MERCADO
Março/Abril 2022
13
Início da safra 2022/23 em Minas se dividirá entre abril e maio Com perspectiva de crescimento, presidente do Sindaçúcar MG, Mário Campos, estima um processamento na casa de 70 milhões de toneladas Depois de um período marcado por geadas, incêndios, e falhas no ca− navial, a expectativa para a safra 2022/23 de cana−de−açúcar no esta− do de Minas Gerais está mais otimis− ta, devendo alcançar a marca de 70 milhões de toneladas de cana. Para o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (SIAMIG) e do Sindi− cato da Indústria de Fabricação do Álcool do Estado de Minas Gerais e o Sindicato da Indústria do Açúcar no Estado de Minas Gerais (Sindaçúcar− MG), Mário Ferreira Campos Filho, as perspectivas em dezembro eram me− lhores, mas devido à crise provocada pela guerra entre Rússia e Ucrânia, elas foram represadas. “Tínhamos uma perspectiva de muito investimento em Minas. Em dezembro, apresentamos ao governador a intenção de ir para mais de 90 milhões de toneladas, mas exis− tem muitas variáveis atuando, o que provoca um represamento nesse pro−
cesso e a gente não sabe, se as coisas correrão no tempo que havíamos programado”, afirma. Segundo Campos, as preocupações com a questão da alta dos fertilizantes, que já vinha acontecendo, serão acen− tuadas por conta do confronto no les− te europeu. Além desses fatores, ele também chama a atenção para o ano eleitoral. “O nosso setor está direta− mente relacionado a políticas públicas, e isso pode influenciar em novos in− vestimentos”, alerta. Mas mesmo com essas situações, Mário Campos afirmou estar otimista. “Temos em Minas um estado com
muito potencial. Usinas estão sendo reativadas, empresas novas estão che− gando e existe um alinhamento muito forte entre o governo e o setor privado. Estamos num estado que incentiva o uso de biocombustíveis. Minas tem uma característica importante. A gente tem uma flexibilidade de fábrica muito boa e conseguimos otimizar os ganhos en− tre açúcar e etanol, diferente de outros estados. Hoje nós estamos correndo atrás de cana para atender às demandas das nossas fábricas”, ressaltou. Para o presidente da Siamig, exis− te uma tendência de crescimento no setor que deve contribuir para a cria−
ção de mão−de−obra, dentro da linha de proposta do governo federal da ge− ração de empregos verdes.“Existe uma forte inclinação para a manutenção de plantio manual e isso gera muita opor− tunidade, ao mesmo tempo que cria riscos e desafios para o setor”, disse. Com relação ao preço dos com− bustíveis, Campos defendeu o PPI (Preço de Paridade Internacional). “Sem dúvida ele foi uma conquista, mas em período de guerra existem al− gumas consequências que precisam ser repensadas. Mas os objetivos do PPI não podem ser jogados de lado. Ele possibilitou a privatização de refinarias e a inclusão de importadores de com− bustíveis no processo. Nós temos hoje o diesel como grande insumo nosso, sendo que 25% são importados, e a gente não pode nem sonhar em não ter esse produto para fazer a nossa safra e dependendo do que ocorrer, o açúcar pode vir a ficar ainda mais valorizado”, acredita Campos, lembrando que as mudanças de regras podem alterar o equilíbrio atualmente alcançado. Segundo o presidente da Siamig, os indicadores recentes apontam para uma perspectiva de aumento signifi− cativo na produtividade agrícola. “A gente tem que ver o copo meio cheio. Recuperamos o setor nos últimos anos, mudamos a percepção do mer− cado financeiro e os balanços fechados agora em março, deverão vir com re− sultados muitos positivos”, finaliza.