o patrocínio das empresas: AxiAgro, LEMA e S−PAA. Para Henrique Minaré, da Tereos, a manutenção vem ganhando espaço como item estratégico dentro das usi− nas contribuindo para a geração de valor em toda cadeia produtiva. “Na Tereos criamos o “Projeto Berlim”, em alusão à queda do muro que divi− dia a cidade alemã, com o objetivo de derrubar o muro que separa a manu− tenção industrial da manutenção au− tomotiva”, comentou. Para alcançar o objetivo de unifi− cação de gerenciamento, planejamen− to e controle foram identificadas qua− tro grandes alavancas: gestão de ativos, de manutenção automotiva, padroni− zação de boas práticas e automação. “Com isso a gente pretende cobrir uma parte da estratégia de manuten− ção através do monitoramento dos nossos ativos”, completou. A partir daí, foi feita uma inte− gração das manutenções através do setor de Confiabilidade Agroindus− trial, onde é feito o planejamento e controle de manutenção, seguindo

Henrique Minaré

João Victor Silva

José Augusto Prado Veiga

estratégias pensadas de forma inte− grada. “Através desses quatro pilares da gestão de ativos, preditiva, plane− jamento e controle e automação é fazemos essa integração entre as ma− nutenções”, disse MInaré. Com isso a companhia vem iden− tificando uma oportunidade de desa− fios nessa integração: a parte de siner− gia de recursos. Segundo o profissio− nal, hoje, com o planejamento inte− grado é bastante comum ver equipes da automotiva atuando em equipa− mentos da indústria e também equipes da indústria atuando em manutenções de equipamentos da automotiva.

O planejamento de manutenção de entressafra tem sido feito também de forma integrada. Assim, a mesma equipe está pensando nesse assunto para as duas áreas. “Isso traz para nós grandes ganhos em termos não só de mão de obra, mas integração de ma− teriais, otimizando recursos até na aquisição destes materiais”, relatou. O gerente afirma que na automoti− va há alguns pontos em relação ao pla− nejamento de gastos e manutenção, que podem ser aplicadas à indústria.“Para que cada uma, das melhores práticas dos dois mundos, sejam integradas”, explicou. Ele pontuou alguns desafios dessa

integração, tais como o monitoramen− to do efetivo online desses ativos. “Hoje a gente tem bastante recurso e muitos dados desses equipamentos para serem trabalhados, então um dos grandes de− safios é como nós vamos tratar, efetiva− mente, das soluções e realizar as análi− ses desses dados, para que isso seja tra− duzido em soluções e melhorias para manutenção reduzindo falhas e custos”. Minaré também destacou a im− portância da capacitação da mão−de− obra. “É extremamente importante que os colaboradores estejam cada vez mais especializados dentro das áreas de atuação”, afirmou.


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Conectividade

Cadeia de manutenção Um outro grande desafio aponta− do por Minaré, é a integração de to− da a cadeia. “Falamos ao longo da apresentação bastante em relação às questões de capacitação a questões de utilização dos equipamentos, às ques− tões de monitoramento e às questões de materiais. Então, o sucesso de todo esse projeto depende da integração entre as áreas, ou seja, a criação de uma cadeia de manutenção que trabalhe com a parte de recursos humanos, treinamentos de capacitação dos co− laboradores, para que cada vez utili− zem esse equipamento da melhor for− ma possível. Também é preciso uma comunicação eficaz entre todos os agentes envolvidos para que se possa vencer todos esses desafios”, ressaltou. Na Jalles Machado, João Victor Silva, também defende um processo de manutenção unificado. “Apesar de equipamentos com características e concepções diferentes, o cerne da manutenção tem que ser único. Na Jalles, a manutenção conta com uma secretaria onde ficam todos os con− ceitos, os métodos e acompanhamen−

to da evolução das etapas. Aqui nós temos os processos de manutenção Industrial e Automotiva separados, porém o jeito de fazer, a cultura da manutenção é unificada”, contou. A manutenção tem uma posição altamente estratégica na organização. “Os nossos desafios estão na questão de pessoas, processos e tecnologia. Fo− co na manutenção planejada, aprender com as falhas, perda zero, tecnologia em conectividade automação sistemas, especialistas gestão integrada e inves− tir em Inteligência é o segredo para agregar valor”, elucidou. De acordo com ele, o primeiro as− pecto é relacionado às pessoas. “Trago aqui a questão da contratação e reten− ção. Hoje, temos 14 milhões de de− sempregados, mas na hora de contra− tar pessoal capacitado é um problema. E como forma de receber e manter os bons profissionais no time, existem políticas de cargos e salários e plano de carreira. Na Jalles, comemoramos to− do e qualquer recorde, do mais simples ao mais complexo. Temos apoio do RH nessa questão da criação dessa cultura forte e robusta”, comentou.

João Victor Silva também desta− cou os investimentos em tecnologia e conectividade, através de uma grande rede de dados e informações. “O Centro de Inteligência e Con− trole Integrado é capaz de operar e monitorar o ciclo logístico e opera− cional, com acesso às informações online do campo, integrando siste− mas, processos e pessoas, a fim de otimizar os processos e aumentar a produtividade entre campo e usina”, disse. Como resultados o grupo apresentou nos três últimos anos uma redução de 44% na quebra de equipamentos. José Augusto Prado Veiga, diretor de Operações da Usina Santa Adélia, informou que a partir de 2017, a usi− na migrou de uma modelo de manu− tenção tradicional. “O grande desafio foi transformar processos sequências independentes em processos contínuos e interdependentes”, disse. Segundo ele, havia conflito e processos com excesso de desperdí− cios, altas amplitudes e resultados bastantes instáveis, em função dessas variações que eram proporcionadas principalmente no ritmo de moagem, afetando eficiência, qualidade e dis− ponibilidade, tanto na agrícola como na indústria. “A ideia seria como trazer inter− dependência desses processos. A partir de 2018 nós reestruturamos os nossos processos, criando uma diretoria de Produção Agrícola, com foco na pro− dutividade da cana e uma diretoria de Operações, responsável desde a co− lheita até entrega de produto final. Com isso toda essa instabilidade que era identificada entre comunicação, falta de interdependência, foi solucio−

nada. Tendo sempre pessoas no centro desse modelo, com forte relação em sustentabilidade e uma visão muito forte das questões sociais, ambientais e principalmente questões relacionadas a governança, com foco principal na segurança dos processos das pessoas e equipamentos”, explicou. Para Veiga, quando se fala numa mudança de cultura, há sempre um risco de rupturas principalmente na entrada e saída de pessoas. “Hoje o nosso modelo é bastante reconhecido pela valorização dos profissionais, um alto incentivo ao desenvolvimento. Não somente o desenvolvimento téc− nico, mas sim o desenvolvimento pa− ra preparação para cargos superiores em cada um dos pontos da estrutura resistente e uma comunicação bastan− te efetiva simples para levar a transpa− rência até o chão de fábrica ou até o campo”, afirmou. O diretor também destacou que a usina vem investindo em tecnologia, através de sistemas de monitoramen− to, telemetria, inclusive com a im− plantação do S−PAA na unidade de Pereira Barreto. “Quando olhamos a evolução dos resultados que tivemos com a gestão industrial e agrícola totalmente inte− grada, nós temos números bastante interessantes. Subimos de 86 para 91% a eficácia dos planos de manutenção de frota e hoje a manutenção de todos os equipamentos é motorizada. O nosso custo de reparo e manutenção total caiu de R$ 22,60 para R$15,20, em 2020. Nosso recorde de trabalhar sem um segundo de parada chegou a 43 dias. Nossa eficiência industrial re− lativa subiu de uma média de 95,6 pa− ra 97,3”, comentou.


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Saiba como reduzir custos para garantir as próximas safras Soluções tecnológicas despontam como alternativas para aumentar a eficiência e produtividade do setor bioenergético A política de redução de custos é importante em qualquer segmento empresarial. No setor bioenergético, ela tem se mostrado essencial, para ga− rantir a viabilidade do empreendi− mento. Setor habituado a conviver com as agruras das intempéries climá− ticas, as quais fogem do seu controle, os produtores voltam suas atenções para medidas, que estão dentro da sua capacidade de atuação, e que podem trazer resultados cada vez mais signi− ficativos. “Estratégias para Redução de custos Agrícolas” foi o tema do we− binar realizado ontem, dia 23 de fe− vereiro, as “Quartas Estratégicas” promovidas pelo JornalCana e que contou com a participação de Ale− xandre Menezio, fundador e diretor de Novos Negócios da Aliança SCA, Marcelo Contó, diretor de Supply & ESG da UISA, Raphael Delloiagono, analista do Pecege e Thiago Péra, coordenador do Grupo Esalq−Log, que ao longo do seminário aponta− ram caminhos a serem percorridos para se atingir a tão almejada redução de custos. Sob a condução do jornalista do JornalCana, Alessandro Reis, o webi− nar contou com patrocínio das em− presas AxiAgro, HRC e S−PAA. Para Alexandre Menezes da SCA, grupo de compras de insumos que nasceu na indústria da cana, cujos clientes processam cerca de 60 mi− lhões de toneladas de cana−de− açúcar, um dos caminhos está na re− dução dos custos no momento da compra de insumos. “Cerca de 80% do gasto opera− cional de nossos clientes agroindus− triais estão basicamente em agroquí− micos, diesel, fertilizantes, lubrifican− tes automotivos e insumos industriais. No caso do diesel, por exemplo, ava− liamos os impactos da taxa de câmbio, do petróleo, do biodiesel para que a gente possa estar o tempo todo mui− to focado em acompanhar e passar es− sas informações para os nossos clien−

tes. Então, basicamente é isso que a gente faz aqui na Aliança, abastecen− do nossos clientes com informações do mercado e compartilhando o me− lhor momento de acessar a mercado− ria. Nesse último ano foram 90 mi− lhões de reais, ou seja, nossos clientes deixaram de desembolsar 90 milhões de reais ao adquirir os insumos que a gente negocia”, contou. Menezes pontuou também sobre a necessidade de uma política de con− trole e de conservação dos ativos na gestão dos custos. "Um projeto de controle do uso de pneus gerou um impacto de 3% no consumo de diesel, um percentual muito maior do que se pode conseguir na negociação do preço do produto”, afirmou. Marcelo Contó, da UISA, locali− zada em Nova Olímpia – MT, desta− cou alguns pontos importantes para a política de redução de custos na usi− na: localização privilegiada e sem competição por cana; liderança de mercado: marcas de açúcar e cadeia logística de qualidade ímpar; diversi− ficação com outros produtos comer− cializados; time de gestão qualificado e experiente; cadeia logística distinta Inbound & Outbound e governança corporativa sólida e transparente. “Falando da localização, nós temos uma baixa competição regional, são

poucas usinas que estão no Mato Grosso e a usina de maior capacidade e processamento é UISA. Então, é uma barreira natural para entrantes. Em contrapartida, a nossa logística pa− ra distribuir esse açúcar lá é comple− xa”, elucidou. Contó também comentou sobre a valorização do bagaço e a diversi− ficação de produtos. “O bagaço nun− ca esteve tão valorizado. Com várias usinas de etanol de milho, por não ter a biomassa a gente acaba sendo um potencial fornecedor para esse mer− cado. A comercialização de títulos de descarbonização neste ano, realmen− te atingiu valores históricos que até então, nós nunca tínhamos experi− mentado”, disse. Ele falou ainda sobre a comercia− lização de CBIOs na safra 2020/21, que se converteu numa nova fonte de receita para a companhia. “E com o advento da pandemia, a UISA lançou sua linha de produtos para cuidados pessoais e com a casa”, afirmou. Raphael Delloiagono, analista do Pecege, apresentou uma prévia dos custos da safra de cana−de−açúcar 2021/22 na região Centro−Sul, que se encerra agora em março. O levan− tamento foi feito em 21 grupos, abrangendo 47 unidades sucroener− géticas distribuídas nos estados de São

Paulo, Minas Gerais, Goiás e também do Mato Grosso do Sul, uma mostra que contempla 100 milhões de tone− ladas de cana−de−açúcar moída nes− se período. “Há dois pontos que foram mui− to relevantes pelo aumento de custos durante a safra: o óleo diesel subiu sensivelmente durante esse período de 3,58 para quase 4 ,50. Tivemos uma variação próxima de 25% entre uma safra e outra. Isso acaba atingindo de forma muito intensa todos os custos com maquinários”, disse. Segundo o analista, além dos au− mentos nominais de salários, a eleva− ção dos custos com maquinário esti− mulou o aumento de operações ma− nuais no campo. O custo da cana de terceiros tam− bém sofreu aumento acentuado com a elevação do preço do ATR (57,4% no Consecana SP). “Neste sentido, usinas com maior participação de cana pró− pria foram capazes de aproveitar o bom momento de preços no mercado de açúcar e etanol e se beneficiar com a geração de caixa”, comentou. Segundo Delloiagono, o aumento do custo dos insumos também foi ex− pressivo, chegando a 30% no período de novembro de 2020 até hoje o que impacta de forma muito intensa em diversas etapas que compõem o custo


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Alexandre Menezio

Marcelo Contó

Raphael Delloiagono

Thiago Péra

total de formação da cana−de− açúcar. Assim, o analista encerrou sua apresentação lembrando que a melhor estratégia para diminuir os custos agrícolas acaba passando invariavel− mente, por uma escolha adequada do momento de compra de insumos. O coordenador do Grupo Esalq− Log, Thiago Péra falou sobre gestão da logística in−bound tem como de− safio responder em quais regiões de− ve−se produzir cada classe de varie− dades de cana−de−açúcar, quando devem ser plantadas, colhidas, quais os tipos e a quantidade dos equipamen− tos e pessoas que devem ser alocados para realizarem as operações agríco− las e como realizar essa operação, tendo como objetivo principal atin−

gir o menor custo possível do ATR entregue nas usinas Entre as tendências tecnológicas que vem sendo cada vez mais utiliza− das no setor agrícola, ele destacou a implantação das torres de controle lo− gísticos. “Hoje tem sido muito discu− tida uma grande estratégia já utilizada por algumas usinas, que na verdade vem lá da aviação, com os Centros de Controle Operacional, que centrali− zam todas as suas operações e geren− ciam um conjunto de informações que possibilitam a tomadas de decisões assertivas”, explicou. Segundo ele, com a centralização das informações, pode−se chegar ao nível de tomadas de decisões autô− noma, com a chegada da Inteligên−

cia Artificial, que vai suprir todos es− ses aspectos. Porém para se chegar nesse está− gio e fazer a utilização desse conjun− to de ferramentas, Perá pondera que é preciso ter uma boa coleta de dados, com sensores para captar os mais di− versos indicadores, para alimentar o sistema com todas as informações re− lativas ao custo de cada operação, am− pliando a capacidade de gerencia− mento do sistema. Mas a busca pela redução de cus− tos, não precisa necessariamente estar atrelada a novas tecnologias. Thiago Perá, apontou como uma alternativa com grande potencial, a utilização do transporte ferroviário, que já chegou a ser utilizado no passado. Na Austrália,

por exemplo, esse sistema funciona muito bem com um volume bastante significativo, onde mais de 90% da movimentação da cana acontece por esse sistema. “O momento é oportuno, pois já existe a liberação para se construir pequenas malhas ferroviárias tam− bém através do aproveitamento das malhas ferroviárias já existentes, co− mo na região de Ribeirão Preto – SP”, afirmou. O webinar também contou com a apresentação de um case da Usina São Domingos, que obteve uma redução no tempo de abastecimento de insu− mos nos tratores agrícolas, através da plataforma Axiagro, com uso de inte− ligência artificial e telemetria.


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VIDA LONGA AO SEU CANAVIAL Longevidade e viabilidade econômica da irrigação por gotejamento em canade-açúcar Plantada em larga escala no Brasil, a cana−de−açúcar possui uma área estimada de 10 milhões de hectares, e representa, em divisas, mais de 2% do PIB brasileiro. Dentro da usina, o setor agrícola geralmente é a área de maior investi− mento, sendo que seus custos são em média 70% dos custos gerais da uni− dade. Na última safra os custos de im− plantação de um canavial, segundo o PECEGE, alcançaram aproximada− mente R$ 10.385,00/ha, e para a próxima safra, deverá atingir os R$ 12.000,00/ha, um valor de grande impacto no fluxo de caixa de uma usina, pois ao investir na implantação da cultura, o retorno só virá após 18 meses, em sua primeira colheita. Em geral, uma usina reforma anualmente até 20% do seu canavial, ou seja, se uma Usina possui 30.000 ha

de área plantada, reformando 6.000 ha por ano ao custo de R$ 12.000,00/ha terá um investimento de R$ 72 mi− lhões no ano, o que é um custo extre− mamente elevado. A idade média dos canaviais brasi− leiros é de 3,7 anos, equivale a canaviais de 1 a 7 anos. Usinas têm como meta canaviais mais produtivos e assim bus− cam canaviais mais novos. Mas a ques− tão é, canaviais jovens realmente repre− sentam canaviais mais produtivos? E se eu tivesse canaviais de 12 cortes e pro−

dutividades média acima de 100 ton/ha? Ter a resposta para este questiona− mento é possível. Usinas brasileiras vêm adotando a irrigação por goteja− mento em seus canaviais com o obje− tivo de aumentar a produtividade e a longevidade. E esses resultados já são comprovados em áreas comerciais em várias regiões do Brasil, onde chega− ram a mais de 12 cortes sem a neces− sidade de reforma. E isso, é viável? A conta é bem simples: o payback médio de 3,5 anos de um projeto de

gotejamento, com custo médio de R$ 20.000,00/ha e longevidade de 12 anos, e o sistema de sequeiro com longevidade média de 6 anos. Portanto, com a irrigação você economizará 1 reforma, ou seja R$ 12.000,00/ha, isso equivale a 60% do valor do projeto de irrigação por go− tejamento que será pago com a dife− rença da reforma não realizada, e os demais custos, serão pagos com au− mento de produtividade, estabilidade da produção e redução dos custos. Além disso, quando chegar o mo− mento da reforma do canavial, será necessário apenas a substituição dos tubos gotejadores, que representam 30% do projeto ou seja R$ 6.000,00/ha, e a durabilidade de mais um ciclo de 12 anos de cana. Concluindo, os custos de produ− ção e principalmente de implantação dos canaviais estão aumentando, a ir− rigação por gotejamento aparece co− mo a solução para reduzir esses custos através do aumento de longevidade. E por que não dizer perenização dos ca− naviais?

Daniel Pedroso – Especialista Agro− nômico, Netafim Brasil

Clima melhora estimativa da safra 2022/23 de cana no Centro-Sul A estimativa é que a moagem fique em 565,3 milhões de toneladas As condições climáticas no Centro− Sul do Brasil e a possibilidade de redução de impostos de combustíveis estão no ra− dar da safra 2022/23 de cana−de−açúcar. De acordo com a analista da StoneX, Ra− faela Souza, para safra de 2021/22, o clima foi muito prejudicial para a cultura. Rafaela disse que nesta temporada, a moagem deve ficar em 526,7 milhões de toneladas, o pior desempenho des− de a safra 2011/12. No entanto, para a próxima temporada, a estimativa é de 565,3 milhões de toneladas. “Desde outubro do ano passado tem chovido muito mais, inclusive em janeiro deste ano, as precipitações superaram a nor− malidade em 30%. Então a gente es− pera uma recuperação produtiva para o próximo ano”, justificou. Para a analista uma eventual redu−

ção dos impostos sobre os combustí− veis deve reforçar o mix mais açuca− reiro para a próxima safra. “Realmen− te se tivesse a redução de imposto, sim. O que acontece hoje é que os tribu− tos federais sobre a gasolina são maio− res em relação ao etanol. Então se ti− ver os impostos zerados, a gasolina vai ganhar produtividade”, elucidou. A especialista afirmou ainda que a paridade entre o etanol e a gasolina nos postos, atualmente, está em 75,2 %, e se não tiver mais os impostos fede− rais, a paridade iria para cima de 81%, ou seja, a gasolina ganhará ainda mais competitividade em relação ao etanol. “É algo para ficar de olho porque a nossa expectativa já é de mix mais açu− careiro e o consumo de combustíveis já se encontra muito arrefecido. Com o etanol ainda menos competitivo, tende a reforçar com a maximização ainda maior do mix açucareiro na próxima safra. Mas é claro a gente vai precisar acompanhar essa medida e ver se ela realmente vai ser efetivada”, conclui.



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Pesquisa pretende aumentar produtividade da cana através da edição de DNA Um dos objetivos do estudo é ampliar a produção do etanol de segunda geração A pesquisa “Avanços para cana− de−açúcar e novas fontes de bioener− gia”, desenvolvida pelo Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), financiada pela Shell do Brasil e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), tem como objetivo aumentar a produtividade da cana e geração de bioetanol. Segundo o coordenador da pes− quisa, o biólogo Marcos Buckeridge, diretor do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (INCT), a ideia é fazer com que a ca− na possa produzir açúcar duas vezes por ano, a exemplo do que ocorre com o milho que tem a safra princi− pal e a chamada safrinha. O primeiro passo do trabalho se− rá sequenciar o genoma da cana−de− açúcar em nível cromossômico para se ter o mapa de genes da planta. Trata−se de um grande desafio, segundo o pesquisador. “Ao contrário

do ser humano que possui duas cópias do genoma em cada célula ou mesmo do trigo com quatro cópias em cada célula, o genoma da cana−de−açúcar é extremamente complexo por ter entre oito e 12 cópias por célula”. No trabalho será utilizado um sistema desenvolvido por um dos in− tegrantes da equipe do projeto, Die− go Riaño−Pachón, professor do Ce− na−USP. “Ele criou um modelo de três métodos distintos que será de grande valia para conseguirmos che− gar ao sequenciamento do genoma da cana em nível cromossômico”, diz Buckeridge. “A ideia desse modelo é combi− nar estratégias de sequenciamentos clássicos com uma moderna técnica de sequenciamento físico (PacBio) que permite obter sequências de grandes fragmentos do DNA da ca− na. Dessa maneira, será possível so− brepor entre si esses pedaços grandes do DNA e entender onde começam e terminam os cromossomos. Além disso, as outras duas técnicas de se− quenciamento poderão ser sobrepos− tas e, em conjunto, as três técnicas deverão prover uma precisão inédita do genoma da cana”. De posse do mapeamento genéti−

co da planta, o próximo passo é ob− servar em conjunto os hormônios e o sistema sensor de açúcares da planta para conseguir entender de que forma acontece o crescimento da cana, bem como sua produção de sacarose. “Graças a uma pesquisa realizada pelo Lafieco, em 2018, descobrimos que entre três e seis meses de vida a cana passa a ser uma grande armaze− nadora de açúcar, sobretudo por cau− sa de um conjunto de genes que são chamados de sistema sensor de açúca− res. É durante esse período que o crescimento da planta dispara”, conta Buckeridge. “Agora queremos investigar mais a fundo esse processo para entender co− mo ele acontece. Mas só vamos con− seguir fazer isso se também observar− mos os hormônios, responsáveis pelo sistema de comunicação que informa a planta que está na hora de crescer. Essa etapa será feita com a colabora− ção da professora Eny Floh, do Bio− cel−IB−USP”. Para que essa análise seja possível, os pesquisadores vão lançar mão da CRISPR−Cas9, sigla para Conjunto de Repetições Palindrômicas Regu− larmente Espaçadas, que funciona com uma proteína associada, a Cas.

A ideia consiste na edição do DNA, em uma espécie de cut and paste de genes, para alterar regiões se− lecionadas do genoma e assim reen− genheirar o funcionamento da planta. Uma vez editado o DNA, seleciona− se os mutantes desejados que cresçam mais rápido, acumulem mais açúcares e/ou amoleçam as próprias paredes celulares para facilitar a produção da segunda geração do bioetanol. O aumento da produção de açú− car e também do volume de biomas− sa da cana (no caso, bagaço e palha) vai possibilitar aumentar a produção do etanol de segunda geração, entre ou− tros produtos. Ao longo do projeto, os experi− mentos serão testados por meio de modelagem matemática. “Por meio de cálculos com base em dados científi− cos confiáveis, a modelagem fisiológi− ca acoplada aos dados ambientais uti− lizando inteligência artificial deverá permitir averiguar como nossos testes feitos em laboratório funcionariam em campo e também de que forma a cana−de−açúcar vai se comportar em ambientes extremos, com estresse hí− drico, aumento de temperatura e ex− cesso de gás carbônico, por exemplo”, esclarece Buckeridge.


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Adoção de sementes no plantio pode dobrar a produção da cana-de-açúcar O CEO da Copersucar, João Roberto Teixeira, informa que os primeiros testes, já em grande escala no CTC, estão programados para 2023 Num cenário em que a transição energética aponta o etanol como uma das principais alternati− vas, dentre as novas matrizes de energia, aumentar a produtividade da cana−de açúcar, deverá ser, sem dú− vida, um dos grandes desafios dos produtores nacio− nais. Pesquisas feitas pelo Centro de Tecnologia Ca− navieira − CTC projetam que até 2023, novas va− riedades e a adoção de sementes no plantio da cana poderão dobrar a produção, usando a mesma quan− tidade de terra que é usada hoje. O CEO da Copersucar, João Roberto Teixeira, informou que os primeiros testes com as sementes, já em grande escala no CTC, estão programados pa− ra o próximo ano. “O ciclo de desenvolvimento de variedades pe− lo CTC, é de em média 8 anos, o que é muito rá− pido. Então a gente está sendo capaz de produzir novas variedades e elevá−las ao campo, o que nos possibilita aumentar a produção só com essas novas variedades”, disse Teixeira.

Com relação ao processo de plantio da cana através da semente, o empresário explicou durante a conferência, que "a cana é plantada em viveiros, es− ses viveiros ocupam uma parte importante da terra e são levadas para serem plantadas na terra em gran− de escala. Esse processo consome bastante capital, e por isso, ao longo dos anos, não se corta a cana in− teira, você deixa o broto germinar de novo. Só que essa cana de segundo corte tem uma perda de pro−

dutividade de 20%, e depois mais 20%, até que se decida fazer novo investimento no plantio. Com o plantio através de semente, muda−se completamente essa dinâmica, reduzindo drastica− mente o custo de plantio, permitindo a plantação de sementes novas a cada safra. E esse processo de trans− formação da cana em semente, não é algo que vai acontecer em 2097. Os primeiros testes já em gran− de escala no CTC estão programados para 2023, ou seja, ano que vem. Todo processo tecnológico está dominado, o desafio de fazer a cápsula, que envolve a semente para possibilitar o plantio, também já está pronto, E esse será um grande ganho de produtivi− dade que vem por aí”, disse o CEO da Copersucar. Ao avaliar a questão da transição energética, João Roberto Teixeira acredita em “soluções diferentes, pa− ra regiões diferentes no mundo, num processo que é essencial para a sobrevivência do planeta''. Ela vai acon− tecer nas próximas décadas, mas não existe uma solu− ção única para viabilizar essa transição a nível global. O etanol tem um papel muito importante na composição desse conjunto e contribuirá na transi− ção energética, que se dará de forma diferentes em regiões diferentes, e em timing diferente. Isso cria oportunidades para empresas que trabalham com cana de açúcar no Brasil. Cabe a nós investir em produtividade e criar esses canais de mercado, de− senvolvendo novas tecnologias que tornem o etanol uma alternativa de uso global”, finaliza Teixeira.


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LOGÍSTICA

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Copersucar multiplica eficiência fiscal no Porto de Santos e na distribuição de açúcar Com a aplicação de novas tecnologias e área dedicada, companhia busca aprimoramento constante por meio de uma rede colaborativa de melhorias A Copersucar desenvolveu siste− mas que otimizaram o tempo e pro− porcionaram mais segurança no pro− cessamento de notas fiscais geradas no seu terminal portuário localizado em Santos e na operação de distribuição de açúcar entre as suas usinas associa− das e seus clientes industriais. No caso do recebimento de açúcar e grãos para exportação no Porto de Santos, o controle dos documentos fis− cais, que era feito a partir da checagem manual das notas impressas associadas às cargas dos trens, caminhões e navios, e levava em torno de seis horas, passou a ser concluído em apenas dez minutos.

tivo de melhorar o compromisso tribu− tário e favorecer a questão econômica, uma vez que reduz a necessidade de produção de novas embalagens para se− rem colocadas no circuito. Este desenvolvimento partiu de uma estratégia de robotização da companhia iniciada há quase dois anos que envolve 25 robôs executando as mais diversas tarefas, desde lançamen− to de documentos, leitura e tomada de ação com base na análise de e−mails, até a conferência minuciosa de todas as cláusulas dos contratos.

Terminal Açucareiro Copersucar localizado na margem direita do Porto de Santos O aumento da produtividade foi alcançado a partir da parceria entre os times Operacional e de Tecnologia e Processos da companhia. Ajustes no sistema ERP da empresa geraram um consistente ganho operacional, uma vez que o tempo gasto na execução do trâmite fiscal foi reduzido em trinta e seis vezes, e os erros humanos, princi− palmente na transcrição de informa− ções das versões impressas, foram eli− minados. Esta automação também permitiu que o controle e monitora− mento das notas fossem realizados de maneira remota, facilitando a adapta− ção ao trabalho home office. A solu− ção agregou maior segurança aos pro− cessos e aprimorou ainda mais o compliance fiscal da empresa.

Mercado Interno O outro processo contábil que passou por modernização foi o ras− treamento de notas fiscais dos Big Bags, que contou com investimento em tecnologia RPA. Para abastecer o seus mais de 300 clientes industriais, a Copersucar usa grandes recipientes de

Uma mudança de dentro para fora

polipropileno (Big Bags), com capa− cidade de carregar 1.200 kg de açúcar cada um. Anualmente, mais de 1,5 milhão de Big Bags circulam entre as usinas de cana−de−açúcar associadas à Copersucar, o centro de triagem e as fábricas dos clientes, que precisam ser bem armazenados e administrados para manter a sua vida útil preservada, contribuindo para o processo de lo− gística reversa. Um ponto importante neste siste− ma circular é o controle fiscal e de emissão de notas de remessa, onde qual− quer erro nestes documentos pode pre− judicar o fluxo de embalagens reutilizá− veis. A gestão das embalagens tomava muito tempo das equipes, que precisa− vam garantir a conciliação entre o físico

e o contábil, além de gerar uma deman− da adicional no preenchimento de car− tas de circularização e de geração de ex− trato de Notas Fiscais das embalagens pendentes de devolução, o que poten− cializava alterações de saldo e prazo. Para aprimorar este acompanha− mento, a Copersucar criou um sistema RPA (Robotic Process Automation) que emite, em poucos minutos, um ex− trato detalhado com todas as notas fis− cais dos bags em posse dos clientes de acordo com as datas de emissão, facili− tando a gestão do inventário e tornan− do o processo de logística reversa desses contentores mais ágil. Além do tempo ganho na execução dos processos, tor− nando−os mais simples, eficientes e acessíveis, o novo sistema tem o obje−

A Copersucar, maior comerciali− zadora de açúcar e etanol do mundo, possui uma equipe interna de tecno− logia, para que cada vez mais as mu− danças aconteçam de dentro para fora. Dessa forma, possibilita a autossufi− ciência de sua produção e o seu apri− moramento tecnológico. Composta atualmente por 34 usinas associadas, a companhia incentiva que a área de TI seja uma contribuição para todos. “Especializar a empresa também na área de tecnologia, utilizando−se das necessidades apontadas pelos colabo− radores como motivadores do aperfei− çoamento de cada setor, possibilita o desenvolvimento de uma rede colabo− rativa de melhorias, um dos pilares de nosso negócio. A companhia e as usi− nas compartilham suas inovações e evoluções, da teoria até a prática. Des− sa forma, conseguimos fazer com que o setor cresça ainda mais” ressalta Dal− bi Arruda, gerente−executivo de Tec− nologia e Processos da Copersucar.


LOGÍSTICA

Fevereiro 2021

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Tereos e Porto Commodities realizam exportação pelo Porto de São Francisco do Sul Projeto proporcionou economia de R$ 2 milhões à companhia ao evitar filas portuárias A Tereos realizou, em parceria com a Porto Commodities, a primei− ra exportação de açúcar pelo Porto de São Francisco do Sul (SC). A iniciati− va veio em linha com a visão da em− presa de sempre buscar novas possibi− lidades de parcerias com terminais pa− ra aumentar a eficiência logística. Com a fila de espera dos navios para atracar no Porto de Paranaguá (PR) aumentado a cada dia, a compa− nhia encontrou a oportunidade de ampliar as alternativas de exportação e mitigar custos com despesas portuárias e de estadia, com economia de R$ 2 milhões em somente um embarque. O navio da operação transportou uma carga de mais de 19 mil toneladas de açúcar ensacado, com destino à África. Como foi o primeiro embarque

de açúcar ensacado realizado pelo ter− minal, o projeto contemplou intensas negociações entre as partes envolvidas, assim como apoio de colaboradores da Tereos no próprio terminal para acompanhamento de todo o processo

de contratação de transporte rodoviá− rio, recepção, armazenamento e ele− vação da carga para o navio. “O resultado de sucesso da ope− ração permite que a companhia tenha um novo canal de exportações e, tam−

bém, para o mercado de forma geral. Na Tereos temos o pensamento de buscar soluções disruptivas e essa ini− ciativa, além de contar com novos parceiros e pontos de escoamento di− ferentes que auxiliam a empresa a re− duzir o tempo de espera em filas por− tuárias, otimiza as operações”, explica Gustavo Segantini, diretor comercial da Tereos. Para a Porto Commodities, o pro− jeto foi um desafio que resultou em diversas aprendizagens. O grupo bus− cou atender, em tempo recorde e da melhor forma possível, as necessidades da Tereos. “Foram semanas de pesqui− sas e reuniões junto ao cliente, forne− cedores e parceiros para que tudo des− se certo. O sucesso da operação se deu pelo total comprometimento de todos os envolvidos durante todo o proces− so”, explica Luiz Oliveira, diretor operacional da Porto Commodities. A Tereos já havia realizado proje− tos semelhantes em anos anteriores – em 2019, com o terminal Sepetiba TECON, no Porto de Itajaí (RJ), e em 2020, com a GBT Terminais, no Por− to de Santos (SP).


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ENERGIA

Fevereiro 2022

Cana gerou 79% da bioeletricidade ofertada à rede da maior previsibilidade e disponibi− lidade da bioeletricidade justamente no período seco e crítico para o setor elétrico brasileiro. “Dos 20.202 GWh gerados para a rede em 2021, 85% foram ofertados entre maio e novembro, meses que compõem justamente o período seco e crítico para o setor elétrico brasilei− ro. Se o período a considerar for abril a novembro, o indicador sobe para 96%. Além do mais, a geração da bio− massa da cana reduziu as emissões de CO2 estimadas em 7 milhões tonela− das, marca que somente seria atingida com o cultivo de 49 milhões de árvo− res nativas ao longo de 20 anos”, co− menta Souza.

Na última década, a produção acumulada de bioeletricidade para a rede seria suficiente para suprir o consumo de energia elétrica do mundo por mais de 3 dias Em 2021, a geração de bioeletri− cidade para a rede (incluindo os resí− duos sucroenergéticos, biogás, lenha, lixívia, resíduos de madeira, capim elefante, casca de arroz) no país foi de 25,4 mil GWh, conforme levanta− mento da União da Indústria de Ca− na−de−Açúcar (UNICA), a partir de dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), repre− sentando 4% da geração total produ− zida no país, sem considerar a produ− ção para o autoconsumo. A geração pelo setor sucroenergé− tico representou 79,5% da produção total da bioeletricidade ofertada à re− de em 2021, seguida pelo licor negro (subproduto da indústria de papel e

celulose) com 11,9% e pelo biogás com 4,5%. Em 2021, o setor sucroe− nergético produziu 20,2 mil GWh para a rede, redução de 10,6% em re− lação ao ano de 2020, suficiente para a atender 10,2 milhões de residências no ano passado. A bioeletricidade ofertada pelo setor sucroenergético é sempre uma geração estratégica para o país. Em 2021, foi equivalente a 4% do consu− mo anual de energia elétrica, a 30% da geração de energia elétrica pela Usina

Itaipu em 2021, a 63% da geração pela Usina Belo Monte ou a 31% de toda a geração termelétrica a gás em 2021. Para o gerente de Bioeletricidade da UNICA, Zilmar Souza, num ano em que vivenciamos a pior crise hi− drológica no setor elétrico brasileiro, desde 1930, a energia da biomassa da cana poupou 14% da energia capaz de ser armazenada sob a forma de água nos reservatórios das hidrelétricas do submercado Sudeste/Centro−Oeste, principal do setor elétrico, por conta

Geração acumulada Segundo o levantamento, nos úl− timos 10 anos, de 2012 a 2021, a pro− dução acumulada de bioeletricidade sucroenergética para a rede foi de 196.867 GWh, geração que seria su− ficiente para suprir o consumo de energia elétrica do mundo por mais de 3 dias, da União Europeia por 25 dias, da China por 13 dias, dos Estados Unidos por 18 dias, do Reino Unido por 232 dias, e da Argentina por qua− se 1 ano e 8 meses.


GESTÃO

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Sistema desenvolvido pela Caeté avalia produção, qualidade e segurança no trabalho Iniciativa tem por base importantes pilares do processo produtivo As definições e validações do no− vo sistema criado pela Usina Caeté, denominado Bonificação por Mérito (BPM), foram obtidas no final da safra 2020/21 e sua implantação ocorreu em dezembro de 2021. O BPM foi idealizado pela nova gestão agrícola, e de acordo com Car− los Alberto Silva, analista de sistemas sênior responsável pelo seu desenvol− vimento, “consiste em bonificar os colaboradores pela avaliação de suas respectivas equipes, cujo objetivo é incentivar o grupo a perceber a im− portância de trabalhar visando a efi− cácia coletiva, buscando cumprir as metas estabelecidas, atendendo às normas de qualidade das operações e de segurança individual e coletiva no trabalho (prevenção de acidentes)”. Os colaboradores contemplados com essa bonificação trabalham nos setores de preparo de solo, plantio, tra− tos culturais, irrigação, colheitas − mecanizada e manual, oficina, apoio agrícola (coordenadores no campo, técnicos agrícolas, entre outros) e Central de Inteligência Agrícola (CIA), responsáveis pelo monitora− mento em tempo real das operações agrícolas da Usina Caeté, Matriz e da Unidade Marituba. A CIA funciona 24 horas por dia, durante os sete dias da semana. Os dados para balizar as bonifica− ções, pagas mensalmente aos colabo− radores, são apurados pelo sistema de− senvolvido pela Caeté, que faz todo um acompanhamento das Metas de Produção na entrega de cana na usina por frente (Cortes Mecanizado e Ma− nual), nas áreas de preparo de solo e plantio, de tratos culturais e de Irriga− ção. Segundo Carlos Alberto Silva, o sistema possibilita ainda um rigoroso acompanhamento dos Indicadores de Qualidade Operacional em várias etapas do processo. “Indicadores de qualidade operacional da entrega de cana, do preparo de solo e plantio, dos tratos culturais, além dos indicadores da medição de eficiência operacional da irrigação e na disponibilidade de máquinas agrícolas (proporcionada pela manutenção)”. Carlos Alberto Silva destacou que foi estabelecida uma meta com um percentual mínimo de 70%, e abaixo

Carlos Alberto

desse percentual, perde−se a bonifica− ção. “Já no primeiro mês de avaliação temos conseguido percentuais bem relevantes, variando entre 75% a 93% na colheita, por exemplo. O superintendente Agroindus− trial da Usina Caeté, Mário Sérgio Matias, relatou que ao chegar na Usina Caeté foi instado pelo diretor Administrativo, Paulo Couto, no sentido de observar as regras e pro− cedimentos que geravam as premia− ções operacionais. O superintenden− te salientou que o conceito desse projeto já vem sendo implementado nas usinas do Sudeste. “A maioria das empresas utiliza ferramentas de premiação que cha− mamos de meritocracia. Um erro que observamos é a falta de critério, ava− liação prévia e de dados que pudessem ser compilados e reportados à equipe operacional para nortear a premiação. Quando começaram a fazer a imple− mentação dessas metodologias, logo foi percebido que a equipe operacio− nal começou a enxergar tudo de for− ma diferente e não apenas como um complemento salarial. Não se trata de um complemento de salário, propria− mente dito, mas, uma remuneração

variável atingida por mérito − se eu produzir, vou receber, se não produzir, não irei receber. Então trouxemos de lá, implementamos aqui e hoje é uma realidade na Caeté”. De acordo com o superinten− dente, ao longo desse primeiro ano, foi observado que há uma resistência natural na adequação dessa nova metodologia. “Saímos de um mode− lo e passamos para outro! É natural que a equipe operacional sinta essa transição até entender toda a filoso− fia, a métrica e o conceito imple− mentado. Uma vez entendendo a fi− losofia, é nítida a melhoria dos indi− cadores de rendimento operacional, como os de qualidade agrícola− a exemplo da diminuição de perda na colheita, diminuição de impureza mineral/vegetal e a redução do con− sumo de óleo diesel no maquinário. Tudo isso no escopo geral provoca uma economia e uma redução do custo operacional”. Com a implantação do novo sis− tema, o cenário produtivo da Usina Caeté sofrerá uma mudança mais ra− dical em sua filosofia de trabalho. Má− rio Sérgio Matias destaca que a im− plantação do sistema é uma via de mão

Mário Sérgio

dupla, gerando benefícios tanto para a empresa, quanto para os colaborado− res. “Se realmente a empresa atingir os seus indicadores, seja no aumento de produtividade ou na redução de cus− tos em cima de ferramentas, por exemplo, todos ganham! Está muito claro que é com essa nova mentalida− de e filosofia de trabalho que empre− sa colherá ótimos resultados!”, finali− zou o superintendente. Na última terça−feira, dia 18, o gerente administrativo da Usina San− to Antônio, Silvano Alves da Silva, juntamente com o supervisor de Ma− nutenção, Ivaldo Feitosa dos Santos e o coordenador de Motomecanização, João Luiz Tenório, realizaram uma vi− sita à Usina Caeté com o objetivo de conhecer detalhes sobre o projeto de Bonificação por mérito (BPM). Na ocasião, foram recepcionados pelo diretor Administrativo, Paulo Couto, pelo superintendente Agroin− dustrial, Mário Sérgio Matias, pela gerente de Gestão de Pessoas, Marta Sampaio, pelo engenheiro de Produ− ção, Pedro Viana e pelo Analista de Sistemas Sênior, Carlos Alberto da Silva, responsável por apresentar o no− vo sistema aos visitantes.


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GESTÃO

Fevereiro 2022

Sob risco de penalização, usinas precisam se adequar às normas de proteção de dados Especialistas apontam a necessidade de envolvimento de diversos setores da empresa, não se restringindo apenas ao departamento de TI

O primeiro webinar promovido pelo JornalCana em 2022, trouxe co− mo tema a necessidade das empresas do setor bioenergético se adequarem a LGPD. Não se trata de uma nova pra− ga que ameaça a lavoura, nem de um novo fertilizante. Mas da Lei Geral de Proteção de Dados, que deve ser uma das pautas prioritárias das empresas neste ano de 2022. No início deste ano, a ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados), regulamentou as regras para a aplicação das penalidades determina− das na lei. Conforme previsto nas normas da ANPD, estas penalidades podem ter efeito retroativo a agosto do ano passado, época do início da aplicação das sanções. Descumprir a LGPD pode provo− car duras punições, tais como bloqueio dos dados pessoais objeto da infração, além das multas, que podem chegar a 2% do faturamento da empresa ou até R 50 milhões por infração, sendo es− tas sanções bem impactantes. O risco de infringir a lei, muitas das vezes, pode estar associado a outro prejuízo sofrido pelas empresas: os ataques cibernéticos. Portanto, as empresas do setor de− vem estar preparadas para mais este de− safio. Quais os passos e procedimentos a serem adotados para se adequar a es− sa legislação foi a pauta deste primeiro webinar de 2022, que contou com a participação de Eduardo Alvares Car− raretto, advogado da Usina Diana, Lu− ciano Lívino de Melo, responsável pe− lo setor de Riscos e Conformidades, Controles Internos e LGPD da Atvos e Ricardo Nogueira Monnazzi, membro pesquisador e associado do Instituto Avançado de Proteção de Dados – IAPD−RP e sócio do escritório Monnazzi e Peruchi Advogados.

Sob a condução do jornalista do JornalCana, Alessandro Reis, o webinar contou com o patrocínio das empresas Agrobiológica, AxiAgro e S−PAA. O advogado Ricardo Nogueira Monnazzi acredita que a LGPD te− rá um impacto na sociedade como poucas leis antes tiveram, criando um regramento para o uso de dados pessoais no Brasil, tanto on−line quanto off−line, nos setores privado e público. A preocupação com ela não se trata de preciosismo. “Temos dois grandes Pilares que a empresa tem que se preo− cupar com a lei. Qual seria o preço que a empresa pagaria pela maculação da sua imagem pública pelo vazamento de dados? Qual seria a o nível técnico da nota de segurança jurídica, de seguran− ça operacional, de segurança comercial, para essa usina praticar exportação de açúcar, por exemplo? Se ela não está adequada a legislação de dados que é na verdade condição “sine qua non” para alguns mercados. Para que você expor− te para Europa por exemplo, ou para alguns países que já impõe a obrigato− riedade. Então a bem da a verdade, não se trata de preciosismo e sim de uma análise mais aprofundada do quanto nós temos que ser responsáveis com os dados pessoais, para que não tenhamos a imagem da empresa ma− culada. Se for uma empresa que tem capital aberto, e houver um vazamen− to de dados, cai o preço da sua ação e o prejuízo pode alcançar proporções imensuráveis”, explica. Por essa razão, temos que olhar a LGPD como um ponto de tangência entre todas as normas, entre todos os ramos do direito e consequentemente com todas as particularidades da ope− ração, por isso é necessário olhar com carinho a proteção de dados, respeitan− do a os limites e as particularidades da atuação da empresa”, afirma.

Eduardo Alvares Carraretto


GESTÃO

Fevereiro 2021

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Prática de implantação Eduardo Alvares Carraretto, advogado da Usina Diana, explicam que desde o iní− cio do ano passado, a empresa deu início ao processo de implantação da LGPD. “A princípio a gente acreditava até que seria algo simples. Porém algumas leituras da Lei e participação em palestras a respei− to, começamos entender que o negócio não era assim não era bem assim e então passamos a envolver nossa diretoria, nossos gerentes, principalmente responsável de TI, gerente de RH, para darmos início a sua implantação. Chegamos à conclusão que existe situações tratamento de dados que vão da portaria da empresa até à presidên− cia”, disse. Segundo ele, foi após diversas reu− niões e que entenderam que o melhor seria procurar auxílio de uma consultoria especializada no mercado para os auxiliar nessa implantação, que se deu em diver− sas etapas. “A nossa primeira etapa se iniciou com a conscientização mapeamento e diagnós− tico. O objetivo foi sensibilizar a direção e gestores para o termo de privacidade e proteção de dados o e definir o nível de maturidade de governança em conformi− dade com a legislação o que estava acon− tecendo na empresa e o que era necessá− rio”, explicou. A partir daí, já com auxílio da Con− sultoria, foi criado o comitê e privacida− de e proteção de dados para dar início as demais atividades. Foram feitas reuniões com o comitê gestores análise da estrutu− ra organizacional da empresa, procedi− mentos de departamentos manipulam da− dos pessoais, envolvendo responsável de cada departamento de segurança patri− monial segurança do trabalho Medicina do Trabalho RH suprimentos contabili− dade financeiro TI e jurídico. O advogado afirma que, no início pensava−se que a lei seria mais uma apli− cação de TI que qualquer outra coisa. Mas a partir do momento que se passa a apro− fundar no tema, vê que a coisa não é bem

Luciano Livino de Melo

assim. Que envolve todos os departamen− tos, todos os setores e assim por diante. “Hoje nós podemos dizer que a Dia− na está adequado à legislação. Graça ao apoio que recebemos de todo pessoal da empresa, de todos os setores, com esse en− volvimento conjunto de todos, consegui− mos fazer essa implantação e adequação”, concluiu. Luciano Lívino de Melo, da Atvos, também destaca a importância da partici− pação de todos setores e lembra que o de− senho de como se vai aderir a essas regras, deve respeitar o DNA de cada empresa. “Não se pode comprar na prateleira algo quadrado para você encaixar em um objeto redondo. Isso quer dizer que uma implementação e adequação se constrói a quatro mãos, se constrói com todas as mãos dentro da empresa”, disse. A Atvos Iniciou sua jornada de adequa− ção em 2020, quando transitava na Câmara e no Senado a definição da data que, efetiva− mente, seria a vigência da Lei. A partir des− se momento várias ações foram concluídas colocando a Atvos aderente à Gestão a LGPD, tais ações foram: Diagnóstico do Ní− vel de Maturidade de Governança e Cons− trução Programa de Privacidade; Estrutura− ção do Programa de Privacidade (mapea− mento das Atividades de Tratamento de Da− dos Pessoais, Revisão do diagnóstico, Ajustes Documentação Governança, Banco Cláu− sulas Contratuais) e revisão final. “A empresa também promoveu um plano Comunicação e Capacitação, com efetivo treinamento de 2.100 integrantes que tratam direta ou indiretamente dados pessoais (áreas administrativas), utilizando− se de recursos audiovisuais, incluindo um vídeo interativo no formato de trilha de co− nhecimento, gravado com atores”, contou. Segundo Luciano, entre os desafios para 2022 estão os treinamentos contínuos para os integrantes e novos integrantes, workshop´s com área individuais no for− talecimento da conduta e cultura à priva− cidade e proteção de dados pessoais.

Ricardo Nogueira Monnazzi


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MASTERCANA

Fevereiro 2022

MasterCana Award reconhece Luis Fernando Barbery Paz como “Sugar man of the year” Troféu foi entregue em Santa Cruz, na Bolívia O Prêmio MasterCana concedeu ao executivo Luis Fernando Barbery Paz, presidente da Unagro Corpora− tion, da Bolívia, o prêmio “SUGAR MAN OF THE YEAR” no âmbito do international do MasterCana Award. O troféu, inédito para um executivo boliviano, foi entregue em Santa Cruz, por Décio Freitas, da So− lution Engenharia, acompanhado por Nelson Nakamura, sócio fundador da Soteica do Brasil. “Estou orgulhoso que a capacida− de dos empresários bolivianos seja re− conhecida. Recebo este prêmio em nome do setor sucroalcooleiro nacio− nal. Os bolivianos são tão capazes e competitivos quanto qualquer outro empresário do mundo. Por isso, deve− mos lutar pela atividade empresarial, não desistir, insistir apesar da falta de apoio do Estado, que às vezes atrapa− lha em vez de facilitar. Como empre− sários, amamos a Bolívia, queremos contribuir para o seu desenvolvimen−

Décio Freitas, Barbery Paz e Nelson Nakamura, durante a entrega do troféu MasterCana Award

to e o setor sucroalcooleiro colocou toda a carne na grelha, mas podemos aproveitar melhor nossos esforços pa− ra economizar divisas, gerar empregos, dinamizar a economia e ter um am− biente mais limpo com o uso de eta− nol que impede a fuga de dólares, de− vido à redução das importações de gasolina. A UNAGRO continuará sendo referência em capacidade de produção global, não temos nada a in−

vejar a nenhuma usina de açúcar do mundo em capacidade de produção, tecnologia e inovação. Neste 2022 va− mos crescer na produção de cana, moagem e pesquisa”, expressou Luis Fernando Barbery Paz.

Destaque na produção açucareira na Bolívia Considerando sua carreira co−

mo presidente executivo da UNA− GRO desde 2011 e por ser uma das pessoas de maior destaque na pro− dução açucareira na Bolívia, in− cluindo sua experiência em outros setores, como presidente da CAINCO, FEPSC e presidente da CONFEDERAÇÃO DE EM− PREENDEDORES PRIVADOS DA BOLÍVIA, Luis Fernando Bar− bery Paz foi eleito o “Sugar Man of the Year” no Prêmio MasterCana 2019, porém, devido a impedi− mentos de força maior no país na− quele ano, que o impediram de ir à cerimônia de premiação em São Paulo, e posteriormente devido à Covid−19, a entrega do troféu ao executivo aguardava um momento mais oportuno para sua entrega presencial, que aconteceu em 10 de fevereiro de 2022, em Santa Cruz de la Sierra. Luis Fernando Barbery Paz foi um dos principais gestores e pro− motores junto ao governo boliviano para iniciar um programa de mistu− ra de bioetanol à gasolina comercia− lizada no país.


Mais influentes do MasterCana Brasil recebem troféu após evento Os homenageados do MasterCa− na Brasil edição 2021 que não pude− ram comparecer à cerimônia, realiza−

da na capital paulista, no dia 8 de de− zembro, receberam o troféu poste− riormente.

Gustavo Henrique Rodrigues, CEO Grupo Clealco

PAT R O C Í N I O M A S T E R

O diretor da Procana, Josias Mes− sias, conseguiu entregar pessoalmente alguns deles. Outros troféus foram en−

viados pelo correio. Confira as fotos:

Fábio Henrique Costa Batista, gerente industrial da Goiasa

PAT R O C Í N I O S TA N D A R D


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GENTE

Fevereiro 2022

Morre a matriarca da família Biagi em Ribeirão Preto Edilah Faria Lacerda Biagi completaria 101 anos no próximo dia 11 de março Morreu no dia 19 de fevereiro, a matriarca da família Biagi, dona Edi− lah Faria Lacerda Biagi, que comple− taria 101 anos no próximo dia 11 de março. Conhecida pelo pioneirismo na área empresarial, dona Edilah tam− bém se destacou pelo marcante traba− lho social em Ribeirão Preto e região. Edilah teve grande representativi− dade no setor sucroenergético, como membro do Conselho Administrativo da Companhia Energética Santa Eli− sa. Após o falecimento de seu marido, Maurílio Biagi, passou a comandar os negócios da família, juntamente com seus filhos mais velhos. A família fundou empresas como a “Refrescos Ipiranga” Coca−Cola em Ribeirão Preto, Usina Santa Elisa e Za− nini S/A em Sertãozinho, Lagoa da Serra (inseminação) em Barrinha e, além de associações com grupos estrangeiros.

Edilah atuava em causas sociais e filantrópicas em instituições de Ri− beirão Preto e região, como Cantinho

do Céu, Casa das Mangueiras, Lar São Francisco de Assis e Apae. Era presi− dente honorária do Museu Casa da

Memória Italiana, no Centro de Ri− beirão Preto. Para o diretor da Procana, o jor− nalista Josias Messias, além das causas sociais, dona Edilah representou um pilar de orientação e liderança para a família e para as companhias Biagi, que foram fundamentais para o pro− cesso de desenvolvimento das em− presas no Brasil, assim como no se− tor bioenergético, tanto na produção de açúcar e etanol, como de bens de capitais, conduzindo as empresas em um momento decisivo para o país na expansão do setor bioenergético. “Lamentamos essa grande perda, e prestamos nossas condolências aos familiares”. Ela deixa os filhos Maurílio Bia− gi Filho, presidente do Conselho de Administração da Maubisa, Luiz La− cerda Biagi, Maria Lúcia Biagi (in memorian), André Biagi, Edilah Maria Biagi, Beatriz Biagi, Alexan− dre Biagi, presidente da Uberlândia Refrescos, Instituto Alexa e Alebisa Empreendimentos e Participações, e Carla Biagi (in memorian), além de netos e bisnetos.

Falece Geraldo Majela, ex-diretor da Orplana Engenheiro agrônomo participou do desenvolvimento e implantação do CONSECANA

Morre fundadora da Usina Santa Terezinha O nome da usina é homenagem a Therezinha, a única mulher de seis irmãos Morreu no dia 10 de fevereiro, aos 92 anos,Therezinha Meneguetti Seg− hezzi. Therezinha era viúva do pio− neiro Alberto Seghezzi, falecido em 2011, e mãe de Antonio Roberto (in memoriam), Edner, Carlos Roberto (in memoriam), Ivan, Júlio Batista e Marcos Alberto Seghese. Ela deixa também sete netos e duas bisnetas. Nascida em Quatá – SP, Therezi− nha e a família chegaram a Maringá

em 1946, compraram terras onde ho− je é o distrito de Iguatemi e por anos cultivaram café e cana. A vida da família mudou quando o irmão mais velho, Felizardo, montou um pequeno alambique, que mais tar− de passou a produzir açúcar e a família fundou a Usina de Açúcar Santa Tere− zinha. O nome é homenagem a The− rezinha, a única mulher de seis irmãos. A usina cresceu e Therezinha, que foi morar em Paiçandu, entrou para a política e foi eleita para a prefeitura nas eleições de 1982, permanecendo até 1989, um mandato de seis anos. Ela foi a única mulher a governar Paiçandu e a primeira a assumir uma prefeitura no noroeste paranaense.

Faleceu no dia 23 de janeiro, o ex−diretor da Orplana — Organiza− ção das Associações de Produtores de Cana do Brasil, Geraldo Majela An− drade Silva, aos 73 anos, na cidade de Piracicaba, onde se encontrava inter− nado para tratamento médico. Graduado em Engenharia Agro− nômica em 1972, com mestrado em 1983, pela Escola Superior de Agri− cultura “Luiz de Queiroz”, da Uni− versidade de São Paulo, foi uma das grandes referências do setor sucroe− nergético, com passagens pela Coper− sucar, Planalsucar (Programa de Me− lhoramento da Cana−de−Açúcar) do IAA e Canaplan. Começou em 1992 como Asses− sor Técnico da ORPLANA – Orga− nização de Plantadores de Cana da Região Centro/Sul do Brasil, tendo participado do desenvolvimento e implantação do CONSECANA –

Conselho de Produtores de cana−de− açúcar, açúcar e etanol do Estado de São Paulo, sendo também coordena− dor da Câmara Técnica e Econômica. O diretor da Procana, jornalista Josias Messias, lamentou esta grande perda para o setor. “Uma grande per− da como profissional e pessoa. Apren− di com ele sobre o Consecana e as re− lações do setor. Meus sentimentos a toda família”, disse. Geraldo Majela deixa esposa, dois filhos e quatro netos, além de muitos amigos acumulados ao longo das mais de sete décadas de vida e muito tra− balho. Seu corpo foi cremado na tar− de de domingo.




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