ALL EM REVISTA 9.3 - JULHO/SETEMBRO 2022

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EDITOR: LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - Prefixo Editorial
EM REVISTA
917536 NÚMERO 9, VOLUME 3 – JULHO-SETEMBRO 2022 SÃO LUÍS DO MARANHÃO

A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.

EXPEDIENTE

ALL EM REVISTA

Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com

ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS Praça Gonçalves Dias, Centro – Palácio Cristo Rei 65020-060 – São Luis – Maranhão ALL EM REVISTA Revista eletrônica da Academia Ludovicense de Letras Gestão 2022/2023 COMISSÃO EDITORIAL
Revista eletrônica EDITOR

EDITORIAL

Atualmente, edito três revistas: a minha, Revista do Léo, mensal; a IHGM EM REVISTA, nova publicação do IHGM, trimestral; e esta, ALL EM REVISTA, também trimestral. Todos os dias, logo pela manhã, abro o correio eletrônico as mídias e vejo as novidades e, em havendo algo de interesse dos diversos públicos, publico... copio e coloco no lugar certo, e, muitas das vezes, a mesma matéria vai para as três revistas.

Geralmente, no ultimo dia do mês ou do trimestre, quando for o caso , concluídas, coloco as no ar através da ferramenta ISSUU. Em duas delas, há um conselho editorial, que deveria analisar e exarar um parecer, de sua adequação e pertinência, das matérias; para tanto, na ultima semana envio as aos responsáveis. Na maioria das vezes, não recebo retorno... e assim, não cumpro os prazos por mim mesmo estabelecidos e acordados com a direção das instituições... sou chato, quanto à esses aspectos...

Segue o mundo a rodar, rodar, rodar... estou ficando tonto, ou prestes a ser arremessado para fora deste mundo...

No interregno, os nove anos da ALL... A AML, com data de fundação no mesmo dia, já anunciou a sua programação, com premiação à diversos intelectuais, muitos deles, pertencentes ao quadro da ALL, e do IHGM, ou ambas... Segue a nossa:

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EDITOR

EXPEDIENTE

2

EDITORIAL 3

EDITAL 06/2022 7

ACONTECEU 11

9º ANIVERSÁRIO DA ALL CONTRIBUIÇÕES DOS MEMBROS PARA A REVISTA 55

CADEIRA 04 1º OCUPANTE: ALEXENDRE MAIA LAGO 56

LETRAS DE SEMPRE – JORNAL PEQUENO CARMEN PRÓSPER MARIMÉE OS MAIAS EÇA DE QUEIROZ

A SONATA A KREUTZER – LEV TOSTÓI NOITE SOBRE ALCANTARA JOSUÉ MONTELLO O PLANTADOR DE ABÓBORAS LUIS CARDODO DE NORONHA

O GALO DE OURO JUAN RULFO

TARTARIN DE TARRASCON ALPHONSE DAUDET MEDALHA GRAÇA ARANHA

CADEIRA 07 1º OCUPANTE: CLEONES CARVALHO CUNHA 65 MEDALHA GRAÇA ARANHA

CADEIRA 08 FUNDADOR: DILERCY ARAGÃO ADLER 67

ENTREVISTA COM AS FIRMINAS DO BRASIL MESA REDONDA NASCIMENTO MORAES FILHO

VIDA E ESPERANÇA PARA A(S) ANANDA(S) E FELIPE(S) DO MUNDO

CADEIRA 09 1º. Ocupante IRANDI MARQUES LEITE 71

LANÇAMENTO DE LIVRO

CADEIRA 14 FUNDADOR OSMAR GOMES DOS SANTOS 72

LANÇAMENTO DE LIVRO

O DURO DESAFIO DA TRAVESSIA DIVULGA ESCRITOR

O ÓDIO NA ARENA POLÍTICA VONTADE POPULAR

CADEIRA 16

CADEIRA 21

FUNDADOR AYMORÉ DE CASTRO ALVIM 79

NO ALVORECER DE UM SONHO A VELHA DAMA

FUNDADOR : LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ 81

We found 151 other papers that mention Leopoldo Vaz lançamento da 5° edição do livro "Carne e Alma": ANOTAÇÕES PARA O CENTENÁRIO DO POETA ROGACIANO LEITE DE ONDE VIERAM OS POVOS TUPI? (FIM DE UM MITO)

O IMPARCIAL: O ESPORTE E SEUS PRECURSORES, NERES PINTO

ATLETAS MARANHENSES QUE SE DESTACARAM AQUI E LÁ FORA, CONQUISTANDO TÍTULOS IMPORTANTES.

NERES PINTO O IMPARCIAL, 8 DE SETEMBRO DE 2022 from MARANHAY - Revista Lazeirenta - 65: SETEMBRO 2021

CADEIRA 22

1º OCUPANTE ANTÔNIO AILTON SANTOS SILVA 138

SACADA LITERÁRIA SANATIEL PEREIRA / WIBSON CARVALHO MEDALHA GONÇALVES DIAS

SACADA LITERÁRIA NAURO MACHADO / ROSEMARY REGO

POESIA AGORA - PALESTRA

SACADA LITERÁRIA – SÃO LUIS 410 ANOS / JOÃOZINHO RIBEIRO

CADEIRA 26

1º OCUPANTE JOÃO BATISTA RIBEIRO FILHO 148 "II Semana Cultural Samuel Barrêto"

AGOSTO DE CHOROS E ENCANTAMENTOS

CADEIRA 31

FUNDADOR ANA LUIZA ALMEIDA FERRO 151

SUMÁRIO

LANÇAMENTO DE LIVRO

LANÇAMENTO DE LIVRO

O MUNDO CABE NO MEU QUARTO

CADEIRA 32 FUNDADOR ALDY MELLO DE ARAÚJO 156

O VÍRUS DO MEDO E DO TERROR

CADEIRA 34 - 1º OCUPANTE - CERES COSTA FERNANDES 178

DE CULTURA E RESPEITO PAPÉIS VELHOS

JORGE AMADO E A GASTRONOMIA DO AMOR JOMAR MORAES E A AML

CADEIRA 35 1º OCUPANTE JUCEY SANTOS DE SANTANA 186

MEDALHA GRAÇA ARANHA HOMENAGEM ITAPECURU MIRIM MANOEL GERMANO DOS SANTOS Homenagem a meu pai NA PRAÇA DOS POETAS

CADEIRA 38 1º OCUPANTE JOSÉ NERES 192

"MARCA DAS PALAVRAS"

REFLEXÕES SOBRE AUDIOVISUAL E POESIA A PARTIR DE PÃO GERAL

LAURA ROSA, NOSSA VIOLETA DO CAMPO ESTRELAS DE UMA INFINITA CONSTELAÇÃO ESTRELAS DE UMA INFINITA CONSTELAÇÃO PARTE II

CADEIRA 39 FUNDADOR JOSÉ CLÁUDIO PAVÃO SANTANA 203 OS CURSOS JURÍDICOS E A AGONIA DO DIREITO

CADEIRA 40 1º OCUPANTE ROBERTO FRANKLIN 205

MINHAS MÃOS INOCÊNCIA SONHO VAZIO PAI

NAVEGAR NO PRAZER A DIFUSORA OPINA 13 DE MAIO 340

ACONTECEU 211

LANÇAMENTOS DE LIVROS E PALESTRAS ARTIGOS 269

DESCOBRE FOTO ORIGINAL DE ANA JANSEN! 270

FERNANDO BRAGA 271

RECADO PARA ODYLO 273

EXERCÍCIO MARÍTIMO 275

ODORICO MENDES, O HERÓI DA ENEIDA 277

POEIRA DOURADA 279

PERCURSO DE SOMBRAS 281

PARABÉNS MEU POETA QUERIDO,,, HOJE, 2 DE AGOSTO, INAUGURA-TE NA "LIRA DOS OITENT'ANOS" 284

A MENTALINGUAGEM DE CASSAS 287

VESPASIANO RAMOS: ‘COISA ALGUMA & MAIS ALGUMA COISA 290

LOUVAÇÃO A NONATO SILVA OU CÂNTICO PELO SEU CENTENÁRIO 292

A LINGUAGEM DE JOSÉ MARIA NASCIMENTO NO LÉXICO DE RILKE 295

ADEUS A GENES SOARES 296

EDMILSON SANCHES 298

JOTÔNIO VIANA 299

LIVRO REÚNE OBRAS DO ESCRITOR CAXIENSE ADAILTON MEDEIROS 304

GONÇALVES DIAS E EU 307

JOMAR MORAES: UM MARANHÃO DE LETRAS CHEGA AO FIM 309

URGENTE! HISTORIADOR

JOAQUIM HAICKEL 311

TIVE ACESSO A “CARTA ÀS BRASILEIRAS E AOS BRASILEIROS EM DEFESA DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO!”, RESOLVI ANALISÁ-LA 312

DIA DOS PAIS 313

ÉTICA E MORAL 316

SAMUEL BASTOS 321 GENES, UM GÊNIO 322

ÁUREO VIEGAS MENDONÇA

A CIDADE DE VIANA COMPLETA 265 ANOS NO DIA 08 DE JULHO 323 JOÃO BATISTA DO LAGO 325

A MODERNIDADE DAS TREVAS ou Como a Modernidade produz seus Horrores 327 NEURIVAN SOUSA

A VIDA É CALÇADA E PAREDES SEM LADRILHOS.

MARCO INICIAL DO ROMANTISMO BRASILEIRO (LUCY TEIXEIRA)

NATALINO SALGADO FILHO

“BANDEIRA TRIBUZI”

O CONTROVERSO GUEREIRO DA INDEPENDENCIA BRASILEIRA DAVID GONÇALVES DE AZEVEDO.

POESIAS 331

JOSÉ RÉGIO

Poema do Silêncio ADAILTON MEDEIROS

O CASMURRO ALMEIDA GALHARDO

O MEU POEMA E O POVO FERNANDO BRAGA

PONTA D´AREIA

ALANNA VERDE RODIGUÊS

POR ONDE ANDARÃO, E O QUE MAIS FIZERAM ANTOLOGIA MIL POEMAS

ALINE FERNANDA MORAES DA SILVA

AMANDA SUELY BRITO DE SOUSA

FUTURO DE MAGIA

GONÇALVES DIAS

O POETA E SUA HUMILDADE ARYANE RIBEIRO PEREIRA

CANÇÃO DO EXÍLIO BEATRICE PALMA

BIANCA MELO

CARLA LUDIMILA OLIVEIRA

SOLIDÃO

GONÇALVES DIAS

O MEU RIO POLUÍDO CARLOS EDUARDO PINTO LEITÃO

DALCIENE SANTOS DUTRA

DANIEL VICTOR ADLER NORMANDO ROMANHOLO.

DIONNATAN PEREIRA SOUSA

ELANE CRISTINA P. DE ARAUJO

UM GRANDE POETA

GONÇALVES DIAS

A ANTÔNIO GONÇALVES DIAS

POESIA DE (GONÇALVES DIAS)

MINHA TERRA FRANCIANE CRISTYNE

GONÇALVES DIAS

MINHA TERRA TEM SUJEIRA O POETA DA MINHA TERRA

GONÇALVES DIAS

MHARIO LINCOLN

ENTREVISTA VIRTUAL COM JOSÉ SARNEY, NA HERMENÊUTICA DO LIVRO "SAUDADES MORTAS"

UIMAR JUNIOR

UIMAR JUNIOR FALA SOBRE GRAÇA ARANHA E COBRA MAIS RECONHECIMENTO Mulher Babaçu convida a maranhense Fátima Melo San Francisco/EUA para entrevista MULHER BABAÇU, ESPECIAL REPRODUZ BONS TEXTOS SOBRE FIGURAS IMPORTANTES DO MARANHÃO. O QUE VOCÊ SABE SOBRE ANTONIO RAYOL? MARANHÃO SOBRINHO DINO CAVALCANTE

"LITERATURA PARA QUEM?"

SHARLENE SERRA

ENTRE O NÓ E VOOS: A MULHER E SUAS NECESSÁRIAS DECISÕES. MHARIO LINCOLN

DANIEL BLUME EXERCE LADO HUMANO, AO CUMPRIMENTAR A MINISTRA ROSA WEBER, PRESIDENTE DO CNJ

PERFIS ACADEMICOS 2023 367

GABRIEL RUBIM DA SILVA
GABRIEL WENDERMULLER P. AMARAL
348

ACONTECEU

VI SEMANA MARANHENSE DE LITERATURA ALL 10 a 15 de agosto de 2022

ANIVERSÁRIO DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS 2022

A Academia Ludovicense de Letras, fundada em 10 de agosto de 2013, é um fórum adequado para discutir e valorizar os caminhos da cultura ludovicense. Ela possui em seus quadros de membros efetivos e correspondentes pesquisadores, poetas, cronistas e contistas que, com suas produções, cultivam, incentivam e comungam esforços no sentido de preservar os valores literários do passado e da atualidade.

Nestes nove anos de existência a Academia Ludovicense de Letras reforçou a produção e difusão literária de São Luís, contribuindo assim para angariar mais respeito a toda uma classe de cultores da literatura e fazer jus à tradição secular dos gênios que criaram o fenômeno da “Atenas Brasileira” no cenário maranhense.

Em 2022, foram lançados projetos de grande alcance cultural para o Estado do Maranhão, como:

* “Prêmio Literário Academia Ludovicense de Letras”, que concederá premiação a quatro obras inéditas nas categorias de poema e conto, com comissão julgadora composta por membros internos e externos, que inclui grandes nomes da literatura nacional, inclusive membros da Academia Brasileira de Letras;

* Projeto “Conversações de Além mar”, que consiste na promoção do intercâmbio com autores da língua portuguesa de diferentes países. Na primeira edição, a ALL trouxe para a capital maranhense, o renomado escritor moçambicano Mia Couto. Essa primeira experiência foi bastante exitosa e demonstrou a vocação da ALL como importante agente cultural, responsável por ações que mobilizam e agitam a cena artística local.

Mesmo em meio aos sombrios tempos de epidemia da Covid 19, a Academia Ludovicense de Letras soube se adaptar e, embora remotamente, continuou sua missão, com muita produção literária dos seus acadêmicos. Isso também demonstra o nosso comprometimento com o desenvolvimento das artes e da cultura em nossa comunidade. Seguimos em frente, com renovação e coração.

Avante, ALL!

Jucey Santana

Presidente

PROGRAMAÇÃO

Dia 10/08

Sarau Firminiano

8h30min Abertura

Em homenagem ao Bicentenário de Maria Firmina dos Reis; Homenagens especiais: Gonçalves Dias

Nascimento de Morais Filho, Carlos Cunha; parceria: IHGM, AMT, AJEB e SCL. Local: Praça Gonçalves Dias;

Dia11/08 -

18h Homenagem pelo Centenário da patrona da cad. 34, Lucy Teixeira Conferencista Ceres Costa Fernandes, Mediador José Neres; Apresentação da obra de Lucy Teixeira em formato de Sarau: Convidados especiais: Ana Luiza Almeida Ferro e Francisco Inaldo Lisboa; Local: Auditório do Palácio Cristo Rei, Praça Gonçalves Dias, nº. 351, São Luís Maranhão.

Dia 13/08

19h. Choro En/Cantado com apresentação de Joãozinho Ribeiro Participações especiais: Ana Cláudia, Fátima Passarinho, Rose Fontoura, Daniel Lemos, Kátia Spindola e Mariana Rosa; Local: Convento das Merces

Dia 22/08

18h. Entrega do diploma de Membro Benemérito da Academia Ludovicense de Letras, ao Magnífico Reitor, Natalino Salgado.

Recepção: Daniel Blume Pereira de Almeida, Local: Auditório do Palácio Cristo Rei;

Dia 25/08

19h. Projeto “Luzes da Ribalta”. Homenagens:

Arlete Nogueira Machado;

Aurora da Graça Almeida;

Apresentadoras:

Ana Luiza Almeida Ferro e Laura Amélia Damous; Local: Auditório Josué Montelo, Universidade CEUMA Renascença II;

A Academia Ludovicense de Letras, fundada em 10 de agosto de 2013, é um fórum adequado para discutir e valorizar os caminhos da cultura ludovicense. Ela possui em seus quadros de membros efetivos e correspondentes pesquisadores, poetas, cronistas e contistas que, com suas produções, cultivam, incentivam e comungam esforços no sentido de preservar os valores literários do passado e da atualidade.

A solenidade de hoje da Academia Ludovicense de Letras foi bem prestigiada. Comemoramos em grande estilo a VI Semana Ludovicense de Literatura com a excelente conferência da confreira Ceres, mediada pelo confrade José Neres. Também o Sarau foi talentosamente interpretado pelos confrades Ana Luiza e Inaldo Lisboa. De presente a lei assinada pelo nosso Prefeito Eduardo Braide concedendo incentivo financeiro que vai ajudar muito o desenvolvimento de nossos projetos. Discurso histórico da Presidente, a confreira Jucey que mostrou a evolução da Academia Ludovicense de Letras nesses seus 9 anos de atividades. Estamos de parabéns. Coquetel delicioso e a presença de nossos confrades e convidados que abrilhantaram com suas presenças esse momento de grande aprendizado e confraternização de nosso sodalício.

Fotooficialnoencerramentodacomemoraçãodoaniversáriode9anosdaAcademiaLudovicensede Letras,CasadeMariaFirminadosReis.

Senhor (a) Acadêmico (a)

A Presidente da Academia Ludovicense de Letras ALL, no uso das suas atribuições estatutárias, convoca os Senhores (as) Acadêmicos (as) a participaremdaAssembleiaGeralOrdináriaarealizar se no dia 02 de setembro de 2022,sextafeira, as 17 horas, tendo por local a sala de reunião da ALL, no Palácio Cristo Rei, sito à Praça Gonçalves Dias, nº. 351, São Luís Maranhão, para tratar da seguinte pauta:

ORDEM DO DIA:

1. Leitura da ata da AGO anterior;

2. Leitura das efemérides do mês de agosto de 2022;

3. Correspondências recebidas;

4. Avaliação sobre a Semana do Aniversário de 9 anos da ALL;

5. Discussão sobre a XV FELIS;

6. Informações do andamento do projeto “Prêmio Literário ALL”;

7. Agendamento para a Eleição da cadeira número 18 da ALL;

8. Situação da tesouraria;

8. Outros.

Presidente da ALL

EDITAL DE CONVOCAÇÃO N. 08 2022 de 02 de setembro de 2022
AGO DE SETEMBRO

RECEBERAM AS MEDALHAS DE MÉRITO LITERÁRIO GRAÇA ARANHA, INSTITUIDA

FESTIVIDADES DO CENTENÁRIO DA SEMANA DA ARTE

SEGUINTES DA ALL:

1 JUCEY SANTANA,

CLEONES CUNHA,

ALEXANDRE LAGO,

ANTÔNIO AILTON,

PAULO,

( ESTAVA AUSENTE),

MEMBROS DA ALL:

DANIEL BLUME,

CERES COSTA FERNANDES,

ANA LUIZA,

JOSÉ NERES.

����

PELA AML POR OCASIÃO DAS
MODERNA, OS
2 -
3
4-
5
6 SANATIEL
E OS
1
2
3 -
4
GRATIDÃO
PARABENIZO A TODOS QUE FORAM AGRACIADOS COM A RELEVANTE HONRARIA!

ESTIVERAM PRESENTES OS SEGUINTES ACADÊMICOS (AS):

Academia Ludovicense de Letras realiza votação nessa sexta-feira (30)

Será escolhido o novo ocupante da cadeira cujo patrono é o escritor Coelho Neto, o “Príncipe dos Prosadores Brasileiros”.

O novo integrante ocupará a cadeira 18. (Foto: Reprodução/ALL)

Por: Da Redação29 de Setembro de 2022

A Academia Ludovicense de Letras irá realizar, nessa sexta feira, dia 30, uma votação para escolher o novo ocupante da cadeira número 18, que tem Coelho Neto como patrono. São sete candidatos concorrentes à vaga de membro efetivo.

Ao todo, a Academia possui 40 membros e, recentemente, uma das cadeiras foi desocupada. Entre uma das atribuições que o novo integrante receberá é teorizar e escrever sobre o patrono da sua cadeia, nesse caso se refere a Coelho Neto, cabe ao escolhido o posto de defensor do que o escritor produziu.

ELEIÇÃO DE NOVO MEMBRO - SETEMBRO 2022

Boa noite, confrades e confreiras!

Informo que no início da noite de hoje, foi eleito para ocupar a cadeira 18, patroneada pelo Caxiense Coelho Neto, o escritor Vinícius Bogea, em primeiro escrutínio, com 18 votos.

Agradecemos a participação e o apoio de todos, especialmente do Secretário Geral, que foi incansável, nos mínimos detalhes, para que nada faltasse;

do Primeiro Tesoureiro, que não mediu esforços para que os acadêmicos pudessem atualizar as pendências na tesouraria afim de exercer o direito do voto;

A Comissão Escrutinadora, composta por Dilercy Adler e Mirian Angelin que muito bem conduziram o pleito.

Enfim, que o novo acadêmico seja bem vindo a Casa de Maria Firmina!

Autor de Roubando Sonhos (2006), Céu de Ilusões – Sobre crimes e artes (Vencedor do Plano Editorial Secma, Prêmio Gonçalves Dias, categoria Novela, em 2008), Diário Oculto (Primeiro lugar no Concurso Literário Cidade de São Luís, Romance, 2009), Belo Maldito, publicado pela Editora Novo Século, em 2014, e Vendeta (de 2018, a

Atualmente, viabiliza a publicação de Além dos Olhos, seu sétimo livro, enquanto escreve Letras Fantasmas, trama que encerrará a trilogia que se iniciou com Diário Oculto.

Paralelamente, trabalha na produção de um romance noir, intitulado Pulp Action, uma homenagem ao escritor Charles Bukowski e à literatura pulp de forma geral.

Vinícius Bogéa, também, é editor do Jornal Pequeno. Comanda há 16 anos a página cultural Conexão Pop e já escreveu inúmeros contos, que poderão ser encontrados aqui no site do autor.

continuação de Diário Oculto), o escritor Vinícius Bogéa lançou recentemente sua mais novo obra, intitulada Solidão de Aço, pelo selo Autografia.

CONTRIBUIÇÕES DOS MEMBROS

CADEIRA 04 PATRONO: FRANCISCO SOTERO DOS REIS FUNDADOR: ANTONIO AUGUSTO RIBEIRO BRANDÃO – HONORÁRIO 1º OCUPANTE: ALEXENDRE MAIA LAGO
CADEIRA 07 PATRONO: ANTÔNIO GONÇALVES DIAS FUNDADOR: WILSONPIRESFERRO(FALECIDO) 1ºOCUPANTE:CLEONES CARVALHO CUNHA

CADEIRA

PATRONO - MARIA FIRMINA DOS REIS FUNDADOR: DILERCY ARAGÃO ADLER
08

PARA A(S) ANANDA(S) E

FELIPE(S) DO MUNDO

DILERCY ADLER

Sem amor não há vida!

Ao receber o romance Felipe Pai D´égua, de Antonio Melo, para tecer alguns comentários deparei me de início, com um agradecimento deveras contundente: Agradeço ao Criador, por ter me concedido a aptidão natural para as artes e a Literatura e para descrever e narrar por escrito meus pensamentos, minhas ideias e caprichos da minha imaginação (grifo meu). E, ao final, na sua biografia, os primeiros dados são os de sua profissão. A primeira é a de Marceneiro (aposentado), seguido de Artesão escultor, Radiotécnico Rádio e Televisão e Eletrônica. Só depois vêm as funções e títulos culturais, como membro fundador de academias, entre outros. Vi também que já lançou seis livros: Contos e Histórias de Melo I e II 2012, A face Inspiradora da Poesia 2015, O Bicho do “Zoolhão” e As Proezas do Filho do Pescador 2013 (infantil) e em 2010 um livro de comédia “Cozinhando osso” e outros em seguimento.

Esses dados me remetem à necessidade de trazer à baila as condições estruturais da nossa sociedade na esfera do trabalho, na sua divisão: trabalho intelectual e trabalho manual, e sabe se que aqueles que desempenham o trabalho manual, na divisão social do trabalho, não têm, ou pouco têm o direito de desenvolver a sua intelectualidade, sendo lhes negadas condições e estímulos favoráveis à expansão da sua prodigiosidade, e ainda, via de regra, na rotina diária, o trabalhador da classe operária vive extensas e cansativas jornadas de trabalho, o que lhe dificulta, ainda mais, dedicar se à leitura e reflexões de escritos literários ou acadêmicos.

Para Gramsci, a classe operária é aquela que pode comandar a mudança social, no sentido da superação da desigualdade econômico social posta e, para isso, deve contar com os seus próprios intelectuais, os quais configuram um novo tipo, em conformidade com a desconstrução da sua situação de classe, que passa pela subordinação no campo material e ideológico. Nessa perspectiva, as mensagens no livro são de denúncia, expõe a ferida aberta que macula a história de muita gente e da nossa dita civilização.

Vejo o escritor Antônio Melo como um desses intelectuais que, a despeito de tudo, vence densas barreiras, e, na linguagem gramsciana, personifica um intelectual orgânico, nascido da sua própria classe, a trabalhadora. Nesse sentido, ele ratifica que lhe foi concedida pelo Criador a aptidão natural para as artes e a Literatura! Sabe se que as aptidões não são dadas externamente, mas internamente, a princípio.

Quanto ao texto, diria que se configura como uma leitura instigante desde o sentido estrutural, porque não existe uma linearidade na exposição de fatos e situações, mas um intercalamento intencional no relato das histórias dos protagonistas e mesmo em relação às épocas vividas por cada um deles.

Vi e viajei num drama, no qual a estupidificação do ser humano abre a ferida da existência e, contraditoriamente, também revela o lado amoroso e mais salutar da natureza humana. Sem essa coexistência de tendências comportamentais antagonistas, talvez na própria realidade a vida fosse insuportável, ou seja, se prevalecesse apenas o embrutecimento nas relações interpessoais, a humanidade não mais existiria. Daí a importância do amor na preservação da espécie humana.

Sem amor não há vida!

Encontrei na história um amor efêmero, leve, por parte da protagonista, que poderia se firmar e fortalecer no decorrer da vida dos personagens, mas o destino impediu que essa possibilidade se consolidasse no decorrer da história, ceifando precocemente a vida do desafortunado parceiro, que parecia apresentar beleza física e interior.

Por outro lado, esse mesmo destino concedeu à protagonista um segundo amor, forte, arrebatador que se firmou como sentimento, mas foi efêmero no tempo e brusca e tragicamente impedido de se prolongar ao

VIDA E ESPERANÇA

longo da vida do casal, configurando aquele final feliz dos contos de fada: E foram felizes para sempre! Foram felizes, mas não para sempre, pouco durou, apesar da força e beleza desse amor!

Viajei também pelas belas paisagens de um lugar pródigo em belezas naturais, de um lugar onde a vida da maioria das pessoas era simples e interiorana, sem luxos e outros atrativos ou comodidades da vida urbana, que para alguns basta, mas para outros, como Ananda, a protagonista, não! Ela sonhava com uma vida melhor para si e para a sua família, o que de fato conseguiu por meio das mesadas enviadas para a família com o seu parco salário, mas oriundo de um trabalho que a satisfazia e, por outro lado, teve condições de concomitantemente estudar e se formar para desempenhar a função de professora, incentivada, também, pela doce mulher que encontrou no seu caminho.

Mas, ao viajar por essas belas paisagens bucólicas e encontrar pessoas simples e saudáveis, psicologicamente falando, com contradições comuns à existência humana, mas respeitosas, encontrei também figuras embrutecidas, com egos inflados pela crença de que quem tem dinheiro tem poder sobre as coisas do lugar e até sobre a vida das pessoas, configurando uma polarização entre a estupidez e a afabilidade nas relações entre as pessoas.

Não fosse esse tipo de pessoa, o final desta história seria feliz. Se não fosse a amabilidade existente em um dos polos dessa contradição posta, a existência seria insuportável!

Tenho, sim, frente aos meus olhos um drama, com nuances comuns na vida de muita gente de estrato social não dominante, pois, há milênios, a história da humanidade se assenta em muito sangue e na dominação, humilhação e dizimação de muitos homens, mulheres, jovens e crianças por outros, detentores do poder, em diferentes esferas da vida coletiva, tais como: abuso de poder e uso da força física e ideológica sobre as camadas pobres ou escravas; inferiorização da mulher, percebendo a como objeto sexual e, agravada muitas vezes, pelo uso da violência física e verbal, culminando com os feminicídios. Mas, ao mesmo tempo, apresenta peculiaridades que o diferenciam dos demais, tornando o singular, pela própria época, gente e lugar e pela estrutura do engendramento da trágica trama.

Hoje, estamos vivendo no Brasil um período social de muita intolerância e preconceito. Esta leitura, com certeza, despertará o desejo de paz, o desejo de amor e união entre as pessoas, principalmente pela constatação de que no confronto do ódio, da força, todos saem perdendo... perdemos a possibilidade da tão desejada felicidade!!!

Parabéns, Antônio Melo, por ter sido abençoado pelo Criador com a aptidão natural para as artes e a Literatura e para descrever e narrar por escrito seus pensamentos, suas ideias e caprichos da sua imaginação!!!(grifo meu). Parabéns por sua dedicação à superação das barreiras materiais!

Antonio Melo, a você, a minha admiração!!!

E o meu desejo de Sucesso sempre!!!

São Luís, 25 de outubro de 2015.

Profa. Dra. Dilercy Aragão Adler

09 - ANTÔNIO HENRIQUES LEAL IRANDI MARQUES LEITE - 1º. Ocupante
PATRONO - ALUÍSIO TANCREDO GONÇALVES DE AZEVEDO FUNDADOR - OSMAR GOMES DOS SANTOS
CADEIRA 14

TRAVESSIA

OSMAR GOMES DOS SANTOS

O Maranhão é um Estado que por natureza, devido sua geografia, tem no transporte marítimo um eixo modal essencial. Deslocamentos entre municípios e regiões são feitos desde embarcações menores até aquelas de grande porte.

Passageiros e mercadorias cortam as águas de rios, lagos e mares rumo aos seus destinos. Em parte, pode se afirmar que a economia do Maranhão, e uma parcela de seu desenvolvimento, flutua nas suas águas abundantes.

Em alguns casos o transporte marítimo não é opção, mas uma necessidade. A travessia Ponta da Espera ao Cujupe é utilizada há décadas por centenas de pessoas todos os dias. Cidadãos e cidadãs que necessitam se deslocar aos seus destinos, predominantemente municípios da Baixada Maranhense.

Mas não apenas pessoas, há, também, o transporte de cargas e mercadorias para os destinos mais diversos, a exemplo dos municípios paraenses, especialmente Belém.

Essa tão importante rota marítima, no entanto, vem enfrentando um sério problema, dado o caos que tomou conta do sistema de transporte operado por ferry boats. Uma parcela da população que precisa viajar diariamente nessas embarcações está enfrentando verdadeiro calvário.

Com a desorganização do sistema, passagens deixaram de ser vendidas de forma antecipada, tanto nos postos, quanto no site. Neste, já não é possível encontrar bilhetes disponíveis há pelo menos oito meses. Impossibilitado da compra prévia, cidadãos e cidadãs não tem outra opção se não passar noites em claro nas filas de espera ou superar horas a fio de uma perigosa e mal conservada estrada até alcançar o seu destino.

São trabalhadores que dependem diretamente desse tipo de serviço, tais como proprietários de vans e ônibus, agora impactados pela irregularidade do seu funcionamento. São caminhoneiros que precisam levar todo tipo de cargas aos seus destinos, são pacientes que precisam ser transferidos com urgência para hospitais da capital, são pessoas que precisam simplesmente se deslocar para outras regiões onde trabalham.

Todo esse contingente de pessoas está sofrendo. Passam horas no que se convencionou chamar de “fila de espera” aguardando para embarcar, sem qualquer certeza. Uma verdadeira “fila da vergonha”. Famílias, idosos, crianças precisam virar noites dentro de carros, vans, ônibus na esperança de fazer a travessia em algum momento, não se sabe qual.

Essa situação se agravou com as sucessivas quebras das embarcações nos últimos dois meses, pelo menos. Os dois “ferrys” que restaram tiveram a breve companhia de uma embarcação vinda do Pará, cuja desconfiança sobre sua segurança sempre esteve em pauta.

Esta semana, o Ministério Público Federal pediu a interdição das operações da embarcação vinda do estado vizinho. Com menos um, o caos só tende a aumentar e a situação se agravar ainda mais. Não restam dúvidas de que o pedido de intervenção é uma medida necessária, que visa resguardar a vida de centenas de pessoas transportadas a cada viagem. Palmas para o MPF.

Conforme consta no pedido, o prazo para manifestação sobre a interdição do Ferry Boat José Humberto por parte da Capitania dos Portos era de 48 horas. Mas não se trata apenas de acatar ou não. De ter uma embarcação a mais ou a menos para operar. Mas da segurança das pessoas.

Desde que chegou, o Ferry José Humberto apresentou uma série de situações irregulares, de documentação a estruturais, conforme amplamente divulgado pelos mais respeitados veículos e profissionais de imprensa de nossa capital.

O DURO DESAFIO DA

Inspeções foram realizadas e pedidos de adequação feitos para que pudesse entrar em operação. Ao que parece, por denúncias feitas diariamente por quem faz a travessia, o risco de um acidente ou mesmo de uma tragédia ainda é iminente.

A própria Capitania dos Portos já havia emitido nota no último dia 21 de junho, relatando problemas documentais e estruturais com a embarcação. Alguns desses problemas foram solucionados, mas outros ainda permanecem e, segundo MPF, não foi estabelecido prazo para solução.

A situação vai muito além de um mero desconforto, pois causa uma enorme desconfiança no tocante ao principal critério que deve ser observado em um sistema de transporte: segurança.

E o usuário tem opção? Sim e não. A outra alternativa, para chegar a Pinheiro, principal cidade da Baixada, seria por terra, percorrendo mais de 300 quilômetros. O trajeto por terra se torna ainda mais desafiador, considerando as péssimas condições das estradas federais e estaduais.

Manifestações passaram a ser vistas quase que semanalmente. Trabalhadores que sofrem sem passagens, tendo que esperar horas em filas de espera, em um lugar sem as condições mínimas de suporte, como lanchonete, banheiro, segurança.

O fato que trago aqui é apenas fato, real, concreto, longe de qualquer suscitação de debate político. Aquilo que cabe dentro das nossas observações diárias, as aflições cotidianas, que não podem passar despercebidas e que merecem discussão, reflexão e adoção de medidas que tragam soluções concretas.

Enquanto o problema não é definitivamente resolvido, a população continua na sua agonia diária. Em respeito aos usuários e fazendo cumprir o grau de excelência dos serviços públicos insculpido na Carta Magna, alguma coisa precisa ser feita e com urgência.

Escritor: da by Divulga Escritor
54ª Divulga
Revista Literária
Lusofonia
Issuu

POLÍTICA

OSMAR GOMES DOS SANTOS

Enquanto cidadãos devemos todos ficar atentos para o ódio que cresce a cada dia na arena de debates políticos. Estamos permitindo ultrapassar as barreiras do discurso e externar com ações estapafúrdias nossos sentimentos mais bárbaros.

O caso que chocou o Brasil no último domingo, ou, pelo menos, a parte sensata da população, que ainda é maioria, traz importantes reflexões sobre a atual conjuntura brasileira, mesmo não podendo estabelecer a politização no caso que reputo pontual. Porém, um estado de coisas que preocupa, assusta e põe em xeque o direito individual das liberdades, sobretudo de opinião. Não podendo esquecer o suposto uso de recursos público nas esferas Federal, Estadual e Municipal para instrumentalizar a detração da honra, da imagem e da dignidade de pessoas, sobretudo públicas, com a prática de FAKE NEWS, sem limites e nas barbas da nossa respeitada e democrática Justiça Eleitoral.

Um ato que deveria se resumir a uma comemoração da vida, termina em morte e duas famílias destruídas. Sofrem esposas e filhos do agente penitenciário Jorge Guaranho e do guarda municipal Marcelo Arruda. O primeiro,com bebê de colo e o segundo, com quatro filhos, um deles de um mês.

Aparentemente nenhuma desavença anterior, nenhum motivo plausível, nenhuma discussão prévia motivada. Troca de tiros. Arruda não resistiu e sucumbiu, ali mesmo, após alvejado por vários disparos. Guaranho seguiu em estado grave para o hospital.

O resumo dos fatos serve para ilustrar a que ponto pode chegar a imbecilidade de um ser humano, ao se deixar levar pelo ódio. Mais do que isso, a intolerância que tem tomado conta do país e traz com ela o perigo de tempos sombrios sobre a política. Política essa que, como dizia Aristóteles, faz parte da nossa essência enquanto seres humanos, políticos por natureza. É algo intrínseco ao ser social, que nos tornamos ao longo de milênios de convívio naquilo que aprendemos a chamar de sociedade. Estado de equilíbrio alcançado a duras penas, mas que há pelo menos duas décadas está ameaçado por uma onda extremista que cresce em todo mundo. No Brasil, essa corrente já ameaça e já é tomada como modus operandi de grande parcela da sociedade, diga se, de lado a lado.

Mas precisamos entender o que está em jogo de fato. Se a política é algo construído socialmente, porque ao invés da agressão não buscamos a via do diálogo em torno de boas ideais e soluções para os problemas? Apontamos o dedo para a guerra na Ucrânia, mas esquecemos de quantos matamos todos os anos por aqui. De quantos usam até mesmo instituições independentes, sérias e “imparciais” para o jogo sujo em detrimento de seus adversários.

É fato que o Brasil sofreu um turbilhão de acontecimentos no último século e início deste. A república sofreu transições, viu alternância no poder da velha oligarquia ruralista, presenciou o chamado Estado Novo em todos os seus estágios, viu emergir o populismo como movimento que ganhou as ruas.

Todos esses contextos marcados por revoltas e levantes de grupos movidos pelos mais diversos interesses. Enfrentamos uma ditadura militar, progredimos para uma democracia, que nessas três décadas conviveu com problemas e escândalos, mas que dispõe dos mecanismos de regulação que garantem sua manutenção.

O que não podemos é romper esse estado de coisas e todos os dispositivos e remédios constitucionais para abraçar a via da intolerância, da maldade, da crueldade, da busca do ganho pelo ganho, especialmente aquela fundada em ideologias políticas. Esquerda, direita ou centro, são posições, ainda que instalado o “conflito”, devem estar guardadas ao debate construtivo, daquilo que é bom para a nação. Falo de nação , englobando todos os entes da federação e seus governantes e postulantes à governantes.

Como dizia o sociólogo Georg Simmel, o conflito é algo inerente à vida em sociedade. O antagonismo de posicionamentos nos permite debater, discordar, defender nosso ponto de vista. Ao cabo, chega se a um

O ÓDIO NA ARENA

denominador comum, que não necessariamente resulta de uma parte isolada, mas de um pouco da contribuição de todos.

Essa unidade defendida pelo estudioso é resultado das somas das posições contrárias, sempre positivo. Noutra via, há uma perigosa tendência pela eliminação do outro. A disputa de caráter bélico, que busca a aniquilação do oponente, não é algo saudável e constitui uma grave ameaça à democracia.

Uma posição que enxerga outras como inimigas e não adversárias. Característica de projeto de poder totalitário, no qual somente há espaço para uma forma de pensamento, sem margem para o contraditório.

Forma de pensar e agir que termina por contaminar cidadãos ditos “de bem”. Baseada em um jogo de retóricas, de construção de inimigos, disseminação de notícias falsas e a oferta da solução única para o “mal” forjado que ameaça a nação. Corrente que ganha força e que acende o alerta.

Esse movimento também é muito bem desenhado por Levitsky e Ziblatt, na recém lançada obra “Como as democracias morrem”, que virou best seller.

Apesar de pairar uma nuvem sombria sobre nossa democracia, ainda há uma saída possível. O momento exige união daqueles que prezam por instituições fortes e um país livre, independente de lados que possam ocupar na “corrida” política, servido para os de ontem e os de hoje, visando a garantia de existência de futuro promissor para filhos , netos e bisnetos.

Penso que nunca precisamos, tão honestamente, discutir um projeto de país, de Estado. Proposta essa fundada em debate aberto e íntegro, da qual participem as mais diversas forças democráticas. O problema da democracia não consiste na sua essência, mas no fato de ainda não sabermos lidar com ela.

É momento em que adversários precisam se unir, cidadãos precisam assumir suas responsabilidades e adotar posições firmes. Momento este que será marcado por conflitos, certamente, mas que terá como resultado uma base de ação que recoloque o país nos trilhos.

Somente assim será possível extirpar o mal que nos assombra, ou os males de lado a lado que nos assombram, o desejo de aniquilação do outro em razão de suas escolhas, o sentimento de negação que tomou conta de grande parte da nação. Somos um país grande, um Estado grande, acima de quaisquer interesses e projetos de poder. Somos uma nação livre e assim vamos permanecer. Que o Poder Judiciário e o Ministério Público se mantenham independentes e nunca sirvam de instrumento nas mãos e nos pensamentos de uns contra os outros.Mas sirvam sempre e sempre como únicos instrumentos de aplicação da Justiça.

VONTADE POPULAR

OSMAR GOMES DOS SANTOS

A democracia brasileira, que desde 1988 passa por transformações e se consolida, é calcada em um sistema participativo e representativo. Participativo porque os cidadãos têm oportunidade de opinar e escolher livremente, representativo porque outorga aos eleitos o comando do aparelho estatal.

A cada eleição um novo ciclo tem início. Renovam se não apenas as cadeiras, mas também a esperança do povo em ver seus anseios atendidos a partir dos votos depositados nas urnas. Uma nova composição é formada e passa a representar o desejo de cada cidadão.

Democracia em si é assunto complexo, que mesmo os estudiosos não chegam a um consenso em torno de um conceito ou do seu funcionamento. Mas é o modelo que temos e que faz movimentar a pesada engrenagem chamada Brasil.

Do alto dos seus quase 34 anos, o atual regime democrático brasileiro nunca foi tão posto a prova como agora. Embates cada vez mais efusivos e com desfechos trágicos têm sido assistido todos os dias, em ambientes onde antes prevalecia a tolerância.

O próximo domingo é mais uma oportunidade ímpar que temos de colocar à prova nosso sistema. Não apenas pelos órgãos, mas por todos os cidadãos que precisam, definitivamente, compreender e aceitar as regras do jogo democrático como fator civilizatório.

Nunca é demais repetir, temos um dos sistemas de votação e apuração mais eficientes do mundo e uma Justiça eleitoral com uma estrutura preparada para cumprir sua missão, como vem fazendo, especialmente nas últimas décadas. O advento da urna eletrônica trouxe ainda mais rapidez e segurança ao processo.

O resultado das urnas não somente terá que ser aceito pelos candidatos, como também por seus partidários e simpatizantes, não interessa quem sejam os vencedores declarados na noite de domingo. Essa imposição se faz pelas normas, as mesmas que consagraram os resultados das últimas eleições. E da anterior, da anterior, da anterior.

Sair do pleito vencedor ou derrotado não é culpa do sistema, na verdade não há culpa. Mas tão somente a vontade popular bradando alto. Vontade esta carregada de soberania, que se reflete no desejo de cada um dos milhões de brasileiros que comparecerão às suas sessões eleitorais.

Para aqueles que ainda não entendem bem o sentido da palavra, bom destacar que a democracia guarda, na essência, a vontade da maioria. Em um sistema representativo, em que essa representação é delegada, as posições se alternam a cada novo período de escolhas.

Essa alternância se dá pela escolha, dentro de um processo transparente, que assegura a todas e todos a participação com a consciência livre. Importante que se diga, nunca o eleitor teve tanta segurança para escolher o seu representante. E tem sido assim a cada novo pleito.

Basta verificar pelas fileiras de representantes eleitos, oriundos das mais diversas correntes de pensamento ideológico. Todos escolhidos a partir da vontade particular de cada eleitor.

Na noite do dia 2 de outubro, alguns estarão festejando, outros, no entanto, estarão amargando o insucesso. De toda forma, o momento serve como oportunidade para muitas reflexões. Ao cabo da campanha, cada um é testado pelo método mais coerente possível: a confiança do eleitor.

O desfecho de domingo poderá trazer surpresas, obviamente. Mais três certezas não mudam. A primeira, de que os candidatos serão julgados pela sua história, seu trabalho, suas propostas e sua capacidade de poder edificar a nação.

A segunda, denota que a Justiça eleitoral avançou significativamente na melhoria de seus processos, assegurando um pleito rápido, transparente e seguro. A terceira e última, de que os eleitores gozarão de total segurança para depositar seus votos livres de quaisquer interferências, fazendo valer a vontade

popular. A segurança da eleição é dos eleitores deve ser garantida com respeito pelos órgãos do Poder Judiciário e Ministério Público, auxiliados pelas polícias Federal, Civil e Militar e em alguns locais, até pelo exército brasileiro. Mas a polícia de que falo é a garantidora do processo democrático de escolhas não a que se une a partidos ou candidatos para colocar pânico ao invés de promover a liberdade.

CADEIRA 16

PATRONO - ANTÔNIO BATISTA BARBOSA DE GODOIS FUNDADOR - AYMORÉ DE CASTRO ALVIM

NO ALVORECER DE UM SONHO.

AymoréAlvim,AMM,ALL,APLAC

Anoiteceu. Nocéu, Umnovoclarão Euvisurgir Prenunciando, Nadimensãodestemomento, Umnovoamanhecer, Tudoéintenso, Lindo,fulgurante.

Emrevoadas,pássarosdançantes Serpenteiampeloprofundoanil... Comocupidos, Emfestasmulticores, Milhõesdeabelhasvoamentremilflores, Napolinizaçãodeumnovoamor. Nuvens!

Ah!Discretasnuvens Tentam,àsvezes, Toldaraluminosidadequenosenvolve. Ventos!

Alísiosventos, Surgidosdanossacumplicidade, Asfazemdissipar.

Translúcido, Transparente, Permitiaosteusolhos Perscrutaromeueu.

Quemaistepossodar?

Quemaispodesquerer? Euentregueiatimeucoração E,emtroca,eunadadepedi. Expus meparaquemeconhecesses. E,naconfiançaquenosune,

Apenasdesejeivivercontigo

Umnovosonho.

Numradianteeintensoamanhecer

AVELHADAMA

AymoreAlvim.ALL,APLAC,AMM.

Sabesqueeugostodeti. Lembro mecomquecarinho meacolheste, Noverdor,ainda,daminha adolescência.

Mas,quepossofazerporti? Nadaouquasenada.

Hoje,euvejocomtristeza Queomarqueterodeia Desmancha-seemlágrimas aosteuspés.

Abrisamansaquesoprado Atlântico

Jánãotrazofrescorquepermeavacomasuaaragem teusvelhoscasarões.

Agora,espalhaapenasomalcheiroquedoteucorpoexala. Comoeugostavadeouvirtuas histórias.

Diziamqueerasbela,radianteeverde. Criadaporíndios, Cobiçadaporingleseseespanhóis, Amadaporfranceseseportugueses Eporholandesesdeflorada.

Mas,continuavaslinda,fascinante. Cantadaporpoetaseseresteiros Criandoosfilhosqueemtielesdeixaram. Mas,envelheceste.Teusfilhosnãocuidamdeti. Aproveitam seapenasdatuaherança. Teusbecos,vielaseruasestãovandalizados.

Tuaspraçasjánãoacolhemmais.Afastam.

Omedodastuasantigascarruagenspuxadas pormulassemcabeça Transformouempavor Paraosteusfilhos.

Oqueinfligistenopassado Àquelesqueesperavamdetiumaguarida Recai,agora,sobreosqueabrigas.

Ochicotetransformou seembalasquefazemcairteusfilhos Que,diariamente,choras.

Agora,estássó,desamparada, Vestesrasgadas,malcheirosaeagredida.

Osquedizemquerercuidardeti, teproteger,apenasteexploram. Ah!Queridaevelhadama, Quefuturoteespera? Confianaquelesqueteamam Epoderásterumfuturomelhor.

CADEIRA 21 PATRONO - MANUEL FRAN PAXECO FUNDADOR : LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Leopoldo, here's your mention. Claim it to add it to your profile. PDF UTE PONTA DA MADEIRA - MA - Diagnóstico Patrimônio Arqueológico Histórico Cultural - 2008
Solange B Caldarelli (Scientia Consultoria Cientifica), Carlos Eduardo Caldarelli (Scientia Consultoria Cientifica) ...dit. Nacional, 1971. SPIX & MARTIUS Viagem pelo Brasil (1817 1820). São Paulo, Melhoramentos, 1976. VAZ L G D. São Luís Portuguesa Com Certeza. Revista "Nova Atenas" de Educação Tecnológica, Jan Jun 2001, 4 (... Added to Profile Undo

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Naúltimasexta feira(29),aconteceuolançamentoda5°ediçãodolivro"CarneeAlma"docordelistarenpentista, pernambucano,RogacianoLeite,pelapesquisadora,HelenaRoraimaLeite,filhadopoeta,consideradooPaido repentismonoBrasil.

Oevento,aconteceunofinaldatarde,naCasadaCulturaJosuéMontello,comoapoiodaAcademiaLudovicensede Letras,atravésdasuapresidente,JuceySantana,aWandaCunha,presidentedaAcademiaMaranhensedeTrovas,e doIHGMatravésdasuapresidente,DilercyAdler.

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PARA O CENTENÁRIO DO POETA ROGACIANO

LEITE1

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Academia Ludovicense de Letras Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Academia Poética Brasileira

Ceres Costa Fernandes escreve me perguntando se tenho alguma coisa sobre Rogaciano Leite, poeta, jornalista... Sua filha Helena Roraima Leite mora na Espanha entrou em contato, pois este é o ano de centenário de seu nascimento. Fiquei de verificar...

ROGACIANO BEZERRA LEITE nasceu a 1º de julho de 1920 na Fazenda Cacimba Nova, propriedade dos pais, localizada em São José do Egito (PE), hoje município de Itapetim (PE). Filho dos agricultores Manoel Francisco Bezerra e de Maria Cerqueira Leite. Casado (1954, no Rio de Janeiro) com Maria José Ramos Cavalcante, natural de Aracati que conheceu ainda quando aluna do Colégio Estadual Liceu do Ceará; tiveramseisfilhos:RogacianoLeiteFilho(1954 1992),AnitaGaribaldi(1957 2011),RobertoLincoln(1960), Helena Roraima (1962), Rosana Cristina (1963 1983) e Ricardo Wagner (1966).

Iniciou a carreira de poeta violeiro aos 15 anos de idade, quando desafiou, na cidade paraibana de Patos, o cantador Amaro Bernadino.

Em seguida, o poeta seguiu para Rio Grande do Norte, onde conheceu e iniciou amizade com o renomado poeta recifense Manuel Bandeira

Poeta nato, Rogaciano Leite nasceu com a inteligência, memória e o dom de realizar versos e sonetos de improviso com uma capacidade impressionante. Desde criança, por dezenas de noites, ouviu na casa paterna o grande poeta Antonio Marinho, quando, menino ainda, o acompanhava pelas noites adentro em desafio com os mais afamados cantadores de seu tempo. Essas experiências o marcaram significativamente, tanto que aos seus doze anos de idade fazia seus improvisos nas rodas de amigos e aos quatorze, desafiou, com sucesso, o cantador Amaro Bernardino.

Contrariando a vontade dos pais, Rogaciano fugiu da casa para acompanhar os grandes cantadores Antonio Marinho e Severino Pinto (Pinto do Monteiro) em cantoria pelos sertões de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. As rádios locais davam notícias da presença dos cantadores e de Rogaciano, notícias que sossegam os corações da família.

Aos 23 anos de idade mudou-se para Caruaru, no agreste pernambucano, onde apresentou um programa diário de rádio. De Caruaru, seguiu para Fortaleza, onde se tornou bancário, e deu início na carreira de jornalista na “Gazeta do Ceará” e foi colaborador do jornal “A Tribuna” e “O Povo”.

Em 1941 morou em Caruaru (PE), sendo seu ponto focal entre a casa de seus pais e as diversas cidades da região, onde se apresentava, com suas poesias, seus versos de improviso e desafios como cantador. Ali, mantinha um programa na Rádio Amplificadora de Caruaru e na Rádio Clube de Pernambuco de Recife. Colaborou com os jornais “Vanguarda” e “Pequeno”. A partir de 1942, Rogaciano já era notícia frequente nos jornais locais e nos grandes jornais das capitais do Nordeste.

Em sua turnê de intercâmbio artístico cultural pelo Nordeste, no início da década de 40, com grande sucesso por onde passava, Rogaciano chegou em Fortaleza no ano de 1944. Encantou se

1 Legenda: Rogaciano Leite, cujo nome é homenageado em uma avenida de Fortaleza, edificou a vida sobre diferentes estradas culturais Foto: Acervo Rogaciano Leite/Nair Aderaldo

ANOTAÇÕES

pela cidade e pelo Ceará, sentimentos estes retratados nos seus belíssimos poemas “Ceará Selvagem” e “Fortaleza”.

Rogaciano seguiu com o jornalismo também em Fortaleza. Nas terras alencarinas, ao 23 anos era jornalista contribuinte dos jornais “Gazeta de Notícias”, “Unitário”, “A Tribuna” e outros jornais locais. Foi efetivado como jornalista no jornal “O Povo”, em 1944 e depois nos Diários Associados colaborou com os jornais e revista dessa rede. Além dos jornais, contribuiu para várias revistas locais e nacionais, tal como “Conterrânea”, “Semana”, “Alterosa”, “O Cruzeiro”, etc.

Fugindo de um “amor frustrado”

2: Chamava se Nilda a causadora. O poema “Com tua imagem na memória” que compôs em 1946, bem reflete os seus sentimentos. Começa com este quarteto:

Meu quarto está gelado de Saudade!

As cortinas imóveis… sobre tudo

Desce a tristeza… Meu canário mudo Já não vê quando chega a claridade!

Legenda: O poeta na década de 1930 Foto: Acervo Rogaciano Leite Em Fortaleza, com apenas 24 anos (1944), abriu as portas dos principais salões culturais e dos teatros da cidade, como a Casa de Juvenal Galeno e o Theatro José de Alencar para apresentar sua verve poética e a cantoria de improviso dos cantadores do Nordeste. Participaram de seus recitais os grande cantadores Siqueira de Amorim e Cego Aderaldo.

Em 1949 (ou 1955?3), se tornou bacharel em Letras Clássicas, pela Faculdade de Filosofia do Ceará em Fortaleza.

2 https://jcce.com.br/rogaciano leite de onde veio por onde andou aonde chegou/

3 Ingressou na Faculdade de Filosofia do Ceará no ano de 1955, onde se formou em Letras Clássicas três anos depois. Conforme https://blogdofinfa.com.br/2020/07/itapetim celebra hoje o centenario do poeta itapetinense rogaciano leite.html

Em abril desse mesmo ano (1945), em excursão artística, Rogaciano viajou para o interior do Ceará, para realizar inúmeros recitais nas principais casas de espetáculos. Em Quixadá, desafiou o poeta Cego Aderaldo a cantar com ele no seu recital, o que foi prontamente aceito por Aderaldo. Os dois encantaram o público. A partir daí, Rogaciano e Aderaldo não mais se separaram. Tornaram se companheiros de cantoria, amigos e irmãos espirituais. Rogaciano admirava o Cego Aderaldo e a sua pessoa. Ajudou a projetá lo nacionalmente, por meio da imprensa e apresentando o nos Congressos de Cantadores do Nordeste, que organizou, levando o às principais cidades do Nordeste e ao Rio de Janeiro e São Paulo. Essa bela história de admiração, amizade e respeito entre os dois será em breve divulgada na publicação do livro inédito que Rogaciano escreveu sobre o Cego Aderaldo.Viajou pelo interior do estado, apresentando se em seus recitais e festivais de poesias e sua arte de improviso e desafiando poetas locais, como o fez

De 1945 a 1950, andou por vários estados nordestinos, especialmente Pernambuco, quando em Recife, foi colaborador do “Jornal do Commercio” e do “Diário da Noite”. No mesmo período, Rogaciano foi o idealizador, ao lado de Ariano Suassuna, do I Congresso Regional de Cantadores, realizado em 1948 no Recife. Legenda: O poeta, na década de 1940, recitando uma de suas criações em verso Foto: Acervo Rogaciano Leite

em Quixadá, com o Cego Aderaldo e desde aí se criou uma enorme admiração mútua e forte amizade, que perdurou para sempre.

Permanecendo em Fortaleza, foi criando laços de carinho e amizade. Enamorou se da jovem estudante do Liceu, Maria José Ramos Cavalcante, sua esposa a partir de 1954, com quem teve seis filhos.

Entre 1946 e 1950, realizou uma enorme programação de intercâmbio artístico cultural, palestras e recitais no Sudeste, Norte e Nordeste do Brasil.

Em suas andanças, desde que deixou a casa paterna, conheceu grandes poetas, escritores e intelectuais, de Norte ao Sul do Brasil, tais como Luís da Câmara Cascudo, Manuel Bandeira, Jorge Amado, Leonardo Mota.

Em Fortaleza, 1947, publicou seu opúsculo “Acorda, Castro Alves!”, com 52 páginas, contendo cinco enormes poemas, em homenagem ao centenário do poeta baiano. O lançamento ocorreu no Teatro José de Alencar, durante o inédito I Congresso de Cantadores do Nordeste, organizado e apresentado por Rogaciano Leite, com grande repercussão regional. No ano seguinte, em 1948, organizou e realizou o II Congresso de Cantadores do Nordeste no Teatro Santa Isabel, em Recife (PE). Dessa vez, um evento ainda maior, de três dias, e com sucesso nacional. Ainda em 1948, organizou e conduziu a turnê dos cantadores pelo Nordeste brasileiro.

Em outubro de 1949, Rogaciano Leite e a radioatriz Carolina Lander encenaram, no Teatro Amazonas, o poema dramático do poeta: “Quando eles se encontraram novamente”. Em seguida, organizou uma longa excursão, com festivais e apresentações dos Cantadores do Nordeste, Domingos Fonseca e Cego Aderaldo, no Rio de Janeiro e São Paulo, inclusive em Santos. No final deste mesmo ano, Rogaciano concluiu o Bacharelado em Letras Clássicas pela Faculdade Católica de Filosofia do Ceará.

Entre 1950 a 1955 residiu nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Em São Paulo, apresentou se, cantando e declamando, no Palácio dos Bandeirantes, a convite do então Governador Ademar de Barros. Ainda em São Paulo trabalhou para o “Jornal Última Hora”, “Gazeta de Notícias” e “Revista A Semana”. Seu trabalho jornalístico lhe rendeu dois Prêmios Esso de Reportagem, sendo um em 1965 com a reportagem “A Fronteira do Fim do Mundo”, sobre a Amazônia e o Território de Roraima, e o outro em 1966, com a reportagem “Boa Esperança é Sonho Transformado em Realidade”, a qual falava sobre a Hidroelétrica Boa Esperança, no Piauí. Ainda como jornalista ganhou menção honrosa com uma matéria intitulada “No Mundo Amargo do Açúcar”, sobre o trabalho nos engenhos de açúcar de Pernambuco.

Em 1950, há exatamente 70 anos, a Cidade de Santos, nas pessoas dos seus amigos e admiradores, se reuniram e publicaram o seu livro de poesias “Carne e Alma”, com o prefácio de Luís da Câmara Cascudo. “Carne e Alma” é a obra de referência do grande poeta Rogaciano Leite. Hoje, apesar de estar na quarta reedição, ainda é uma obra rara. (Será reeditada em edição especial em homenagem ao seu centenário de nascimento, junto com uma obra de poesias inéditas).

Ainda em 1950, o poeta e jornalista Rogaciano Leite publicou “O Cantador Antonio Marinho”, na edição nº 23 da Revista Investigações (SP), com 25 páginas. Trata se de separata do seu livro inédito “Cantadores do Nordeste”, o qual deverá ser lançado no próximo ano, ainda em homenagem ao seu centenário.

Em 1951, Rogaciano assinou a seção radiofônica do vespertino “Última Hora” na Rádio Iracema (CE). Neste ano, o Jornalista foi convidado por Samuel Wainer para integrar a equipe do seu jornal Última Hora. Em 1952, ele participou, também, de programas da Rádio Nacional e da Rádio Cultura. Assim, Rogaciano Leite passou a morar entre São Paulo e Rio de Janeiro, mas continuou fazendo seus recitais de poesias do Norte ao Sul do Brasil. (1951 1955).

Rogaciano Leite é autor do poema “Cabelos Cor de Prata”, musicado pelo grande seresteiro Silvio Caldas. Em maio de 1951, Sílvio Caldas gravou pela Continental um 78rpm, depois do enorme sucesso de sua primeira audição, durante a estreia do cantor na Rádio Nacional, no dia

07 de março de 1951, transmitido para todo o Brasil. Nelson Gonçalves, Francisco Petrônio e Jorge Fernandes e outros cantores regravaram essa canção. Seu poema “Recado” foi musicado por Denis Brean e gravado pela cantora Aracy de Almeida. A Valsa “Emilia”, dedicada a miss Emilia Correia Lima, foi musicada pelo Maestro Francisco Soares. Além dessas “CANTAR E SORRIR” é de sua autoria, musicada e gravada por Socorro Lira, entre outras músicas e hinos Em 1952, faleceu o grande cantor Francisco Alves, evento de grande comoção nacional. Rogaciano, admirador e amigo do grande seresteiro, idealizou uma grande “Serenata a Francisco Alves”, para o trigésimo dia de falecimento do cantor, no Vale do Anhangabaú. Apresentou a ideia ao Jornal Última Hora e a Rádio Nacional que a acolhem e marcaram o evento para o dia 25 de outubro de 1952. Rogaciano Leite e Aquilino de Freitas, outro admirador e amigo de Chico Alves, foram incansáveis na organização da grande “Serenata a Francisco Alves”, segundo o Jornal da Manhã. O evento foi transmitido para 35 emissoras e foi gravado. Durante a Serenata, Rogaciano Leite declamou belíssimos versos de improviso em homenagem ao evento e a Francisco Alves, emocionando os presentes. As revistas Manchete e A Noite publicaram fotos e descreveram a grandiosa homenagem ao Chico Viola, que contou com uma multidão aproximada de 250 a 300 mil pessoas, segundo a imprensa local. A Revista Carioca publicou seus versos, a pedido de uma leitora daquele periódico.

Em 1955 voltou a residir em Fortaleza, onde passaria a ser funcionário do Banco do Nordeste do Brasil, chegando a ser convidado por Costa Porto para assumir o cargo de Secretário Particular do Presidente e Relações Públicas da instituição. Depois se licenciou do Banco para dedicar se ao jornalismo e a poesia, fazendo uma turnê de declamações poéticas pelo país.

Em 1955, à convite para ser seu Secretário Particular de Relações Públicas do Dr. Costa Porto, então presidente do Banco do Nordeste do Brasil SA, Rogaciano se mudou com a família para Fortaleza (esposa e seu primogênito). Continuou como jornalista contribuinte para os “Diários Associados” e para vários jornais do país. No Banco do Nordeste, permaneceu até 1960, quando pediu licença sem remuneração para se dedicar exclusivamente ao Jornalismo.

Em 1956, publicou o opúsculo “Poemas Escolhidos”, com 48 páginas, pela Imprensa Oficial de Fortaleza. Além de outras plaquetas, tais como: “Quando eles se encontraram novamente” Poema dramático encenado pelo poeta autor Rogaciano e a radiotraiz Carolina Lander em 08 de outubro de 1949, no Teatro Amazonas ; “2 de Dezembro” Poema cívico; entre outros.

Rogaciano Leite destacou se no jornalismo das décadas de 50 e 60, tanto como cronista, como repórter e jornalista. Viajou com frequência à Região Amazônica para realizar palestras, recitais de poesias, colher informações para as suas reportagens e rever os amigos. Entrou no meio da Amazônia, cenário que o inspirou a compor belíssimos poemas e sonetos, bem como os inéditos poemas reportagens. Com suas extraordinárias matérias de cunho sócio econômico, Rogaciano Leite ganhou três prêmios ESSO de reportagem/jornalismo (1965 a 1967).

Com a série de reportagens “Na fronteira do fim do mundo”, sobre a região Amazônia, Rogaciano conquistou o Prêmio Esso de Reportagem Categoria Regional, em 1965. No ano seguinte, 1966, com a série de reportagens “Boa Esperança da miséria” reportagens belíssimas onde focalizou os detalhes da grande obra da Hidrelétrica de Boa Esperança no Piauí. E, em 1967, com a série de reportagens “No mundo amargo do açúcar” onde mostrou o trabalho anônimo dos que lutam nos engenhos e canaviais de Pernambuco conquistou seu terceiro Prêmio Esso de Jornalismo Categoria Reportagem Regional. A sua matéria “Evangelho da Monstruosidade”, ganhou entre as matérias do Norte e Nordeste em 1967, sem prêmio nacional, na categoria Informativo Científico.

Em 1968 deixou o Brasil para uma temporada na França e outros países da Europa. Na Rússia, deixou gravado, em monumento na Praça de Moscou, o poema Os Trabalhadores.

1968 foi um ano célebre pelos acontecimentos que o marcaram, tanto no Brasil, como na Europa. Foi esse contexto que motivou Rogaciano Leite a viajar para a Europa em 22 de agosto desse mesmo ano, para ver de perto esse movimento de transformações. Desembarcou em Lisboa no dia 23/08, retornando ao Brasil em 19/10/1968. Esses 56 dias, que permaneceu alí, foram suficientes para Rogaciano Leite produzir poesias, bem como captar e registrar com sua máquina fotográfica as belezas e os problemas que encontrou em Portugal, Espanha e França para suas reportagens. Algumas dessas reportagens ainda são inéditas, porque, no início de 1969, Rogaciano teve que viajar ao Norte, onde contraiu hepatites, e em São Luís teve que ser hospitalizado (11 dias) e com tratamento rigoroso previsto para os próximos oito meses. (havia surto de hepatites no Brasil). Mesmo assim, completou sua missão, concluindo suas reportagens, passando por Belém, São Paulo, Rio e Fortaleza.

Alguns dos poemas mais conhecidos de Rogaciano Leite são Acorda Castro Alves, Dois de Dezembro, Poemas escolhidos, Os Trabalhadores e "Eulália. Em dezembro de 2007 foi lançado em Pernambuco, na cidade de Itapetim, pela jornalista Tacianna Lopes o documentário "Reminiscência em Prosa e Versos", o vídeo conta um pouco da história de Rogaciano Leite. Um trabalho inédito, um curta metragem de aproximadamente 23 minutos e que conta com a participação de familiares, admiradores e amigos contemporâneos do Poeta, entre eles está o escritor Ariano Suassuna, que

Legenda: Rogaciano Leite recebe o primeiro Prêmio Esso de Jornalismo da carreira, em 1965 Foto: Acervo

junto com Rogaciano, na década de 40, foi responsável pela realização do I Congresso de Cantadores Repentistas do Brasil.

Havia recebido do Diário do Nordeste, no meio do ano, a seguinte reportagem:4 CENTENÁRIO DE ROGACIANO LEITE: POETA E JORNALISTA REVOLUCIONOU A CULTURA POPULAR NORDESTINA Diego Barbosa, diego.barbosa@svm.com.br 00:00 / 01 de Julho de 2020.

Página especial nas redes sociais, produção de documentário e futuras publicações de escritos inéditos marcam as comemorações pelos 100 anos de nascimento do incontornável pernambucano

A maior credencial de Helena Roraima Leite é ser filha de um homem livre. Um pássaro, conforme descreve. Um albatroz. “Dessas aves que, se as prendem, elas deixam de cantar, se entristecem”, diz. Alguém cuja necessidade era voar e, se fosse para bem longe e perto da natureza, melhor.

Essa perspectiva acerca do pai, Rogaciano Leite, foi desenvolvida desde muito cedo, sendo reiterada conforme Helena mergulhava nas pesquisas sobre o trabalho dele. “Durante esse processo, tive a oportunidade de conversar com alguns de seus amigos e constatar que a visão que tenho dele não é uma visão romantizada de filha. Ele era assim mesmo”, explica, em entrevista ao Verso, por e mail, de Madri (ESP), onde reside.

Vários admiradores e a família de Rogaciano Leite estão escrevendo ou gravando mensagens para homenageá lo na página do centenário dele, nas redes sociais. A fanpage reúne imagens e informações importantes acerca do artista como forma de atestar a potência de sua obra. Além disso, as criações poéticas dele estão sendo reunidas num volume feito especialmente para a ocasião, editado pela Editora CEPE, de Pernambuco, com previsão de lançamento em dezembro ou início do próximo ano.

Outros títulos de autoria do poeta, muitos deles inéditos, igualmente inserem se no cronograma da família para trazê los à tona, a partir de patrocínios e parcerias. Um deles, composto de fotos ilustrativas, compila as séries de reportagens com as quais Rogaciano ganhou dois prêmios Esso (hoje, Prêmio ExxonMobil, maior reconhecimento do Brasil no setor), frutos da carreira como jornalista.

“Rogaciano era um homem letrado e um de seus méritos foi levar a cantoria para espaços legitimados. Organizou festivais de cantorias pelo Ceará e depois esse modelo foi copiado por Pernambuco”.

Além do aconchego plantado no seio familiar ao dividir a vida com a esposa, Maria José Ramos Cavalcante, e os seis filhos, várias foram as contribuições de Rogaciano Leite na cultura popular nordestina. Para Helena Roraima, levando em conta a terra alencarina, a maior herança dele foi fazer pelo Ceará o que, até então, o Estado desconhecia.

ROGACIANO LEITE: POETA E JORNALISTA REVOLUCIONOU A CULTURA POPULAR NORDESTINA, IN https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/verso/centenario de rogaciano leite poeta e jornalista revolucionou a cultura popular nordestina 1.2961112

Diego.

4 BARBOSA,
CENTENÁRIO DE

Ele abriu as portas do Theatro José de Alencar para a cultura popular. Realizou, ali, em 1947, o inédito I Congresso de Cantadores. Trouxe os melhores cantadores do Nordeste para os cearenses apreciarem os versos que transbordam dos poetas repentistas do Vale do Pajeú e para cantar com os poetas locais. Esse intercâmbio enriqueceu a cultura, sem dúvidas. Rogaciano mostrou para a elite intelectual a preciosidade da poesia pura, espontânea e que sai da alma. A impressionante arte da poesia de improviso”, detalha a filha.

Estudioso da trajetória do poeta autor de “Rogaciano Leite: o lírico e o épico em trânsitos e trajetórias da cultura popular (1920 a 1969)”, monografia defendida em 2018 pela Universidade Estadual do Ceará o historiador Edmilson Teixeira reitera a singular importância do artista na inserção da cantoria em novos ambientes.

“Os violeiros, por muitos anos, tinham a circularidade resumida ao universo rural. Suas apresentações eram muito comuns em sítios, feiras, igrejas e bares. Porém, analisando criteriosamente a trajetória de Rogaciano Leite, podemos captar, dentro do trânsito sertão cidade, como se deram esses primeiros contatos dos cantadores rurais com esses políticos urbanizados”, dimensiona.

Podemos dizer que foi a partir do sucesso dessas apresentações em pequenos festivais realizados nos palcos do Theatro José de Alencar e do Teatro São José que se originavam os grandes Congressos dos Cantadores”. Além da já mencionada primeira edição do evento, houve mais duas. O segundo encontro, em 1948, aconteceu no Estado natal de Rogaciano, no Teatro de Santa Isabel, em Recife, contando com nomes como Cego Aderaldo, Dimas Batista, Vicente Granjeiro e Domingos Fonseca. Por sua vez, o terceiro foi sediado na cidade do Rio de Janeiro, em maio de 1949, também organizado por Leite. O evento teve a participação praticamente dos mesmos artistas das duas primeiras edições.

Farto legado

Quanto às obras que Rogaciano Leite deixou, ganha notoriedade o livro “Carne e Alma” (1950), cujo aniversário de 70 anos é celebrado em 2020. Publicado pela casa fluminense Irmãos Pongetti Editores, é a criação poética mais conhecida do artista, tendo em vista a grande amplitude conquistada por meio de três reedições 1971 (Fortaleza), 1988 e 2009 (Recife).

Legenda: Rogaciano Leite, em 1949, com Domingos Fonseca, Cego Aderaldo e Mário Aderaldo, num congresso, em São Paulo Foto: Acervo Rogaciano Leite

O autor também escreveu, em opúsculo, o livro “Acorda, Castro Alves!” (1947), e “Poemas Escolhidos” (1956). Ainda deixou muitos escritos sobre o contato desenvolvido com os maiores cantadores de sua geração, entre eles Cego Aderaldo (de quem foi bastante amigo) e Antônio Marinho. Esses trabalhos ainda constam sob análise e catalogação, para que possam vir a integrar futuras obras.

Como poeta compositor, Rogaciano Leite é autor de vários poemas musicados e gravados. “Cabelos Cor de Prata”, música de Sílvio Caldas, de 1950, é um exemplo. A canção fez grande sucesso nas décadas de 1950 e 1960, ficando entre as primeiras nas paradas de sucesso. Foi regravada várias vezes por Sílvio em LPs, bem como por Nelson Gonçalves, Jorge Fernandes, Francisco Petrônio, Ventura Ramiro, Armando Vidigal, Bebeto Castilho, entre outros.

Por sua vez, a faceta jornalística de Rogaciano também merece destaque. Conhecido pela capacidade de escrever reportagens inteiras em versos, ganhou distinção, sobretudo pelas matérias de cunho social, assumindo se um jornalista combativo e que denunciava os horrores da sociedade para todo o Brasil.

A conquista do primeiro prêmio Esso deu se pela série de reportagens “Na Fronteira do Fim do Mundo” (1965), publicada na Gazeta de Notícias do Ceará e realizada no Acre, Pará, Rondônia e Roraima. Nela, se debruçou sobre as problemáticas de um país aparentemente esquecido pelo Poder Público, em que o trabalho nos seringais trazia aspectos de escravidão, solidão e miséria.

No ano seguinte, o nome de Rogaciano volta a constar na premiação, contudo sendo condecorado com menção honrosa pela série de reportagens “Boa esperança da miséria”. Assim como o trabalho laureado anteriormente, este, veiculado pelo periódico A Província do Pará, também possuía um viés de cobrança ao Poder Público e de denúncias sobre a situação miserável que viviam comunidades interioranas nas divisas do Maranhão e do Piauí.

Foi em 1967, contudo, que o jornalista figurou novamente como vencedor da láurea. Na conta, mais uma série de matérias, pela Gazeta de Notícias do Ceará: “No mundo amargo do açúcar”, na qual denunciava os horrores vivenciados por trabalhadores nos canaviais pernambucanos. Naquele mesmo ano, Rogaciano também concorreu a um prêmio na categoria Informação Científica, com a matéria “O evangelho da monstruosidade”, que investigava uma missão presbiteriana responsável por esterilizar mais de 3 mil mulheres nas regiões do Norte e Nordeste brasileiro. As matérias contavam com depoimentos fortes, que chocaram toda a sociedade da época.

Relevância

Helena Roraima Leite enlaça tantas conquistas do pai em fala inspirada, em que rememora os passos dados por Rogaciano Leite em tantas estradas culturais, sobretudo em solo alencarino: “Pensando nos cearenses, a relevância de se conhecer mais sobre Rogaciano Leite é a mesma de se descobrir os encantamentos da Terra da Luz, vistos pelo olhar de um poeta. Saber como esse pernambucano chegou no Ceará, o que ele viu nesse povo, por que escolheu essas terras para formar sua família, qual foi seu legado para o desenvolvimento do Nordeste e para a cultura do Estado o que lhe rendeu a homenagem de ter seu nome em uma das principais avenidas de Fortaleza: tudo isso farácom queo cearense descubraum poucomais da sua terra e daimportância de ser Nordestino nas terras de Alencar”.

Faleceu no Rio de Janeiro, a 7 de outubro de 1969, no Hospital Souza Aguiar, vítima de um infarto do miocárdio e sepultado no Cemitério São João Batista em Fortaleza CE, cidade onde residia e terra natal de suaesposa.Ocorpofoitrazido para Fortaleza através dojornal “AFolha”,acompanhadopelajornalistaNeuza Coelho.

No início do mês de outubro, em missão dos Diários Associados, Rogaciano viajou para São Paulo e Rio de Janeiro. Nesta última cidade, em plena produção, cheio de planos e com apenas 49 anos, no dia 07 de outubro de 1969, Rogaciano Leite foi vítima de um infarto do miocárdio. Rogaciano Leite faleceu no Hospital Souza Aguiar, na cidade do Rio de Janeiro. Seu corpo foi velado pelos amigos na cidade carioca e transladado para Fortaleza, onde foi sepultado no Cemitério São João Batista um desejo do poeta gravado em seus versos. Na capital cearense. Rogaciano foi recepcionado pela família amigos, jornalistas, intelectuais e admiradores. Durante a missa e o sepultamento, Rogaciano foi lembrado e homenageado por vários oradores, cantadores e violeiros, poetas e autoridade. Ao som de 13 violas. O momento mais emocionante foi quando Otávio Santiago, acompanhado ao violão por Aleardo Freitas, cantou “Cabelos Cor de Prata”, poema de Rogaciano Leite e música de Silvio Caldas. Foi uma noite inesquecível. No dia seguinte, os jornais locais noticiaram o ocorrido com manchetes como essas: “VIOLAS CHORARAM NO ADEUS A ROGACIANO” “VIOLAS LEMBRARAM ROGACIANO LEITE”

Rogaciano Leite viveu uma vida curta, mas a viveu intensamente! Viveu com a alma de poeta. Registrou sua presença e obra na memória de quem o conheceu e ouviram seus versos, suas conversas; sentiu sua alegria, generosidade e amizade.

Em sua vida multifacetada, Rogaciano foi poeta, repentista, poeta erudito, radialista, conferencista, escritor, compositor de músicas, jornalista investigativo, repórter itinerante da imprensa nacional, promotor da cultura brasileira, poeta embaixador dos Cantadores do Nordeste e um pesquisador arguto e criterioso de problemas e fenômenos sociais, políticos e econômicos nos quatro cantos do país.

Seu legado vai além do que está escrito, está presente em todos os milhares de versos transbordados de pura poesia e sentimento, que saiam espontaneamente de sua boca e eram transmitidos pela sua voz melodiosa e carregada de emoção. Está na música, na literatura, no jornalismo e na cultura popular e erudita brasileira. Também está gravada em nomes de avenidas, ruas, praças, escolas e como patronos de Academias de Letras, poesias e cordel.

A família organizou em um perfil do facebook várias informações, fotos, poesias, depoimentos, crônicas, reportagens e informações sobre o poeta Rogaciano Leite. (CentenárioRogaciano Leite) e no Instagram Rogaciano Leite Oficial. Em breve será lançado a página web Rogaciano Leite Oficial e dois livros de poesias de sua autoria, sendo um a reedição do Carne e Alma. Aguardem!

NO MARAHÃO

Em 1947, passou por São Luis, aqui permanecendo por cerca de dois meses, antes de seguir para Belém e Manaus. Em seu regresso daquela cidade, passa novamente por São Luís. Retorna só depois em 1969.

Foi muito bem recebido pelos intelectuais maranhenses, realizando uma série de apresentações no Artur Azevedo, e em outros locais, inclusive participando de festas de aniversários, onde costumava declamar: JORNAL SEMINÁRIO DOS MOÇOS CATÓLICOS, 1947

DIÁRIO DO MARANHÃO, 13 DE NOVEMBRO DE 1947
DIÁRIO DE SÃO LUIS, 14 DE NOVEMBRO DE 1947
DIÁRIO DE SÃO LUIS, 16 DE NOVEMBRO DE 1947
DIÁROIO DE SÃO LUIS, 18 DE NOVEMBRO DE 1947
DIÁRIO DE SÃO LUIS, 20 DE NOVEMBRO DE 1947
DIÁRIO DE SÃO LUIS, 21 DE NOVEMBRO DE 1947
DIÁRIO DE SÃO LUIS, 26 DE NOVEMBRO DE 1947
DIÁRIO DE SÃO LUIS, 28 DE NOVEBRO DE1947
DIÁRIO DE SÃO LUIS, 28 DE NOVEMBRO DE 1947
DIÁRIO DE SÃO LUIS, 30 DE NOVEMBRO DE 1947
DIÁRIO DE SÃO LUIS, 4 DE DEZEMBRO DE 1947
DIÁRIO DE SÃO LUIS, 6 DE DEZEMBRO DE 1947

DIÁRIO DE SÃO LUIS, 10 DE JANEIRO DE 1948

DIÁRIO DE SÃO LUIS, 17 DE JANEIRO DE 1948

DIÁRIO DE SÃO LUIS, 18 DE FEVEREIRO E 1948
DIÁRIO DE SÃO LUIS, 22 DE FEVEREIRO DE 1948
DIÁRIO DE SÃO LUIS, 26 DE FEVEREIRO DE 1948
DIÁRIO DE SÃO LUIUS, 18 DE JULHO DE 1948

LEOPOLDO DULCIO VAZ: DE ONDE VIERAM OS POVOS TUPI? (FIM DE UM MITO)

Leopoldo Vaz é da Academia Poética Brasileira.

FIM DE UM MITO

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Vieira afirmou que os Tupinambá e Tabajara contaram lhe que os povos Tupi migraram para o Norte do Brasil pelo mar, vindos de um país que não mais existia, e que o país Caraíba teria desaparecido progressivamente, afundando no mar. Os tupis salvaram se, rumando para o continente.

Os tabajaras diziam se o povo mais antigo do Brasil e se chamavam de "tupinambás", (homens da legítima raça tupi), desprezando parte dos outros tupis, com o insulto "tupiniquim" e "tupinambarana", (tupis de segunda classe), e sempre conservaram a tradição de que os tupis eram originados de sete tribos; e que o povo tapuia, do povo tupi, eram os verdadeiros indígenas brasileiros (RAHME, 2013).

O arqueólogo maranhense Arkley Bandeira (2013) traz que a ocupação do Vinhais Velho na Ilha de Upaon Açú, ou de São Luis é datada de pelo menos 3.000 anos. As datações obtidas, para as ocupações humanas que habitaram o Vinhais Velho, possibilitaram construir uma cronologia para a presença humana nesta região da Ilha de São Luis, que data desde 2.600 anos atrás se estendendo até a chegada dos colonizadores (1590 1612?).

Essas datações se relacionam com os três períodos de ocupação humana no Vinhais Velho em tempos pré históricos: ocupação sambaqueira/conchífera durou até 1.950 atrás, com uma permanência de 650 anos. (p. 76); ocupação ceramista com traços amazônicos em torno de 1840 anos atrás foi novamente ocupada por grupos humanos bastante diferentes dos povos que ocuparam o sambaqui. Esses grupos produziam uma cerâmica muito semelhante às encontradas em regiões amazônicas, sendo prováveis cultivadores de mandioca. (p. 76). Esses grupos habitaram a região do Vinhais Velho até o ano 830 antes do presente, totalizando uma ocupação de 1.010 anos. A provável origem dos grupos ceramistas associados à terra preta é a área amazônica, possivelmente o litoral das Guianas e do Pará. (p. 76).

Por último, a ocupação Tupinambá (p. 75) ocorreu em torno de 800 anos antes do presente e durou até o período de contato com o colonizador europeu, já no século XVII. Trata se de povos Tupinambás, que

EducaçãoConvidados APB

ocuparam essa região, possivelmente vindos da costa nordestina, nas regiões do atual Pernambuco e Ceará. A ocupação Tupi, a julgar pelas datações durou pouco mais de 800 anos (p. 76)

Nos anos 1970, outro pesquisador deu visibilidade à ocupação humana pré histórica da Ilha de São Luís Mário Ferreira Simões, ligado ao Museu Paraense Emílio Goeldi que realizou o Projeto São Luís. A pesquisa inspecionou oito sambaquis com o objetivo de comparar os sítios residuais de São Luís com os do litoral leste e litoral paraense. Essas pesquisas resultaram nas primeiras datações para os assentamentos humanos pré históricos do Estado do Maranhão, em torno de 2.686 anos antes do presente.

Outro pesquisador, Ludwig Schwennhagen (1924) afirma que a migração dos povos Tupi ao Norte do Brasil pode ser calculada para a data de 3000 a 2000 a.C. As ultimas levas entraram quando se quebraram as terras do golfo do México e do mar Caraibico. Assim se pode colocar a ocupação e cultivação da ilha do Maranhão na época de 2000 anos a.C., ou 3500 anos antes da chegada dos europeus.

Para esse pesquisador, todos os momentos geográficos e etnográficos indicam que a ilha do Maranhão constituía, na primeira época das grandes navegações, isto é, entre 3500 a 1000 anos antes da era cristã, um empório marítimo e comercial. Essa época começou naquele momento em que se completou o desmoronamento do antigo continente Atlantis e que os povos que lá se refugiaram no ocidente, quer dizer na America Central, ou no oriente, nos países ao redor do mar Mediterrâneo.

Enéas Barros (s.d.), ao analisar a obra de Ludwig Schwennhagen, considera que “Tupi” significa “Filho de Tupã”, e foi dado aos povos indígena que habitavam a antiga Atlântida. Eram sete tribos, que fugiram para outra grande ilha, a Caraíba (situada no Mar das Antilhas), em função do desmoronamento da Atlântida. Essa outra ilha teve o mesmo fim, fazendo com que os indígenas fugissem para a região da Venezuela.

O país Caraíba todos os anos desligava se em pedaços até que desapareceu inteiramente afundado no mar. Contam que os tupis salvaram se em pequenos botes, rumando para o continente onde já está a República da Venezuela... Quando chegaram os primeiros padres espanhóis na Venezuela, contaram lhes os piegas aqueles acontecimentos do passado. Disseram que a metade da população das ilhas, ameaçadas pelo mar, retirou se em pequenos navios para a Venezuela, mas que morreram milhares na travessia. A outra metade foi levada em grandes navios para o Sul onde encontraram terras novas e firmes.

Ao tomarem conhecimento da existência desses povos na Venezuela, os fenícios conseguiram levá los em seus navios para o norte do Brasil. O local para a ordem e Congresso dos povos Tupis foi batizado pelos piagas (pagés) de Piagui, de onde originou se Piauhy. Geograficamente, o lugar era Sete Cidades. Para Ludwig, a palavra Piauí significa terra dos piagas, condenando a interpretação de que o nome provém do peixe piau, abundante nas águas do Rio Parnaíba.

Varnhagem, Visconde de Porto Seguro, confirma na sua História Brasileira, que essa tradição a respeito da emigração dos Caris tupis, da Caraíba para o Norte do continente sul americano, vive ainda entre o povo indígena da Venezuela.

Para Ludwig Schwennhagen os fenícios transportaram os tupis, palavra que significa filho de Tupan, de lugar onde está hoje o Mar das Caribas onde havia”um grande pedaço de terra firme, chamado Caraíba (isto é, terra dos caras ou caris). Nessa Caraíba e nas ilhas em redor viviam naquela época as sete tribos da nação tupi que foram refugiados da desmoronada Atlântida, chamaram se Caris, e eram ligados aos povos cários, do Mar Mediterrâneo...

Justifica se a origem do nome Tupi pela língua dos Cários, Fenícios e Pelasgos, onde o substantivo Thus, Thur, Tus, Tur e Tu significa sacrifícios de devoção. O infinitivo do verbo sacrificar é, no fenício, tu na, originando tupã. “A origem de Tupã, como nome de Deus onipotente, recua à religião monoteísta de Car”, afirma Ludwig.

Por volta do ano 1.000, os territórios amazônicos haviam sido conquistados pelos movimentos de expansão dos povos tupi guaranis, aruaques e caribes, principalmente. É por essa época que a Amazônia provavelmente atingiu uma das maiores densidades demográfica. (MIRANDA, 2007, p. 15).

Luciara Silveira de Aragão e Frota (2014) afirma que a dispersão da grande família Tupi guarani parece ter sido das mais remotas. Bem mais remota que a verificada com os Aruaques. Sua origem seria dos protomalaios que, em várias correntes, acostaram no istmo do Panamá.

Os tabajaras diziam se os povos mais antigos do Brasil, isso quer dizer que eles foram aquela tribo dos tupis que primeiro chegou ao Brasil , e que conservou sempre as suas primeiras sedes entre o rio Parnaíba e a serra da Ibiapaba. Desse relato é, pois de se encaminhar para a conclusão de que os tabajaras foram precedidos pelos cariris no povoamento do Ceará, e antecederam aos potiguares dentro da divisão denominada de grupo Brasília (POMPEU SOBRINHO1955).

Repetindo, o padre Antonio Vieira, o grande apóstolo dos indígenas brasileiros, assevera em diversos pontos de seus livros, que os Tupinambás, como os Tabajaras, contaram lhe que os povos tupis imigraram para o Norte do Brasil pelo mar, vindos dum país que não existia mais”, com os primeiros emigrantes teriam aportado em Tutóia e daí se dividiram em três povos: Tabajaras, entre o rio Parnaíba e a serra da Ibiapaba; os Potiguares além do rio Poti, e Cariris que tomaram as terra da Ibiapaba para o nascente. A segunda leva de emigrantes veio dar a um segundo ponto escolhido pelos fenícios a ilha do Maranhão que denominaram Tupaon (burgo de Tupan).

Os Tabajaras duvidaram da legitimidade de tupi de tais emigrantes, pois eles trouxeram antigos indígenas Caraíbas que para eles trabalhavam. Adotaram eles então o nome referencial de Tupinambás [...].

Pois bem, esse o mito da primeira ocupação da Ilha do Maranhão a terra sem males... Mito que começa a ser desvendado pela recente divulgação (2013; 2016) de uma descoberta do ano de 2000 ocorrida a noroeste da costa de Cuba um grupo de cientistas canadenses descobriu uma cidade perdida a 700 metros de profundidade https://www.youtube.com/watch?v= gKEU3kkeMQ., quando um robô submarino tirou as fotografias das ruínas de edifícios, quatro pirâmides gigantes e um objeto parecido com uma esfinge.

Especialistas sugerem que os edifícios pertencem ao período pré clássico do Caribe e da história da América Central. A antiga cidade podia ser habitada por uma civilização semelhante aos habitantes de Teotihuacán (cidade fantasma de cerca de 2000 anos, localizada a 50 km da cidade do México). Já pesquisadores independentes afirmam que as ruínas provavelmente são de Atlântida, o lendário continente desaparecido mencionado pela primeira vez pelo filósofo Platão.

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https://www.youtube.com/watch?v= gKEU3kkeMQ. https://piramidal.net/2013/03/13/antiga cidade submersa e encontrada no triangulo das bermudas seria atlantida/; http://paralelosexperimentais rubensurue.blogspot.com.br/2013/05/gigantesca cidade submersa descoberta.html; http://descobertasarqueologicas.blogspot.com.br/2016/03/antiga cidade submersa encontrada no.html; http://thoth3126.com.br/atlantida restos de uma imensa cidade encontrada na costa de cuba/ BANDEIRA, Arkley Marque. VINHAIS VELHO: ARQUEOLOGIA, HISTÓRIA E MEMÓRIA. São Luis: Edgar Rocha, 2013.

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BANDEIRA, Arkley Marques. A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO EM ARQUEOLOGIA: hipóteses sobre o povoamento pré colonial na Ilha de São Luís a partir das campanhas arqueológicas de Mário Ferreira Simões. Outros Tempos, www.outrostempos.uema.br, ISSN 1808 8031, volume 03, p. 18 36 25

BANDEIRA, Arkley M. UM PANORAMA SOBRE OS REGISTROS RUPESTRES NO ESTADO DO MARANHÃO. Monografia apresentada ao Curso de História como requisito para conclusão do mesmo. Universidade Estadual do Maranhão. Campus Paulo VI, São Luís, 2003.

BANDEIRA, Arkley M..O SAMBAQUI DO BACANGA NA ILHA DE SÃO LUÍS MARANHÃO: um estudo sobre a ocorrência cerâmica no registro arqueológico. Pré projeto de dissertação de mestrado apresentado ao Programa de Pós Graduação em arqueologia do MAE USP como requisito obrigatório para seleção dos ingressantes no segundo semestre de 2005, São Paulo, 2005;

BANDEIRA, Arkley Marques. OCUPAÇÕES HUMANAS PRÉ HISTÓRICAS NO LITORAL MARANHENSE: um estudo arqueológico sobre o sambaqui do Bacanga na ilha de São Luís Maranhão. Dissertação de Mestrado, 2008. http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/71/71131/tde 26092008 145347/pt br.php BARROS, Eneas. A TESE DE LUDWIG SCHWENNHAGEN. (s.d.), acessado em 25 de fevereiro de 2016. Disponível em http://www.piaui.com.br/turismo_txt.asp?ID=339, BlogPiauí. FROTA, Luciara Silveira de Aragão e. OS TABAJARAS E A LOCALIZAÇÃO DE TRIBOS CIRCUNVIZINHAS. Os%20Tabajaras%20e%20a%20Localização%20de%20Tribos%20Circunvizinhas.html

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POMPEU SOBRINHO, Thomas. HISTÓRIA DO CEARÁ PRÉ HISTÓRIA CEARENSE.Fortaleza: Editora Instituto do Ceará, 1955.

RAHME, Claudinha. FENÍCIOS DESCOBRIRAM O BRASIL ANTES DE CABRAL? IN Gazeta de Beirute, Edição 57, disponível em http://www.gazetadebeirute.com/2013/05/fenicios descobriram o brasil antes de.htmlSCHWENNHAGEN, Ludovico. “SÃO LUIS NA ANTIGUIDADE”. A Pacotilha, 4 de setembro de 1924. MIRANDA, Evaristo Eduardo de. QUANDO O AMAZONAS CORRIA PARA O PACÍFICO. 2 Ed. Petrópolis: Vozes, 2007.

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VIEIRA, Antonio; CÓPIA DE UMA CARTA A EL REY SOBRE AS MISSÕES DO CEARÁ, DO MARANHÃO, DO PARÁ E DAS AMAZONAS, REVISTA DO INSTITUTO DO CEARÁ, Tomo X (1896).

ATLETAS

DESTACARAM AQUI E LÁ FORA, CONQUISTANDO TÍTULOS IMPORTANTES.

MARANHENSES QUE SE

NERES PINTO

O IMPARCIAL, 8 DE SETEMBRO DE 2022

MHARIO LINCOLN

Na capital maranhense, nasceram atletas famosos que compõem a imensa lista dos que fazem parte dessa história.

Grandes talentos no esporte de São Luís | O Imparcial 08 de Setembro de 2021 O Maranhão é conhecido internacionalmente como um dos estados brasileiros reveladores de grandes talentos em diversos esportes. Em São Luís nasceram atletas famosos que compõem a imensa lista dos que fazem parte dessa história. Eles se destacaram aqui e lá fora, conquistando títulos importantes. Difícil lembrar e relacionar todos os astros nas mais diversas modalidades em todas as épocas. Por ser o esporte mais popular do mundo, o futebol teve maior espaço de divulgação na mídia. Os demais, no entanto, não foram esquecidos, pois representaram muito bem o nosso estado.

JOÃO EVANGELISTA BELFORT DUARTE (1883 1918), mais conhecido por, Belfort Duarte, nascido na capital maranhense, marcou época por ter participado da fundação da Associação Atlética Mackenzie College, primeiro clube de futebol formado por brasileiros, em São Paulo. No Rio de Janeiro, em 1907, jogou no América como meio campista, depois zagueiro, foi capitão, técnico, diretor geral do futebol e tesoureiro. Abriu as portas do clube rubro carioca aos atletas negros. Encerrou sua carreira no Flamengo RJ, em 1915, e como pregava respeito total aos adversários, ao ponto de denunciar um pênalti cometido por ele mesmo, por sua lealdade e honradez, acabou sendo homenageado com um troféu que tinha o seu nome, entregue ao jogador que passasse dez anos sem sofrer uma expulsão.

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CLÁUDIO VAZ DOS SANTOS, popularmente conhecido como “Alemão”. (Foto: Reprodução) CLÁUDIO VAZ DOS SANTOS, popularmente conhecido como “Alemão” (1935 2021), nascido em São Luís, marcou época como um atleta dos mais completos. Praticou basquetebol, voleibol, futebol de campo e salão, atletismo e natação. Pertenceu a uma geração de destaques do esporte maranhense, nas décadas de 1950 e 1960, e foi coordenador de Educação, Esportes e Recreação da Secretaria de Educação e Cultura, criador do Festival Esportivo da Juventude, embrião dos Jogos Escolares Maranhenses.

SEBASTIÃO RUBENS PEREIRA, Tião 1957 2005), em São Luís, foi um dos maiores destaques do handebol masculino do Brasil. Chegou a ser chamado de “Pelé do Handebol”, pela sua habilidade e técnica capazes de desequilibrar os jogos em sua época. Passou a ser mais conhecido nacionalmente após brilhantes atuações pela Seleção Maranhense de Handebol Juvenil em dezembro de 1973, no Estádio Caio Martins, em Niterói, no Rio de Janeiro, e no ano seguinte em Osasco SP, onde o Maranhão ficou em quarto e terceiro lugar, respectivamente. Em 1976, Tião foi considerado o melhor jogador de handebol do país e pela seleção maranhense levantou o título de campeão na categoria adulto. Foi parar na Seleção Brasileira de Handebol na função de armador central. Em Nice, na França, era chamado de Maravilha Negra pelo jornal L’Equipe. Morreu aos 48 anos. A maior homenagem está no ginásio de esportes do Parque do Bom Menino.

RAFAEL DUAILIBE LEITÃO, enxadrista, se destaca pelos importantes títulos conquistados, entre os quais o de heptacampeão brasileiro e Grande Mestre Internacional de Xadrez. Ele começou com seis anos de idade e aos nove foi campeão brasileiro mirim (sub 10 1989), quando também foi campeão mundial juvenil (FIDE). Em 1995, aos 15 anos, alcançou o título de Mestre Internacional, ao sagrar se campeão panamericano juvenil, em Santiago (Chile). Defendeu o país em nove Olimpíadas de Xadrez, de 1996 a 2018. Participou de vários campeonatos mundiais. Em Nova Delhi figurou entre os 16 melhores do mundo. É o único brasileiro campeão mundial de xadrez (FIDE) por duas vezes: sub 12, (Varsóvia, 1991) e sub 18 (Menorca, 1996), este último, de alto nível. Mas foi em junho de 2014 que atingiu o rating de 2652, o mais alto de sua carreira. Rafael Leitão foi sete vezes campeão Brasileiro Absoluto de Xadrez:96, 97, 98, 2004, 2011, 2013 e 2014 e hoje continua figurando entre os grandes nomes do xadrez mundial.

IZIANE CASTRO MARQUES, ludovicense, moradora do bairro Liberdade, estrela do basquete, destacou se nas categorias de base do Osasco SP, e em 2002 jogou pelo Miami Sol da Flórida, sendo mais jovem da Women’s National Basketball Association, aos 21 anos.

Estrela maranhense do basquete Iziane Castro Marques. (Foto: Divulgação) Depois de uma trajetória vitoriosa em diversos países, inclusive da Europa, mostrou seu enorme talento pela Seleção Brasileira, onde se tornou campeã da Copa América em 2001 e terminou na quarta colocação nos Jogos Olímpicos de 2004 e Mundial de 2006. Com a camisa do Brasil fez 870 pontos em 71 jogos. Na volta a São Luís, em 2011, defendeu o Maranhão Basquete e o Sampaio Basquete na LBF em 2016. Hoje, gerencia um projeto social destinado a revelar jovens talentos no esporte da Ilha.

ANA PAULA RODRIGUES BELO (1987) é uma das mais talentosas atletas de handebol do mundo, hoje atuando na Romênia. Graças à sua performance, vestiu a camisa da Seleção Brasileira nos Jogos Olímpicos de 2008, 2012, 2016 e 2021. Conquistou o Mundial em 2013 na Sérvia. Nasceu em São Luís e começou a

praticar esportes no bairro da Liberdade. Ao se destacar na escola Alberto Pinheiro, em 2002 foi morar em Guarulhos SP, onde permaneceu até 2007 quando assinou contrato com o clube espanhol BM Puerto Dulce Roquetas. Daí em diante, foram vários clubes e títulos na Europa (Áustria, França, Rússia e Romênia) e inúmeras conquistas importantes. Foi campeã dos jogos sul americanos de Santiago do Chile no ano de 2014, do Pan americano em 2011 no Brasil, 2013 na República Dominicana e 2017 na Argentina, tricampeã dos Jogos Pan Americanos, 2011 Guadalajara, Toronto 2015, e Lima em 2019, campeã do Sul Americano na Argentina.

+ CASEMIRO DE NASCIMENTO MARTINS (1947), ludovicense conhecido popularmente como Rei Zulu, destacou se como brilhante lutador de vale tudo brasileiro. Durante 17 anos, foi o grande nome desse esporte no Brasil, conquistando 151 vitórias em 200 lutas. Sua fama o levou a viagens por vários estados e pelo mundo. Desafiou lutadores famosos, inclusive o também invicto Rickson Gracie. O escritor e

JULIA LEAL NINA (nadadora), ludovicense, vem mostrando seu talento desde os nove anos de idade no cenário nacional e internacional. Foi campeã dos 10 km da 3ª etapa do Circuito Brasileiro de Maratonas Aquáticas, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, em 2015. A coleção de medalhas e troféus é imensa é imensa, entre as quais o 1º lugar na 3ª etapa do Brasileiro de Maratonas Aquáticas Infantil e na Travessia do Rio Negro de Maratonas Aquáticas. Aos 17 anos já estava na Seleção Brasileira em Quebec, no Canadá. Teve dezenas de participações em competições internacionais. É tetracampeã do Circuito Nacional pela Seleção Brasileira Principal de Maratonas Aquáticas.

procurador do Estado, Bento Tomé, escreveu um livro intitulado “Rei Zulu, a Majestade Bárbara”, contando a história do lutador maranhense. Em novembro de 1984 Rei Zulu conquistou uma das suas mais importantes vitórias sobre o competidor Sérgio Batarelli, lutador de Kickboxing. Apesar de já ter completado 62 anos em 2007, teve três lutas no Brasil e venceu todas elas por nocaute. Só parou em 2008, mas deixou como sucessor o filho Zuluzinho, também destaque nesse esporte.

JOSÉ MARIA SILVA FILHO, o Zezinho (1960), nasceu em São Luís e foi criado no bairro Liberdade. É Mestre Internacional de Damas, diplomado pela Federação Mundial. Nove vezes campeão brasileiro em 12 torneios disputados, além de vice três vezes seguidas, ele levantou o título no estado do Maranhão em 21 oportunidades. Antes de ser damista jogava dominó e botão. Aos 13 anos começou a se dedicar com maior ênfase às damas de 100 casas. Em 1978 foi campeão maranhense pela primeira vez. Em 1988 disputou o Campeonato Mundial no Suriname onde ficou na oitava colocação (relâmpago) e décimo primeiro em jogo

ALLAN IGOR MORENO SILVA, filho do damista Zezinho, nascido em São Luís (1993) é outro destaque nas damas de 100 casas. Grande Mestre Internacional, foi quatro vezes campeão pan americano, batendo um recorde de um russo naturalizado americano, sendo também o primeiro brasileiro a conseguir esta façanha. Allan Igor, antes já havia sido o mais jovem Grande Mestre Internacional do mundo, título outorgado pela Federação Mundial de Jogo de Damas. Em 2011 e em 2012 foi o único damista das Américas no Sportaccord Mind Games, realizado na China, com 16 participantes de 16 damistas dos cinco continentes.

ONDE NASCEU O CRAQUE CANHOTEIRO?

JOSÉ RIBAMAR DE OLIVEIRA, O CANHOTEIRO, mesmo tendo registro de nascimento no cartório do município de Coroatá, na verdade, veio ao mundo em São Luís, onde residiam seus pais, no bairro Diamante, segundo afirma o jornalista Haroldo Silva, que atuou em uma equipe amadora juvenil (Paissandu) na qual nosso maior craque de todos os tempos também jogou, na capital maranhense. “Eu conversava muito com Canhoteiro, um cara que fazia embaixadinhas com bola de gude e sabia driblar e desequilibrar os mais ferrenhos marcadores”, revela Haroldo. “A informação do nascimento dele em São Luís me foi passada pelo seu pai, senhor Cecílio. O registro feito em Coroatá foi por questões financeiras”, atesta. No time do Paissandu também jogavam Celso Coutinho, Hernane, Totó, Schalcher e tantos outros nomes da época. O Canhoteiro não atuou como profissional em nenhum clube do Maranhão. “Uma vez foi cedido pelo Paissandu para jogar um amistoso pelo Sampaio Corrêa e arrasou”, completa o experiente comentarista esportivo Haroldo Silva. De São Luís, o craque foi jogar no futebol cearense (América de Fortaleza), onde chamou a atenção do São Paulo, que o contratou em 1954. Brilhante com a camisa do Tricolor Paulista, por ser um ponta esquerda extremamente habilidoso, esteve três vezes na Seleção Brasileira, inclusive na fase preparatória da Copa do Mundo de 58. Foi apontado como o maior ponta esquerda do futebol brasileiro em todos os tempos, inclusive pelo Rei Pelé. A maior homenagem prestada a ele no Maranhão está no nome do complexo esportivo do Outeiro da Cruz, após uma série de publicações sobre sua história em O Imparcial, e aprovação na Assembleia Legislativa, do projeto de lei de autoria do deputado Afonso Manoel, em 2007, no governo Jackson Lago.

CADEIRA 22 PATRONO - JOSÉ AMÉRICO OLÍMPIO CAVALCANTE DOS ALBUQUERQUE MARANHÃO SOBRINHO 1º OCUPANTE - ANTÔNIO AILTON SANTOS SILVA

CADEIRA

PATRONO - RAIMUNDO CORRÊA DE ARAÚJO

BATISTA RIBEIRO FILHO

Olha só que convite especial!

Nosso grande artista Maranhense, Joãozinho Ribeiro, poeta, cantor e compositor, amigo e parceiro de Samuel Barrêto, estará conosco na "II Semana Cultural Samuel Barrêto", de 07 a 09 de outubro de 2022, em Pedreiras MA.

Venha conosco e participe desse grande momento cultural!

Valeu grande @joaozinhoribeiromilhoesdeuns https://www.instagram.com/reel/CiayQg1jNZB/?igshid=MDJmNzVkMjY=

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1º OCUPANTE JOÃO

AGOSTO DE CHOROS E ENCANTAMENTOS

Sem apegos maiores ao sentido literal do título, o mês de agosto escancara uma belíssima janela para os apreciadores do gênero musical, com várias apresentações públicas, juntando diferenciados grupos, intérpretes e compositores, em diversificados espaços comunitários da cidade encantada de São Luís.

O vitorioso projeto RicoChoro ComVida na Praça, liderado pelo estimado parceiro Ricarte Almeida Santos, cujo nome já diz tudo, oferece nos três edições nos dias 06 (Praça do Letrado, Vinhais), 20 (Praça Nossa Senhora de Nazaré, Cohatrac) e 27 (Largo da Igreja do Desterro). Sucesso antecipado de palco e de público, só podemos desejar vida longa ao projeto RicoChoro ComVida na Praça, e parabenizar toda equipe de produção do vitorioso evento.

A novidade da temporada é o lançamento no dia 13/08 (um sábado), às 19h, no Convento das Mercês, do projeto “Choro (en)Cantado”. Este, coordenado pelo poeta e compositor Joãozinho Ribeiro, conta com a cumplicidade cultural de vários parceiros, com destaque para a Academia do Show, a Fundação Memória Republicana do Brasil, a Dupla Criações e os aguerridos companheiros da Feira da Tralha.

Lena Santos assina a produção cultural. A direção musical é do consagrado maestro Arlindo Pipiu, que integra o Regional Roda de Choro no Céu, tocando violões de 6 e 7 cordas. No trombone e na flauta, respectivamente, contamos com o auxílio sonoro dos músicos Jovan Lopes e João Neto. Na percussão, o auxílio luxuoso do Mestre Carbrasa e de Madson Peixoto. No cavaquinho, a gentileza solidária de Gustavo Belan. Nos vocais, e também em algumas interpretações solos, as afinadas vozes de Mariana Rosa e Kátia Espíndola.

Para esta edição do dia 13/08, o “Choro (en)Cantado” terá como convidadas e convidado especiais as cantoras Anna Cláudia e Fátima Passarinho; os professores e pianistas Rose Fontoura e Daniel Lemos, expressando um dos seus principais objetivos, que é:

“Gerar e/ou consolidar espaços de convivências solidárias e musicais, onde possamos divulgar, por meio de apresentações, produções criativas do gênero (choro e assemelhados), combinando obras instrumentais com outras lítero musicais. Sempre que possível, promovendo diálogos intergeracionais com os apreciadores, intérpretes, compositores e músicos que divulguem e valorizem a chorografia do Maranhão e do Brasil.”

“O projeto também propiciará uma abertura para pequenos recitais poéticos, performances e exibições de curtas; lançamentos de livros, desde que os parceiros interessados se responsabilizem por todos os detalhes de suas apresentações específicas.”

Nesta edição do dia 13/08 contaremos também com a participação especialíssima da jovem e criativa escritora Camila Cutrim, nascida no Bairro do Desterro, Mestre em Letras pela UFMA, lançando o seu primeiro livro “Letras e Silêncio: o caos sentimental”. Do Desterro também contaremos com os quitutes da Didica e com uma pracinha de alimentação organizada pelos próprios moradores das comunidades do Centro Histórico.

Desta feita, o espaço de realização do evento não será a tradicional quadra do Convento das Mercês, porém um belíssimo terraço, com uma vista panorâmica para a paisagem da área Itaqui Bacanga, além de um jardim maravilhoso que fazem parte do conjunto arquitetônico deste centenário espaço cultural.

Somado a tudo isso, temos ainda o engajamento social do evento, através da parceria com o Pacto pelos 15% com Fome, encabeçado pela Ação pela Cidadania, materializado na doação de um quilo de alimentos não perecíveis, como forma de ingresso ao show de lançamento do projeto “Choro (en)Cantado”.

“Roda de choro é uma brincadeira

Brinca com a gente uma vida inteira

Toca bem fundo nossa lembrança

Vibra o acorde da esperança”

CADEIRA

PATRONO - MÁRIO MARTINS MEIRELES FUNDADOR - ANA LUIZA ALMEIDA FERRO

14 h

Carosamigos:ÉcomprazerquecomunicoqueestouconcorrendoaoPrêmioJabuticomoDicionáriodosAntis,contendooverbete Anticorrupção,deminhaautoria.

AnaLuizaAlmeidaFerro
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O VÍRUS DO MEDO E DO TERROR

O presente artigo trata do coronavirus que, surpreendentemente, invadiu o planeta, deixando a humanidade de ricos e de pobres vivendo dias de terror e de medo. Os governantes logo adotaram medidas, acertadas ou não, agindo contrariamente à expansão do vírus em todos os recantos do mundo. Politicamente, cada país agia contra a doença. Finalmente a ciência saiu vitoriosa, a vacina salvou milhares de vidas e o mundo voltou a viver o dia seguinte.

Introdução

O planeta foi pego de surpresa por um vírus, capaz de minimizar os arsenais mais poderosos do mundo, atingindo paises ricos e pobres, ceifando vidas de gente pobre e de gente rica. Uma guerra ainda sem ganhadores e perdedores, deixando o mundo inteiro perplexo, porque a briga não foi pelo poder, foi pela vida.

Essa pode ter sido a guerra dos valores, pois o mundo estava mudando muito rápido e acelerado, e o homem esquecia facilmente as funções do cérebro que ativam os centros de manutenção, permitindo lhe substituir valores como a justiça pela injustiça, o amor pelo ódio, além da prática da ganância, da avareza e da inveja. Embora o conhecimento tenha sido a peça propulsora do progresso humano, a nossa vida não deixou de ser comandada pelos sentimentos que vão e vêm em nossos pensamentos, passando pelas nossas emoções até chegarem as nossas ações. Foi assim que esquecemos a ética e consequentemente os valores que orientam as ações humanas. O homem moderno é atraído por um tipo de transformação em que sua personalidade define se mais pela fantasia do que pela realidade do ser humano, buscando o aplauso, o mérito e a honra de seus feitos. O peso das mudanças cai sobre a sociedade, em todos os seus aspectos, trazendo novos valores e hábitos que se tornam regras infalíveis para o convívio social, atingindo diretamente a nossa vida social e privada.

Esse vírus mexeu com a humanidade, derrubou continentes como a Europa até a neutra e a charmosa Suíça, as lideranças mundiais como os Estados Unidos, a China e o Japão, atingindo também os povos de outros hemisférios. É o vírus da morte que diz aos povos e nações que o mundo não foi feito para a luxuria, para cobiça e para mercados como o de petróleo, nem tão pouco para o desfrute de milionários. Alguns têm mansões e outros nem palafita, afinal de contas todos precisam de casa pra morar. A desigualdade não é tão vantajosa assim. Esperamos que essa crise tenha ensinado a humanidade a ser mais capaz de merecer o mundo que lhe foi entregue. Que a sociedade seja contaminada com a justiça, a igualdade das pessoas. Não

CADEIRA 32 PATRONO - JOSUÉ DE SOUZA MONTELLO FUNDADOR - ALDY MELLO DE ARAÚJO

baste apenas ter medo de pegar o vírus. A cultura do medo, espalhada por toda parte, levou nos ao medo de perdemos a vida. Como quer o filósofo Barach Espinoza, precisamos de sabedoria para resgatar os valores perdidos ou esquecidos. Embora saibamos que nenhuma pandemia extinguiu as desigualdades, precisamos, sim, de um mundo onde os refugiados sejam bem tratados e as desigualdades desapareçam.

As epidemias e as pandemias, em suas quarentenas, costumam forçar as pessoas a refletir e revisar as contingências da vida. É uma boa oportunidade para explorar nossa intimidade e buscar um sentido à vida que levamos. Pena que depois, logo depois, esquecemos esses hábitos forçosamente adquiridos em estranhas circunstâncias. Endemias e pandemias têm história e obedecem a certa cronologia acompanhando a trajetória da humanidade. Elas são muito parecidas matam muita gente, geram pânico e servem de alerta para o ser humano.

A população brasileira enfrentou a sua pior e maior crise sanitária e teve o distanciamento social como uma das mais eficientes formas de proteção e a dificuldade que o país enfrentou para evitar a disseminação do vírus numa sociedade marcada por uma das maiores desigualdades sociais do mundo. A ordem do tempo, opondo se à história, colocou o homem diante do sofrimento, fazendo da pandemia, sem dúvidas, uma tragédia mundial.

Os governantes apressam se em enfrentar a situação do mundo e, no Brasil, as coisas não foram tão diferentes. A reação do poder quanto à gravidade da nova doença não parece tão ortodoxa. Os profissionais da saúde atuam evitando que o vírus se espalhe e mais mortes surjam. É o vírus do medo e do horror, provocando, cada vez mais, a dor da humanidade.

O mundo viveu uma grande surpresa com a chegada do coronavírus. Foram lembradas as grandes pandemias da história, todas elas fazendo a humanidade sofrer e causando mortes. 210 países foram atingidos pela COVID 19 e o Brasil foi um dos mais afetados com milhões de pessoas infectadas e mais de 600 mil mortes. A população brasileira soube muito bem cumprir as medidas de restrições, inclusive o isolamento social, com a convivência diária da quarentena. A humanidade toda, da Europa aos paises da América Latina, vivera nos anos de 2020 e 2021 momentos de medo e terror, ficando inclusive impossibilitada de sepultar seus mortos.

A quarentena possibilitou a todos exercerem o distanciamento social. Os brasileiros cumpriram a mantra “Fique em casa”, permaneceram em suas bolhas, com mede de serem contaminados pelo vírus diabólico e até de correr o risco de perder a vida. As pessoas usaram a quarentena cada uma de seu jeito, durante os dias, meses e até anos. O importante era permanecer no isolamento social e evitar aglomerações. Por essa razão, os eventos foram cancelados, muitos locais foram fechados e até o carnaval e o futebol foram suspensos. Surgiram os hospitais de campanha, como unidades de saúde como apoio técnico e humano aos hospitais convencionais. Havia uma grande ansiedade quanto à chegada da vacina. Desde março de 2020 pesquisadores do mundo inteiro e a indústria farmacêutica lutaram pela busca de uma vacina para o tratamento da COVID 19. O movimento pela busca da vacina envolvia todos os países do planeta que viam cada vez mais se agravar a situação do coronavírus. A imprensa divulgava o enfrentamento da ciência contra a doença que se estendia em todos os cantos do mundo. Mais de 100 grupos de trabalho dedicavam seus esforços em busca da vacina, sempre com um olhar de esperança. Somente no final de 2020 surgiram as primeiras vacinas, para alívio do mundo, e o Brasil iniciou sua campanha de vacinação em massa no dia 25 de janeiro de 2021, em São Paulo.

Não obstante as variantes que o mundo enfrentava com a pandemia, a maior parte das populações acreditava na vitória da ciência, na certeza de que viria uma solução para exterminar o vírus diabólico que sustentava a COVID 19. Era a crença no futuro baseada na força e no papel da ciência, impulsionada pela competência dos homens. Historicamente a pesquisa científica, com o uso do seu método próprio, foi capaz de renovar a ciência que sempre acompanhou a evolução da humanidade. Foi notável o papel da pesquisa científica, assumindo sua função preponderante no desenvolvimento da ciência e da tecnologia, buscando

sempre um novo conhecimento. Os conhecimentos científico e tecnológico foram peças propulsoras do progresso humano.

Um termo novo trazido pela pandemia foi “a curva dos afetados e mortos”. Os primeiros meses de 2021 foram preocupantes, pois tanto a curva de infectados como a curva de mortes subia em quase todo o mundo, deixando os hospitais e as casas de saúde saturadas. Foi um momento em que as autoridades tomaram medidas de proteção e certas categorias que corriam risco mereceram maior atenção. Essas categorias, no Brasil, passaram a ser objeto de cuidados especiais como os profissionais da saúde, os indígenas, os favelados e os moradores de rua. Tais categorias passaram a ser atendidas prioritariamente na vacinação e a elas foi dedicado o atendimento com as vacinas que já estavam no Brasil..

Finalmente, para alívio do mundo, em março do ano novo de 2022, a situação da pandemia começa a mudar, face à vacinação em massa, em quase todos os países. Começou se a voltar à vida normal, mesmo com as restrições recomendadas. Não que a pandemia tenha terminado, mas com a redução das curvas de infectados e de mortes. Abriram se os mundos de diversão, os cinemas e os teatros, e os estádios de futebol começaram a ser frequentados. As cidades começaram a funcionar normalmente, o turismo voltou e as viagens foram normalizadas. Era uma nova alvorada para a humanidade e a vacina realmente chegou e trouxe aos humanos a esperança.

Diziam os próprios médicos que a COVID 19 era a doença da solidão e do medo de ter suas vidas nas mãos de pessoas estranhas, das quais só avistavam os olhos por trás da face, dos óculos e das máscaras. Tinham medo de morrer sozinho. Tinham medo de mal ter um enterro digno.

1. A invasão do planeta

O sentimento que dominou o mundo foi o de surpresa, do mais desenvolvido ao mais pobre país, quando poucos se lembravam da última pandemia de gripe espanhola já no século XX, ao término da 1ª Grande Guerra Mundial. Quem conhece a história das pandemias sabe que elas mudam padrões de comportamentos humanos, quase sempre comuns em situações que são, por vezes, extremas. A pandemia causa estragos pela sua duração e a chamada COVID 19 não é a primeira que a mundo conhece e, terrivelmente, podemos dizer que não será a última sobre a humanidade.

Historicamente, a primeira epidemia, chamada de Peste do Egito, ocorreu no ano 430 a.C. durante a Guerra do Peloponeso. Logo depois chegou a Peste Antonina atingindo Roma e matando dois imperadores romanos. Em 541, o mundo enfrentou se com a Peste Justiniano ou peste bubônica que ceifou 25 a 100 milhões de vidas. A doença foi transmitida pelas pulgas infectadas trazidas pelos ratos em navios de carregamento de grãos vindos do Egito. Diz se que a doença surgiu na China, causada pela bactéria Yersínia Pestis.

As pandemias têm ocupado lugar de destaque na literatura universal, sobretudo pelos autores que presenciaram ou delas sentiram consequências. É o caso de Albert Camus, escritor francês/argeliano, que escreveu um livro sobre a peste negra, obra com o nome de A Peste, no final da Primeira Guerra Mundial, no século XX5. Já o escritor Josué Montello, abordando o tema morte em sua obra Os Degraus do Paraíso trata de uma crítica feita ao fanatismo e puritanismo religioso onde, narrando a pandemia da gripe espanhola, fala da morte física e espiritual. Como dizem os críticos, não há efetivamente degraus para se chegar ao paraíso. Existe, sim, um meio: a morte, o único passaporte para se subir os degraus do paraíso e se chegar à felicidade eterna. Em uma de suas frases Josué chegou a dizer: “A morte não é a tortura final; é a grande anistia”. O historiador americano Charles Rosenberg, especialista em história da ciência e da

5 Albert Camus foi jornalista e escritor franco/argelino, incluído entre os grandes autores do século XX. Foi ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1957. Sua obra A Peste destaca as mudanças ocorridas na cidade de Oran, na Argélia, não obstante os esforços para conter a doença no país. Camus ressalta a solidariedade, a solidão e a morte.

Medicina, na Universidade de Harvard, diz que as pandemias são como peças trágicas primeiro há um grande medo, segundo há uma tentativa de mistificá la, terceiro a aceitação e a busca de soluções. Esse é o discurso que existe em todas as pandemias inclusive a atual.

Em 2019, uma nova pandemia nos alcançou a COVID 19, atingindo 210 paises, e com ela convivemos nos dias atuais. Em regra geral, as pandemias registradas pela história têm como vetores infectados a gripe ou a cólera, embora outras tenham existido diferentemente como a AIDS (Hiv) Tifo e Ebola. Não foi a avançada tecnologia do século XXI que impediu a humanidade de ser vítima de uma pandemia como no passado. Um microorganismo foi capaz de atingir toda a raça humana, deixando rastro de enfermidade e morte por onde passava. Sua origem foi a China, mais precisamente a cidade de Wuhen, marco zero da pandemia do novo coronavirus. No dia 11 de março de 2020 o Diretor da OMS, Dr. Tedras Adhanom Gjebeyenes, anunciava que estávamos vivendo uma pandemia e o vírus Síndrome Aguda Grave 2 (SARS COVID 2 ) era agente etiológico da COVID 19. O vírus surgira na China sob o surto de pneumonia de pessoas do Mercado Atacadista de Frutos do Mar, na cidade de Wuhen.

A COVID 19 deixou o mundo inteiro em casa. Cenas inusitadas foram vividas por todas as grandes cidades do universo, seguindo os caprichos da pandemia em defesa da vida coletiva e individual. A Itália foi um dos primeiros países da Europa a sofrer os pesadelos do contágio e o isolamento do resto do mundo. Tudo começou pela região mais rica do país, a Lombardia, quando a famosa Milão passou a ser cidade indesejável e Veneza ficou entregue aos seus pombos, suas ruelas e seus cafés sem clientes, a Praça São Marcos ficou vazia. Não bastou muito tempo para toda a Europa ser atingida pela pandemia, pois a Itália apenas foi a porta de entrada do vírus e em todas as capitais europeias aumentavam os infectados, se presenciava pela televisão o amontoado de caixões, deixando perplexo o mundo inteiro diante de uma doença pouco conhecida. Logo a pandemia se espalhou por todo o continente europeu, chegando aos Estados Unidos e às Américas do Sul e Central. As fronteiras foram fechadas e os turistas desapareceram. A COVID 19 apagou as luzes de Paris, fechou os cassinos de Las Vegas, reduziu os cabarés de Amsterdã e a alegria de Madrid. Chegou aos viadutos de Los Angeles e apagou os anúncios da Broadway. A humanidade ficou confinada e o Brasil passou a ser incluído no cenário de tristeza do mundo. Praias foram esvaziadas, estádios de futebol fechados casas noturnas encerradas. O clima de medo e horror estava por toda parte.

O mundo assistia a profusão de valas abertas à espera de mortos que não tinham direito ao ultimo adeus dos seus entes queridos com sepultamentos mais tristes que os normais. São Paulo e Manaus foram os locais onde mais se agravou a tragédia no Brasil, com hospitais abarrotados e UTIS superlotadas.

O clima de terror vivido pela humanidade chegou ás festas de final de ano, em 2020, sendo um Natal sem abraços e a festa de Réveillon cancelada em todo o mundo. O Brasil encerrava o ano de 2020 como o segundo do mundo em número de mortes, perdendo apenas para os Estados Unidos. No ano de 2020, o termo mais usado foi “novo normal”, significando novos hábitos de vida que teríamos com a pandemia e lockdown palavra da língua inglesa que significava a paralisação de tudo 6 .Os shoppings centers, comummente fervilhando de gente, foram obrigados a fechar as portas por alguns meses no segundo semestre de 2020. As lojas quase todas fecharam suas portas e as farmácias e supermercados continuavam abertos para atender às necessidades do público. A situação era tão grave que em seis dias o total de contaminados no mundo saltou de 300 para 4.500. O resto do mundo já contava com uma reconhecida invasão da doença. A transmissão do vírus espalhou se pelo Japão, Estados Unidos, Europa, América do Sul e Central.

6 Lockdown representa uma política que bloqueia e limita drasticamente o trânsito de pessoas e veículos e suspende atividades não essenciais, estipulando punições severas para o descumprimento das regras estabelecidas.

O ano de 2020 foi embora, mas deixou mazelas sobre a terra e com elas vivemos enquanto não chegar a tão esperada vacina para todos, eliminando de uma vez o vírus que se espalhou do ocidente ao oriente. As cidades foram esvaziadas pelo pânico, o mundo inteiro ficou confinado em regime lockdown, inclusive Paris e Nova Iorque.

Passou a ser normal o uso obrigatório das máscaras, o álcool em gel, o distanciamento social e a lavagem contínua das mãos, como espaço de higienização. A ordem da pandemia foi “cada um em sua bolha”. A nossa quarentena foi útil para reflexão sobre o caminho da humanidade o que vinha seguindo e o que devia seguir sem excesso de individualismo e ganância. A obra que foi dada à humanidade deverá crescer e progredir sem pisar nos outros, sem destruir os sonhos alheios, sem magoar aqueles que estão próximos de nós. Precisamos viver com coragem para enfrentar o vírus e esperança para destruí lo. A vitória da ciência chegará. O nosso normal virá com álcool e sem máscara. Estamos todos na expectativa da vacina. Todo homem é dotado de sentimentos e sensações. Diversos celebram as alegrias e sabem se conduzir perante as tristezas da vida. O importante é que o homem deixe de usar sistematicamente a mentira e passe a conviver com a verdade. O cientista e americano Benjamim Franklin disse que quando somos bom para os outros, somos ainda melhor para nós referindo se à solidariedade. Não precisamos, portanto, abandonar nossos planos de fortuna e de glória. O Papa Francisco, em sua Carta Encíclica Laudata, diz que a humanidade é chamada a tomar consciência da necessidade de mudança de estilo de vida. É o que realmente vem fazendo a pandemia?

Vivemos hoje as aflições do COVID 19, quando sentimos na própria carne os horrores e as amarguras de uma pandemia que tem causado muitas mortes sem distinguir jovens e idosos, ricos e pobres. Seguimos a mantra ”Fique em Casa” para evitar que o vírus se propagasse. Não podemos esquecer que o bacilo da peste não morre, embora desapareça por algum tempo e um dia voltará. O vírus nos traz o medo, mas devemos lembrar que tudo passará. Afinal de contas as noites são escuras, mas não são eternas. Para isso existem as estrelas e a própria lua.

Uma das medidas contra a COVID 19 foi a quarentena, permitindo, desta maneira, o distanciamento social. O termo quarentena, tão conhecido de nós brasileiros, nada tem a ver com 40 dias e sim com o período de incubação do vírus (14 dias) e o afastamento do contato pessoal. As pessoas usaram a quarentena como quiseram. Para uns não passou de dias, outros passaram meses e outros tiveram até ano de quarentena. Essa quarentena instituída pela ordem do vírus ficou reconhecida como a quarentena da live, pois os artistas e celebridades que foram privados de seus públicos produziram programas em vídeos e venderam aos canais de televisão ou mandavam para as redes sociais. A quarentena trouxe vários conflitos, inclusive o aumento dos níveis de stress, levando as pessoas a buscarem equilíbrio nos aplicativos de meditação, sobretudo aqueles mais ansiosos. Havia um medo intenso de perder os empregos e até a vida, e muita incerteza sobre o futuro. Houve um rápido aumento de apps especializados em relaxamento e, dizia a imprensa, milhões de pessoas buscaram aplicativos sobre saúde e bem estar. Houve uma legião de brasileiros que conduziu essa tendência e muita gente tornou se adepto do direito de usufruir desse tipo de programa.

Em março de 2020, a doença deixava a Ásia e ocupava lugar na Europa e nas Américas. A título de piada, dizia se que o vírus fugia das ditaduras, como a China e o Irã, e caminhava rumo às democracias. Em todo o país, principalmente em São Paulo, foram instaladas estruturas emergenciais, equipamentos de proteção individual como máscaras e luvas também aparelhos respiratórios. A situação dos estados do nordeste se agravava pelo fato de a região contar com estruturas precárias de saúde. À vista da gravidade da situação, os governadores do nordeste formavam comitês de ação, visando conter o avanço da doença na região, uma das mais pobres. Já eram 12.384 casos confirmados na região com 755 mortes por COVID 19. Muito pouco adiantou a iniciativa dos governadores nordestinos, pois lhes faltava maior apoio financeiro do governo federal. Em São Paulo, criou se um Centro de Contingências para coordenar as ações contra a propagação do coronavirus. Também foram adotadas medidas visando à proteção dos profissionais de saúde Entendia se que aglomeração era uma grande quantidade de pessoas juntas. Ocorre comumente aglomeração nos estádios de futebol, no carnaval e nas praias. Essa aglomeração é sempre uma multidão de pessoas que se reúnem num determinado evento. A aglomeração significa o aglomeramento de pessoas no mesmo lugar. Os locais ou eventos que já são tradicionais em aglomeração humana foram todos fechados,

o carnaval foi cancelado. Evitando as aglomerações, facilitou se o isolamento social que vem a ser o ato de manter se isolado do convívio social. Essa era a exigência da pandemia, evitando que a contaminação do vírus se expandisse. Era, portanto, um tipo de isolamento social involuntário por questões sanitárias. O isolamento social chamado de involuntário, como vem sendo o caso ocorrido na pandemia, passa a ser cumprido por força de uma ordem oficial (um decreto, por exemplo) válido o tempo de incubação do vírus, no caso 14 dias, no organismo da pessoa infectada ou sob suspeita. No final desse período, a pessoa infectada submete se a um exame sorológico para saber se continua ou não infectada. Em regra geral, as medidas de distanciamento social ficaram estendidas a todas as realizações de grandes eventos, ao uso das praias, restaurantes e transporte coletivo.

Manaus vivia o início de uma grave crise o que precisava transferir doentes para outros estados. Os cuidados precisavam ser mantidos e todos acompanhavam o estágio avançado de desenvolvimento pela busca da vacina milagrosa. As notícias de Manaus ocorridas nos meses de maio e junho impressionaram todo o universo

Os hospitais de campanha contam com os equipamentos médico hospitalares, apoio técnico compatível com suas atividades, mobiliário e equipes de profissionais de saúde, tudo de acordo com as exigências da ANVISA. Os hospitais de campanha foram instalados para o atendimento dos pacientes com sintomas de COVID 19. São unidades de saúde temporárias, instaladas em regime de urgência, em locais onde a pandemia da COVID 19 já ocupava toda a rede de serviços da saúde e aumentava o número de pessoas infectadas. Os hospitais de campanha são anexos das unidades de saúde e hospitais convencionais, geralmente instalados em estádios de futebol, centros de convenções, clubes sociais, escolas, hotéis, etc. No Brasil, fala se que o governo federal instalou 79 hospitais de campanha sendo que 19 já foram fechados, embora não haja informações precisas quanto aos leitos que foram criados. Muitas das contratações acabaram virando suspeitas de irregularidade.

Alberto Camus, quando escreve sobre a peste refere se à cidade de Oran, na Argélia, em1940, onde as pessoas aceitaram o isolamento, mesmo tendo ciência de que isolados não estavam tão ameaçados pela pandemia da época. Em 2020 o mundo inteiro lançava mão do isolamento na certeza de que era preciso um exílio que modificasse o cotidiano das pessoas e das cidades de modo a combater o novo coronavírus. Diziam os entendidos que havia diferença entre Quarentena, Isolamento e Distanciamento, embora em todos os casos tratavam se de cuidados e medidas para combater o coronavirus. A Quarentena é quando a pessoa exposta a essa doença contagiosa precisa de exílio, ficando isolada por um período de tempo, como medida de proteção. O Isolamento ocorre quando o indivíduo já está doente e é isolado para evitar contaminação. O Distanciamento ou afastamento é uma medida da proteção para dificultar a disseminação da doença. Tanto a quarentena, como o isolamento e o distanciamento são medidas que visam evitar a sobrecarga do sistema de saúde, seja federal, estadual ou municipal.

Para alguns, inclusive autoridades, o mais adequado seria o “isolamento vertical” porque afetaria apenas as pessoas classificadas como grupo de risco, que seriam os idosos e as pessoas com doenças crônicas. Outros são a favor do “isolamento horizontal” que seria mais abrangente para amenizar a curva epidemiológica.

Em muitas coisas a história tem se repetido, como é o caso da atual pandemia e as recomendações da época da gripe espanhola, que castigou o planeta entre 1918 e o final de 1920. A população daquele tempo pôs em prática os mesmos hábitos para o enfrentamento da doença, cujas recomendações eram praticamente idênticas às atuais. No bojo das medidas já se incluíam como primeira recomendação o uso de máscaras, além da higienização das mãos. São recomendações de especialistas, garantindo o direito dos outros de ficarem protegidos e o próprio. Além do uso de máscaras fazem parte das recomendações para se proteger lavar as mãos com sabão após o uso do banheiro, ao retornar para casa e na manipulação de alimentos. Faz parte das recomendações o distanciamento social. A limpeza do ambiente é outro fator de capital importância. Higienizar o ambiente com soluções desinfetantes nas superfícies da casa, de móveis e o telefone celular. Dizem que o coronavírus é um vírus encapsulado e bastante sensível aos detergentes, como é o uso do sabão. Quando a concentração do sangue tiver mais que os valores de referência o vírus aparece. Quando essa concentração estiver baixa, temos um indicativo de que nosso sistema imunológico está enfraquecido. Daí porque precisamos manter a

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nossa imunidade, bastando dormir a quantidade de horas certas para nossa idade, alimentar se bem, manter se hidratado, praticar exercícios físicos e evitar estresse

Tem sido muito comum os manuais apresentarem os meios e medidas para se proteger do coronavírus. Esses meios e medidas têm recebido a recomendação da OMS, como lavar as mãos com sabão ou álcool em gel. Cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar, lavando depois as mãos; evitar passar as mãos nos olhos, nariz e boca. Não ficar muito perto de pessoas tossindo ou espirrando; manter distância pelo menos de um metro.

As máscaras, também chamadas de coberturas faciais, tornaram se normais durante a pandemia da COVID 19, mas não são tão novas como se pode imaginar. Elas vêm operando através dos séculos, buscando os humanos se protegerem das doenças. As máscaras têm sido usadas mesmo antes da Peste Negra. As primeiras máscaras eram usadas como disfarce e remontam do século VI a.C. em que imagens de pessoas usando panos sobre a boca foram encontrada nas portas das tumbas na Pérsia. Fala a história que no século XIII, na China, os servos usavam lenços de tecido com o intuito do hálito deles não afetar o cheiro e o sabor da comida dos imperadores. No entanto foi na Peste Negra que a máscara começou a ter um papel na saúde das pessoas. A Peste Negra foi uma pandemia, no século XIV, afetando toda a Europa, entre 1347 e 1354, matando cerca de 25 milhões de pessoas. Lançou se, nessa época, a máscara em forma de pássaro. Era uma sinistra máscara de pássaro entre a sombra da morte e um corvo. O bico trazia perfumes e especiarias, e era recheado de ervas e aromáticos para neutralizar os miasmos prejudiciais 7 .

No mundo inteiro os santuários religiosos fecharam e suspenderam suas festas religiosas, evitando as aglomerações e as multidões de fiéis. Os grandes santuários como Fátima, em Portugal, Lourdes, na França, Guadalupe, no México, suspenderam suas atividades religiosas. No Brasil, as práticas religiosas foram paralisadas pela pandemia e os roteiros da fé tiveram que interromper suas procissões como foi o caso do Ciro de Nazaré, em Belém do Pará, cuja procissão concentrava mais de 2 milhões de católicos e era considerada a maior procissão do país e uma das maiores do mundo. Também foram afetados pela pandemia outros caminhos da fé como Aparecida, em São Paulo, festa da padroeira do Brasil, Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, Padre Cícero, no Ceará, as festas de Salvador na Bahia, as festividade de Nossa Senhora da Penha, no Rio de Janeiro e as diversas apresentações da Paixão de Cristo no país, principalmente em Nova Jerusalém, em Pernambuco.

A Igreja Católica mantém um extenso calendário de festas religiosas no país, de janeiro a dezembro. No ano de 2020 e parte de 2021 essas manifestações não ocorreram devido a pandemia. Essas festas religiosas hoje incluídas no catálogo oficial de turismo, como turismo religioso, atraem anualmente multidões com milhares de devotos. São destinos religiosos que arrastam milhões de peregrinos e que com a pandemia tudo ficou cancelado, prejudicando por certo o turismo brasileiro.

No final de julho houve uma reviravolta e um recuo inesperado. Logo foi acionado em todo o país de dimensões continentais. Tinha sido grande o otimismo na certeza de que o pior momento já tinha passado, pois agora teríamos menos mortes, menos taxas de contágio e as internações chegavam ao patamar de tolerância. Temia se começar o ano com tudo normalizado, inclusive com aulas presenciais. Do balanço de 2020 para 2021 o que se viu foram cenas chocantes no período mais dramático da pandemia no estado do Amazônia com o colapso total dos sistemas de saúde e funerário. Dizia a imprensa que a pandemia em Manaus vinha sendo o resultado de vários fatores que vão desde a chegada do inverno amazônico até o desentendimento das autoridades, a falta de estruturas e profissionais na área, a falta de insumos medicais e ainda a incompreensão de parte da população no combate ao problema. Amazonas foi, assim, pela segunda vez, o epicentro nacional da tragédia produzida pelo coronavírus.

A imprensa, através de todos os meios, como jornal, rádio, televisão, revistas e panfletos mencionava a pandemia e suas consequências em todos os paises do mundo, causando sofrimento à humanidade. É claro que entre a Peste de Camus e a pandemia do século XXI havia grande diferença em função do desenvolvimento da tecnologia, inclusive com a presença da Internet. Eram os meios de comunicação que

A palavra miasmos, sempre usada ano plural, vem do grego. Significa impureza ou mancha. Sinal maldito da morte. Cheiro proveniente de substância animal ou vegetal em decomposição.

transmitiam as informações sobre os acontecimentos e a disseminação do vírus e sua velocidade em contaminar, destacando sempre o pouco conhecimento que o mundo tinha da doença. A imprensa servia para noticiar as verdadeiras notícias e as notícias falsas, as fake news, e aumentar o terror e o pavor em todo o universo 8 .

Em julho de 2020, o ritmo de crescimento de mortes provocadas pelo coronavirus, no Brasil, parecia diminuir e, por todo lugar, no país, a flexibilização das medidas ocupava lugar. Impressionava os governantes a maneia de brasileiros recuperados da infecção. Alguns hospitais de campanha começaram a ser desativados como foi o caso de Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro.

Terminou o ano de 2020 e as esperanças de ser o ano novo de 2021 não chegaram. Houve, sem dúvidas, novas cenas de recrudescimento da pandemia, no Brasil, apesar das estatísticas que encerravam o ano de 2020. São Paulo registrava um pico de internações nos seus hospitais. Já era o ano novo e os governantes não tinham ainda a certeza de quando começaria a vacinação, pois tudo dependeria da aprovação de uma marca pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), mesmo que em uso excepcional. Estavam sendo negociadas as vacinas Coronavirus pelo Instituto Butantan e a Oxford/AstragZeneca pela FRIOCRUZ..

No ano de 2020 o mundo todo estava sob os efeitos da pandemia. O conselho que corria em todo o globo terrestre era o de cada um ficar em sua bolha, garantindo o isolamento social, por isso o celular, o tablet e o computador assumiam não só as funções de lazer, mas serviam como instrumentos de aquisição nos mercados. Eles eram os únicos artefatos, além do telefone, que quebravam o nosso isolamento do mundo. O uso de máscaras passou a ser obrigatório e deixou de ser um instrumento de impressão teatral para ser um salva vidas, porque era sabido que a transmissão do vírus acontecia também por via respiratória. Ainda não existia vacina.

Em março de 2020, a indústria farmacêutica e pesquisadores do mundo inteiro buscavam já os melhores resultados para o tratamento da COVID 19. A mídia não cansava de informar que a corrida pela busca da vacina era grande e contava com a colaboração de vários países e cientistas. A situação da doença era tão grave que várias cidades, inclusive no Brasil, instalaram o regime de lockdown visando evitar o crescimento da doença e a expansão do vírus. Os hospitais estavam lotados, as mortes aumentavam, caixões eram amontoados, deixando o povo perplexo diante de uma doença pouco conhecida. Até a Olimpíada de 2020, no Japão, foi adiada, um evento que atinge os elevados custos de 26 bilhões de dólares. Para essa tristeza universal só haveria uma esperança: a vacina.

Enquanto o planeta inteiro se preparava buscando a vacina que eliminaria a COVID 19, o coronavirus se propagava aceleradamente e aumentava o número de mortes, criando pânico em toda a humanidade. A busca pela vacina foi uma luta pela vida, pois só assim era possível varrer a pandemia do planeta, medida acima de todas as outras.

O esforço pela busca da vacina era notório no mundo inteiro, vivendo se um espetacular momento para o desenvolvimento da vacina esperada. Mais de 100 grupos de trabalho mergulharam nessa aventura, enquanto já estavam bastante avançados os estágios de algumas vacinas. Afirmava a ANVISA que nenhuma vacina deveria ser lançada sem o cumprimento das regras de seus padrões, evitando que se ponha em risco a saúde das pessoas e também o crédito de todas as vacinas. A vacina deveria ser um meio de evitar o contágio da doença e não um instrumento gerador de medo.

Na corrida dos laboratórios Internacionais pela vacina contra a COVID 19 coube à Coronavac atingir a reta final, sob os cuidados da Farmacêutica Senovac de Pesquisas. O Instituto Butantan, em São Paulo, contratou os primeiros 90 milhões de dólares, para desenvolver a Coronavac no Brasil, e viabilizar a produção de doses, iniciando os testes clínicos com voluntários brasileiros. Cumpridas todas as providências, São Paulo marcou o dia 25 de janeiro de 2021 para iniciar a vacinação, em cronograma e calendário aprovados pelo Ministério da Saúde e a ANVISA.

8 Fake news eram informações espalhadas através da mídia e das redes sociais visando obter algum tipo de vantagem do leitor. Sobre a doença sem a verdadeira fonte de informação.

O Brasil finalmente deu início à vacinação contra a COVID 19 com a autorização do uso emergencial de duas imunizantes a Coronavac do Instituto Butantan e a AstraZeneca da FIOCRUZ. Era o início da primeira medida capaz de efetivamente salvar vidas na pandemia..

As palavras do Ministro da Saúde não eram cumpridas, suas promessas de adquirir vacinas falhavam. O Ministro dizia que traria da Índia milhões de vacinas e não trouxe dentro do tempo marcado. Havia, assim, um cenário de confusão, enfraquecendo, cada vez mais, o governo federal. Nesse clima, a vacinação começava no Brasil, trazendo otimismo e esperança, entretanto a imunização dos brasileiros enfrentava a falta de vacinas ou insumos para aqui serem produzidas. As vacinas chegadas no país mal davam para atender os grupos prioritários e os profissionais da saúde. Tanto o Butantan como a FIOCRUZ enfrentavam o atraso de matéria prima devidamente contratada Coronavac 46 milhões de doses e AstraZeneca 100,4 milhões de doses.

Quando se começou a tratar da vinda da tão desejada vacina, o Brasil era considerado um exemplo de campanhas de vacinação em massa, o que não foi comprovado no caso da vacinação contra a COVID 19. Muito pelo contrário, a mídia expôs a falta de planejamento e controle sobre o assunto no país, chegando mesmo a dizer que aqui se instalou uma bagunça. O que se viu foi uma divisão entre o governo federal e os governantes estaduais, medidas judiciais, verdadeiras campanhas de desinformação e muita divergência entre as autoridades do país. Enquanto tudo isso ocorria, assistia se ao aumento da triste marca de mortos e infectados, lotando todos os hospitais do país e casas de saúde. Foi preciso a intervenção do STF exigindo um programa nacional de vacinação e qual a exata posição da ANVISA quanto à aprovação das vacinas independente de nacionalidade.

O cenário era de confusão. As doses de vacinas vêm sem qualquer lógica, à mercê dos fornecedores. Muitos clientes tomaram as primeiras doses e não conseguiram dentro do prazo tomar a segunda, pois faltava vacina. Foram estabelecidas várias prioridades, em função de pressões, deixando os mais vulneráveis (a exemplo dos idosos) ao sopro da esperança.

Enquanto o mundo vivia o desaparecimento planejado da COVID 19, o Brasil mergulhava num cenário de dúvidas e incertezas, vendo aumentar seus mortos e infectados, lotando seus hospitais em todos os recantos do país. As vacinas que chegavam mal davam para atender aos grupos prioritários. Tanto a FIOCRUZ como o Instituto Butantan enfrentaram problemas com o atraso de matérias primas devidamente contratadas. O país viveu um misto de medo e esperança, de norte a sul. A população passou o tempo remoendo seus medos e suas esperanças. Foi uma espécie de “crise crônica” que afetou a maior parte do povo brasileiro, levando o a buscar a fé para poder ter esperança. A morte rondou o cotidiano das pessoas que cada vez mais estavam convencidas de que o Brasil não é apenas um país injusto e pobre, está doente. Das mais de 500 mil mortes, existem, por trás da frieza da macabra estatística, dor e sofrimento no dia a dia dos lares. Houve, portanto, uma bilionária corrida dos melhores laboratórios do mundo em busca da milagrosa vacina contra o coronavirus, o vírus diabólico, saindo na frente a China, o Reino Unido, a Alemanha e por último a Rússia. Com a participação do Instituto Butantan e a FIOCRUZ, os brasileiros estão sendo vacinados. É sem dívidas a “dose da esperança”, uma luminosa luta pela vida. Em pleno período de pandemia o país mudou de Ministro da Saúde quando o primeiro foi demitido e seu substituto assumiu, pois o Brasil estava no ano pico da doença. O Ministro substituto logo deixou o cargo tendo assumido um novo Ministro, o terceiro. Em julho de 2021, o ritmo de crescimento de mortes provocadas pelo coronavirus, no Brasil, parecia diminuir e, por todos os lugares do país, a flexibilização das medidas ocupava lugar. Vivia se, no país, o início de uma caminhada da recuperação e antevia se uma paz tão esperada. Apesar de tudo, muitos foram aqueles que afirmavam não ser a hora de recuar nos protocolos de cuidados como uso de máscara, distanciamento social e higienização. Dizia se que o pior da pandemia já havia passado, ficado, portanto, para trás, e disso concordava o Ministro da Economia. O seu entendimento era de que, apesar das incertezas, o pior da crise econômica tinha passado. Buscava se a vacina e acelerava se a vacinação junto à população, prevendo se o abrandamento de contágio do coronavirus. Nesse período o Brasil ainda ocupava o segundo lugar no ranking de casos e mortes decorrentes da pandemia. Todos nós tivemos certeza de que a senha de libertação estava numa vacina eficaz. O país todo depositava confiança no empenho internacional e no esforço coletivo de desenvolver uma vacina. Com alta prevalência do vírus todos nós aguardávamos a dose da tranquilidade. A

corrida pela descoberta de uma vacina contra o coronavirus tornou se a mais extraordinária aventura dos tempos, quando o mundo inteiro aguardava algum imunizante eficaz e o Brasil, com milhares de voluntários, entra na ponta de lança desse movimento.

As circunstâncias levaram os governantes a tomar medidas e decisões sobre determinados segmentos da sociedade que corriam mais riscos, tal qual os idosos. Passaram a ser objeto de cuidados especiais os profissionais de saúde, homens e mulheres, que estavam na linha de frente no combate à pandemia do COVID 19 eram os heróis da batalha, como chamava a mídia, os indígenas, os residentes nas favelas e os moradores de rua.

Os profissionais de saúde lideravam no dia a dia, nos hospitais, diante de uma doença desconhecida e com a mesma capacidade de contágio. Muito deles foram atingidos pela doença e alguns levados a óbito. Houve uma considerável perda de profissionais, desde médicos, enfermeiras e auxiliares. Falava a imprensa que na Espanha 20% dos profissionais de frente foram contaminados, na Itália 15%. Enquanto havia um esforço internacional em busca da vacina, havia uma dedicação e até doação de profissionais na beira dos leitos hospitalares, lutando pela preservação da vida. Com a pandemia a desigualdade social, que já era visível no país, ficou escancarada, pois como todas as pandemias, esta atingia mais os pobres e menos os ricos, mais os idosos e menos os jovens.

Outra categoria que mereceu atenção dos governantes foi a dos indígenas que estão incluídos entre os ameaçados. Os indígenas que moram em aldeias, nas cidades ou mesmo isolados, estão cada vez mais vulneráveis ao coronavírus. No precário tratamento que o país dispensa aos nativos inclui se a fragilidade do sistema de atendimentos médicos, mesmo contando com uma Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI). Na região norte, principalmente Roraima vive uma das maiores populações indígenas do país, atingindo 900 mil índios, divididos em 305 povos. Um dos fatores de expansão do vírus é o contato com os garimpeiros numa área onde estão os Ianomâmis. Ao lado dos profissionais de saúde as populações indígenas também foram consideradas preferenciais para receber as primeiras vacinas.

Os governantes encontraram um grande desafio quanto ao acompanhamento da evolução do coronavírus entre os indígenas. Não apenas a falta de informação precisa sobre os povos indígenas e suas áreas, mas onde precisamente vivem e a extrema carência de meios e estruturas nos sistemas de saúde da classe indígena. Os indígenas não foram logo de início protegidos do coronavírus e isso facilitou a expansão da doença entre os vários povos.

Coube à Articulação dos Povos Indígenas no Brasil (APIB) contabilizar os casos existentes nas aldeias e solicitar ao governo as medidas necessárias para conter a evolução da pandemia no meios dos índios, auxiliando as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde no combate à doença. Ao completar dois anos de COVID 19, os casos em terras indígenas já chegavam a 62.069, com um número de mortes de 887. Não há dúvidas de que os povos indígenas são mais vulneráveis ao caso do coronavírus do que outra classe de pessoas, e são mais imunologicamente susceptíveis em função das péssimas condições sociais e sanitárias, sobretudo.

As favelas, hoje chamadas de comunidades, em qualquer estado brasileiro, são bolsões de pobreza fáceis de serem atingidas pelo vírus maldito porque estão sem condições de proteger as populações contra a doença. São populações que vivem em plena escassez, pois não dispõem nem de água para higienizar as mãos. Esta é uma situação dos 6.300 favelados existentes no Brasil. São lugares que possuem uma alta densidade demográfica, com elevada falta de serviços básicos, facilitando as ações policiais tão comuns na área e facilitando a proliferação do coronavírus. No Rio de Janeiro as ações policiais têm ceifado a vida de muita gente inclusive crianças, demonstrando a ausência do Estado e complicando a vida dos moradores além da pandemia. O número de favelados chega a 1,3 milhões de pessoas, convivendo em alta pobreza e baixa inserção do pode público. Nada se pode agora fazer para que o vírus não chegue à favela.

As populações faveladas são privadas de todas as condições facilitadoras da vida, aquelas que expressam um mínimo de dignidade humana. Até a água lhes falta, privando as de praticar as regras básicas da higiene. Como lavar as mãos se nem água têm? Todas as favelas do país registram curvas crescentes de infectados e mortes. O governo federal, através do seu Ministério da Saúde, não só acompanhou essas circunstâncias da

população, mas também, a situação econômica das favelas. Por tudo isso, as populações faveladas passaram como as duas outras acima citadas, a receber com prioridade as primeiras vacinas chegadas. Ela foi incluída pelo governo como categoria prioritária, merecendo, pois, cuidados especiais.

Uma outra categoria que mereceu a atenção dos governantes foi a dos moradores de rua que também receberam cuidados especiais. Durante a pandemia viu se uma aumento considerável dos moradores de rua em todo o país, fazendo crescer a população de rua. Segundo pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEIA), 2016, o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking dos moradores de rua com 559, vindo logo em seguida os Estados Unidos.

A chegada das vacinas e sua aplicação em massa na população de todo o mundo trouxe certa tranquilidade, mas não deixou de criar certas revoltas também. Um ano depois de ter mudado o compasso da vida em todo o planeta terrestre, constatou se o recuo da doença, à vista dos efeitos da vacina. Houve uma verdadeira corrida em busca da vacinação, principalmente nos países ricos e, em grande escala, viu se reduzir os efeitos da doença que já matara muita gente. Dentre essas vantagens os paises começaram a adotar medidas de flexibilização.

Quem conhece a história das pandemias sabe que elas mudam padrões de comportamentos humanos quase sempre em situações que são por vezes extremas. A atual pandemia que também é chamada de COVID 19 não é a primeira que o mundo conhece e não será a última.

O ano de 2020 terminou e foi considerado como um ano que se tornou marco na história da humanidade pelo impacto tão trágico gerado na vida de milhões de pessoas. Os idosos, fatia da população mais frágil estavam expostos, num país como o Brasil onde 15% da população é idosa. Até o final do mês de novembro de 2020, três de cada vítima tinham 60 nos de idade. Foi assim o ano de 2020, dando a todos nós a esperança de que 2021 fosse muito diferente. Mera ilusão dos mortais

A pandemia de 2020 foi muito pródiga em expressões que se incorporaram em nossa linguagem, como “novo normal”, “quarentena”, “álcool em gel” e “variantes”. Todas elas passaram a ser usadas pela população e, cotidianamente, eram referidas tanto na tristeza que marcava o momento como nas esperanças por dias melhores. Aqui, vamos trazer à consideração a questão das variantes, uma das últimas expressões que tomou conta da rua.

Variante, na língua portuguesa, é sempre algo que varia. É um desvio de alguma coisa principal, que deixou o seu percurso normal e seguiu alternativa. A variante mesmo assumindo outra forma de ser, não perde o seu vínculo com o principal, embora venha a ter um diferente perfil. A população brasileira de modo geral não entendeu muito bem o papel das variantes da COVID 19. Antes de chegarem as variantes, já se anunciava o retorno à normalidade de vida, com a diminuição da dor e do sofrimento. Elas vieram inesperadamente aumentando o terror e o medo da doença. As variantes não têm nacionalidade como a elas atribui a mídia, pois eram apenas descobertas e identificadas nos países. Elas vêm e voltam deixando seus estragos dentro da conformidade das infecções e das possibilidades facilitadas pelas pessoas. A primeira variante a se instalar no Brasil, depois de dar uma volta ao mundo, foi a Variante Delta, com origem atribuída à Índia.

A variante Delta foi detectada pela primeira vez na Índia, chamada também de variante indiana. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a variante Delta é uma mutação do vírus SARS Cov. 2, que causou a COVID 19, presente em 130 países. Sua presença em todos os países deu se logo que começou a flexibilização das medidas, sobretudo, de isolamento, fazendo com que todas as medidas logo voltassem e a população contasse com a vacina já existente. O Rio de Janeiro já contava com 123 casos e em todo o território nacional eram registrados 1.050 casos da variante.

A variante Delta é uma variante da linhagem inicial Alpha com alto poder de transmissibilidade, portanto, uma variante com alto poder de transmissão. É uma forma grave da COVID 19 com sintomas idênticos a sua versão inicial. Não existiam medidas específicas capazes de enfrentar a variante Delta, considerando que tais medidas eram as mesmas da Alpha uso de máscaras, higienização das mãos, distanciamento social por mínimo de 1 metro entre as pessoas, evitar aglomerações e ter tomado duas doses da vacina, tido como ciclo vacinal completo.

A Delta chegou em julho e 2021 no Brasil. Nessa data, os dados já indicavam um arrefecimento da pandemia em todo o território nacional. A Delta era uma variante do novo coronavirus, mais transmissível que a própria gripe comum, o ebola e a varíola. Ela tinha uma capacidade de contágio igual á da catapora. Em meados de agosto, a variante Delta respondia por 27% dos casos de COVID 19 e, em setembro, 99,4%.

A variante Delta é altamente contagiosa, as pessoas com ela infectadas e portadoras de doenças graves correm maior risco de vida, as pessoas não vacinadas também correm risco e podem transmitir o vírus aos outros. De acordo com a OMS e o Imperial College de Londres a Variante Delta é o resultado de uma mutação no gene relacionado à produção da proteína responsável pela fixação e entrada do vírus nas células humanas.

Uma mutação viral é um fenômeno natural do vírus. Alguns, como a Delta e a Ômicron, podem determinar aumento de transmissibilidade, virulência e até a morte. Daí porque os estudiosos falam de dois tipos de mutações variantes de interesse (VOI) e variante de preocupação (VOC) 9

No final de 2021, fomos visitados pela segunda variante, desta vez a variante Ômicron, tendo a África do Sul como origem, segundo a imprensa. O ano de 2021 terminou com a suspensão das festas de Réveíllon. No Brasil, em 2021, houve um expressivo avanço na vacinação, reduzindo o número de internados e de mortes. Eram avanços que demonstravam um caminho de volta à normalidade da vida em 2022. O país encerrou o ano com mais de 70% da população vacinada com pelo menos uma dose e 66% com duas e 10% com a dose de reforço.

Com o surgimento da variante Ômicron, em novembro de 2021, espalhando se por quase todo território europeu, os paises da Europa que já estavam numa situação quase normal logo suspenderam as flexibilizações concedidas e voltaram as medidas anteriores, inclusive o uso de máscaras. O Reino Unido foi um país atingido em cheio pela variante e foi onde ocorreu a primeira morte. Outros paises foram também atingidos como a Alemanha, Holanda e Espanha.

Em 2021 o mundo teve um espetacular avanço nas vacinas contra a COIVID 19. Em 17 de janeiro de 2021, a enfermeira Mônica Calazans, de 45 anos, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas tomou a primeira vacina no Brasil e, no espaço de 12 meses, o país já tinha a sua disposição mais de 300 milhões de doses, o que representou um feito notável, sobretudo porque havia muita confusão por parte do governo federal no enfrentamento da pandemia. Nessa época os brasileiros viviam o colapso na saúde, porque o Estado do Amazonas registrava o aumento de mortes pela falta de oxigênio, havia atraso na entrega das doses, desabastecimento nas unidades de várias cidades, tudo parecendo um verdadeiro caos. Em dezembro de 2021, 150 milhões de pessoas já estavam protegidas contra o vírus, graças à vacina. O ano de 2021 foi marcado por eventos que preocuparam o mundo inteiro como a invasão do Capitólio, em Wasington, nos Estados Unidos. No Brasil, estávamos vivendo o exorbitante aumento de preço dos combustíveis e o país se entristecia com a morte de um ídolo da TV e do cinema, Tarcísio Meira. Não distante de todos os eventos, o ano de 2021 foi o ano da vacina. Só assim a humanidade começou a olhar o futuro com mais esperança. Dizem que a variante Ômicron é a variante mais transmissível da COVID 19, portanto, é muito mais transmissível que as outras variantes do SARS Cov.2. Segundo a OMS é uma variante considerada de preocupação (VOC) porque possui aumento de transmissibilidade e de virulência, embora seus sintomas sejam menos agressivos. Estudos afirmam que essa variante é 75% menos letal que a variante Delta. É 40% menos mortal do que o vírus da gripe. A alta transmissibilidade da variante Ômicron surpreendeu o mundo inteiro. Ela se espalhou rapidamente e tornou se a variante dominante.

Os analistas mostram a diferença entre as duas variantes Delta e Ômicron. Ambas têm alto poder de transmissibilidade. Ambas são mutações do vírus SARS Cov. 2. Ambas têm a alta capacidade de contágio.

Enquanto a Delta é grave, a Ômicron e mais resistente. A Ômicron tem maior capacidade de transmissão, mais reinfecção, menos gravidade. O risco de reinfecção é mais de cinco vezes maior que a Delta, porquanto o risco de hospitalização é menor. Enquanto a vacinação avançava e a tendência era a queda dos casos da COVID 19, surgem as duas variantes.

9 VOC vem do inglês variant of comum.

Com o avanço da variante Ômicron nas festas de final de ano e no inverno no hemisfério norte, um grupo de países retornava as medidas restritivas para controlar a disseminação do novo coronavírus. Os países onde essa iniciativa foi tomada foram Portugal, Alemanha, França, Inglaterra, Holanda, Bélgica, Estados Unidos, Israel, Nova Zelândia e Argentina.

A nova fase da pandemia com a presença das suas variantes permitiu uma mudança em nossos costumes e hábitos. Com a chegada das variantes já não éramos conduzidos desesperadamente ao isolamento total, mas ao aprendizado da convivência com o vírus. As pessoas já não contraiam o pavor de serem infectadas como ocorreu em 2020, graças á vacinação em massa. A passagem de 2021 para 2022 fora bem diferente da passagem de 2020 para 2021, mesmo com as festas de Réveillon canceladas em quase todo o mundo. Só nos Estados Unidos contabilizava se quase 600 mil infectados e essa escalada da COVID 19 acontecia também nos países da Europa e no resto do mundo.

No Brasil, atinge se a casa de 36.000 infectados, aumentava cada vez mais o número de testes positivos deixando os governantes perplexos. Os primeiros dias de 2022 exigiram de todos nós, mesmo os vacinados, muita calma e manutenção dos cuidados como a vacina, o uso de máscaras, o álcool em gel e a higienização do corpo, tudo longe das aglomerações. Foi esse o nosso novo normal que 2022 trouxe na convivência com o coronavírus, sem o pânico de 2020.

Falam os cientistas que nesse momento o vírus inicia a “migração da fase de destruição” para a fase de coabitação com ele. É esse o momento da pandemia do coronavírus para a transição da versão endêmica. Daí por que ele se torna um inimigo mais parecido com a Influenza, o vírus da gripe tão disseminado no Brasil. Diferente da primeira e da segunda onda da COVID 19 a atuação das variantes causariam menos mortes, embora o grau de infectibilidade seja maior. Mesmo assim, o momento está a exigir mais medidas restritivas, fortalecimento dos sistemas de vigilância epidemiológica. Louve se à ciência e sua atuação, a relevância das vacinas, desde o início da humanidade.

É possível que em 2022 comecemos a respirar aliviados, depois de tempos difíceis como foram os anos de 2020 e 2021. O Brasil viveu tempos complicados, terminando 2021 com 70% da população vacinada quando se constatou a expressiva queda de mortes e internações em UTIS. Além dos dados da Ômicron, tivemos ainda, em todo país, uma epidemia da gripe Influenza deixando a população brasileira assustada. Em janeiro de 2022 iniciou se a vacinação de crianças de 11 a 05 anos.

5.O vírus e a política

O coronavirus com sua pandemia trouxe ao país inúmeras apreensões, não só na área de saúde pública como também nas áreas econômica, educacional e política. As autoridades governantes tornaram cada vez mais claras suas preocupações com os problemas nessas áreas, visando a estabilidade do país. O impacto na economia atingia, categoricamente, o emprego da população e a renda nacional. Algumas medidas preventivas foram adotadas pelo governo, como autorização de suspensão de contratos e redução da jornada de trabalho, remanejamento, etc. Ao lado dessas medidas tomadas pelo governo federal, foi criado o Auxílio Emergencial para trabalhadores informais que beneficiou 50 milhões de brasileiros. Mesmo com essas medidas que tinham como prioridades manter o emprego e auxiliar as empresas, houve uma redução do potencial de crescimento do país.

Ninguém estava imune ao poder destrutivo do coronavirus. Existem algumas diferenças, já conhecidas dos brasileiros, em ter ou não ter água encanada e esgoto tratado, residência para evitar aglomerações, usar ou não o transporte público. São coisas bastante fortes na nossa desigualdade social, as quais podem pesar muito numa situação de pandemia onde a crise sanitária espalha se com maior firmeza no espaço privado e público. Nem mesmo o setor educacional ficou imune.

A Educação sempre aconteceu ao lado do tempo vivido pelo homem que aprendeu muito durante a sua trajetória, desde a Pré história até os dias atuais. As transformações aconteciam à proporção que evoluíam as civilizações e com elas os seres humanos, por isso há muitos livros sobre a História da Educação no mundo e no próprio Brasil. Cada civilização registrou sua história, as circunstâncias e o modo diferente do ser

humano se educar. A raça humana não esqueceu a evolução do conhecimento nem tão pouco a forma de com ela conviver. Cada civilização deixou suas marcas e o homem cresceu um dia após o outro prolongando seu crescimento até os nossos dias. A Educação seguiu a trajetória humana e o homem, sujeito de cada tempo, soube avançar e acumular os seus saberes, desde a Pré história, passando pela Antiguidade, o mundo Medieval, o mundo Moderno e o mundo Contemporâneo.

Política é, sobretudo, a arte de exercer o poder em cada época, mesmo que com estilo próprio sem desprezar a ética. O político pode ser um cidadão justo e correto, mesmo que forças externas venham interferir em suas ações. E quando falo de forças externas, refiro me à ideologia que sustenta o sistema ao qual se vincula o político, à fisiologia, onde predomina a troca de favores, e a postura idealística quando o político a põe em prática, mesmo que para muitos seja chamado de ingenuidade.

Ser um político ético é, antes de tudo, ser um cidadão correto e justo, sem fazer apologia ao perfeccionismo do sistema político, nem tão pouco penalizar a função pública. Na sua República, Platão diz que política é não apenas um jogo de ações movido nos interesses e não deve pressupor a investigação sistemática dos fundamentos da conduta humana. Moral e eticamente o mundo tem mudado. Diz se até que vivemos um tipo de relativismo moral, quando se juntam as pessoas sem antes ter havido o casamento. O século XXI é chamado a era da inteligência social porque mudaram os métodos de relacionamento e a capacidade para entender melhor as pessoas e seus sentimentos, segundo afirmativa dos cientistas. É o século dos desafios.

A História nos mostra as diversas transformações pelas quais passou a sociedade, através do tempo, ocorrendo inúmeras transfigurações que afetaram o relacionamento dos homens entre si, deles com a sociedade e as coisas. Por esse processo, passou a moral política. As mudanças que a História nos narra são baseadas nos fatos ocorridos, onde foram fundamentais o comportamento e as atitudes de homens que à época viveram e exerceram o poder a sua maneira. A política, assim, torna se arte ou ciência de organizar a coisa pública, de onde deverão ser banidos os corruptos e incompetentes. Tudo parece mais próximo da pólis dos antigos gregos.

Quem diria que a pandemia pudesse nutrir a corrupção brasileira mesmo sendo ela uma marca registrada no país, através dos tempos, e conhecida no mundo inteiro. Quem diria, mas ocorreu. A corrupção ocorreu no período da doença e a imprensa dizia claramente onde e quem praticava as ações corruptas. O Brasil é um país marcado pela corrupção e a hora de uma catástrofe coletiva cria, sem duvidas, um grande momento. Ninguém imaginaria que a doença poderia ser motivação para tantos corruptos, principalmente políticos de carreira, a exemplo do que foi o Rio de Janeiro, no Pará e o próprio Distrito Federal. O caso do Rio de Janeiro foi impressionante pelo fato de dois governadores terem sido presos e um terceiro, ex juiz e neófito em política ter sido eleito com a promessa e o discurso de honestidade, caindo, dentro de pouco tempo, no mesmo erro. Foi afastado do cargo de governador e passou a responde processo criminal pelos seus crimes. Outras autoridades da área da saúde foram presas em decorrência de contratos fraudulentos. Foram muitas as denúncias de desvios de dinheiro público durante a pandemia. O mesmo ocorreu no Pará, no Amazonas e no Distrito Federal, pelo menos é o que sabemos.

A pandemia espalhou se por todo o país, chegando a todas as capitais e cidades do interior. Nesse período de tristeza e dor, poucos foram os exemplos deixados pelos governadores dos estados e os políticos em geral, sendo acusados de corrupção, tudo sob a mira do Ministério Público e Investigação da Polícia Federal. Segundo a mídia, os desvios chegaram a atingir 4 bilhões de reais, usurpados pelos governadores e seus asseclas, envolvendo mais de 300 pessoas, tudo parecendo inacreditável. A roubalheira começou no próprio Distrito Federal, onde estão os poderes da República, recaindo nas fraudes dos processos de compra de equipamentos e materiais de saúde como aquisição de testes e kits de saúde. Enquanto o país contabilizava as pessoas infectadas e a crescente curva de mortes, os políticos contribuíam para o crescimento da pandemia da corrupção. Funcionários públicos corruptos e empresários inescrupulosos agiam. Era triste o país assistir cenas de corrupção de pessoas esclarecidas exercendo uma forma de ganhar dinheiro à custa do sofrimento alheio. É assim a corrupção, o desvio do dinheiro público destinado às ações de saúde e aplicados em negócios próprios e rentáveis para os políticos. Lamentavelmente, para a pandemia da corrupção não há vacina e, enquanto menor o distanciamento social, melhor será.

A CPI da COVID foi criada e executada no terreno político. Governo e público também consideravam que a CPI da COVID era um espetáculo desnecessário. Era notório que os senadores demonstravam uma grande vontade de aparecer na TV. Estava claro que o Senado Federal não perdia a oportunidade de transformar aquela crise (a pandemia) em oportunidade. Todos sempre esperavam um relatório final que acusasse o presidente da republica pela morte de mais de 600 mil brasileiros. Sobre isso disse o presidente: “Essa CPI não tem nenhuma credibilidade. No auge da pandemia, esses caras ficaram em casa, de férias, em home office, cuidando da vida deles” 10. Durante os vários meses da CPI, a mesma gerou 349 horas de depoimentos transmitidos ao vivo para todo o país.

O Brasil acompanhou pela TV, durante seis meses, as transmissões ao vivo das reuniões da Comissão Parlamentar de Inquérito no senado federal. Foram depoimentos e debates acirrados tudo em volta das ações e omissões do governo federal quanto à COVID 19 no país, sem qualquer acusação aos estados e municípios. O que se viu durante o período foi o embate entre governistas e oposicionistas, sempre tendo como foco a atuação do Ministério da Saúde. O espetáculo, mais político do que técnico, servia para destacar senadores que queriam ser celebridades, quando não servia de cenário para outros que, pelo tempo e história, já estavam no ostracismo no universo parlamentar do país.

Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) deve respeitar alguns princípios básicos de todo e qualquer processo investigatório. Como instrumento constitucionalmente reconhecido não deve uma CPI esquecer a responsabilidade social da investigação, do sistema onde estão as diversidades e a missão para a qual foi criada.

O aspecto moral de uma investigação passa tradicionalmente pela motivação daqueles que põem em prática as ações investigadas e daqueles que são objetos dessas ações. É importante que se avalie a moralidade das ações desenvolvidas tanto do ponto de vista social como político, e os processos e procedimentos que foram usados para se chegar aos fins propostos. A investigação não pode ser engendrada, ela é um processo que deverá estar inserido nas políticas institucionais, daí porque as CPIS devem ocupar lugar de destaque nos poderes. Como instrumento processual, a investigação deverá ser dinâmica, vista como elemento essencial para provocar medidas de aferição que são compatíveis com as metas propostas e os caminhos antecipadamente traçados nos Planos de Governo.

A investigação se propõe a examinar a eficácia das políticas institucionais. Todos nós sabemos que investigar é também atribuir valor, em que se afirma se as políticas institucionais vigentes são boas ou ruins. Entendemos que toda investigação deva ser política porque com ela se atribui valores às ações, à forma como elas são realizadas, aos seus resultados e aos seus níveis de satisfação ou insatisfação.

No dia 20 de outubro de 2021, uma quarta feira, o senador relator apresentou o documento final denominado Relatório que trazia as conclusões da investigação feitas pela CPI. O relatório continha 1.180 páginas onde estavam as decisões, para muitos equivocadas, relativas à incompetência do governo federal e suspeitas de corrupção, demonstrando a pirotecnia e o oportunismo, mais um espetáculo político do que um estudo técnico de seriedade. A sensatez pouco prevaleceu e tudo demonstrava existir vingança e ódio político, o que comprometia a credibilidade do relatório.

Foram muitas as acusações contra o Presidente da República. O próprio presidente da CPI chegou a dizer com gáudio e em público: “Pegamos o governo. Tudo vai desmoronar”. “É uma questão de honra: ou eu ou ele”. “Esse governo não se aguenta. Todo resto vai virar titica da galinha”. A CPI da COVID serviu para projetar políticos amadores e velhos políticos que precisavam de holofote, sobretudo, porque lá podiam acusar o governo de negacionismo e pregação oficial contra medidas de preservação contra a COVID. Da maneira como consta no relatório apresentado pouco se dar credibilidade ao trabalho da comissão, pelo fato de que desde o seu início se percebia logo que ela visava apontar erros do governo e fixar como alvo a família presidencial. Tratava se de uma conspiração orquestrada para atingir o governo como disse a mídia da época. Seria muito bom que durante aquele período o senado se dedicasse a fazer algo produtivo para o Brasil.

nº 2757, edição de 29/09/21, pag 29.

10 Revista VEJA

Investigadores da atualidade expressam visões e linguagem onde mostram que o homem dever estar preparado para que no futuro a ciência e as tecnologias possam lhe tirar poderes. O homem não será a única forma de vida inteligente. Virão civilizações que serão sustentáveis no universo sideral. Os autores prevêem um futuro diferente para a humanidade e tudo passa a ser realidade em vez de ficção científica. Para isso contamos com a ciência e a experiência. Vivemos uma civilização onde os políticos e a própria sociedades possam e deveriam enfrentar os desastres que sempre ocorrerão. Diz Nail em seu livro Catástrofe que o progresso da tecnologia leva ao otimismo, como o próprio desenvolvimento em tempo recorde 11. O livro Catástrofe fala do impacto na COVID 19 na humanidade e a considera um desastre real e natural. O livro foi escrito em pleno calor da pandemia, poucos meses após o tradicional Fórum de Davos, na Suíça. Diz que a “imprevisibilidade” é um denominador comum em todos os desastres da civilização. Diz ainda que as tragédias moldam o mundo. O que determina em última instância o tamanho de uma tragédia é a dinâmica social os canais por onde circula a doença. O que se pode observar no caso do coronavirus foram as viagens de intercâmbio de turismo e os negócios espalhados por todo o mundo.

6. O dia seguinte

A partir de março de 2022, a vida de volta começou. No mundo inteiro, a vida começa a voltar ao normal embora com algumas restrições ainda contra o coronavírus. No Brasil, já se começava a falar no carnaval de 2022, adiado para abril. Dizia a imprensa que cerca de 5 milhões de pessoas morreram em todo o mundo, pois no Brasil as mortes ultrapassavam 600 mil.

Houve, sem dúvidas, em todo território mundial, uma queda consistente no número de mortos e um expressivo avanço na vacinação. As comemorações deverão ser controladas, pois a humanidade passou por enormes sacrifícios como o medo, os efeitos do isolamento social e a competitividade de uma vacina. As regras passam a ter flexibilidade, começam a voltar ao normal o turismo, o comércio, os shoppings centers, os eventos e o prazer de retornar aos estádios de futebol.

A vacinação avançou no mundo inteiro e as aberturas das fronteiras começavam a funcionar mesmo que gradativamente, fato que permitiam se deslumbrar em uma vida real, agradando todos os turistas. As cidades começavam a ser movimentadas, embora sem seus perfis de antes da pandemia. Os cuidados ainda perduravam e os governantes continuavam alertas. No mundo todo se avaliava os resultados da vacinação, mas ainda perdurava em determinados países o sentimento anti vacina, o que a mídia chamava de “o vírus da ignorância” e a Organização Mundial de Saúde (OMS) denunciava o movimento de “hesitação à vacina”. Países como os Estados Unidos, já contavam com 41 milhões de infectados e 660 mil mortes, estagnando a campanha, enquanto no Brasil já se atingia 40% da população totalmente protegida. Em outros países com o a França onde 63% das pessoas estavam vacinados, e o Canadá com 68% de cobertura nacional, a hesitação à vacina ocorre. O mundo hoje se divide em dois pólos: Os países que apresentam alta rejeição à vacina, como os Estados Unidos, Rússia, França, Polônia e Canadá, e os países que apresentam as maiores taxas de adesão como o Brasil, China, Equador, Ruanda e Nepal. Não há dúvidas de que a vacina está associada aos contextos político, social e econômico de cada país. Mesmo considerando os contextos de cada um, transitaram teorias estapafúrdias como a de que a vacina prejudica a fertilidade ou causa o transtorno do espectro autista. Esse tipo de reação contra a vacina aconteceu também quando do surto de varíola em 1800, sendo preciso a intervenção do Presidente Rodrigues Alves que reiterou a obrigatoriedade da vacina, ação que foi muito criticada na época. Hoje, passada uma fase dos traumas coletivos, tudo começava voltar ao normal e todos vivem uma retomada da vida. É essa a tendência e a liberdade de reencontrar os prazeres do dia a dia. O otimismo foi alcançado pela expressão da vacina. Tanto na Europa como nos Estados Unidos o Freedom Day (dia da liberdade)

11 Nail Fergueson é um dos mais renomados historiadores contemporâneos. Historiador e médico epideiologista escocês leciona na Universidade de Harvard e é pesquisador da Universidade de Osford, na Inglaterra.É autor do livro Catástrofe, uma história dos desastres.

chegou sem o arrefecimento das curvas de contágio e mortes por COVID 19. Tratava se de uma verdadeira corrida pelo tempo perdido.

Os palcos dos teatros da Broadway em Nova York foram triunfalmente abertos e iluminados após um longo período fechados pela pandemia, durante 18 meses, desde março de 2020. Os famosos musicais daquela região novaioquina reiniciavam seus espetáculos, aguardando as plateias sedentas e provocando até lágrimas de tanta emoção. São apresentações que costumam reunir em torno de 15 milhões de pessoas por ano. Também foram abertos outros locais de importância para a vida cultural da cidade de Nova York como o Metropolitan Opera House, a Filarmônica, o New York Ballet e o Carnegie Hall.

Com o avanço da vacinação e a abertura gradual das fronteiras, as capitais europeias começaram a ver os turistas de volta. O movimento ainda era tímido, mas até por isso mesmo responsável por permitir que as cidades estivessem ainda esvaziadas com uma atmosfera tranquila bem diferente daquele que costumava acontecer antes da pandemia. Inesperadamente chegaram as variantes. E sobre elas ocorrerem várias contestações, sobretudo quanto à ômicron, que era mais transmissível que as demais embora comprovadamente menos letal. Isso reforçava a necessidade de completar o ciclo vacinal, com a 3ª e 4ª doses.

2022, ano que se iniciava, não representaria grandes mudanças na vida da humanidade, mas no Brasil expressava a história de grandes enfermidades que marcaram o país em seus 200 anos de independência e 100 anos da Semana de Arte Moderna. Acontecerão, também, nesse ano as eleições majoritárias e a Copa do Mundo no Catar. O ano de 2022 é o terceiro ano de pandemia, mas representa a esperança na força da vacina, não obstante a ameaça mundial da variante ômicron. O ano de 2022 expressa a janela da história capaz de virar uma página triste da humanidade.

A mídia tem falado muito sobre “como será o mundo após pandemia”. Lembram os articulistas que não basta o esforço dos governantes para a recuperação da economia dos países. O estudo da pandemia trouxe também outras consequências afetando inclusive as disfunções metabólicas das pessoas, seus relacionamentos com os outros e uma séria de problemas decorrentes do longo isolamento social. A saúde teve danos, os salários também. Os sistemas de valorização e as crenças, a cultura a escala de valores etc. Por tudo isso, espera se que o mundo pós covid seja outro, enriquecido por mais uma experiência da humanidade.

A economia e a saúde das pessoas ocuparão lugares novos. Os efeitos provocados pela pandemia foram diversos e variados, permitindo que se possa imaginar ser diferente no cenário futuro, pois muitas coisas na vida das pessoas mudarão. É possível que o mundo sofra transformações não apenas em sua política econômica, mas nos modelos de negócios, na vida social e na própria saúde mental.

Os estudiosos costumam dizer que viveremos novos momentos nas diversas áreas da vida, citando emprego, transtornos emocionais, saúde física e mental, trabalho remoto, educação à distância, cultura, higiene e sistema de valores. As cidades serão ocupadas diferentemente e mudarão os comportamentos das pessoas. O isolamento social serviu de reflexão para os indivíduos.

Queiramos ou não o mundo pós covid representa para a humanidade uma civilização chamada pós pandemia onde a espiritualidade passa a ter mais força e o futuro será melhor construído, sendo que o destino das pessoas seria buscado por caminhos mais certos.

As novas tecnologias desempenharão seus papéis, enquanto novas tendências surgirão, transformando os negócios, mudando a sociedade e o modo de viver. A cara do futuro será diferente quando passar a crise. O vírus que abalou o planeta permitiu à humanidade viver uma das maiores crises de sua história, criando uma legião de desempregados, permitindo o colapso nos sistemas de saúde, fechando fronteiras e esvaziando cidades, isolando as pessoas. O Brasil, onde a desigualdade social é imensa, teve aumentada essa desigualdade com a crise.

Uma das características dessa crise foi o desmantelo da vida, foi também a credibilidade que a ciência ganhou. O trabalho dos cientistas ficou mais reconhecido, mais claro e entendido pelas populações. A vacina

foi o grande resultado desse esforço coletivo e compartilhado e por isso a humanidade agradeceu à ciência e aos cientistas.

Vale reconhecer o esforço que teve a área dos profissionais da Enfermagem em buscar uma estratégia para as pessoas que tiveram COVID 19. Eram muitos males causados pelo vírus, como disfunções cognitivas e neurológicas, além dos problemas vasculares e cardíacos. Outros males decorreram da doença e coube às enfermeiras e enfermeiros buscar soluções, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Esses sistemas dependiam muito da gravidade do que foi a doença. Tudo isso chamamos de sistemas do pós covid.

É importante que se ressalte que são os profissionais de Enfermagem que acompanham e fazem o follow up do paciente. São eles responsáveis pela consulta, o acolhimento e o acompanhamento do paciente. Logo em seguida vêm os atendimentos médicos, com a presença do médico, mas tendo sempre o acompanhamento de enfermeiros e enfermeiras.

Não há dúvidas de que o novo coronavírus desafiou a comunidade médica e os cientistas. Pouco se entendia sobre o novo vírus e seu comportamento. Os pacientes da COVID 19 continuavam a buscar recurso de saúde tanto durante a doença como após. Eles tiveram inflamações intensas que continuaram após a doença, como repercussões respiratórias, intestinais, cardiovasculares e cardíacas e outras. É o que chamamos de síndrome pós covid ou covid longa. Mesmo após meses da cura da doença, há paciente que continua a apresentar complicações e terá que contar com os avanços multidisciplinares de uma equipe: assistentes sociais, nutricionistas, psicólogos e enfermeiros etc.

É tempo de reinventar as estruturas, nas áreas de tecnologia, trabalho, saúde, educação, alimentação, espiritualidade e outras mais. É preciso fazer nascer uma nova civilização, a do homem novo. O mundo não deve ser o mesmo de antes. Nossos planos, programas e projetos que foram suspensos devem voltar renovados, com roupagem nova. Nossa vida mudou desde o dia 11 de março de 2020, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou ao mundo inteiro a pandemia do novo coranavírus. Passamos a viver uma das maiores crises da história da humanidade recente. Tudo foi abaixo: nosso sistema de saúde, nossa educação, nossa economia. Enquanto se aguardava a vacina esse “novo normal” foi imposto.

Os estudos sobre imunidade contra a COVID 19 vêm sendo realizados no mundo inteiro por especialistas. Eles têm sido muito úteis para o atendimento da vacina e ajudar aqueles que já foram infectados pelo vírus. É preciso que se entenda como funciona nosso sistema imunológico para ajudar o corpo a combater a doença, evitando que o vírus entre no organismo. Imunidade significa ter o privilégio de estar isento de algo que os outros estão sujeitos

Tanto o isolamento quanto o medo e as incertezas afetam a mente das pessoas, causando de imediato sofrimento de natureza psicológica. A Organização Mundial de Saúde (OMS) preocupa se com a saúde cultural das populações, tendo em vista o crescente número de casos durante a pandemia. A OMS chama a atenção das pessoas para o fato de ter uma saúde mental sadia e uma saúde física equilibrada.

A aquisição de imunidade por um indivíduo é quase sempre obtida pela vacina, o meio artificial mais comum na luta contra qualquer vírus e bactéria. Chama se isso de imunização ativa, diferente da imunização passiva que é induzida pela inoculação de anticorpos fecundados. A imunidade adquirida inclui as situações de resistência resultantes da recuperação de uma inoculação artificial ou vacinação. Segundo o Instituto Butantan cada organismo responde diferentemente à vacinação, tudo dependendo da faixa etária e do sistema imunológico individual. Duas semanas é uma média, após ter tomado a segunda dose. É a partir desse tempo que o corpo cria os anticorpos que evitam a entrada do vírus no organismo. Daí porque a imunização só vem depois de tomar duas doses.

A imunidade contra o novo coronavírus pode durar anos, no entanto os estudiosos sobre o assunto não podem garantir o que especialmente pensam. Apenas se tem estudos que provam que os pacientes que já contraíram a doença têm uma imunidade mais duradoura, conforme pesquisas do Instituto de Imunologia La Jolla, na Califórnia, USA.

As discussões sobre o passaporte da imunidade começaram quando a sociedade percebeu que a pandemia chegava ao fim e as portas do mundo começavam a abrir, após dois anos de intensa luta contra o coronavirus. Mas o passaporte da vacina, outra forma de se chamar, não transcorreu num clima tranquilo.

Dentro da polêmica que se criou quanto ao passaporte da vacina, coloca se uma questão que foge aos direitos individuais e atinge precisamente o bem comum. O passaporte da vacina é antes de tudo um dever do Estado e não uma discriminariedade como querem alguns.

A COVID 19 trouxe muitas discussões sociais, como a que diz respeito ao uso de máscaras em ambientes abertos e fechados. Há uma questão que sempre atravessou as tantas dúvidas trazidas pela pandemia da COVID 19 como as liberdades individuais e o bem estar coletivo. Discussões desse tipo já tinham visto quando a sociedade enfrentou o caso dos fumantes.

Perguntou se muito o que seria seguro fazer após tomar a segunda dose da vacina. E claro que o avanço da vacinação não trouxe à população mais segurança e coragem para enfrentar a pandemia e lutar contra a doença.Como passo fundamental, a vacina tem sido um instrumento de proteção coletiva e individual, no entanto pairam dúvidas sobre o que já está seguro após tomar a segunda dose e mesmo a dose de reforço. Há sempre insegurança por parte daqueles que retomaram suas atividades rotineiras, mesmo que tenham completado o ciclo vacinal, ou seja, 2ª e 3ª doses. Dizem os especialistas que deve haver bom senso por parte das pessoas, sejam ou não afetados pelo fator de risco, pois nenhuma vacina oferece proteção de 100%. As medidas de restrição devem continuar.

Outra questão que foi muito discutida foi o passaporte do ponto de vista jurídico, no Brasil e em outros países. No Brasil, muita polêmica houve, desde as questões relativas aos direitos fundamentais da pessoa como a liberdade de locomoção. Por outro lado, impõe se a discussão sobre o direito à Saúde, também garantido pela Constituição. Trata se de um interesse público maior.

As opiniões sobre o passaporte de imunização variam de país para país. Na França e na Itália ele está incluído dentre as exigências de espaços como restaurantes, academias de ginástica, bares, teatros, cinemas e outros locais fechados. Em Nova York esses locais colocam cartazes com aviso da necessidade de comprovação de vacinação. No Brasil, o passaporte de imunização ainda não foi autorizado, continuando a ser o CPF o documento de identificação. Essa exigência varia de estado para estado.

A institucionalização do passaporte de imunização foi uma questão polêmica, embora com a certeza de que ele legitima o direito de livre circulação dos indivíduos vacinados. Contrariando esse direito de mobilização, questões éticas foram apresentadas limitando, assim, seu amplo uso, haja vista o contingente de pessoas que não se vacinaram ou aqueles que, por razões de lógica pessoal, em nome de suas convicções. Essa fatia de indivíduos vê no passaporte de imunização uma forma de coibir ou violar direitos ao livre acesso ao direito aos serviços essenciais, como hospitais, usar farmácias e super mercados.

Embora a OMS não tenha ainda recomendado o uso do passaporte de imunização para viagens internacionais, alguns países da União Europeia (UE) e outros com o Reino Unido e Israel já instituíram o passaporte da vacina como instrumento de controle da COVID 19, capaz de reduzir a transmissão da doença.

Não só os vôos foram suspensos por algum tempo como também as viagens de Cruzeiros. Se viajar é quase sempre um prazer, viajar de navio é um prazer duplo. Hoje, mais do que nunca, fazer um Cruzeiro, como se diz comumente, é viver momentos de grande satisfação curtindo tudo que os transatlânticos oferecem como navios modernos. Neles encontramos o conforto desejado, fazemos contatos com pessoas interessantes, visitamos cidades encravadas nos litorais ou às margens dos grandes rios. Temos segurança, vivemos dias em pleno contato com a natureza (o mar, o sol, a lua e os pássaros) aprendemos a fotografar, assistimos a shows e espetáculos raros, temos a opção de beber e comer o que nos apraz, enfim usufruímos de tudo de bom que os modernos navios nos oferecem. A pandemia cancelou os passeios nos Cruzeiros.

Agora, quando começa a diminuir os efeitos da pandemia, o mundo deixou de ser fechado e suas portas começam a abrir. Volta a alegria de passearmos nas cidades europeias, como Paris, Londres e Veneza, voltar à Brodoway em New York, voltar ao Rio de Janeiro para apreciar suas maravilhas. Os turistas retornam, as portas se abrem novamente. O mais importante é trazer o passaporte da imunidade e mostrar que somos todos vacinados. Apesar de viver uma situação de incerteza quanto à permanência do vírus, o povo brasileiro começava a sentir certa euforia acreditando que a pandemia perdia força no país.

7. Considerações finais

A pandemia não tem sido uma simples corrida contra o tempo, mas uma corrida no tempo. Assuntos triviais do nosso dia a dia passaram a ter um jeito diferente de ser, como as cidades, o meio ambiente, os relacionamentos humanos, a família, as carreiras, a comunicação, o papel do Estado nacional, enfim, tudo aquilo que atualmente gira em torno do nosso cotidiano.

O impulso das mudanças acelera cada vez mais nossa maneira de viver, deixando nos a incerteza do futuro, pois as mudanças que hoje vivemos já alteram nossa vida. As relações são postas à prova, as nossas conquistas são desprezadas, os valores e as nossas raízes são esquecidos. Ninguém tem a certeza e a precisão do que será o amanhã, porque somos mais imaginativos e intuitivos do que cientistas e conhecedores das teorias que falam do futuro e projetam o espelho do tempo.

Pouco compreendemos o que está se passando e não sabemos distinguir os processos de aceleração e transição. As gerações antigas conviveram com guerras, lutas entre os povos, pragas, e foram precisas em buscar soluções. Dizem os autores que estamos passando por uma segunda revolução industrial em função da velocidade e da profundidade das mudanças, o que representa uma encruzilhada na história da humanidade. Hoje, estamos amarrados no que muitos autores chamam de “saltos do tempo”.

O homem sempre mostrou seu relacionamento com as organizações e elas estão mudando de feição com uma frequência acelerada e com a afoiteza do tempo. Mudam os cargos, os encargos e os empregos. Novas formas de dirigir são bem vindas e surgem novas responsabilidades nas organizações privadas e públicas. Em função dessas mudanças são afetados os mercados produtores e consumidores e o contingente humano das organizações passa a ser mais exigente e qualificado. É a nova geografia organizacional. O relacionamento humano que antes era de duração longa, passará no futuro a ser de duração média e terá sua natureza fragmentada. Os novos relacionamentos serão mais profissionais que humanos. Não nos interessa os sonhos das pessoas, suas esperanças e suas frustrações. Nossas relações humanas obedecem ao princípio modular. Não existirá no futuro um homem integral, mas apenas um módulo de sua personalidade. Chama se isso de fragmentação de relacionamento ou modularização.

Uma segunda revolução industrial ocorrerá caracterizada pela debandada de preconceitos e a valorização das escolhas que o ser humano fará. No futuro, as liberdades de escolha do homem serão mais acatadas do que hoje e no passado. Trata se do próprio futuro da liberdade, a capacidade de escolha e o consenso que teria a sociedade para fatos que foram proibidos no passado e censurados no presente.

No futuro, a economia mundial será muito mais integrada, no entanto, cada vez mais desigual. A estabilidade econômica e financeira, geradora da explosão e economia mundial, se sustentará com as altas tendências protecionistas mantidas pelas grandes potências. É o crescimento global que vai predominar. Para o futuro é previsível a explosão populacional e a difusão da pobreza. Tanto uma como a outra afetam o ambiente onde deve existir tanta gente. A questão ambiental passará a ser uma das principais questões, provocando a migração em todo o território mundial. Parece que tudo isso aprendemos com a pandemia. O futuro pertence às tecnologias digitais e como disse Peter Druck “a única coisa que sabemos do futuro, é que ele será diferente”. Com a pandemia, se não aprendemos, pelo menos podemos pensar que o dia seguinte será assim .

1.BRASIL. Ministério da Saúde. Coronavírus: o que você precisa saber e como prevenir o contágio. Disponível em https://saude.gov.br/saude de a z/coronaviru Acessado em 20 Fev.2020.

2.BRASIL. Ministério da Saúde. Coronavírus e novo coronavírus: o que é, causas, Sintomas e prevenção. Disponível em https://saude de a z /coronavirus. Acessado em 04/FEV.2020.

3.BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância Sanitária. Infecção humana pelo Novo coronavírus. Disponível em https://portaquivo2.saude.gov./images/pdf/2020/fevereiro07/BE COE coronavirus.pdf Acessado em 03/Fev.2020

4.CAMUS, Albert. A Peste. Coleção Brasil. Lisboa: Livros do Brasil, 2020.

5.MARTINS, Eloi Senhoras. O Campo de Poder das Vacinas na pandemia da Covid 19.Boletim de Conjuntura (BOCA) : V 6. nº 18, Boa vista: 2021.

6._____________________ Coronavírus e o papel das pandemias na história humana. Boletim de Conjuntura (BOCA)V 1, nº 2, 2020.

7.SANZI, I.; SAINZA, J.G. Efeitos de crises del coronavírus em la educación. Madrid: OEI, 2020.

8.COSTA, L.M.C. e all. Influenza pandemics the struture of Brasilian heath care system: Brief history and characterization of the scenarios. Rev. Amazônica de Saúde, 2020. tps://covid.saude.gov.br/

10 ANDRADE, Carlos Drummond de. Sentimento do Mundo. Rio de Janeiro: Gryphus, 2000.

11. LEVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. São Paulo:Editora, 1993.

12. UJVARI, Stefan C. A história da humanidade contada pelo vírus. São Paulo: Contexto, 2020.

DE CULTURA E RESPEITO

A identidade criada pelo apego ao falar de cada torrão torna se um liame entre os seus concidadãos, assim como se fossem todos membros de uma confraria. São os códigos familiares que os identificam onde quer que estejam. Atire a primeira pedra o maranhense que, fora do nosso Estado, ao encontrar outro conterrâneo, resistiu à tentação de chamá lo, em voz alta: Ei! Qualira! Aliás, a palavra qualira ou qualhira é quase uma senha de identificação entre nós, um xibolete do maranhense. Conheço um grupo de amigos maranhenses exilados em São Paulo cujo maior prazer, reunidos, é passar o tempo todo a chamarem se mutuamente de qualhiras. Sem esquecer que, nesses encontros, também brilha o lorel e as exclamações hélas, éguas e marrapá, ditas por tudo e por nada, com grande entusiasmo. Freud diria que é a tal necessidade de raízes e/ou reconhecimento.

Mas confesso a vocês, que, mesmo sem nunca ter me mudado daqui, padeço da saudade de certas palavras saborosas que corriam à solta entre nós há alguns anos. Precisamente, antes da chamada globalização. No caso, não uma, mas as duas: a de Mac Luhan, o da aldeia global, e a do padrão globo de qualidade promotoras da estandardização da nossa cultura. Sinto falta de conversas recheadas de licutes; de coisas que dão gastura; de uma alpercata bem rudela para usar em casa; de dizer à minha sobrinha que menininha comportada não anda sem sunga; de chamar ao telefone um carro de praça ou de ir a uma simples mercearia ou quitanda, sem precisar falar supermercado.

Ainda bem que os estrangeiros que, cada dia mais, aportam à nossa Ilha sejam bem vindos não conseguiram mudar o nome do nosso pão massa grossa para pão francês. Nem o de massa fina para pão careca. Bem que algumas padarias metidas a chique tentaram. O povo resistiu. E elas, sabiamente, deixaram de remar contra a cultura local e voltaram às antigas denominações.

Por falar em respeito à nossa cultura, um grupo alienígena vocês sabem qual montou umas quitandinhas por aí e, talvez pensando fossem remanescentes da Companhia das Índias, quis nos fazer de bobos: suprimiu os empacotadores, deixou de vender vinagreira, jongome, farinha seca quebradinha, pescadinha da boca mole, manteiga Real e coisa e tal. Desprezou os nossos fornecedores, conhecedores do gosto maranhense, e nos tratou com pouco caso. Coisa de gente do Sul Maravilha lidando com nordestinos subdesenvolvidos. O resultado não tardou: lojas vazias, pouca venda. A coisa parece que não deu certo. Confundiram nordestino com zé mané. Felizmente, há alguns anos, arribaram do nosso porto. Que isso sirva de lição a outros alienígenas que aqui chegarem buscando abrigo e modo de enricar.

E mais, não gostei da invasão dessas barraquinhas de juçara que se autodenominam açaí. Na terra da Juçara? E as lojinhas que vendem tapioca, quando, na verdade, vendem beiju? Ora, pra nós, tapioca é só o pó, o ingrediente. E não fazemos nada? Estamos sendo aculturados por Belém e estados vizinhos do Nordeste.

Um conselho para os que chegam : há que se respeitar a cultura de quem nos acolhe. Ou dito de modo mais saboroso e firme: em terra de sapo, de cócoras com ele.

CADEIRA 34 PATRONO - LUCY DE JESUS TEIXEIRA 1º OCUPANTE - CERES COSTA FERNANDES

VELHOS

Não há duvidas de que estamos no século das viroses e alergias. Essas nomenclaturas genéricas são o modo de os médicos disfarçarem seu espanto no diagnóstico das coisas inusitadas e desconhecidas que acometem o bicho da terra tão pequeno. Levei sorte na categoria alergia, sou daquelas pessoas privilegiadas, que conseguem manusear livros e papéis velhos em perfeita paz com mofo, ácaros, fungos os mais variados, tintas, vernizes e inseticidas. As consequências futuras disso, não sei, mas como o futuro está ficando curto, creio que não chegarão a acontecer. Esta semana, na urgência de encontrar um daqueles indefectíveis documentos que fazem o tormento de ser uma cidadã na era do burocratismo, tive que manusear todos os meus arquivos, caixas e pastas. Seja dito, aqui, que não encontrei o cujo e parti para tentar tirar uma segunda via.

É sabido que os papéis se escondem, brincam com a gente: após rigorosas buscas, daquelas de folhear um por um dos nossos alfarrábios sem encontrar nada, e depois do périplo cruel em repartições e cartórios em busca da tal segunda via a enfrentar desinformações, burocratismo pétreo e desordem administrativa , sanada, a suor e sangue, a necessidade premente, abre se um caderno e ei lo, ali, safadinho, a nos olhar como se jamais tivesse se movido de lugar.

E sabem aquele dito popular “atirei no que vi, matei o que não vi”? É isso. Nessa busca enfadonha, reencontrei momentos interessantes, bons e maus, da minha vida. Depois de passados os anos, todos se tornam interessantes, se vistos com a luneta inversa. Encontrei minhas notas do primário, que não eram tão altas quanto eu lembrava; algumas cópias de documentos oficiais, aparentemente inocentes, da universidade em que desempenhei um importante cargo administrativo, mas que guardavam sutis manobras políticas nas entrelinhas e me divertiram bastante.

Nomeações que nem lembrava; trabalhos que me gratificaram, outros, nem tanto; declarações de amizade eterna de ex funcionários que se esfumaram, logo após a perda do cargo; lembranças de outros que ganharam lugar cativo no meu dia a dia. Amigos perdidos no tempo e no espaço, onde estarão, gostaria de rever alguns. Não falo de fotografias, essas não foram vistas. Elas sempre me dão overdose de emoções e me deixam levemente triste.

Mas achei uma coisa curiosa: um presente. O presente de um túmulo perpétuo no Gavião! Não revelo de quem foi o mimo, é uma história complicada..

Nunca fui lá conferir a localização. Não que tenha medo de coisas relacionadas à morte; tenho medo de morrer mal, ou melhor, de viver mal. É que, tempos atrás, me desiludi com o Cemitério do Gavião. A causa é meio surrealista, diz respeito aos ossos de duas das minhas bisavós, uma materna e outra paterna, acomodados em uma só túmulo, coberto com uma lápide de mármore, em uma das alamedas principais. Coisa antiga, cuidada pelo meu bom e zeloso Tio Janu, também chamado de Zoquinha. Morto meu tio, deixei o local um tanto abandonado, confesso. Um dia soube do roubo da lápide. Fui lá e encontrei o túmulo aberto, sem nada dentro. Procurei a administração do Gavião que confirmou o furto da lápide e o sumiço dos ossos. Não sabiam a quem avisar (!).

Danei me. Como? Sumiço dos ossos? Os ladrões levaram os ossos para alguma sessão de magia negra? Não, disse o encarregado, deixaram pelo chão. E onde estão, disse eu. Venha ver. Então me levou a um túmulo abandonado, com uma dezena de sacos de ossos dentro. E as minhas bisavós? Estão em algum desses sacos aí. Não ia levar para cultuar e cuidar dez ossadas desconhecidas, sem nem saber se realmente haveria alguma avó dentro delas. Perdi, assim, os ossos das minhas bisavós Rita e Amália e, com eles, a confiança em túmulos “perpétuos”

Já de posse do documento do mimo herdado, acho que vou lá saber se há algum outro inquilino no túmulo perpétuo reservado a mim. Quem sabe ele é jeitoso, o túmulo, não o inquilino. Em caso positivo de ocupação, entro com uma ação de despejo, sei lá.

PAPÉIS

Sem pretensão de garimpar nada, ainda encontrei outras coisas interessantes. Coisas que me deixaram triste ou pensativa e coisas que me fizeram dar boas gargalhadas. Não foi de todo vã a minha busca de documentos fugitivos entre ácaros e fungos. Quem sabe outro dia retorno a este assunto.

JORGE

CERES COSTA FERNANDES

DO AMOR

Esta crônica foi escrita por ocasião da morte de Jorge amado. E, no mês do seu aniversário, a reproduzo como singela e sentida homenagem àquele que nos permitiu fruir em seus livros o verdadeiro “prazer do texto”.

Morreu Jorge Amado. A notícia espalhou se qual rastilho de pólvora pelo mundo todo. Como era conhecido e amado o Jorge! O Jorge alegre, bonachão, sensual, apreciador da boa mesa e das mulatas e negras. O Jorge íntimo dos orixás, filho de santo, amigo dos artistas, mestres capoeiras, barqueiros e prostitutas. O Jorge homenageado por presidentes e reis, inspiração de pintores e poetas. O Jorge que confirmou e engrandeceu a tríade: França, Europa e Bahia. Muita gente pelo mundo afora só sabe o Brasil através de Jorge, do que ele escreveu. Jorge, enfim, era a nossa sempre renovada esperança de que "esse ano o Nobel é do Brasil". Que afinal nunca foi. E agora está mais distante, não por falta de candidatos merecedores, mas porque aplacada a língua portuguesa com a premiação de José Saramago.

Sou sua tiete (não confundir com Tieta),e dentre as coisas me fascinam na obra desse bruxo da prosa é o lugar ocupado pela comida a bem dizer as iguarias baianas. Sendo a Bahia um lugar onde até os deuses são gulosos e não dispensam um ebó bem preparado, romance de Jorge Amado que se preze tem que ter pelo menos uma receita culinária: do bolo de puba e moqueca de siri mole de Dona Flor, passando pelos acarajés de Gabriela, e pela frigideira de maturis de Tieta, ao livro de receitas de Pedro Arcanjo. E para complementar, todo o texto deverá ser convenientemente polvilhado de referências gustativas, de sabores picantes sempre relacionadas à sensualidade, por via direta ou de alusão.

Nosso bom Freud já explicava a questão da imbricação do amor, ou melhor, do desejo sexual, com o sentido gustativo. Tudo começaria com o prazer nada inocente do bebê ao sugar o seio materno. E, a partir daí, estaríamos para sempre presos à libido dessa fase oral, revisitando a toda a vez que nos sentimos sensualmente atraídos por alguém. As implicações do ato de comer com o ato sexual são tantas que muitas vezes nos escapam as suas relações no linguajar no jogo amoroso.

As mulheres ofendem se se são grosseiramente chamadas de comida ou de gostosas por alguns cavalheiros sem muito tato. Mas derreteram se, por gerações, quando chamadas mais sutilmente na ordem de cronológica de pitéu, doce de coco, peixão, uva e cocadinha. Nessa última, as meninas, cansadas de tanta devoração, rebateram e entraram no jogo, ousando a denominação de "pão" para os homens, que consideravam sensuais. Donde a origem da "geração pão com cocada"(se não me falha a memória, nos anos 70). Isso depois, é claro, da década da liberação sexual, que antes mulher não podia demonstrar desejo. Presentemente, de modo incompreensível que nem Freud explica, gostosos de ambos os sexos são gato e gata.

Mas voltemos à gastronomia amorosa de Amado. Não contente de apresentar suas musas como mulheres bem nutridas e compará las a petiscos, ele ainda as faz cozinheiras de mão cheia. Cozinheira é Gabriela e cozinheira é Dona Flor, ou melhor Florípedes Paiva Madureira, proprietária e instrutora da Escola de Culinária Sabor e Arte ( o que lhe custou o trocadilho nada sutil de Vadinho, ao conhecê la: "quero saborear te"). São as duas mais famosas personagens de Amado, cantadas e decantadas em diversos países, em músicas, filmes e novelas. A descrição de Dona Flor é característica: "era bonita, agradável de ver se: pequena e rechonchuda, de uma gordura sem banhas, a cor bronzeada de cabo verde, os lisos cabelos tão negros a ponto de parecerem azulados, olhos de requebro e os lábios grossos um tanto abertos sobre os dentes alvos. Apetitosa, como costumava classificá la o próprio Vadinho."

E perseguindo mais referências gustativas, nos seus romances, vamos descobrir que os beijos e os sexos têm gostos variados, por vezes são tal uma moqueca de camarão ou são ardidos como cebola e pimenta. Como

AMADO E A GASTRONOMIA

resultado de tudo isso e como não poderia deixar de ser, o universo literário de Jorge Amado é repleto de mulheres roliças, rebentando os colchetes", ancudas, de nádegas dançantes, "

O próprio Vadinho, ao retornar do além, nos informa: "Deus é gordo".

E finalizo com a crença de que Jorge Amado, após uma vida em que amou a mulher amada e por ela foi amado, sem nunca abster se de suas moquecas e frigideiras fartas de dendê, pimenta e leite de coco, rodeado de amigos e laureado como uma unanimidade por todo o Brasil, morreu feliz. E sorridente, como a Irene de Manuel Bandeira, foi saudado por um São Pedro gordo o passadio no céu é bom , pescador e um dos seus, que, abrindo a porta do céu, o mandou entrar sem precisar de pedir licença. O que ele fez de pronto, evidentemente acompanhado de um bando de anjinhos gordotes, aqueles dos "olhares de frete", que esvoaçam nos altares e tetos das 365 igrejas da Bahia.

JOMAR MORAES E A AML

CERES COSTA FERNANDES

(republicado em homenagem ao aniversário de seu falecimento)

Mede se a importância e o prestigio de uma sociedade, confraria, sodalício, assembléia, irmandade e outros que tais, pelo desejo que despertam nas pessoas do ingresso nessas instituições. Um objeto de desejo: é isso que a Academia Maranhense de Letras representa para muitos que militam nos meios literários. Suas eleições são concorridas e longamente comentadas; as posses tornam se acontecimentos culturais e sociais e até motivo de fofocas e maledicências, o que só confirma o prestígio. O momento é de efervescência cultural em todo o Estado e, a partir de 1991, com a fundação da Academia Imperatrizense de Letras, seguida da de Caxias, cada vez mais municípios maranhenses (hoje são 16) vão instituindo as suas academias e a AML sempre é convidada para dar lhes respaldo e participar de suas fundações e atividades.

Mas nem sempre foi assim. A AML alternou períodos de prestigio e de decadência. Épocas houve em que as cadeiras da Casa de Antonio Lobo sequer eram preenchidas, embora fossem em menor número que as quarenta atuais. A AML possui hoje credibilidade junto às suas congêneres, uma sede condigna, biblioteca especializada em literatura maranhense com milhares de títulos carecendo apenas de prédio próprio para melhor servir ao público , livraria e largo programa editorial. Edita os Perfis Acadêmicos, e retomou a edição da Revista. Registra se o uso constante de sua sede para lançamentos literários, encontros culturais, seminários, produzidos ou não pela Academia. Uma Instituição viva e atuante.

Eleito presidente da Casa de Antônio Lobo, em dois de fevereiro de 1984, Jomar Moraes é considerado um dos maiores dirigentes de toda a história da nossa Academia, quase centenária, fato reconhecido de público pelo acadêmico José Sarney, na tribuna em que pronunciava a saudação de recebimento do mais novo confrade, Joaquim Campello. Jomar vem, ininterruptamente, à frente dos trabalhos daquele sodalício por profícuos vinte e dois anos que serão completados no dia dois de fevereiro de 2006, quando transmitirá a função ao confrade Joaquim Itapary, polígrafo afeito às questões dos textos literários e técnicos e com larga experiência em administração cultural.

Historiografia, pesquisa, editoração de textos, ensaio, crítica literária e crônica. É nesse contexto cultural que opera Jomar Moraes, E, como se ainda fosse pouco, às modalidades referidas e praticadas, Jomar agrega a vocação de administrador cultural, melhor dizendo de fazedor e restaurador obstinado de casas de cultura, tais como a Secretaria de Cultura do Estado, o SIOGE Serviços de Obras Gráficas do Estado, a Biblioteca Pública Benedito Leite e a Academia Maranhense de Letras.

Para definir qual o lugar de Jomar Moraes nas nossas letras e tradições culturais é bom saber que poucos intelectuais conterrâneos se integraram tanto à maranhensidade, contribuindo com aprofundado saber para o amplo conhecimento do presente e passado do Maranhão em geral e de São Luís, seu bem querer, em particular.

Jomar Morais não é um, é vários. Predominantemente historiador em obras do próprio punho, vide o Guia de São Luís, O Físico e o sítio, Vida e obra de Antônio Lobo, Graça Aranha, entre outros, ele se transmuda em editor de textos e reforça, em arrojados projetos editoriais, o elo jamais quebrado com a musa de Heródoto, dando à luz obras de há muito esgotadas e negadas ao domínio público ainda que fundamentais para recomposição das marcas da nossa historicidade. E aí se colocam Alcântara no seu passado econômico, social e político, de Jerônimo Viveiros, Relação sumária das cousas do Maranhão, de Simão Estácio de Oliveira, O Censor Maranhense, A Flecha, O Argos da Lei, O Archivo, essas quatro últimas fac similares. O pesquisador enamorado da arte poética é mais um lado do talento multifacetado de Jomar. Fascinado pela descoberta da poesia de Joaquim Sousândrade, revive o mito sousandradino, reapresentando aos próprios maranhenses o poeta genial e esquecido com Harpa de oiro e a edição fac similar de O Guesa. Em parceria com Frederick Williams, publica Sousândrade: inéditos, Sousândrade: prosa, e o primoroso Poesia e prosa reunidas de Sousândrade, obra de referência para estudiosos e especialistas.

No ensaio Gonçalves Dias vida e obra, o pesquisador explora um veio inédito da fortuna critica do poeta: a busca do texto primordial, puro como saiu do estro do bardo, a escoimá lo das impurezas a ele agregadas no decorrer das numerosas e pouco cuidadas edições. Trata se de um trabalho definitivo no gênero e que já se demorava, considerando se a grandeza do biografado e o respeito devido à sua obra.

A bibliografia de Jomar não cabe em uma só crônica. Sobram títulos e títulos não referidos, mas ainda assim importantes. Todos publicados com o selo da AML e com a totalidade da venda revertida para a Instituição. É algo admirável se considerarmos que a Academia não recebe um tostão de subvenções ou ajudas oficiais. Apenas contribuições de alguns de seus membros e os patrocínios conseguidos pelo incansável Jomar.

No dia dois, ele se afasta para cuidar melhor da saúde, que desejamos restabelecida para que ele continue incansável na luta em prol da cultura da maranhensidade.

Um adendo: este artigo foi publicado em janeiro de 2006 e, após essa data, muitas outras obras importantes foram publicadas, entre elas a edição crítica do DICIONÁRIO HISTÓRICO GEOGRÁFICO DA PROVÍCIA DO MARANHÃO – da autoria de César Augusto Marques, que tomou mais de dez anos de trabalho de Jomar Moraes, com notas e adendos que dobraram as informações da obra, publicado em 2008, no centenário da AML. Obra de referência indispensável a quem quer conhecer o Maranhão

CADEIRA

PATRONO - DOMINGOS VIEIRA FILHO OCUPANTE - JUCEY SANTOS DE SANTANA
35

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Homenagem a meu pai

Manoel Germano dos Santos nasceu no povoado Leite da cidadce de Itapecuru Mirim (MA), em 18 de maio de 1905. Filho do libanês Domingos dos Santos Jorge, conhecido como Domingos Italiano (Taliano) pela dificuldade de dominar a língua portuguesa, e da cearense Luiza Sampaio dos Santos.

O pai que tinha o nome original de Domingos dos Santos Karam Jorge chegou no Brasil com mais dois amigos, aportando em Belém (PA) no ano de 1901 e mudou se para Itapecuru Mirim em 1902. Sob os auspícios do governo com vantajosas atrações para atrair os imigrantes, “para trazer novos elementos às indústrias e explorar as riquezas que encerra este solo abençoado (...), concedendo terra devolutas, distribuídas em lotes aos colonos imigrantes ...”, (José Bento de Araújo, presidente da Província do Maranhão de 1886 1888). Domingos Italiano se instalou no povoado Leite, tendo antes solicitado ao Conselho de Intendência de Itapecuru Mirim aforamento das terras na localização Malassado. Instalou se com lavoura de cana de açúcar e plantio de arroz , algodão e criação de gado.

Conheceu e se casou com Luiza Sampaio. A família Sampaio oriunda de Baturité (CE), já estava instalada no povoado Leite desde 1890, quando chegaram do Ceará, como retirantes da seca do Nordeste. O casal teve quatro filhos, Anna, Maria Petronília, Manoel e Teresa de Jesus.

O Casarão

Já com certa prosperidade e para encaminhar os filhos aos estudos o casal construiu uma ampla casa na Rua do Egito, na sede do município, ao lado da antiga cadeia pública.

No local montou um estabelecimento comercial com usina de beneficiamento de arroz e algodão. O salão do casarão de oito portas e várias janelas, era constantemente cedido pela mãe (Mãe Liza), às companhias de cinemas para projetarem os primeiros filmes (mudos), que foram vistos na década de 30 e 40 em Itapecuru Mirim e para encenações de peças teatrais e circenses, apresentados no salão do prédio, nos dias de chuvosos. Depois que ficou viúva, Luiza Sampaio ficou à frente dos negócios até o seu falecimento em 1949. Os filhos sobreviventes, Manoel e Teresa alugaram o casarão para servir de Silo de Armazenagem de Grãos, de acordo com informes da Senhora Maria do Rosário Nogueira da Cruz Tajra, lembrando que seu esposo, funcionário do Ministério da Agricultura, administrava o SILO. Passou algum tempo fechado se tornando conhecido como “Furna da Onça”. Foi adquirido por José Félix de Sousa

MANOEL GERMANO DOS SANTOS

“Cabocal” que em 1954 o mandou demolir, sendo contratados para o serviço o irmão José Félix e o pedreiro Domingos Preto. O material do casarão foi vendido para construção de três casas e as telhas ainda podem ser vistas na residência do Senhor Jamil Mubarack, na Avenida Brasil.

Chegada dos outros parentes

A convite de Domingos dos Santos, pai de Manoel dos Santos, chegaram a Itapecuru Mirim, nos idos de 1914, oriundo do país do cedro, dois primos seus, também primos entre si, Jorge Assef Farat e Miguel Ahid Jorge. Os recém chegados se associaram em um empório na Rua do Sol, tendo ambos se tornado genros do de Domingos dos Santos. Jorge Assef casou se com Maria Petronília e Miguel Ahid com Anna. Depois de desfeito o consórcio comercial (1918) ambos passaram a administrar seus negócios próprios se tornando figuras de destaque na sociedade itapecuruense. Em 1923 Miguel Ahid mudou se para a cidade de Coroatá (MA). Anna dos Santos Ahid, esposa de Miguel Ahid Jorge faleceu em 3 de novembro de 1927. Jorge Assef e Maria tiveram duas filhas: Sadine e Nancy. Sadine Assef foi dotada de muita beleza chegando ser eleita em 1944, Rainha da Primavera, em evento beneficente, para arrecadação de fundos para construção da casa da poetisa Mariana Luz. Depois do falecimento precoce do casal Assef as filhas foram criadas pela avó Luiza e o tio Manoel dos Santos.

A irmã mais nova de Manoel dos Santos, Teresa de Jesus casou se em 1928 com o Promotor Público itapecuruense, Antônio Altair Montello Raposo. Do consórcio nasceram os seguintes filhos: Altair (militar), Aldacy (Vr. Aldacy Raposo), José Ribamar, funcionário público, Benedito (Vr. Benedito Raposo), Arlindo, economista e político e as professoras Ana e Maria da Graça.

Manoel dos Santos e os Estudos

Manoel Germano dos Santos sempre foi muito curioso e inteligente. Iniciou seus estudos em Itapecuru Mirim com as professoras Mariana Luz e Zulmira Sanches Fonseca. Para dar vazão a sua criatividade seus pais o encaminharam para aprender algumas profissões. Manoel fez oficinas de alfaiataria, funilaria, carpintaria, sapataria, marcenaria, forjaria e outros aprendizados comuns na época para aprender os “ofícios”. Enfim tudo ele aprendeu um pouco.

Por força de uma promessa assumida com seus santos de devoção, a mãe Luiza Sampaio convenceu o esposo a fazer padre o filho único. Em 5 de março de 1918, com apenas 13 anos de idade, Manoel ingressou no Seminário de Santo Antônio, pelas mãos do seu tio Jorge Assef, que passou a intermediar os interesses do jovem entre o seminário e a família.

No seminário estudou Humanidade e clássicos, equivalente ao ginásio e ainda residindo no seminário ingressou no Liceu Maranhense no final de 1921 (A Pacotilha, 16.12.1921).

Ao concluir o Liceu em 1924 chegou a conclusão que não tinha vocação suficiente para seguir a vida clerical. Na época com o falecimento do pai Manoel retornou a Itapecuru Mirim para auxiliar a mãe nos negócios da família.

Trajetória Profissional

Depois de viúva a mãe de Manoel passou a gerir o comércio e a casa e o engenho no Leite.

Manoel logo entendeu que não tinha aptidão para ficar atrás do balcão preso no armazém então, passou a intermediar as compras para o abastecimento do comércio adquirindo grande quantidade de animais (burros) para o transporte das mercadorias adquiridas diretamente com os lavradores. Preferia está em contato com o povo simples do meio rural.

Em 1925 aos 20 anos de idade, requereu à Câmara Municipal de Itapecuru Mirim aforamento uma grande extensão de terras devolutas para instalação de um engenho à vapor. Muito lhe favoreceu os inúmeros ofícios aprendidos na infância e os conhecimentos adquiridos nos bancos da escola que o tornaram apto a

trabalhar com todo tipo de máquinas, engenhocas, um expert em consertar, montar, construir, fabricar e diagnosticar problemas. Era uma espécie de engenheiro leigo. Se tornou um grande líder entre os caboclos para inquietação da família que não via com simpatia, essa opção de vida.

Instalou engenho de cana de açúcar e passou a explorar negócio próprio, próximo a sede do município, depois do riacho Cova. Por volta de 1935 adquiriu as terras do povoado Paulo Mina e instalou outro engenho e criação de gado, bovino e caprino além de investir em plantaçãode arroz e começou experimentar o cultivo de café e cacau.

Em Paulo Mina conheceu a jovem Margarida, filha de um casal de moradores, o cearense Honório Barbosa e a afrodescendente Maria Pereira. Casou se em 1941 ela com apenas 13 nos e ele com 36 anos de idade. O casal teve os seguintes filhos: Jandira, Jacira, José de Ribamar, Jucelina, Jucey, José Domingos, Jurandir, Jacy, Jovelina e Janira.

Nos anos 40 foi nomeado pelo delegado, Feliciano Lopes, o Barão, para o cargo de Sub delegado de toda a região com a prerrogativa de nomear os inspetores de quarteirões para auxiliá lo nas pequenas contendas de cada povoado, descentralizando o poder de polícia da região.

Foi um dos fundadores da Cooperativa Industrial Agrícola em 24 de maio de 1953, com a finalidade de amparar pequenos empreendedores, agricultores e os funcionários da Usina de Álcool de Mandioca. (que nunca funcionou). Manoel dos Santos chegou a ser beneficiado com financiamentos da Cooperativa.

Professor e Construtor de Pontes

Em Paulo Mina, Manoel dos Santos instalou uma escola gratuita para alfabetização de adultos. A escola funcionava no salão da casa grande e era dirigida aos colaboradores do engenho e agregados do lugar. Ensinou ler também todos os inúmeros afilhados, cunhados e a jovem esposa.

Precisava se afastar com frequência para auxiliar a sua mãe, já idosa e visitar outras comunidades por força da função, deixando à frente dos negócios a jovem esposa sem experiência. O negócio gradativamente entrou em decadência, tendo que deixar Paulo Mina em busca de outras oportunidades.

Em Itapecuru Mirim de 1947 a 1948 foi contratado pelo prefeito Miguel Fiquene para construir as pontes dos riachos Covas e Passarinhas. Ainda com o apoio do prefeito Miguel Fiquene mudou se para a localidade Caixa D’água para fundar um escola no local, que funcionou até 1953.

Em 1954 mudou se para o antigo Caminho da Boiada, (Caminho Grande). No local teve por vizinho a família Mendes, (Antônio, Biné e Manoel). Passou a ser parceiro de Biné Mendes, (Benedito Braúlio Mendes) nos negócios do comércio e da usina de beneficiar arroz. Juntos construíram pontes de madeira em vários rios e riachos, como: Iguará, Paulica e Riachão. Manoel dos Santos era o engenheiro, que fazia os cálculos estruturais e o transporte da madeira. A questão do pessoal para o trabalho ficava por conta de Biné Mendes.

O trabalho exaustivo, exigindo muito esforço físico fez que adquirisse uma tuberculose pulmonar. A doença abateu o seu corpo franzino obrigando o a se afastar do trabalho em 1958. Foi tratar se em São Luís, e de lá não voltou mais para Itapecuru Mirim. Depois de curado ficou trabalhando na Capital. Montou uma granja depois criou uma pequena fábrica de sabão. De 1959 a 1960 trabalhou no IBGE, com o sobrinho e

afilhado José Ribamar dos Santos Raposo, diretor da instituição. Assim conseguia com dificuldades, custear as despesas dos filhos menores que ficaram em Itapecuru Mirim.

Em 1960, mesmo combalido depois de ter sofrido dois enfartos do miocárdio, veio a Itapecuru Mirim ajudar na campanha da amiga Graciete Cassas, para prefeita.

Comprazia se com a educação dos filhos e sobrinhos. Era um contador de histórias. Não era permitido pronunciar nenhuma palavra errada perto dele, que se sentava para explicar a origem daquele vocábulo, o seu significado e toda a derivação, etc (na época os filhos achavam chato). Falava latim, francês e lia com fluência, outras línguas de origem latina.

Quando chegava a Itapecuru Mirim um missionário evangélico os moradores o levavam até Manoel dos Santos que, “era o homem mais sabido da bíblia, depois do padre”. Apesar de não ser político era chamado para orientar nos discursos e no apoio às eleições pela liderança que exercia na zona rural.

Manoel dos Santos e Cabocal Felix foram os pioneiros no uso de bicicletas em Itapecuru Mirim no final dos anos 30.

Nunca é muito traçar o perfil de Manoel dos Santos como inigualável ser humano. Paciente por índole, um sábio, destituído de vocação empreendedora, de ambições políticas ou financeiras. De caráter inquestionável. O sentimento “Amor” brotava espontâneo do seu cerne, quer fraternal quer filial ou paterno. Seu inquestionável dom de doar se, seu caráter incorruptível e sua arte de fazer o bem comum com ética, alegria, transparência sem nunca exigir nada em troca.

Meu pai, minha referencia, meu orgulho. O seu exemplo é a nossa herança. Faleceu em 10 de março de 1961, aos 55 anos deixando vários filhos na orfandade.

CADEIRA

E SILVA

NERES

"MARCA DAS PALAVRAS"

Marca das Palavras, Joiza Costa

Capa.

Nota do Editor: Abri o (Marca das Palavras) e me daparei com algo expressivo: 'Não me faça nó/ Faça me laço./ Assim poderemos estar juntos/ num só abraço...'. Essa é a Joiza Costa que admiro enquanto ser humano, poeta, professora, amiga e escritora. (Mhario Lincoln).

Prefácio:

O Prefaciador. Prof. Neres.

JOIZACAWPY: uma poética da leveza

38 PATRONO - DAGMAR DESTÊRRO
1º OCUPANTE - JOSÉ

Cerca de um ano antes de falecer em 1985 o escritor Ítalo Calvino deixou para os amantes da literatura uma série de cinco ensaios completos e um por iniciar. No Brasil, estes estudos foram publicados enfeixados em um volume intitulado Seis propostas para o próximo milênio, no qual o leitor pode entrar em contato com as ideias do autor de Palomar acerca das seis características que ele julgava essenciais na hora de produzir um texto que pretendesse atingir os leitores do século XXI, momento histórico que ele não chegou a vivenciar, mas sobre o qual teve muito a dizer, não como um exercício de futurologia, conforme ele mesmo explicou, mas sim como observação atenta de uma realidade que rapidamente se aproximava.

As seis propostas enumeradas por Calvino são, a saber: leveza, rapidez, exatidão, visibilidade, multiplicidade e consistência, sendo que dessa última restou apenas o título, pois o escritor faleceu antes de eternizar seus argumentos no papel. Resta nos, então, imaginar o que seria dito sobre a prática da consistência em textos artísticos. Contundo, no primeiro ensaio, dedicado à leveza, Ítalo Calvino aprofundou com maestria aquilo que considerava algo leve em literatura, sem, no entanto, desprezar a noção e a necessidade do peso. Para ele. A leveza pode ser exemplificada por três acepções distintas, mas que se completam: a) uma linguagem despojada; b) a narração de um raciocínio ou um processo psicológico que acabe comportando um elevado grau de abstração; c) uso de imagens figurativas que assumam um valor emblemático.

Desde seu livro de estreia, publicado em 2020 – Essência da alma: poesias e reflexões – é possível perceber na construção poética da jovem escritora Joizacawpy Muniz Costa um apego à leveza e à suavidade da linguagem, do raciocínio e das imagens poéticas. Mesmo declarando que “Há escombros em minha alma / Os quais eu preciso remover”, é possível perceber que esse peso que incomoda também serve como forma de alívio para quem sabe ser possível desfazer se dele a qualquer momento. Transformar alguns incômodos problemas da vida em versos e páginas de poesia parece ter sido a opção desde o princípio do eu lírico eleito por essa professora, pedagoga, cronista e poetisa nascida na cidade de Santa Inês, criada em Monção e há alguns anos radicada na capital maranhense.

Agora, em seu segundo livro, a escritora continua fiel a seu estilo aparentemente simples, mas que oculta em cada verso algumas das especificidades humanas mais caras e raras. É facilmente perceptível que Joizacawpy Costa não trava lutas com as palavras, mas sim acaricia as e mantém com cada uma delas uma relação de carinho e de cumplicidade. Em determinado momento ela diz que:

Não quero a obrigação de escrever, Prefiro a leveza das palavras sem rigores

A leveza nascida na fonte da simplicidade Gerada nas entranhas dos sentimentos.

Leveza que salta da alma Feito sopro de felicidade.

E é esse não forçar as palavras, esse não acorrentar se às regras impostas pelo artificialismo dos versos, o que aproxima o leitor da obra de Joizacawpy Costa. Ela não demonstra interesse em usar termos e palavras que estejam fora do universo linguístico da maioria das pessoas que leem poemas e crônicas. De certa forma, em seus textos, essa escritora busca ultrapassar barreiras respeitando limites, seus e das pessoas com as quais dialoga. Como boa observadora dos entornos da realidade, ela consegue transformar momentos corriqueiros em pequenas e delicadas obras de arte, seja em verso, seja em prosa.

O tom levemente coloquial de seus textos contribui para que a sensação de leveza e de bem estar do leitor diante das palavras impressas nas páginas de um livro. Essa leveza transparece tanto em seus poemas quanto em suas crônicas. Sendo que há uma considerável diferença na construção e na recepção dessas duas modalidades. Nos versos, percebe se que o eu lírico dá um mergulho em si mesmo, desnudando se diante dos olhos do leitor ao apresentar suas angústias, suas palavras ditas e/ou silenciadas por motivos vários e seus desejos. São textos que apresentam um olhar dirigido para dentro, para o interior nublado pelas agruras do dia a dia, mas iluminado pela liberdade de poder livrar se dos pesos do dia a dia a partir da libertação possibilitada pelas palavras.

Por outro lado, nas crônicas, o olhar do narrador é quase sempre para fora, para uma realidade que incomoda. São pequenos textos que buscam informar o leitor sobre realidades que nem sempre são visíveis a olho nu e que precisam da lupa das artes para serem visualizadas sob ângulos distintos. Nas crônicas, a professora, a pedagoga e a mulher atenta às mudanças cotidianas se sobressaem e, em um estilo que muitas vezes lembra a prosa de Rubem Alves, ela deixa diversas lições de vida e chama a atenção para detalhes que de tão visíveis, estão se tornando invisíveis, graças às inúmeras anestesias metafóricas a que somos submetidos diariamente.

Como “a vida de fato é uma grande escola, aprendemos desde o primeiro sopro de vida até o apagar da última chama”, este novo livro de Joizacawpy Muniz Costa pode ser visto como uma série de pequenas aulas sobre essa leveza que devíamos considerar para distribuir os inúmeros pesos cotidianos que podem nos incomodar. Conforme disse certa vez Ítalo Calvino: “Às vezes o mundo inteiro me parecia transformado em pedra.” Então, nada melhor que usar a arte para nos aliviar desse peso. E cada poema, cada crônica, deste livro é capaz de aliviar esses pesos que carregamos tantas vezes sem nos darmos conta.

Literalmente alguns poemas

Saltam das minhas mãos inquietas

As palavras dominam minha mente E no meu fazer escrito elas são ditas

Ainda que eu esteja em silêncio (Joizacawpy Costa)

VIOLETA DO CAMPO

Imagem cedida pelo autor.

Para a professora Diomar das Graças Motta, Para o poeta Wybson Carvalho: dois pesquisadores da obra de Laura Rosa. Há acontecimentos tão importantes para a sociedade como um todo que acabam eclipsando outras partes da biografia e até mesmo da obra de determinada pessoa. Foi isso que, de alguma forma, aconteceu com a poetisa e educadora Laura Rosa, escritora que adotou para si o pseudônimo de Violeta do Campo e que deixou importantes contribuições para a intelectualidade maranhense.

Filha da senhora Cecília da Conceição Rosa com um cidadão que assumiu a paternidade da criança, Laura Rosa nasceu em São Luís, no dia 1º de outubro de 1884, teve como padrinhos o casal formado pelo Dr. Antenor Coelho de Souza e a professora Lucília Wilson Coelho de Souza. Esse contato favoreceu sua formação intelectual, que foi fortalecida por imersões no mundo da leitura e por uma ativa colaboração em jornais e revistas.

No final de 1909, ela concluiu as aulas do Curso de Normal, colando grau no ano seguinte. Logo após o fim de suas aulas, foi convidada para ser uma das conferencistas de um evento comemorativo pelo 130º aniversário de fundação da Biblioteca Pública. Na ocasião, apresentou um trabalho intitulado “As Crianças”, no qual traçou um breve perfil histórico de como as crianças eram educadas ao longo dos tempos em diversas sociedades. No segundo momento, dava conselhos relativos a como as mães deveriam cuidar de seus filhos.

Dois anos depois, em 1911, publicou o livro de contos intitulado “As Promessas”. Segundo informações registradas na época do lançamento, os textos dessa obra eram dirigidos tanto ao público adulto quanto ao juvenil. Com narrativas que conduziam a um fundo de moralidade e de noções sobre educação. Infelizmente, ainda não conseguimos encontrar exemplares desse livro, para um maior aprofundamento. Porém, a recepção da obra foi bastante calorosa, sendo recomendada para todos os públicos.

LAURA ROSA, NOSSA

Logo após sua formatura, Laura Rosa passou em um concurso e foi designada para lecionar em uma escola mista no município de Caxias, onde ficou por alguns anos e estabeleceu muitos laços afetivos e profissionais. Depois conseguiu transferência para sua cidade de origem, onde ministrou aula por anos, até sua aposentadoria em 1944. Após o falecimento de sua madrinha, retornou para Caxias, onde novamente foi muito bem recebida e onde veio a falecer, no dia 14 de novembro de 1976, aos 92 anos. Mesmo muito tendo contribuído para a educação e para a literatura do Estado, o nome de Laura Rosa atualmente é mais lembrado por haver sido ela a primeira mulher a ingressar nos quadros da Academia Maranhense de Letras, ao ser eleita para a Cadeira nº 26 da Instituição, no dia 03 de abril de 1943, e ser recepcionada por Nascimento Moraes duas semanas depois, no dia 17 de abril. Sempre discreta, em seu discurso de posse, preferiu silenciar totalmente sobre suas qualidades humanas e literárias e tecer elogiosos comentários ao patrono da Cadeira, o escritor Antônio Lobo, que havia sido seu professor durante sua formação para exercer o magistério.

Porém, um pouco do brilho dessa escritora foi destacado por seu sucessor na AML, o professor José Jansen Ferreira, que foi seu colega nas aulas de inglês e que lamenta o fato de os originais da primeira ocupante daquela cadeira não haver sido localizada para ser publicado, já que o anunciado livro de poemas “Castelos no Ar” (ou “Bolhas no ar” – conforme alertou o professora Clóvis Ramos em um de seus estudos) jamais foi localizado.

Os trabalhos de Laura Rosa permaneceram no ostracismo durante muito tempo. Até que a professora Diomar das Graças Motta, em sua tese de doutoramento, recuperou parte da obra e da biografia da escritora, recolhendo, posteriormente, e publicando em forma de livro a conferência “As Crianças” (Edufma, 2017, 53 páginas) e alguns de seus poemas dispersos em jornais e revistas, sob o título de “Poesia Reunida de Laura Rosa” (Edições AML, 2016, 84 páginas).

No entanto, é sabido que vários dos poemas de Laura Rosa ainda podem ser localizados em jornais, assim como parte de sua prosa, que ainda não foi explorada e quem sabe um dia pode ser resgatada e transformada em obras que deleitem os admiradores dessa escritora que precisa ser mais lida e analisada.

Um exemplo disso é o poema “aquelas Cruzes…” publicado no Jornal “A Folha do Povo”, de 05 de novembro de 1925, e no qual a escritora mostra a todos nós, de modo bastante simbólico, quão efêmera é a vida e o caminho que invariavelmente será percorrido por todos os seres humanos.

AQUELAS CRUZES…

Laura Rosa (Violeta do Campo) Vinde comigo, entremos devagar, É francamente aberto este portal.

Por que hesitais? É permitido entrar.

Olhai de frente a Porta principal. Mas, antes de transpor o patamar, tirai, vos peço, a sandália social.

Que podereis, com uma bulha perturbar o sono, que se dorme em leito igual. Meditai dez minutos. Tantas luzes a tremerem na cera derretida!

Braços abertos, vede aquelas cruzes… Quase todas nos falam da tortura de arrastá las, senhor, por esta vida, Neste vale de pranto e de amargura.

"ESTRELAS DE UMA INFINITA CONSTELAÇÃO"

Desde tempos imemoriais, as mulheres se dedicam às artes da poesia. Porém, por razões diversas, nem sempre tiveram oportunidade de publicar seus trabalhos em forma de livros. Em alguns casos, nem mesmo puderam mostrar seus versos guardados em cadernos ou expô los oralmente. Provavelmente, há muitas escritoras desconhecidas até mesmo no seio familiar. Quem sabe um dia esses manuscritos não sejam recuperados e publicados para que os leitores e pesquisadores de hoje possam conhecer essas autoras e obras que foram silenciadas ontem, mas que podem ecoar no futuro...

No Maranhão, nas últimas décadas, muitas escritoras têm publicado seus textos tanto em forma física, em livros individuais e antologias, quanto por vias digitais, em sites, blog e congêneres. Essas novas escritoras não raramente dialogam com o silêncio e veem suas obras relegadas ao esquecimento. No entanto, independentemente da qualidade da obra, a publicação de um livro é um acontecimento histórico que merece ser registrado e o autor ou autora deve ser encorajado(a) a continuar seguindo seu sonho de ser reconhecido(a) por seu trabalho.

JOSÉ NERES Parte I. (Autorizada publicação pelo autor). José Neres (autor) e as autoras destaque. (Professor. Membro da AML, ALL, Sobrames-MA, Medalha Comendador "Gonçalves Dias", concedida pela Academia Poética Brasileira)

Muitos leitores, porém, esperam que cada livro deve ser uma obra prima e acabam lendo tão somente com a finalidade de encontrar defeitos nas obras ou insistem em tentar comparar quem ensaia os primeiros passos nos campos das letras com pessoas que navegam por longas datas por esses mares nem sempre calmos e acolhedores.

A seguir, comentaremos de modo bastante sintético e superficial (dada a brevidade deste artigo) o nome de algumas escritoras maranhenses contemporâneas que têm publicado seus trabalhos em formas diversas e cujos nomes podem figurar em uma constelação que já conta com poetisas renomadas em nossas letras, como é o caso de Maria Firmina dos Reis, Laura Rosa, Mariana Luz, Lucy Teixeira, Dagmar Destêrro, Wanda Cristina Cunha, Arlete Nogueira da Cruz, Aurora da Graça, Ana Luiza Almeida Ferro, Sônia Almeida, Dilercy, Aragão Adler, Rosemary Rêgo, Lindevânia Martins, Lília Diniz, Sharlene Serra, Laura Amélia Damous, Jorgeane Braga, Luiza Cantanhêde, Silvana de Meneses, Jeane Lima Fiddan, Ceres Costa Fernandes, Conceição Aboud, dentre outras.

Este breve texto não tem como objetivo comparar talentos, mas sim registrar a presença dessas escritoras e lembrar que há muitas outras mulheres produzindo literatura em cada município de todo o Estado. Vejamos a seguir nossas escritoras da palavra:

Escritora bastante experiente e que de monstra em seus poemas um olhar crítico carregado de sensibilidade ADRIANA GAMA DE ARAÚJO é autora de Mural de nuvens para dias de cinza (2018), TRaNSiTo (2019) e Metábole (2021). Sua obra é carregada de imagens poéticas e pequenas transgressões que visam demonstrar microfraturas pessoais e sociais, mas sem perder de vista a necessidade de buscar as palavras adequadas para construir um cenário poético no qual a palavra é o ponto fulcral de uma busca existencial que não gira apenas em torno de si mesma, mas de toda uma geração. Em determinado poema de seu mais recente livro, ela comenta que “meu poema / hospeda uma sombra / sem segredo conjuramos”. É uma autora de livros relativamente curtos, mas com poemas que exigem atenção máxima por parte do leitor.

A professora, bióloga, gestora pública e pesquisadora ASSENÇÃO PESSOA é mais conhecida por suas incursões pelos resgates históricos e culturais de sua terra natal a cidade de Itapecuru Mirim e por suas obras de caráter infantojuvenil, mas há um bom tempo ela também se dedica à elaboração de poemas que vieram à luz em obras coletivas e em livros individuais, como é o caso de Recordações (2011) e Lagusa Poemas: orgasmos em dose dupla (2020). Dona de uma dicção poética que preza pela simplicidade vernacular, a autora parece usar a poesia como uma ponte que liga um passado às vezes distante a um presente carregado de metáforas. Mesmo preocupada com as rimas, ela não sacrifica a imagem poética em prol da forma e sabe equilibrar doses de erotismo com abordagens que unem o cotidiano às experiências familiares.

2015 foi o ano da estreia em livro da escritora CLEYDE SILVA, que assina seus Versos Diversos com o pseudônimo Cleyde S. Trata se de uma poetisa que busca no cotidiano e em suas vivências a matéria prima para seus versos. A escritora demonstra preocupação com os aspectos formais sem descuidar de pôr em seus versos um pouco de questões pessoais e sociais que lhe causam incômodo, com as diferenças de classes e os problemas que podem advir desses conflitos. Os textos da autora parecem ser extraídos de momentos de decepção e de breves situações de alegria.

A funcionária pública, poetisa, artista plástica e cordelista GORETH PEREIRA é autora de algumas obras como, por exemplo, Confissões e Diálogos em poesia (2004), Garimpando poesias e Desejos poéticos (2011) e Maria Firmina dos Reis: uma mulher de atitude (2020). Seus textos primam pela musicalidade e dialogam diretamente com a linguagem do cordel e das vertentes mais populares da literatura. A aparente simplicidade de seus versos pode enganar alguns leitores que podem confundir essa marca estilística da autora com superficialidade no tratamento dos temas. Para Goreth Pereira, praticamente tudo pode ser transformado em arte em suas mais diversas concepções, inclusive a poética.

Essência de uma alma (2020) e Marca das palavras (2022) são, por enquanto, os dois livros individuais publicados pela pedagoga, poetisa e prosadora JOIZACAWPY MUNIZ COSTA. Investindo em uma linguagem leve e poeticamente agradável, a escritora consegue transformar acontecimentos aparentemente banais em poesia. Seu grande mote é a essência da vida em suas múltiplas manifestações. Seus livros são geralmente

divididos em duas partes: uma em verso e outra em prosa poética. Em alguns momentos, o tom de angústia (Sou apenas um sopro / Prestes a virar poeira / Nunca me iludi em ter felicidade) contrasta com o desejo de felicidade (À procura de um sorriso / Andei em caminhos / Que ninguém vai). Em sua prosa poética é possível encontrar laivos de suas leituras e de suas experiências docentes, em um tom de agressiva leveza que remete a um Rubem Alves.

A atriz e professora LINDA BARROS estreou em 2012 com Palavras ao vento (que teve nova e definitiva edição em 2018) e recentemente, em 2022, trouxe à luz também o livro Meu ser espelhado em mim. Sua marca maior é o minimalismo da linguagem e a capacidade de compor imagens poéticas em cromos temáticos que refletem a acuidade do olhar com o trabalho e com a linguagem. Essa escritora não demonstra preocupação com métricas clássicas ou com soluções rímicas. Seu interesse maior recai na busca de “pintar” paisagens mentais com o uso de metáforas e metonímias, bem como em homenagear personalidades que fazem ou fizeram parte de seu convívio e que são transformadas em versos.

Adepta da forma fixa do Spina, que recentemente começou a ser utilizada, MAURA LUZA FRAZÃO, que participa de inúmeras antologias, estreou em livro solo com Nuances de uma essência, em 2021 e, em 2022, publicou Revisitando memórias em prosa e verso. Seu estilo memorialístico traz à tona passagens vividas e revividas em forma de poemas. Cuidadosa com a forma fixa que adotou como modelo, ela demonstra domínio técnico e diversidade de temas, mesclando, em seu mais recente trabalho, poesia e prosa com abordagens pessoais e um jeito próprio de interagir com os temas que se apresentam.

Caso interessante é o de TÂNIA ARRUDA, que escreveu e editou o livro Infinitos Pensamentos (2021), mas que ainda não disponibilizou o trabalho para o público leitor, circulando o livro apenas entre amigos e familiares. Como o título já indica, trata se de um livro no qual os poemas refletem inquietações pessoais, mas que quando vistas em conjunto, podem representar os anseios de muitas pessoas. O tom nostálgico dos textos, embora possa ter origem em momentos pessoais, encontra ressonância em experiências coletivas e pode servir como ponto de partida para inúmeras reflexões acerca dos debates íntimos que são travados no dia a dia por uma massa silenciosa que nem sempre consegue traduzir sentimentos em palavras.

Eis uma pequena amostra de escritoras maranhenses que têm produzido trabalhos interessantes e que podem servir de base para inúmeras pesquisas. Como o espaço é curto, a lista terá continuação no próximo mês.

JOSÉ NERES

ESTRELAS DE UMA INFINITA CONSTELAÇÃO PARTE II

"Há muitas outras escritoras que nasceram ou que vivem no Maranhão e que merecem destaque. A relação não se esgota aqui e possivelmente pode dar margens para inúmeros trabalhos de análise".

Há algumas semanas, neste mesmo espaço, comentei, de modo bastante sintético, o nome, a obra e o estilo de algumas escritoras maranhenses contemporâneas que têm produzido obras de excelente nível, mas que nem sempre são lembradas, lidas e estudadas. A lista é sempre vasta e, possivelmente, inesgotável. Contudo, acrescentarei alguns nomes à relação anterior, porém com a certeza de que cairei no inevitável abismo das omissões e dos olvidos.

Nascida na cidade de Arari, a jovem escritora Samara Laís Silva adotou o nome literário de SAMARA VOLPONY e já publicou dois livros de autoria individual Contramaré (2017) e Lua de Memória (2021) e tem participado de antologias e coletâneas. A poesia de Samara Volpony reflete não apenas suas leituras, mas também enfatiza uma intrínseca relação entre as diversas perspectivas vividas pelo ser humano. Ela aproveita detalhes aparentemente insignificantes do dia a dia e, a partir de observações pertinentes, traça um percurso poético bastante pessoal e eivado de referências que podem ser compartilhadas com o leitor sem perder as singularidades da autora. Não é à toa que ela constantemente investe em verbos e pronomes em primeira pessoa. Trata se de um toque pessoal na busca de representar o que sai de si, mas que não é somente seu… é humano, essencialmente humano.

aos domingos

dói me o inútil pecado confesso concordo calo ficamos assim.

(Contramaré, pág. 40)

José Neres Confissão (Samara Volpony)
"ESTRELAS DE UMA INFINITA CNSTELAÇÃO"

Outra escritora que vem se destacando tanto nos terrenos da crítica quanto na produção de textos poéticos é GABRIELA LAGES VELOSO. Coautora (com a professora Jeanne Ferreira) do ensaio “Através dos espelhos de Guimarães Rosa e Jostein Gaarder” (editora Diálogos), ganhadora de diversos prêmios literários e com participação em diversas obras coletivas, ela demonstra um bom grau de conhecimento da técnica de tecer versos associado à capacidade de traduzir imagens mentais em forma de palavras. Em versos geralmente sincopados que obedecem ao ritmo impresso pelo tema do poema, essa escritora não se limita a alinhas palavras em uma folha de papel ou na tela de um aparelho eletrônico, ela procura impregnar seus textos de incômodas verdades que deixam de ser um reflexo exclusivo do eu lírico para tentar atingir o olhar e a sensibilidade de um outro ser (des)conhecido e (i)nominável, mas que que pode habitar as entranhas de quem pousa os olhos nas páginas de sua poesia, conforme pode ser visto abaixo.

Calmaria.

Grito abafado.

Mergulho dentro de si.

Várias vozes falam em uníssono.

O silêncio é ensurdecedor. Essencial. Inadmissível. Vital.

Várias imagens simultâneas.

O silêncio é caleidoscópio. Paz. Imposição Espelho.

Várias linhas de um mesmo novelo.

O silêncio é tecitura.

(Antologia Ruas descalças)

INÊS PEREIRA MACIEL é uma escritora e advogada maranhense que tem investido bastante na literatura. É autora do romance Virna (2014), do livro de crônicas Ramas do Tempo (2003), do livro infantil A Menina dos Olhos de Peteca (2014) e do livro de poemas Despida (2008). Seja em prosa, seja em versos, essa escritora preza pela poeticidade das palavras e faz questão de mesclar formas que vão do soneto aos versos livres, mas não descuida do ritmo, que se torna um elemento primordial na construção de seus textos. Seus temas são diversificados e vão desde mergulhos na metalinguagem até rememorações poéticas de passagens de sua infância, passando por observações do cotidiano, questões sociais e declarações de amor. Em seus textos, ela aposta na leveza das palavras e das construções sintáticas. Seus textos podem ser lidos e apreciados por leitores das mais diversas idades e formações sem perda de conteúdo e sem dificuldade de perceber as várias nuances “pintadas” pela autora caxiense em seu percurso poético.

Pétala no Chão (fragmento Inês Pereira Maciel)

Vamos, jogue fora essa solidão, Pois a poeira é pétala do chão…

Lance o olhar além da escuridão, Pois a poeira é pétala do chão…

Plante a semente da nova ilusão, Assuma todo o risco que é viver, Recomece, refaça sem temer,

Pois a vida é um eterno refazer… (Despida, pág. 57)

A médica e escritora maranhense que há muitos anos adotou o Maranhão como morada, MÁRCIA SOUSA é uma escritora que, até onde sei, ainda não publicou um livro individual de poemas, mas que tem tido relevante participação no âmbito literário maranhense, participando de recitais e antologias. Seus poemas costumam trazer temas ligados tanto à saúde física quanto à mental em uma dicção bastante pessoal e que instiga o leitor a imaginar o que existe por trás das palavras não ditas. Em linhas gerais, a ideia de Márcia Sousa em seus poemas não é deslindar para os leitores o que poderia ser dito com outras palavras, mas sim demonstrar que é possível compor versos simples, mas com conteúdo.

Segredo (Márcia Sousa)

Atrás da porta

Há um segredo

Um medo

Um desejo Há uma espera Uma cama Uma vela Há um espinho Um caminho Sem volta.

(V Antologia Sobrames MA, pág. 184)

A também médica e escritora SOCORRO VERAS costuma trazer em seus versos as vivências do ambiente hospitalar, mas tratados de forma poética, de modo a não chocar quem não esteja habituado a esse meio. Em alguns momentos, seus poemas remetem a orações proferidas no intuito de salvaguardar quem esteja ou se sinta desprotegido nas desconfortáveis situações de enfermidade. Ela deseja de alguma forma “transformar as dores em flores”. Mas também seus versos, em alguns momentos, remetem a um erotismo velado, como pode ser antevisto em seu livro de estreia, já algumas vezes prometido, mas, ao que parece ainda não publicado, que tem como título “Eu, Nua e Pura: 100 poemas por amor”. Uma breve amostra dessa carga de sensualidade feminina pode ser vista no poema abaixo, originalmente escrito todo em letras maiúsculas, como ocorre em vários poemas da autora:

EXPLICANDO LÁGRIMAS (Socorro Veras)

VENTO DE MAR ÁGUA DE CHUVA

PINGOS DE SUOR GOTAS DE PRAZER (V Antologia Sobrames MA, pág. 321)

Há muitas outras escritoras que nasceram ou que vivem no Maranhão e que merecem destaque. A relação não se esgota aqui e possivelmente pode dar margens para inúmeros trabalhos de análise.

OS CURSOS JURÍDICOS E A AGONIA DO DIREITO

JOSÉ CLÁUDIO PAVÃO SANTANA

agosto 11, 2022 por a pena do pavão, publicado em opinião

Ano 10 n. 44/2022

OS CURSOS JURÍDICOS E A AGONIA DO DIREITO

Neste 11 de agosto comemora se o aniversário de fundação dos cursos jurídicos no Brasil.

Foi pela lei de 11 de agosto de 1827 que:

“Dom Pedro Primeiro, por Graça de Deus e unanime aclamação dos povos, Imperador Constitucional e Defensor Perpetuo do Brazil: Fazemos saber a todos os nossos súbditos que a Assembleia Geral decretou, e nós queremos a Lei seguinte:

Art. 1º. Crear se hão dous Cursos de sciencias jurídicas e sociaes, um na cidade de S. Paulo, e outro na de Olinda, e nelles no espaço de cinco anos, e em nove cadeiras, se ensinarão as matérias seguintes…”.

A primeira tentativa de formação dos cursos jurídicos data de 1823, através do deputado José Feliciano Fernandes Pinheiro, que se tornou o visconde de São Leopoldo, que aquiescia a pretensões dos estudantes brasileiros que estudavam na Universidade de Coimbra.

A pretensão inicial era de fundação de uma universidade apenas em São Paulo. Só depois, por Martin Francisco Ribeiro de Andrada, foi apresentado o projeto de criação das duas universidades como hoje se tem conhecimento.

Mas a história registra que por Decreto Imperial de 9 de janeiro de 1825 D. Pedro I criou um Curso Jurídico na cidade do Rio de Janeiro, inobstante não tenha efetivamente sido executa e, por isso, o curso não chegou a ser instituído.

No dia 1º de março de 1828 o Curso Jurídico de São Paulo foi inaugurado, nas arcadas do convento de São Francisco. No mosteiro de São Bento, em 15 de maio de 1828 foi inaugurado o Curso Jurídico de Olinda que em 1854, já com designação de Faculdade de Direito, foi transferido para Recife.

São fatos históricos que não podem deixar de ser rememorados, porque simbolicamente integram a história do Brasil, uma República que ainda se assenta na cultura de castas coloniais, revivida ainda mais quando se chega aos dias atuais em que o Direito é vilipendiado por arquiteturas equilibradas em pretensões alegóricas

CADEIRA 39 PATRONO - JOSÉ TRIBUIZI PINHEIRO GOMES FUNDADOR - JOSÉ CLÁUDIO PAVÃO SANTANA

de um caricato “novo iluminismo” que pretende impulsionar a histórica. Na prática, a direção não é outra, senão um abismo profundo cavado por tautologismos forjados em criativismos judiciais desmedidos.

A tudo se desafia, como se valores, princípios, regras e normas pudessem ser gestadas subjetivamente, com o fulgor vocabular que desafia as decisões políticas expressas na Constituição da República de 1988.

No Brasil os direitos fundamentais são vilipendiados em pleno século XXI, pelo descompasso entre a retórica dos manuais propedêuticos, repletos de extravagâncias tópicas. São argumentações que pretendem definir um único discurso possível ao qual não se admite embargos. O pluralismo político fundamental da Constituição é subvertido com o estímulo de entidades que deveriam oxigenar as liberdades e lutar pelo respeito à dignidade da pessoa humana. Escolhem, contudo, contraditoriamente, subverter valores, sublimando o crime e inventando a corrupção sem corruptor.

Onde estavam os juristas quando a Constituição foi insultada pelo Senado Federal no episódio de julgamento do último “impeachment”? Onde estavam os juristas quando a tipificação penal jurisprudencial passou a desafiar princípios milenares? Onde estavam os juristas quando jornalistas e advogados foram lançados à sorte nas masmorras? Onde estavam os juristas quando igrejas, templos, instalações públicas foram invadidos e depredados?

Não penso que a democracia, conceito esvaziado pela força do autoritarismo também dos bacharéis, se resuma a cartas e desagravos. Ela exige bem mais. Ela requer que haja coincidência entre pregação e prática do pregador.

Como professor de Direito Constitucional continuo a acreditar que a defesa da Constituição e das instituições democráticas devem seguir sendo o material de trabalho para que os cursos jurídicos observem a razão de sua existência. Por isso não posso me conformar com agentes militantes que ocupam funções próprias do parlamento, subvertendo jovens inteligências, algumas inocentes pela imaturidade, outras coniventes pela submissão ideológica, transformando os cursos jurídicos em cenário de difusão de ideias tão infrutíferas na história quanto degradante para a dignidade da pessoa humana.

Ainda creio ser possível comemorar mais do que datas de fundação. É preciso refundar o pensamento jurídico no Brasil, vertido em princípios e valores que restaurem o ensino do Direito. Ainda assim, viva o 11 de agosto!

http://ccmj.tjrj.jus.br/documents/5989760/6464634/caderno-expo-2.pdf Consultado em 11.08.2022.

CADEIRA

PATRONO JOSÉ RIBAMAR SOUSA DOS REIS

1º OCUPANTE - ROBERTO FRANKLIN

Minhas mãos

Através delas

Mostro o meu lado oculto Mostro, através de poemas Sentimentos perdidos Sentimentos que não encontrei Sentimentos que vivi. Através delas

Mostro aquilo que não conquistei Mostro a falta de um abraço Aquilo que teus lábios

Me negaram, mostro a tua falta. Meus poemas revelam o que Existe em mim

O que me foi negado assim como O que vivi.

Inocência

Gostariadevoltaraterrasinocentes Queumdiapisei Ondeoolharnosdavaprazer Ondeasmãostocadas

Guardavamoperfumeroubado Ondeumabraçolevavaasonhos Eatentaçãodebeijar te Nãopassavadeumavontade

SONHO VAZIO

Umlugardistante orioàporta

40

osilêncioafaltadealguém aesperançanoamanhã oesquecimentodoquepassou.

Arotinadeumdia,achuvaquecai... tudoissofazpartedeumavida tudoissoseriabelo senãofosseumquadro aimagemdescrita aimaginaçãosolta. Afaltadarealidade umsonho...

arealidadeoutramaltrata, osonhonãoéreal.

Gostaria de mais um minuto Para que o tempo se transforma se em infinito Este minuto seria para te contemplar Para ti sentir novamente teu perfume Para poder conversar. Queria somente um minuto Para olhar tua face sorrindo Para te vê novamente chegando Para, aos domingos dividir a mesa contigo Pai, como você faz falta Por isso queria somente mais um minuto Só para olhar e dizer Foste maravilhoso como pai. Meu amor eterno.

Navegar no prazer

Velas abertas, oceano ao nosso dispor O vento soprando, o sol nos envolvendo. Braços abertos, teu corpo a meu prazer Perfume no ar, luz a brilhar. E assim me pareço como um barco a navegar. Pelo teu corpo sedento de tentações Navego ao sabor de tua brisa No sentido do teu olhar Sinto teus carinhos no silêncio de um oceano. Sussurras ao meu ouvido o prazer Palavras ditas ao vento, só o teu calor Ainda fica, penetra, esquenta minha alma Nesse momento nosso o que pensar? És minha

Sou teu

Navegaremos nesse intenso prazer.

PAI

OPINA

Das lembranças que ainda tenho como ouvinte de rádio, uma na semana passada veio à tona, a prima Cláudia, pelo WhatsApp, perguntara o nome da música que fazia o fundo musical de um programa que gostava muito de ouvir com o meu pai. Tratava se do programa “A Difusora Opina”, um programa jornalístico transmitido pela Difusora AM 680, “a poderosa”, tendo a produção e apresentação do grande jornalista escritor membro da Academia Maranhense de Letras, Bernardo Coelho de Almeida, o fundo musical era a música “Contrasts” interpretada pela Alumni Band.

A Rádio Difusora foi fundada pelos irmãos Bacelar, ela foi a terceira rádio em São Luís MA, foi ao ar no dia 29 de outubro de 1955. Os irmãos Bacelar foram pioneiros na comunicação em nossa cidade. Oito anos depois, inaugurava se a primeira emissora de TV de nossa cidade. Era sempre assim, todos os dias, com exceção de sábado e domingo, almoçávamos na casa da minha avó materna, Dona Flora, e pontualmente às 12:00, na Rádio Difusora 680 AM, “a poderosa”, ouvíamos o programa “A Difusora Opina”, ouvíamos pelo rádio a voz de Bernardo Coelho de Almeida, com fundo musical, como afirmamos, da música “Contrasts”. Inesquecível o programa, no momento da sua transmissão era um silêncio, todos nós parávamos de falar para escutar o grandioso Bernardo Almeida lendo suas crônicas.

Bernardo Coelho de Almeida era maranhense de São Bernardo, nascido em 27 de julho de 1927. Em 1938, já em São Luís foi seminarista no Seminário de Santo Antônio. Mais tarde foi estudar no Colégio Maranhense, dos Irmãos Maristas. Foi transferido depois para as cidades de Parnaíba e, posteriormente, para Fortaleza –CE, onde continuou os estudos. Voltando para São Luís, terminou seus estudos no Liceu Maranhense. Faleceu em São Luís em 04 de agosto de 1996.

Em São Luís, o escritor, poeta, romancista e cronista iniciou se na imprensa escrevendo para o Jornal do Povo, O Estado do Maranhão, Jornal Pequeno, O imparcial, onde semanalmente escrevia suas crônicas “Ponto de Prosa”. Foi membro da Academia Maranhense de Letras, onde ocupou a cadeira de número 14, patroneada por Nina Rodrigues, tendo como seus antecessores os escritores Achiles Lisboa e Odilon Soares. Ele foi presidente da Fundação Cultural do Maranhão, adido cultural do Brasil na Embaixada do Peru, e diretor da TV Difusora, de São Luís.

Dentre tantos livros deixados, um que marcou muito foi o seu último livro com o título de “Éramos felizes e não sabíamos”, onde ele retrata nossa cidade dos anos de 1950 e 1960. Voltando ao programa da Difusora 680 AM, “A Difusora Opina”, dentre tantas crônicas, uma na época me chamava a atenção: foi uma crônica dedicada ao imortal recentemente eleito, Fernando Braga, que na época estava iniciando nas letras. Na crônica ele escreve sobre o nascimento de vários escritores jovens com bastante talento para as letras dentre, os quais o nosso, Fernando Braga. Abaixo, transcrevo a crônica escrita pelo nosso saudoso Bernardo Coelho Almeida:

“Bernardo Almeida: A Difusora Opina, São Luís, 4 de março de 1968.

“A poesia maranhense essa que é motivo de glória para nós, pois tem suas raízes cravadas no mais profundo de nossa tradição de cultura permanece viva e cada vez mais se fortalece com a contribuição de jovens e surpreendentes autores.

Jovens e surpreendentes como um que se chama Fernando Braga, cuja estreia se deu há pouco tempo, com o livro Silêncio Branco.

Fernando Braga, até então desconhecido pelo público, era um convivente assíduo de nossas rodas literárias, onde surgiu depois de ter passado algum tempo fora, no Rio e em Brasília.

Graças à colaboração do Departamento de Cultura, ele pode ver o seu primeiro livro publicado, e publicado com aquela magnífica alegria do poeta estreante com o entusiasmo da crítica.

A DIFUSORA

Prefaciado por Erasmo Dias, uma espécie de mestre de nossa mocidade, e com recomendação do acadêmico Domingos Vieira Filho, Fernando Braga encontrou amplamente abertas as portas do mundo que acariciava desde quando tomou consciência de que a poesia viria a ser a constância de sua existência.

Em nosso comentário, não temos por norma examinar a obra literária de autores maranhenses. Cabe nos sempre a agradável tarefa de saudá la e recomendá la ao público, de promovê la com o prazer natural de quem deseja um Maranhão cada vez maior em cultura.

De um modo geral, os poemas de Fernando Braga são bons. Comunicativos e repassados do mais suave lirismo, eles correspondem ao tipo de poesia fácil, compreensível, sem que lhes faltem uma técnica moderna, ritmo e beleza.

Fernando Braga é um poeta de grande futuro, de belas perspectivas. É fluente e natural. Superadas as falhas inevitáveis de todo estreante, ele partirá, sem dúvida para horizontes mais largos ao mesmo tempo em que mergulhará mais na profundeza da poesia, que quanto mais profunda é mais bela, misteriosa e eterna.

Não temos o menor receio em afirmar que Fernando Braga tem um futuro promissor em nosso mundo literário. Achamos que o melhor, o que é mais válido numa estreia além do mérito inerente à obra poética, é aquele compromisso, aquela necessidade que o autor sente em ir adiante. E o autor de Silêncio Branco poderá ir mesmo muito mais adiante em poesia.”

Pois bem, assim termina mais uma vez o saudoso programa “A Difusora Opina” que através da lembrança da música “Contrasts”, traz a poesia de Fernando Braga, e a minha infância, relembrando momentos marcantes em companhia de meus familiares.

Por muito tempo pensei em entrar naquela casa que ao longo de minha adolescência morei, saindo de lá quando eu me casei, por muito tempo ou todas as vezes que passava pela Rua 13 de maio, algo me chamava, algo puxava minha atenção em direção a aquela casa, de número 340, onde por muitos anos convivi, casa que por muitos anos tive alegrias e tristezas, amores vivos e amores perdidos, vozes que me acariciavam e que também me chamavam a atenção.

Casa que procurei sempre traçar meu destino, de sonhar um futuro e moldá lo para que fosse digno, traçar talvez um destino me transformar em um adulto não sonhador como era minha infância e adolescência, alguns sonhos hoje viraram realidade, outros não. Lá encontrei o amor que por quarenta e cinco anos convivo, lá mostrei para meus pais, seus netos, lá a cada manhã idealizava o que realmente pretendia ser e ter. Engraçado, de todos os sonhos realizados ou não, nunca imaginei em ser escritor, ser um poeta e cronista, ser um acadêmico, mas através de sonhos sempre direcionado ao amor talvez tenha sem que eu percebesse me levado a ser o que sou.

Ali deixei uma boa parte de mim, na rua onde está a casa que a princípio era amarela, cor que significa felicidade otimismo, lá fui feliz, lá era otimista em relação ao meu futuro.

Pois foi no sábado passado, após ir até a Livraria Café Guará, apanhar um livro do poeta Fernando Abreu: a livraria fica em um sobrado que muito me traz recordações, se localiza na esquina da treze de maio com Afogados. Assim vestir me de coragem, sabia que sairia de lá triste, sairia de lá melancólico, fui até lá em busca de minhas recordações, de meus entes que já partiram, mesmo que fosse somente olhando minhas lembranças. Por mais ou menos uns trinta anos não entrava na referida casa, sentia ao passar por lá algo que me chamava, algo que deveria rever, que deveria recordar.

Devagar, tremulo, cheguei ao portão, minhas mãos acariciaram aquele ferro pintado de branco, que por muito tempo foi apoio para subir ou descer, assim entrar naquele corredor que até hoje guarda o mesmo piso, notei que na parede o relógio da antiga Cemar não estava lá, assim como aquela foto de uma criança e sua mãe, notei que no corredor havia uma escada de ferro que levava ao segundo andar, lá onde hoje funciona uma ótica ficava o quarto que era o quarto onde dormiam eu e meus dois irmãos, confesso que não tive a coragem de subir, pedi licença me identificando e entrei na sala, ali onde assistíamos a tv, notei que tudo estava diferente, logo depois ficava uma segunda sala onde fazíamos as refeições, imediatamente vi que nada mais era como antes também, haviam modificado minha casa, a sala da frende logo na entrada ouvia sempre aos sábados músicas, eu e minha mãe em uma radiola hifi longa comprada por meu pai na Importadora Maciel. A mesa, local onde reuníamos a família já não estava lá, assim como uma escada que nos levava ao segundo andar, local que ficavam dois quartos que como falei, um era onde nós três, os irmãos dormíamos, e o outro para as minhas irmãs que moram em Belém e que quando vinham para São Luís ficavam nesse segundo quarto, também não estava, demolida ou encoberta por uma parede, a emoção não me deixava vê. Nas minhas lembranças não mais ouvia as vozes de minha mãe e do meu pai, de repente visualizei a parede em azulejo azul colocado lá para impedir as infiltrações que vinham do vizinho, foi o único detalhe preservado naquele ambiente. Através de lembranças fui em direção ao quarto dos meus pais, tive a vontade de voltar e sair, ali não era mais um quarto e sim uma financeira, o quarto logo após o do meus pais nem tive a coragem de perguntar, como gostaria de rever no quarto que era dos meus pais a penteadeira da minha mãe onde encontrava sempre uma bomba de laquê e os seus perfumes, era usada sempre quando ia trabalhar, eu senti esse momento, resolvi então sair, ao agradecer e me despedi fui até uma porta, porta essa que separava a sala de um pequeno terraço onde um muro ondulado e recoberto por um azulejo amarelo já não estava lá, vi perfeitamente as grades de segurança na janela do quarto dos meus pais, eram as mesmas .

13 DE MAIO 340

Lá naquela casa vivi bons e maus tempos, lá eu morei após casar por mais ou menos um ano, sempre aos domingos ia encontrar meus pais e meus irmãos, lá sonhei, sorri e chorei por causas ganhas e perdidas, lá me preparei para o futuro, lá amargurei muitas derrotas, lá hoje senti saudades, fui em busca dos meus sonhos que foram formados lá, pensei em pelo menos ouvir as vozes dos que partiram, notei apenas que a casa de hoje era menor do que a casa em que morei, talvez pelos ocupantes que lá estavam e talvez nunca sonharam como eu sonhei.

LANÇAMENTOS

ACONTECEU

Tembichoquepensaqueojabutiébobo.Resultado:muitosdosmetidosasabidoquebramacarae terminamengabeladospeloastutoquelônio.Neste"Arteemanhasdojabuti",quereúnecontosda tradiçãooraldosguajajara,oleitortemumaideiadaespertezadesseastutobichinho.Comilustrações deTaisaBorgeseapresentaçãodeMarcoHaurélio.

Poesia maranhense

Salomão Rovedo Ensaio View PDF ▸ Download PDF ⬇

UFMA Imperatriz:NúcleodepesquisadeImperatrizvenceprêmiodaIntercom,LuizBeltrão

ONúcleoInterdisciplinardeEstudo,PesquisaeExtensãoemComunicação,GêneroePesquisaMariaFirmina dos Reis grupo de pesquisa vinculado ao curso de jornalismo da UFMA, Câmpus de Imperatriz, foi anunciadocomovencedordoPrêmioLuizBeltrão2022,nacategoriaGrupoInovador.Oprêmioéconcedido pelaSociedadeBrasileiradeEstudosInterdisciplinaresdaComunicação(Intercom)eseráentreguedurante o45ºCongressoBrasileirodeCiênciasdaComunicação,eventopromovidopelaIntercom,queserárealizado naUFPB,emJoãoPessoa,noperíodode5a9desetembrode2022.

“O Prêmio é um gigantesco reconhecimento de um trabalho que vem sendo feito desde 2019 pelas pesquisadoras do Núcleo Maria Firmina. Um Núcleo jovem e cheio de energia que vem construindo um percursointerdisciplinarsólidodeestudo,pesquisaeextensão,dialogandoacomunicaçãocomasdiversas intersecções, especialmente, as de gênero, raça, classe, cidadania, sexualidade, entre outras. Estamos em êxtasetotal!”,comentaaprofessoraMichellyCarvalho,coordenadoradoNúcleo.

O Prêmio Luiz Beltrão de Ciências da Comunicação foi criado em 1997, com o objetivo de identificar anualmente pessoas, equipes ou instituições que realizam contribuições relevantes para o campo das ciênciasdacomunicaçãonoBrasil,reconhecendoaqualidadedotrabalhoacadêmicoeprofissionalrealizado nasuniversidades,valorizandoaatuaçãoindividual,grupaloucoletiva.

SaibamaisemnossaBio.

VALE RELEMBRAR A CRIAÇÃO DA ACADEMIA POÉTICA BRASILEIRA.

"(...)EsteanofoiacrescentadoaoEstatuto,oANOPATRONAL.Istoé,apartirde2022,haveráaescolha deummembro(geralmenteosmaisvelhos)paraseroPATRONOdoANO. Aescolha, destaprimeira vez,recaiusobreMARIADOSOCORROMENEZES,daseccionaldoMaranhão.Durante2022elareceberá váriashomenagenseseráPatronessedaAPB,atémarçode2023.Dentrodaprogramação,prevê sea feituradeumaAntologiasobreMaria,olançamentodemaisumlivrodelaeadistribuiçãodetroféus paraaspessoasqueestãodiretamenteligadosàorganizaçãodoseventos,dentreesses,aimortalAPB, Ana Neres Pessoa Lima Gois. Portanto, todos os membros da Academia Poética Brasileira estão convidadosa paticiparcom poemas pertinentes ao trabalhodeMariaMenezes. Para isso, aspessoas quedisseremsimàparticipação,vãoreceberumasériedepublicaçõesevídeossobreahomenageada, agregando maior conhecimento sobre nossa patronesse/2022. Participem". (Jornalista Orquídea Santos,Ascom/APB).

Página"WilsonMarques" Meunovolivroestáchegando.Chama se"Afestadaonça"eestáuma lindeza.Combelasilustraçõesdaartista@kassiaborgess,eletrazumafábulainspiradanocordelenos muitoscontosdanossaricatradiçãooral,emespecialaquelesemqueaesperteza,ainteligênciaea uniãosuperamaforçabruta.PublicadopelaBrinque Book,"Afestadaonça"estáempré vendano sitedaeditoraevocêjápodegarantirseuexemplar.Quersabermais?Fiqueligadoeacompanhepor aquicuriosidadesedetalhesdesseprojeto,queterálançamentoembreve.

Câmaraaprovaprojetosdeleiquedestinamverbaspara academiasMaranhenseeLudovicensedeLetras

A Câmara Municipal de São Luís aprovou dois projetos de lei, propostos pelo Executivo Municipal, que tratamsobredestinaçãodeverbasparaaAcademiaMaranhensedeLetraseparaaAcademiaLudovicense deLetras.

PL 139/22

OProjetodeLein.º139/22estabeleceadestinaçãoanualderecursosdaordemdeR$36.000,00àAcademia LudovicensedeLetras,comoapoioàsaçõesdesenvolvidaspelainstituição.

“Esse projeto de lei é resultante do compromisso da gestão municipal com a cultura ludovicense e maranhense.Eleviabilizaráarealizaçãodeprojetoseaçõesquecertamentecontribuirãoemgrandeescala paraofomentodacultura”,afirmouoprefeitoEduardoBraide(sempartido).

PL 121/22

Já o PL nº 121/22 autoriza o poder Executivoa destinar, anualmente, à Academia Maranhensede Letras recursos da ordem de R$ 60.000,00, como apoio às ações desenvolvidas pela instituição e à cultura maranhense.

Publicadoem 3 de agosto de 2022 PorJohnCutrim

PAULO SETÚBAL

Com 33 anos, Keilla Kalli é bióloga, publicitária e escritora. Ela acredita no poder das narrativas como ferramenta de transformação social (Foto/Divulgação)

A escritora maranhense Keilla Kalli, que publicou seu primeiro livro infantil “Joana artista, João dentista” em 2021, foi premiada com o segundo lugar, no 20º Prêmio Literário Paulo Setúbal Contos, Crônicas e Poesias, nacategoriaCrônica,realizadopelaPrefeituradeTatuí SP,pormeiodo MuseuHistórico“PauloSetúbal”.

Foram registradas 1.534 inscrições, em âmbito nacional, com o total de 545 inscritos para a modalidadeContos;313paraCrônicas;e676paraamodalidadePoesias.

Aobradaludovicense,intitulada“Émenina!”, foi adaptada pela artista Fernanda Késia emformato audiovisualefoiapresentadaduranteaCerimôniadaPremiação,queaconteceunodia03deagostoàs 20hrsnacidadedaTatuí SP,durantea 80ª Semana Paulo Setúbal, queocorrede1ºa8deagosto. Keilla, de 33 anos, é bióloga, publicitária e escritora. Ela acredita no poder das narrativas como ferramentadetransformaçãosocialeproduzobrasqueabordamdiversostemasediferentesgêneros literários,comopoesia,conto,crônicaeromance. Além do Prêmio Literário Paulo Setúbal,aautora ainda foi selecionada este ano, em cinco concursos literários nacionais de poesias, que serão publicadasemantologiasimpressas.

São elas: “Poesia Ativa”, da “Editora Absurtos”, “Amor Nímio”, da “Editora Persona”, “Uma Mulherzinha,não.UmMulherão!”,da“EditoraTomaAíUmPoema”,“PoesiaBr”,daEditora“Versiprosa” e“IXColetâneaViagemPelaEscrita”da“EditoraPoeart”.

MARANHENSE É PREMIADA NO 20º PRÊMIO LITERÁRIO

Natardede05deagosto,aconteceuaaberturada EXPOSIÇÃO "MARIA FIRMINA DOS REIS: 200 ANOS INSPIRANDO HUMANIDADES",realizadapelo@tjmaoficial,umalindahomenagemaobicentenáriode nascimentodaprimeiraromancistabrasileira.Aexposiçãopossuipainéiseacervobibliigráficosobrea escritora.ACasadeCulturadisponibilizoulivrosdeseuacervoparacomporaexposição.AExposição estádisponívelnoMuseuLaurodeBerredoMartins.

ANOS DE JOSUÉ

MONTELLO

NomêsdeagostocelebramosamemóriadonossoPatrono,oescritorJosuéMontellopelapassagemde suadatadenascimento,dia21deagosto. Parahomenagearoescritorrealizaremosalgumasaçõescomopalestra,exposiçõesevisitasguiadas. Acompanhenossaprogramaçãoeparticipe,todosestãoconvidados!

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Wescley. Novo imortal APB. Cadeira SAMUEL SERRA

BIOGRAFIA DE GRACILENE PINTO

Gracilene do Rosário Pinto Pereira nasceu em 12 de março de 1958, em São Vicente de Férrer interior do Maranhão, morou em São João Batista e aos seis anos de idade mudou se com a família para São Luis, capital do Maranhão.

Aos oito anos de idade foi cantar no coral da escola, e nessa época começou escrever seus primeiros poemas começou a rabiscar desenhos de paisagens e de damas vestidas à moda antiga com saias enormes e rodadas. Aos 14 anos parou de estudar, precisava trabalhar para ajudar no sustento da casa. Tinha seis irmãos, a situação financeira da família não era boa e sendo a filha mais velha cabia a ela a tarefa de ajudar os pais. Aos dezessete anos voltou a estudar fez o supletivo do segundo grau e aos vinte anos interrompeu os estudos novamente e dessa vez para cuidar da sua própria família. Passaram

se dez anos e a vontade de estudar falou mais alto, foi aprovada no vestibular da UFMA Universidade Federal do Maranhão para fazer os cursos de História e Direito. Nesse período o contato com o mundo acadêmico fez despertar a arte que estava adormecida e passou a escrever pesquisas, poesias e músicas, mas poucos dias antes da formatura do curso de Direito um AVC hemorrágico inexplicável a deixou momentaneamente com o lado direito paralisado e a obrigou interromper mais uma vez os seus planos por um longo período, mas a guerreira não se deixou abater, voltou mais forte após cinco anos, retomou os estudos e fez o concurso da OAB com êxito, e passou a se dedicar mais ao mundo da arte. Voltou a escrever músicas, peças de teatro e todo tipo de literatura, ingressou no coral do Círculo Esotérico, mas não permaneceu por falta de tempo. foi nomeada advogada da prefeitura de São Luis por aprovação em concurso público. Seu maior orgulho, sua neta Geovanna poetisa e compositora desde os cinco anos de idade.

AFESTAÉSUA,AFESTAÉNOSSA...

Lançamentoestadualda5aFLIM. BelacerimôniarealizadanoSãoLuísShopping(LivrariaAMEI). FLIM(FestaLiteráriadeItapecuruMirim),umaaçãodaACADEMIAITAPECURUENSEDECIÊNCIAS, LETRASEARTESemparceriacomvalorososcolaboradoresepatrocinadores.AAICLAnãopara!

CLASSIFICAÇÃO E HOMOLOGAÇÃO DO VII PRÊMIO LITERÁRIO GONZAGA DE CARVALHO

A Diretoria Executiva da Academia de Letras de Teófilo Otoni, após análise dos trabalhos pela Comissão Julgadora, RESOLVE: homologar o resultado do VII Prêmio Literário Gonzaga de Carvalho, com o seguinte resultado: Categoria: Poesia Classificação geral 1º lugar: “Miscelânia de Poetas”, Cláudio de Almeida, São Paulo/SP; 2º lugar: “Cidade do Amor Fraterno”, Oldair Ferreira Motta, Belo Horizonte/MG; 3º lugar: “Ser alado! , Cláudia Lundgren, Teresópolis/RJ.

Menções Honrosas: “Estrelacrânianas sem palco” , Valquria Imperiano, Genebra/Suíça; “20 anos não são 20 dias”, Almir Zarfeg, Teixeira de Freitas/BA. “Os Cutubras”, João Bosco de Castro, Bom Despacho/MG; “Gonzaga na Academia e a arte da palavra”, Adriano Silva Ribeiro, Belo Horizonte/MG; “Liberdade”, Dilercy Adler, São Luis/MA; “Flor Mulher”, Araken dos Santos, Magé/RJ; “Amor Fati” Pietro Costa, Brasília/DF; “O amanhecer”, Francisco Martins Silva, Uruçuí/PI; “Estou só nesta noite”, Celso Gonzaga Porto, Cachoeirinha/RS; “Amazônia”, Hosane Henrique Lucas de Souza, Careiro/AM; “Semente da Paz”, Jane Rossi, Guarulhos/SP; “Deixa me te amar”, Jerônimo Luiz Gonçalves, Goiânia/GO; “Idos Tempos”, José Moutinho dos Santos, Belo Horizonte/MG; “O invisível”, Luciene Lima, Salvador/BA; “Amor sem fronteiras”, Marcos Coelho Cardoso, Dourados/MS; “Gonzaga de Carvalho”, Irene da Rocha, Cruzeiro/SP; “Universos Paralelos”, Isabel Cristina Silva Vargas, Pelotas/RS; “Depois”, Marlete de Souza, Belo Horizonte/MG; “A natureza”, Maria Luciene, Forteleza/CE; “A mulher de todos os tempos”, Maria Antonieta Gonzaga Teixeira, Castro/PR; “Elogio”, Aristides Dornas Júnior, Moeda/MG; “Rosa”, Cosme Custódio, Salvador/BA; “Esperança decassilábica”, Paulo Roberto de Oliveira Caruso, Niterói/RJ; “Flores”, Samuel Pereira de Oliveira, Frei Gaspar/MG; “A lógica da vida”, Carlos Frederico Ferreira da Silva, Rio de Janeiro/RJ; “Calor humano”, Tereza C.C. Azevedo, Campinas/SP; “Armário do terror”, Silvio Parise, Rhode Island EUA; “Branjo Óleo”, Paulo Keno Zherus, Caraguatatuba/SP; 2 “Aprendizes do Futuro”, Maria Stela de Oliveira Gomes, Governador Valadares/MG; “Amor sem Fronteiras” , Marcos Coelho Cardoso, Dourados/MS. “Efemeridades”, Ilda Maria Costa Brasil, Porto Alegre/RS; “O Futuro Estável”, António José Alexandre, Luanda/Angola; “O regresso”, Carmelita Ribeiro Cunha Dantas, Aparecida de Goiás/GO;

Categoria: Crônica Classificação geral 1º lugar: “Metástase”, Amalri Nascimeto, Rio de Janeiro/RJ; 2º lugar: “As promessas de um político na feira livre”, Carlos Mensitieri, Teixeira de Freitas/BA; 3º lugar: “Em busca de mim”, Aurineide Alencar de Freitas Oliveira, Dourados/MS.

Menções Honrosas: “O ônibus”, Ediel Rangel, Itaipé/MG; “Jipe Amarelo”, Marina Barreiros Mota, Nova Viçosa/BA; “Madame cor de rosa”, Valquria Imperiano, Genebra/Suíça; “Prisioneiros de uma vida”, Celso Gonzaga Porto, Cachoeirinha/RS; “Quando dezembro chegar....”, Almir Zarfeg, Teixeira de Freitas/BA; “Coerência é um ato de fé”, José Campos de Souza, Macaé/RJ; “A importância do desimportante”, Altamiro Fernandes da Cruz, Belo Horizonte/MG; “O errado sou eu”, Lucivalter Almeida dos Santos, Nazaré/BA; “Crônica ou conto”, Adevaldo Rodrigues de Souza, Belo Horizonte/MG; “Sonho meu”, Antonia Aleixo Fernandes, São Paulo/SP; “O céu é o limite”, Paulo Roberto de Oliveira

Caruso, Niterói/RJ; “Farra das Banguelas”, Jilberto Rodrigues de Oliveira, Malhador/SE; “A Marina me levou para a cama”, Telma Borges, Belo Horizonte/MG; “Maturidade”, Marli Firmina de Freiras, Dom Cavati/MG; “O mundo de patas para o ar”, Afonso Nkuansambu, Luanda/Angola; “Velhice”, Coracy Teixeira Bessa, Salvador/BA; “Lembranças de criança da roça”, Jorge Edim, Belo Horizonte/MG; “A Selva da Incompreensão”, Marcelo Oliveira Souza, Salvador/BA. Categoria: Conto Classificação geral 1º lugar: “Sarau no Além” , Juracy Nonato Ferreira, Santa Helena de Minas/MG; 2º lugar: “Catalepsia Patológica” , Altamiro Fernandes da Cruz, Belo Horizonte/MG; 3º lugar: “ O brinquedinho do papai” , Amalri Nascimento, Rio de Janeiro/RJ.

Menções Honrosas: “Vovó do Tavinho”, João Bosco de Castro, Bom Despacho/MG; “A brevidade”, Adevaldo Rodrigues de Souza, Belo Horizonte/MG; “A flor e o Beija flor , Magali Barroso, Belo Horizonte/MG. “O cantar do Galo à meia noite e o Sussurro”, Marcos Coelho Cardoso, Dourados /MG; “Jaú”, Marina Barreiros Mota, Nova Viçosa/BA; “O Perfume do Jasmim”, Celso Gonzaga Porto, Cacheireinha/RS; “Sobrinho desconhecido”, João Bosco do Nordeste, Teixeira de Freitas/BA; “O parente”, Leandro Campos Alves, Caxambu/MG; “O Último Pensamento”, Maria da Conceição Gonçalves de Oliveira Magno, Esposende/Portugal; “Zé Caveirinha e a seca do Mucuri”, Carlos Mensitieri, Teixeira de Freitas/BA; 3 “Coração Mão”, Ildeu Geraldo Araújo, Belo Horizonte/MG; “Ao sabor do vento”, Maria Eugênia Porto Ribeiro da Silva, Belo Horizonte/MG; “Verushka”, Telma Borges, Belo Horizonte/MG; “Recomeço”, Maria Elza Fernandes Melo Reis, Capanema/PA. Do presente termo com o resultado sejam emitidas 02 (duas) vias de igual teor, devidamente assinadas. Dê ciência aos classificados e ampla divulgação do fato. Teófilo Otoni/MG, 22 de agosto de 2022. ELISA AUGUSTA DE ANDRADE FARINA Presidente WILSON COLARES DA COSTA Secretário Geral

Graduada em Letras Português/Inglês pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Natércia Moraes Garrido é poeta, crítica literária e professora, além do IFMA, da UEMA Campus Caxias. Mestre em Literatura e Crítica Literária pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC SP), atualmente, ela se dedica à fase final do Doutorado no mesmo Programa de Pós Graduação. Especialista em Ensino Aprendizagem de Língua Portuguesa pela Faculdade Santa Fé, Natércia Garrido é tradutora e revisora de textos de Língua Inglesa e Língua Portuguesa. Atua ainda como intérprete Inglês/Português e Português/Inglês.

Formada em pedagogia, pós graduada em psicopedagogia, professora atuante na rede municipal de São Luís MA, nasceu em Santa Inês MA, residiu até os 14 anos no município de Monção MA, mudou se para São luís aos 14 anos, onde encontrou uma afinidade muito forte com esta cidade. Escreve desde a adolescência tempo em que a paixão pela escrita começou a ganhar as primeiras formas, ESSÊNCIA DE UMA ALMA, poesias e reflexões é sua primeira publicação ainda a ser lançada pela VIEGAS EDITORA.

Essência de uma Alma - “poesias e reflexões” é um livro construído sob o prisma de uma observação intensa do mundo palpável e do mundo abstrato onde se encontram sentimentos, desejos e a materialização em palavras de situações que muitas vezes parecem difíceis de enxergar e entender. Outra marca forte neste livro é o perfil de quem sempre foi apaixonada pela escrita, pela palavra, e que de repente viu essa possibilidade se tornando real ao passo que seus escritos tomavam forma de um jeito muito peculiar, dando vida a situações às vezes rotineiras outras vezes não tão rotineiras. A obra é um convite à leitura prazerosa e reflexiva que neste material se dispõe a oferecer momentos de deleite e reflexão sobre a vida e sobre o mundo.

Joizacawpy Muniz Costa

Prezados e prezadas,

Depois de um longo período e muito trabalho, o Memorial Gonçalves Dias (foi instalado no mirante do Cristo Rei) será inaugurado amanhã, conforme indicado agora há pouco pelo governo do Estado.

O Memorial é uma parceria entre a UFMA e a SECMA Secretaria Estadual da Cultura.

Nosso reitor convida a todas e a todos a se fazerem presentes. Esperamos vocês.

PS: o convite em cima da hora deve se à organização do governo.

Lembrando: o MEMORIAL GONÇALVES DIAS foi inaugurado quando da fundação da ALL, em decorrencia das tratativas de então. Inclusive, a Reitoria adquiriu um quadro de Gonçalves Dias feito por um artista que aqui esteve, por ocasião dos 400 anos de São Luis. O espaço, no Mirante do Cristo Rei, sempre funcionou, com algum acervo doado pela ALL e seus membros. Inclusive, a ALL funcionou lá, por um tempo.

Que históra é essa?

Bom seria se tivesse um expressivo número de acadêmicos e acadêmicas da ALL. O reitor Natalino Salgado, solicitou a nossa presença

DivulgaraproduçãoliteráriadopoetaCarvalhoJúnioredemaisautorescontemporâneosdoMaranhão. CarvalhoJuniorpartiuparaoutroplanoemmarçode2021,vítimadaCovidedestesistemanefastoqueele tantocombatia,porémsuapalavrapermanecevivaeatuante! FiqueifelizemfazerpartedacomissãojulgadoraaoladodegrandesnomesdaLiteraturaContemporânea Brasileira.

Nocardtemosos10FINALISTASeabaixoseguealistadosclassificadosparacomporaAntologia! ApremiaçãoseráemOutubronoSarauna"PELEDAPALAVRA".

CLASSIFICADOSPARAAANTOLOGIA

11° Acasapequena BrunoViannadeAndrade RiodeJaneiro/RJ

12° BocadeLoba JoséCarlosF.Lima JardimSãoPedro/SP

13° ConceitodePoesia FrancinaldoSilvadeOliveira PovoadoBrejinho/Caxias

14° Carvalhal RinelteSoaresMelo Pindaré Mirim/MA

15° Escancarado MauroCiroFalcãoGomes SãoLuís/Ma

16° Iodo MarcosSamuelCostadaConceição Belém/PA

17° OntologiadaTerra EvilasioAlvesdeMoraisJunior SantaInês/MA

18° PédeGatoneira CleudaMarquesRodrigues SãoLuís/MA

19° Recortes MarinaldoRoquedoNascimentoGaliza Teresina/PI

20° TodososCantosPossíveis BrunoCenaMacedo NovaPrata/RGSul

Saiu o resultado do Concurso Literário "Prêmio Poeta Carvalho Junior" promovidopelo@institutopoetacarvalhojunior(IPCJ)Institutoquelevaoseunomeequetemcomoum dosobjetivos

POESIA,POESIA,POESIA NOITESDELUAEPOESIAHOJEEAMANHÃ,16,EMSÃOLUISESÃOPAULO,NOSLANÇAMENTODE‘ ESSESSÃOOSDIAS”E“PAISAGENSINCLINADAS“,DEFERNANDOABREUEMICHAELASCHMAEDEL, POETASQUEHONRAMACARGADACONDIÇÃODOHUMANO.ASETELETRASÉAEDITORADOSPOETAS. SÃOLUIS,HOJE,15DESETEMBRO,PRAÇADOSPOETAS,NAÁREAHISTÓRICA. SÃOPAULO,AMANHÃ,LIVRARIAMANDARINA,EMPINHEIROS.

Academia Arariense de Letras, Artes e Ciências realiza noite literária no final de semana

Na Sessão da ALAC do último sábado (17), aconteceu posse de mais um sócio correspondente e lançamento de dois livros do escritor José Fernandes, que também foi o homenageado da noite

Na sequência, o acadêmico Pedro Neto realizou apresentação do autor das obras literárias lançadas na ocasião, o pesquisador, poeta e cronista, acadêmico José Fernandes. O autor foi também homenageado com apresentação musical a ele dedica, “O menino e o rio”, de autoria de Pedro Neto, com arranjos de Robson Rubem e da Banda Brandt e Silva.

Após isso, o acadêmico Cleilson Fernandes apresentou os dois livros a serem autografados no evento, “Crônicas de Outono” e “Luso Torres: coronel, general e estadista”. A primeira obra, uma coletânea de crônicas; a segunda, um livro biográfico sobre o importante personagem maranhense.

Esteve presente na Mesa de Honra, pronunciando se a respeito do segundo livro lançado na noite, o presidente da Câmara Municipal, vereador Evando Piancó. O parlamentar se reportou ao apoio do senador Roberto Rocha à publicação, bem como ao apoio do Legislativo às iniciativas culturais locais, inclusive à Academia.

• 19 de setembro de 2022

Após a sessão, foi realizado sorteio de livros aos convidados. Logo depois, o autor José Fernandes foi cumprimentado pelos presentes a quem autografou as duas obras lançadas. Um coquetel de confraternização encerrou a programação da noite cultural.

Além de acadêmicos e sócios correspondentes da ALAC, o evento foi prestigiado também por presenças ilustres, como o acadêmico e escritor arariense, Éden Soares, da Academia Arariense Vitoriense de Letras, que escreveu a orelha de um dos livros lançados, e o advogado arariense Hilton Mendonça Corrêa Filho, além de professores e estudantes ararienses.

ELIÉZER MOREIRA LANÇA LIVRO QUE RETRATA SEU ACERVO DE ARTES PLÁSTICAS

OacadêmicoEliézerMoreiraFilho,titulardaCadeira21daAML,lançanestaquarta feira,dia21,às18h, nalojaFastFrame/MolduranaHora,olivro“CatálogodeartesplásticasdoMaranhão ColeçãodeEliézer MoreiraFilho”(ClaraEditora).

Oacervodoautorretratadonolivroreúne286peçasdemaisde70artistasplásticos,adquiridasaolongo dosúltimos50anos.

Comtextosbiográficosefotografiasdepinturas,esculturas,desenhos,gravurasecolagens,olivrotraz obrasdeCelsoAntônio,FlorianoTeixeira,Dila,Donato,CiroFalcão,PériclesRocha,NagyLajos,Telésforo MoraesRego,JesusSantos,FernandoMendonça,CosmeMartinsemuitosoutros.

COMUNICADO

AAcademiaMaranhensedeLetras,porintermédiodeseuPresidenteedaComissãoOrganizadorado projetodeediçãodaantologia“NovíssimaPoesiadoMaranhão”,informaqueficaprorrogadoportrinta (30)diasoprazodedivulgaçãodosresultados,assimcomotambémasdemaisetapasdoreferidoprojeto definidasemregulamento.

SãoLuís(MA),20desetembrode2022.

MARIA FIRMINA DOS REIS, PELA FLIP 2022, EIS

PRECURSOR E SUA OBRA-PRIMA.

ApesquisadoraNatérciaMoraesGaridotemdivulgadoedisseminadoarelevânciadosestudosdeseuavô,oseu legadoparaoreconhecimentodestaescritoramaranhense.

NatérciaMoraesGarridoédoutorandaemLiteraturaeCríticaLiteráriapelaPUC SP,ondetambemcursouseu Mestrado.Épesquisadora,estudiosaedivulgadoradaobradeseuavô,NascimentoMoraisFilho,há12anos.Otítulo desuatese,aserdefendidaem2023,é“ApoéticadaliberdadenaobradeNascimentoMoraisFilho”.Alémde professora,éescritoraecríticaliterária,tendojápublicado2livrosdesuaautoria:“Apoéticamodernistaem AzulejosdeNascimentoMoraisFilho”(2019,EditoraEspaçoAcadêmico);e“Poesiaem3tempos”(2021,Editora Elã).PossuiInstagram,BlogeCanalnoYouTube,todosintituladosABeletrista,ondeescreveedivulgaresenhas críticassobreleiturasvariadas.

ElaparticiparádoProgramaPautaNossa,dia30,às14horas Link:https://www.facebook.com/pgmpautanossa/ Algunslinksdereferência: https://mariafirmina.org.br/as pesquisas de nascimento.../ https://mariafirmina.org.br/maranhenses charles martin/ https://mariafirmina.org.br/revista firminas n 1/ https://www.youtube.com/watch?v=mHI8U2UbRZ0&t=172s https://g1.globo.com/.../14a edicao da feira do livro e...

EM ANO DE HOMENAGEM À
O PESQUISADOR

Já temos data para a Festa Literária Internacional de Maringá (Flim)

Literatura,exposições,apresentaçõesartísticasediversasoutrasatividadesculturaisfazempartedaprogramação doevento.Asaçõesacontecementreosdias2e6denovembro,noCentrodeAçãoCultural(CAC)enaPraçaRenato Celidônio.

Oevento,queenvolveescritores,artistaseempreendedores,serátotalmentepresencialapósdoisanosdeatividades remotasouhíbridasdevidoàpandemia.

Fiquemligadosnossasredessociaispararecebermaisinformações!

#cultura#secretariadecultura#flim#festaliteraria#leitura#livros#maringa#eventogratuito #prefeiturademaringa

2022!!!

NalivrariaLeitura encontro de Titãs da poesia maranhense ,namesa,emeventonotávelpelatroca deideiasesinceridadeemotivadosmestresHagamenon,A.AiltoneBioqueMesito,mediadospelo poetaRogérioeArturPrazeres.NafotomaiordespontamaindaAdonai,JoséNeres,Francisco Moreira,Lindevania,NatérciaGarrido...

NaocasiãofoilançadaaprimeiraediçãodaRevistaDuoLittera.Vidalongaparaamesma!

ARTIGOS:

URGENTE!

HISTORIADOR DESCOBRE FOTO ORIGINAL DE ANA JANSEN!

O historiador Diogo Guagliardo Neves descobriu a única fotógrafia autêntica, e de época, de Ana Joaquina Jansen Pereira, a poderosa Ana Jansen (1787 1869).

A imagem está no formato “Carte de visite”, modelo comum no século XIX, identificada e datada de 1865, no verso, em grafia e tinta ferruginosa, características do Oitocentos. Ana Jansen morreria quatro anos depois deste registro.

FERNANDO BRAGA

Transcrevo uma carta do jornalista e poeta Odylo Costa, filho, a propósito de um meu dedo de prosa chamado “Recado para Odylo”, publicado no Jornal “O Imparcial”, São Luis, de 17 de outubro de 1970, onde tecia comentários sobre seu livro a mim oferecido “A Faca e o Rio”, escrito quando ele era Adido Cultural do Brasil junto à nossa Embaixada, em Lisboa, Portugal. E lá se vão 46 anos!

Dizia o dedo de prosa:

Só hoje li em edição brasileira “A Faca e o Rio”.

Juro que gostei demais das sagas de beira rio nele contidas. O Parnaíba, este velho monge de barbas brancas, como dizia Da Costa e Silva, me comove.

Li “A Faca e o Rio”, e como “Morte e vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto, quase chorei.

Uma faca para a surpresa emocional de João, amigo e homem bom. João e Maria. Maria, moça e bonita. Estes tomaram conta da novela e com eles o amor e a tragédia. No transcurso de tudo, um rio desce, deixando de um lado na margem os olhos intranqüilos do romancista, e do outro, a alma cheia de lembranças do poeta.

Não sei se pelo meu espírito irrequieto, ou se pela minha própria hereditariedade, sempre tive um carinho diferençado por histórias de retirantes.

Pelo lado materno, me acostumei a ouvir os horrores da seca de 77, que assombrou o Nordeste e cheguei mesmo a prometer me que um dia escreveria sobra a “Malhada Grande”, fazenda dos meus avós maternos em Ipu, no pé da Serra do Ibiapaba, transformada em mandacarus e chão de pó.

Pelo lado paterno, desde menino, aprendi amar as aventuras, pelas histórias que meu pai me contava de sua região, lá no alto Douro, todas elas sofridas e tristes, que tão bem caracteriza a gente portuguesa. Escrevi lhe um poema: “Cantiga de tristeza pata quem parte só”, sal gema daquelas canções do “Só”, de que dos nos fala o doce Anto.

Ainda hoje, como o filho de Raul Bopp, na saga do “Cobra Norato”, também me pergunto: como me transmudaria para essas histórias de polichinelo?

RECADO PARA ODYLO

Não sei se é por isso ou por aquilo, tudo me comoveu, sobremodo, desde o oferecimento a Odylo Costa, neto, que ouviu ainda inacabada esta história, inspirada num episódio narrado por seu avô, e que você, um dia, prometeu terminá la, até onde se desse os puros roubos de moedas.

Você, Odylo, ainda tem muito de criança pelas coisas que você ama e canta com tanta ternura. Acabei de ler o livro e senti uma vontade danada de abraçá lo novamente.

A gente tem sempre, entre o medo de um pé de vento, algum, que nos faça gaiolas de buriti, e papagaios, estes dados ao amor, das mãos que fabricam, sobem mais alto que os outros, e lanceiam com maior porte.

As recordações? Você as traz em bandos: a casa da gente, com tudo que nela aprendemos a gostar, as meias águas furtadas onde balançam redes brancas com cheiro de baú, o coaxar de sapos ao longe dos caminhos; uma balsa que desce carregada de melancias e laranjas; o lugar do rio melhor para tomar banho, as terríveis piranhas e as gostosas curimatãs prateadas, de três palmos e mais; os banhos de chuva, depois escorridos no peitoril da casa grande e o cheiro de tudo que nos viu pequeno. Que beleza!

E em São Luis? Você não perdeu a oportunidade na passagem de João para o Amazonas, em falar: “São Luis é a cidade das ladeiras, de sobradões de azulejos com telhados velhos. Não há alma que se feche serena alegria daquela paisagem de sol, azul, cal, madeira nas janelas, paredes luminosas, a suavemente mergulhar nas águas.”

Li “A Faca e o Rio” de um só fôlego... E juro que queria mais!

Estas eram as coisas que eu queria escrever.

Muito obrigado, Odylo, pelas histórias que você me contou de Maria e João da Grécia.

Um abraço do sempre seu, Fernando Braga.

E a carta resposta de Odylo Costa, filho, do Rio de Janeiro, em 24 de novembro de 1970 chegou me de imediata:

Meu caro poeta, Não sei o eu lhe diga. Seu “recado” me tocou profundamente. Não o louvor: o encontro de duas sensibilidades, de duas almas. Vi também que meu mundo confina com o seu, e esse país de infância, sem dimensão e nem mágoa, que me acompanha, também é para você uma “dimensão” (não veja choque entre as palavras), a verdadeira “dimensão”. Li e reli o que você escreveu e que me fez feliz. Receio que não saibamos conversar (cada um de nós é um tímido a seu jeito). Mas quero que saiba que lhe sou devedor e me considere seu amigo.

Gostaria de lhe ser útil mandando livros que não existam aí, na “Galeria” do nosso heróico Neves. Diga me o que deseja que lhe envie. Penso que talvez a experiência de quem muito leu possa vir a ser posta a serviço da inteligência de nossa terra. Às vezes não é fácil distinguir entre os nomes trombeteados pela imprensa e os verdadeiros mestres e guias, nem sempre objeto da publicidade. Tenho, por outro lado, devido a circunstâncias ocasionais, alguma intimidade com a literatura moderna de Portugal e da Espanha.

Penso nisso como forma de retribuir a alegria que me deu, mas ela é dessas coisas que não se pagam senão no espírito.

Seu amigo e admirador Odylo Costa, filho.

FERNANDO BRAGA

José Tribuzi Pinheiro Gomes, ou simplesmente Bandeira Tribuzi é um dos valores mais brilhantes da chamada geração de 45. [São Luís do Maranhão, 2 de fevereiro de 1927 8 de setembro de 1977]. Iniciou o Modernismo no Maranhão em 1948, com a publicação do livro de poesia ‘Alguma Existência’. Ao lado de José Sarney, Lago Burnet, Ferreira Gullar José Bento Neves, Carlos Alberto Madeira, Cadmo Silva, Luis Carlos Bello Parga e os pintores e poetas Pedro Paiva e Floriano Teixeira, este capista dos livros de Jorge Amado pela vida inteira; e outros escritores, fez parte de um movimento literário difundido através da revista que lançou o modernismo no Maranhão, chamada ‘A Ilha’, da qual foi um dos criadores, como foi o fundador, anos depois, do jornal ‘O Estado do Maranhão’, junto com José Sarney. Poeta de grande profundeza lírica trocou a batina franciscana para assumir de vez às lides literárias e para não ser “Prior do Carmo”, como gostaria o pai, diz ele no “Memorial da longa vida”, que só durou cinquenta anos, interrompida por um enfarto fulminante no estádio ‘Nhozinho Santos’, ao assistir um jogo entre o Sampaio Correia e o Moto Clube, no dia do aniversário da Cidade de São Luís, sem extinguir, contudo, seu talento, dos mais iluminados já visto entre nós, já que o espirito é intelectivo, muito embora sua formação universitária em finanças, feita em Coimbra, já ter sido trocada, em grande parte, como dizia, por seus afazeres jornalísticos, vez que nos trouxe da velha Europa, uma educação humanística e técnica realmente sólidas , a par de uma cultura literária, não só lusitana como universal.

Em “O Conto Brasileiro”, Josué Montello traça um paralelo entre autores de inspiração ruralista e autores de inspiração litorânea, ao dizer que “realmente, a paisagem marítima, que serviu de cenário às maiores glórias da raça, só raramente aparece na prosa de ficção de Portugal, em contraste com o que ocorre com a poesia que se volta preferencialmente para o mar”, como é o caso

desse ‘Exercício Marítimo’, poema inserido no ‘Cancioneiro da Cidade de São Luís, o porto que me atraco na poética de Bandeira Tribuzi, a ratificar a justeza dessa reflexão. Ouçamo lo por isso:

“A palavra mar em lenta pronúncia úmida, / fria, amarga, de marinheiros, em histórias. /Depois pensar no corpo da infância, / cartões ilustrados, /recordações, praias, visitas e pensadas”.

E mais: “Quem assim escreve/ é quem já sentiu em demanda de um infinito azul /a dimensionalidade das coisas imperceptíveis, / até certo tempo ou momento. /As coisas deixadas, as lembranças e as ideologias ameaçadas/ por uma pá de cimento, / uma rosa que não brotará nunca nas raízes de uma calçada”.

Afiança Joaquim Nabuco em ‘Minha Formação’, que “de um lado do mar sente se a ausência do mundo; do outro, a ausência do país”. E assim, num doce ou não exílio, parte o poeta em vagas imaginárias: “Gosto de sal nos lábios:/ eis construída a paisagem. /Coloquemos nele um barco. / O vento [este vento real que agita os cabelos] /continuará o exercício impelindo o sonho a viagem.”

O sonho ou a viagem, tanto podem ser sentidos na Praia do Desterro, em São Luis, como podem ser sentidos na amplidão das praias dos Algarves, em Portugal. O gosto de sal, a paisagem e o vento não são determinados. Fernando Pessoa escreveu que “pelo Tejo vai se para o mundo. Pelo mar ou por um rio de aldeia se consegue partir para o mundo”. E Tribuzi prossegue

“Que um dia quando pó forem meus nervos/ e minha carne o adubo de uma rosa/ e uma ave voar no meu silêncio / e tudo quanto fui seja memória,/ quando água se faça meus pensamentos / e os desejos em nuvens se transformem,/ quando já nada reste de meus erros/ e meu ser seja orvalho numa rosa,/ possa alguém

12 Fernando Braga in Jornal ‘O Estado do Maranhão’, 17 de agosto de 1973, enfeixado em ‘Conversas Vadias’, antologia de textos do autor. Ilustração: ‘Declaração’, poema de Bandeira Tribuzi, in ‘Intimo Comício’, obra poética, 2002, verso de abertura: fragmento de ‘Alguma Existência, 1948. Direção Musical: Tuco Marcondes e Zeca Baleiro.

EXERCÍCIO MARÍTIMO12*

lembrar/ ao ler o mais triste dos poemas,/ a sofrida saudade de um bem que foi por ter e,/ lembrando, ouça a música incontida/ da palavra comigo sepultada: doce, nítida, pura, azul e alada.”

Um soneto entranhado em meio ao poema, ou pelo menos quatorze versos entrelaçados numa beleza de forma lírica, mais sentida que pensada, características acentuadas no estilo de Bandeira Tribuzi. Conteúdo vivencial e técnica perfeita, fazendo nos lembrar a todo o momento o autor de ‘O Guardador de Rebanhos’. E prossegue o poeta de ‘Safra’:

“Teus olhos, transparente melodia,/são rios como os rios de uma margem para a terra/ das nuvens, alta e fria./ Teus olhos, permanência fugidia,/ imagem da imaginada imagem/ de teu mais puro ser,/são a viagem mais preciosa [e inatingida],/ dia de luminosa auréola solar recém nascida/nas manhãs molhadas/ orvalho e seiva, /pétala de estrela, teus olhos rimam com amor e mar /e a saudade da pátria desejada...”

Neste seu último fôlego, ou exercício marítimo, não nos leva a verificação daquele fenômeno que Leo Sprizer assinalou no seu ensaio ‘Interpretação Linguística das Obras Literárias’: “O poeta é o que se esforça para transformar em enigmático um pensamento claro.” Bandeira Tribuzi nos traz com seu lirismo inebriante, uma mensagem poética belíssima... Aqui não há transcendência para o enigmático, a força construtiva é que exige, se é que exige...

O poeta nos deixou uma bibliografia extensa e apurada em poesia e prosa, e foi também o autor do Hino da Cidade de São Luís... “O Memorial Bandeira Tribuzi [próximo ao Espigão Costeiro] foi criado em sua homenagem; uma das mais importantes pontes da capital, a ligar o Centro Histórico de São Luís ao outro lado da Ilha, também leva seu nome, além de um busto em bronze, na Praça do Parthenon, a perpetuar o nosso poeta, ladeado a outros escritores maranhenses.

Tribuzi ao despedir se de seu exílio interior, ou da saudade da pátria desejada, tendo o mar como experiência pessoal e melancólica, se justapõe ao lado de Geir de Campos, quando canta: “Ó grande mar escola de naufrágios! Chora um adeus em cada colo de onda.”

Ó Tribuzi, quanta falta fazes às nossas artes!

ODORICO MENDES, O HERÓI DA ENEIDA

In “Toda Prosa”, Vol. III, inserido em “Travessia” [memórias de um aprendiz de poeta e outras mentiras]

Admirável é “Virgílio Brasileiro”, ou tradução do poeta latino, de Manuel Odorico Mendes, 1º volume, contendo as bucólicas e as geórgicas, 2ª edição, atualizada com introdução e notas do professor Sebastião Moreira Duarte, que sob o seu olhar dirigiu esse trabalho para apresentá lo como tese de doutorado em uma Universidade dos Estados Unidos. O livro foi editado com apoio da Fundação Sousândrade, pela Editora da Universidade Federal do Maranhão, instituição onde Sebastião se aposentou como Lente de literatura. O trabalho saíra em 1995 e me chegara às mãos tempos depois, juntamente com um livro de versos e um estudo sobre “mosaicos”, imortal criação bizantina ainda louvada na ortodoxia eslava; e “Traduções de Voltaire” (Mérope e Tancredo), também de Odorico Mendes, todos com dedicatórias fraternas.

Com o enriquecimento de minha biblioteca, com tais volumes, fui fustigado a escrever este dedo de prosa, não só em agradecimento aos presentes, mas, sobretudo, motivado pela lembrança que logo me ocorrera de um outro aspecto de Virgilio, o que adiante veremos...

O Doutor Antônio Henriques Leal diz no “Pantheon Maranhense”, Tomo II [ensaios biográficos de maranhenses ilustres] que Odorico Mendes “nasceu em São Luís, capital da província do Maranhão, na casa de seu avô materno, Manuel Correia de Faria, sita na Rua Grande, aos 24 de janeiro de 1799, vindo por seu pai, o capitão mor Francisco Raimundo da Cunha, fazendeiro das margens do Itapicuru (sic), de Antônio Teixeira de Melo, ilustre restaurador do Maranhão do poder dos holandeses; e por sua mãe, Dona Maria Raimunda Correia de Faria, de Tomás Beckman, irmão do infeliz Manuel Beckman, ou Bequimão, como o apelidavam os coevos e naturais da capitania, e o escreveram os cronistas do seu tempo, manchando lhe a memória, que foi em nossos dias reabilitada com muito talento e saber pelo distinto João Francisco Lisboa”. E é esse texto do editor d’ O Timom que se encontra no trabalho dirigido por Sebastião. Nas anotações de pé de página que acompanham todo o roteiro do livro, vê se que “nesta obra monumental Odorico Mendes não se mostrou somente consumado latinista e distinto poeta: elevou se avantajado arqueólogo pelo trabalho de anotações repleto de vastíssima erudição (...) que manifestam, não só a sua vasta instrução e o profundo conhecimento do idioma vernáculo, mas justificam o conceito que dele formam como o escritor mais conciso entre os seus atuais contemporâneos de Portugal e do Brasil”, enfatiza Inocêncio Francisco da Silva, no seu “Dicionário Bibliográfico Português”.

Odorico Mendes quando Deputado provincial pelo Maranhão, por diversas legislaturas, foi autor da primeira lei de “reforma eleitoral” e da lei da “abolição dos morgados”, nos informa discurso proferido por Pedro Braga Filho na homenagem prestada pela Câmara dos Deputados, pelo centenário de falecimento de

Odorico Mendes, no dia 17 de agosto de 1964, enfeixado no livro “Memorial de Pedro Braga Filho”, contendo discursos literários e parlamentares, cuja edição dirigi, com introdução, seleção de textos e notas.

Há tempos, quando estudante estagiário de Direito Penal Comparado, na Universidade de Paris Panthéon Sorbonne 1 , li na versão francesa o livro “La Mort de Virgile”, de Hermann Broch [uma brochura editada pela Imprensa Universitária], sobre o qual, com a ajuda da memória, farei pequeno comentário, necessário para a interligação que pretendi dar ao contexto destes apontamentos.

O autor austríaco a romper deliberadamente com os padrões tradicionais do romance, neste reveste se de reflexões moldadas de lirismo, mitos e símbolos, a estruturar o trabalho em forma de um monólogo interior, quase que uma auto revelação, com laivos de sofrimentos análogos aos do poeta romano Virgilio, o qual sofreu intensamente em virtude de a arte, amor que se dedicou à vida inteira, tê lo impedido de realizar se como um ser humano e mortal. Muitos desses desejos reclamados foram vividos pelo emocional do herói troiano que também não foi contemplado com as trocas que desejava, segundo o contexto alegórico. O direito de viver para si, fora muitas vezes impedido, em virtude da obediência que cegamente devotava aos deuses. Exemplo disso é quando ouvia de Dido, a rainha cartaginesa, suas cobranças apaixonadas; tinha ele, o viajante mítico, de responder lhe que era escravo do destino, sem nenhum direito ao seu próprio arbítrio...

No livro, Broch descreve as últimas horas do poeta camponês, a lutar desesperadamente pela vida até o instante de sua morte, enfrentando a como se fora um Profeta, cheio de delírios que o fizeram vaticinar um século antes do nascimento de Cristo, à maneira dos versículos bíblicos de Isaías, como o descrito na IV Écogla, fragmentos líricos, vindos da Sibila de Cumas com fatídicas previsões...

O aparente e diminuto pensamento que tive nestes apontamentos, entre o épico latino e o ensaio romanceado de Hermann Broch, foi para deixar como reflexão que, se restou ao autor austríaco assumir se no final do trabalho, como alterego do poeta camponês, levado pelos sentimentos, sofrimentos e dons de vidência, faz me acreditar, pelo enfoque clássico, legitimar se Odorico Mendes, por seus dotes naturais e pela utopia humanística existente em Enéias, carregada de sentimentos nobres e ritos grandiosos, ser ele, o gênio maranhense, o verdadeiro herói da Eneida.

POEIRA DOURADA

FERNANDO BRAGA

in“TodaProsa”,TomoIII,dolivro“Travessia”[Memóriasdeumaprendizdepoetaeoutrasmentiras],em fasedeorganização.

Quem primeiro me falou sobre o poeta João Viana Guará foi o intelectual maranhense José Erasmo Dias de saudosa memória. Dizia me ele que Viana Guará era um grande poeta, apesar da pouquitude de sua idade e, conseqüentemente vivência. Não sabia Erasmo, de cor, nenhum poema do poeta de “Poeira dourada”, mas não sei porquetoda vezqueele falava de Viana Guará associava o a Edmo Leda,talvez porser Edmo também um grande poeta e pela contemporaneidade de ambos, fazendo, também, a est’outro os elogios merecidos.

Raimundo Guará, irmão do poeta, meu tio por afinidade, pois era casado com uma prima carnal de minha mãe; a ele devotava eu muita ternura e querer bem. Um belo dia presenteou me o livro de Viana Guará “Poeira Dourada”, com belíssima dedicatória e com uma letra belíssima, parecida com a de meu pai, pois eram ambos calígrafos, afeitos à escrituração mercantil da velha Praia Grande; este livro foi editado como homenagem de família em 1986, pelo SIOGE (MA), cujas orelhas levam a assinatura de Marlene Guará, sobrinha do poeta.

O meu querido amigo Antônio de Oliveira e amigão do poeta, sendo um pouco mais velho do que este, diz na apresentação do livro, num laivo de romantismo, aliás, atmosfera muita sua, já que era conhecedor profundo de Camilo Castelo Branco, que conheceu “Viana Guará na Praça João Lisboa, em São Luís, na década de trinta quando batia uma viração do vento, macia vinda da Ponta da Areia e da Bahia de São Marcos, canalizadas pelas ruas do Egito e de Nazaré, suavizava a canícula das claras tardes de verão e refrescava as sedutoras noites estreladas”.

Viana Guará morreu aos vinte e quatro anos de idade, na mesma faixa em que morreram os poetas da chamada terceira geração estóica de românticos, como Castro Alves, Fagundes Varela, Casemiro de Abreu e Álvares de Azevedo.

Não digo que não seria o romantismo a sua bandeira de sentimentos, o seu marco poemático, caminhos que não arredaram o poeta por um instante dos meandros modernistas, escola já instalada e de muita pujança no Brasil, onde surgira em 22, a qual se atravessou pelo meio existencial do poeta, alcançando o em plena juventude. O que mais me impressiona, no entanto, em Viana Guará, é o seu senso épico, estética que lhe penetra o espírito nas mais variadas formas em que escreveu, do soneto à prosa. Sintamo lo neste canto dedicada a sua cidade de Grajaú:

“Estradas abertas nos desvãos sombrios”.

Entre coivaras, tucurús e caçapavas, Acordando às manhãs

Com o matraquear das tropas

E o estalejar das taças, Visando, nas quebradas dos lubungos,

A grinalda cinzenta de poeira,

O rastejador constante dos tropeiros Eis minha terra!”

O poeta confessou ao seu amigo Antônio de Oliveira que gostaria de formar se em Recife, na famosa Faculdade de Direito de Pernambuco para sorver os ensinamentos deixados por Tobias Barreto e que ainda, como hoje, impregnam todo o ambiente daquela velha escola jurídica, e depois voltar formado para Grajaú por onde deveria começar sua profissão como advogado ou simples promotor, caso preferisse o Ministério Público. De volta a São Luís, talvez fizesse concurso para uma Cadeira na velha Faculdade da Rua do Sol. Gostaria também de ganhar algum dinheiro para ressarcir um pouco seus pais e seus irmãos pelo sacrifício que tinham feito e que ainda iriam fazer “.

João Viana Guará nasceu em Grajaú, bela cidade do sertão maranhense, em 6 de outubro de 1916. Aproveito aqui o gancho deixado por Antônio de Oliveira, já considerado seu biógrafo, para viajar com ele nas asas daquele tempo: “Passaram se alguns anos. Já no Rio de Janeiro, em 1940, soube casualmente de sua morte,

por uma breve notícia de um jornal de São Luís. Finou se como o genial poeta do “Guesa” (Sousândrade), num 21 de abril, consagrado a Tiradentes. Simples como todo homem que carrega consigo a bagagem de muita sensibilidade e de uma cultura feita em contraponto com a honradez do seu caráter, Viana Guará se despediu da vida em sua Fazenda São João, em Grajaú, onde escreveu, por derradeiro este “Meu Testamento:” “Não tenho herança a vos deixar, meus irmãos,/ trago os bolsos vazios, sem dinheiro. / (...) No entanto, ó meus irmãos, se desejardes / algo de humilde que não tenha alardes, / Buscai um dia os meus papéis dispersos.../ Encontrareis de certo uns velhos trapos/ E entre as traças vereis, / desses farrapos./ A poeira dourada de meus versos...”

PERCURSO DE SOMBRAS

FERNANDO BRAGA

Nauro Diniz Machado São Luís, 2 de agosto de 1935 São Luís, 28 de novembro de 2015. É bem difícil ficar se sem dizer nada diante da beleza estético formal contida na poemática de Nauro Machado.

Acabo de receber ‘Percurso de Sombras’ [lê se 2014], que só pelo oferecimento e pela generosidade do poeta, já quebraria por si, qualquer resistência de silêncio... Irresistível provocação sentimental de um irmão de estrada, de sombrios sonhos e de terríveis sombras, a ferir, chagar mesmo minha saudade de tantas lonjuras...

Apressei me de logo e registrar a chegada de seu livro em minha página no facebook, sem a surpresa de continuar a ver o poeta ainda em seu barro cru, como se recém saído de uma olaria de pesadelos... E uterino como sempre em seu estar se divino, o satânico sobrepõe se e faz me publicar ‘Réquiem para uma Mãe’: “Tudo já entrado em ti, tudo, / enfim estás em ti, / como os pés nos seus sapatos, / dizendo ser a tua morte. / Viúva da eternidade / a se fazer como um sonho / da carne imune ao real. / Dor: arranca a tampa da água / a um náufrago marinheiro, / e o telegrama do fêmur /à volúpia do ovário, / morto ventre de onde eu vim / com meus calos e naufrágios. / Dor: inverte os lábios da água / dando de beber a mãe / pela boca de um cadáver”.

A lavoura do léxico nauromachadiano a todos atordoa pela sua precisão e pelo seu fôlego a resistir seu canto lógico e a dispor se cartesiano, quando, assim, tira a prova dos ‘Noves fora’: Não necessariamente / é igual uma cama / a outra cama, como / uma noite é de outra / feita a mesma noite [...] E até mesmo à soma / que nos subtrai, / nós, humanamente, / somos desiguais.”

E o poeta segue pelos becos e ladeiras de São Luís a soltar balões de eternas infâncias, pelas sombras das noites, balões que se soltam de suas mãos carregadas de trevas e furadas pelos pregos do tempo, até chegar a um dezembro festivo a renascer no peito ferido do poeta, onde se aninham flores no seu esôfago, como se fossem miolos de um pão sagrado que Nauro tivera de engolir um dia, para arrebentar lhe e lhe arrematar o grito: “Minhas netas da luz, / do meu filho o retrato, / iluminando os olhos / da minha mãe sem pálpebras.”.

E sereno continua a ouvir as ‘Vozes do Natal’ que lhe chegam assim: “Cristo do anverso, / em minha costa, / durante séculos / dizendo a Lázaro: / Vem para fora! / Vem para fora!...”.

E ainda no percurso do Advento, clama aos ‘Milagres Natalinos’: “Porque só tu não me apartas, / boneca da minha mãe, / da infância do meu pai / imputrescível nos anos [...] “Todo Natal, como mar, / volta sempre à mesma praia, / enchendo as eternas águas / com o choro dos meus pais...”.

Assim o ‘Pássaro de Deus’ alça voo para o percurso das sombras, como se bebesse o nepente benfazejo para esquecer, não a imagem de Lenora, mas “as cáries da carne na boca dos vocábulos” e ainda com o mesmo ritornelo canto igual ao daquele corvo agourento, pousa nos umbrais do poeta Nauro Machado para ouvi lo dizer que “há coisas que assustam / sem palavra alguma, / assim como as há, / como nossos cúmplices, / pela indiferença / na boca de um morto” [...] “quebrei as nas mãos / desse estéril poema / de cisne nenhum, / entre o pão e o vocábulo / as virtudes dos pássaros / de nossa inocência”.

E diante da ‘Praça de um poeta’ onde se materializa sua memória de carne e verbo, há tempos, périplo indesejável entre esse espaço e a “Casa das Tulhas”, solene no seu comum de “Feira da Praia Grande”, Nauro revive o cancro de dolorosos dias a ressuscitar quase apodrecido pelos muitos açoites que o fazem agora justificar se diante de um vazio que lhe deflora: “Sabendo olhar / na escuridão, / o povo vê / que não sou nada, / e nem serei / até morrer. / E embora diga / o inverso disso, / o povo sabe / que sou igual / ao mais comum / de todos eles... [...] “Alguma coisa, / depois de eu morto, / me habitará / vivendo ainda”.

‘Naurito’ velho de guerra, enfim chegamos naquele estágio em que não mais reconhecemos nossas visões, porque nosso passado não é mais nosso companheiro, parafraseando Mário de Andrade... Aqui estão alguns

traços sobre o belo miolo do teu livro, muito bem apanhado graficamente pelas ilustrações do artista Pedro Meyer... Dize me que Deus haverá de salvar te, ainda que andes pelo vale das trevas... É belo o salmodiar de David quando se tem coragem, principalmente embalado pela fé que tens... Agradeço te o alimento espiritual que tanto agradaria a Verlaine ou a Paul Valéry, tenho certeza, porque mesmo na brenha de um ‘percurso de sombras’, os teus cantos “são enredos de aranhas costurando os verbos...”

* Publicado no jornal “O Estado do Maranhão”, 4 de janeiro de 2014 e ‘Impressões sobre Nauro Machado’ [ensaios, crítica e artigos], Halley gráfica e Editora, São Luís, 2018.

PARABÉNS

MEU POETA QUERIDO,,, HOJE, 2 DE AGOSTO, INAUGURA-TE NA "LIRA DOS OITENT'ANOS"

FERNANDO BRAGA

II Dos cárceres da alma [*]

[Sobre O Cirurgião de Lázaro, de Nauro Machado]

A poesia como expressão verbal glorifica se por sua extensão a explorar alogicamente os símbolos e signos representativos da linguagem humana, utilizada em fins estéticos, a procurar amparo e densidade, harmonia e sutileza em suas diversas peculiaridades conotativas, a distanciarem se quando possível, e a cada vez mais, da elocução comum.

Com esse pensamento conceitual, a poesia na concepção de Nicolas Boileau, ditador racionalista da poesia de Paris e vulgarizador de uma natureza intelectualizada, diz ser a arte poética nada mais que uma construção lógica, pausada e trabalhada a frio.

Por ser esse conceito do preceptor, poeta e satírico francês o mais próximo da linha que me propus aqui a textualizar, começo a dizer que é mais ou menos nesse atelier de idéias, palavras e ritmos que o poeta Nauro Machado esgota se a laborar seu eu artístico, a conceber sua arte, não a frio, mas a barro e ferro e a lapidá la numa harmonia personalíssima, diria mesmo, provinda de suas entranhas viscerais, jamais vista em outros poetas; ele redesenha em cada produção um hermetismo diferente, porque, paradoxalmente revelador, envolto numa magia lexical, em movimento, como se um inventário do seu código poético que a todos embriaga de perplexidade, vez que é montada em uma sintaxe preponderantemente intimista e ao mesmo tempo mundana, divina e profana, a transcender os limites de todos os sentidos incomuns; sua poesia é cada vez mais intermitente no curso de uma metalinguagem que chega a transfigurar se em transes santificados e em surtos demoníacos.

O Cirurgião de Lázaro se posta em minha mesa de trabalhos, e o vejo já depois de lido como uma preciosidade universal, vez que Nauro plantado por raízes profundas em nossa Província, nosso chão de risos e choros, de alegrias e sofrimentos, continua como um velho combatente, como se num campo espaço espectral, onde seu vulto de artista pode ser visto engajado em uma luta que escolheu para defender até o fim, sem condecorações, outorgas e medalhas, galardões indiferentes a seu estar e ser, mas sem funções sociológicas que o fariam, não distingui lo, porque é ele mesmo quem diz, não mais pertencer “a um tempo que já morre / neste presente que comigo rui,/ entre o futuro que sem fim decorre / e o passado que para sempre eu fui... ”/, mas digná lo, pelo menos, no meio em que vive, já que ele tem pagado com métrica o que deve em ouro! “Desperto as nuvens desse céu liberto / da natureza que me fez de um parto. / e se desprezo o céu que é assim do aberto, / desprezo quem comigo em sonho encerro,/ abrindo as portas que vão dar no quarto / de uma morada eterna em barro e ferro”.

O Cirurgião de Lázaro... escorreu por mim, e o fiz pausadamente, não com a pressa de uma leitura em diagonal, mas com reflexões que me permitissem com mais familiaridade adentrá lo, sempre querendo ir mais longe do que já guarda sobre ele meu hipocampo sentimental, o que me fez, desta vez sentir um Nauro com alguma coisa diferente, um Nauro a navegar no mesmo leito de antes, de águas turvas e profundas a debater se com a mesmo virilidade de sempre; mas agora o vi diante de um existencialismo que não mais aquele em contraponto com delírios e angústias ambulatoriais, diante daquela fragilidade que o fazia ainda um ser indefeso e intra uterino; mas um Nauro um tanto quanto Sartreano tendo como pano de fundo o individuo (o homem que é ele mesmo), a liberdade, a história (talvez de um mundo mais que real, onírico e lúdico, que sejam), e a política, não na acepção da ciência, mas da arte alegórica, para onde ela mais declina, a rejeitá lo com o húmus de sua unção e a cognição de seu credo, como um ser plenamente sociável... E incisivo e direto Nauro aqui revela esse animal humano: “Auxiliar de Serviços Gerais, / nesta cidade ou terra gonçalvina, / meu contracheque dizem é demais / para um trabalho que lhes contamina, / o ser feliz a

abrir se pelos ais / que eles despejam quando na latrina. / o que de mim ainda querem mais, / com meu pescoço já na guilhotina? / Dinheiro é tudo, dizem em cio farto, / dinheiro é mais que o verbo ou o próprio parto / feito no ventre das mães de Maria. / Nesta São Luís, príapo de um sapo, / limpando o verbo em sujo guardanapo, / não terei a sorte de Gonçalves Dias”.

E se volta ao passado, à meninice no velho sobrado do Largo do Carmo, onde funcionava o clã dos Machado, quartel general das Oposições Coligadas do Maranhão e a redação de “O Combate”, indo a uma livraria próxima, ainda de pijamas, para comprar revistas e figurinhas, em suas horas de infância e travessuras: “Que Lig lig lé me ligue à luz que segue / me atando àquela criança que não cegue / na escuridão de um sol suor dos bípedes, / bêbeda boca eu sou, mamando ao peito / a me ofertar, sem paz em nosso leito, / a eterna infância morta em velocípedes”. Ou ainda: “Tudo me fala pela infância morta, / com sua eterna e inconfundível voz”.

Neste livro O Cirurgião de Lázaro, Nauro “faz continuar a numeração seqüenciada da antologia, acreditando que seu somatório sonetístico resulta de vocação cumprida dia a dia com pertinácia e imperiosa necessidade humana”. Era preciso que aqui se repetisse isso que vem na contracapa do livro para se justificar que os sonetos não têm títulos, mas números, pelas razões que se observam, além de ter os belos desenhos do artista Lucas Sargentelli, em carvão, pastel, giz e borracha o que dá ao livro uma identidade magistral entre a palavra e a imagem.

Luis Eduardo Meira de Vasconcelos, na segunda orelha ou aba diz com muita propriedade que existe em Nauro “a recorrência de uma das formas poéticas consagradas, trata se aqui, portanto, da lenta e inabalável lapidação do que, ante os mistérios da existência, só se realiza como resíduo, a um tempo resto e âmago”.

Observa se nesse livro, nitidamente, sua luta frontal com a morte. Vejamo lo nesse soneto, a usar a técnica do enjambement, a me parecer rara no curso de sua obra: “Túmulo da alma para os pés sem meia, / abro o grito do chão para um enredo / a se fazer na boca com teia / de aranha a enredar se em seu segredo.” O grifo é meu.

Continuando: “Querendo ouvir o nada onde me sumo, / tento escutar o ser que em mim chafurda, / sabendo estar até de mim expulso, / pela surdez gritando: Eu não sou surda! Adiante: “A morte espera pelo tempo vindo / da eternidade feita de um segundo, / como relógio mudo que é enfim findo / no aberto pulso de negro osso imundo”. (...) “Falando eterna em verbo apodrecido, / ela vindo a se fazer no ouvido / pelo atropelo feito em tanto saque, / para chegar ao fim do que acumulo / sem saldo algum, como um ladrão em seu pulo, / nesse Banco a falir com um só saque”.

E crístico: “Amputar Teus pés nas minhas pernas, / amputar Tuas mãos nos meus braços, / é conhecer a falta com que infernas / minha existência a ser de outros espaços. / Nesse caminho em que com dor me hibernas / num chão infernal de dor e de cansaços, / como abraçar Te os pés nesses vis laços? / Onde andarão Teus pés querendo as mãos / para calçá los pelos que a sós só vão / com os dedos falhos indo a um Ser avaro? / para chegar a quem é mais sozinho / no meu percurso a estar noutro caminho, / nas Tuas mãos meus pés têm o Seu amparo”.

E profano: “Satã tetânico dos vícios de hoje / reduplicado ventre que desventuro / para deitar me em ti no imundo coche, / entrando todo com meus porcos dentro, / e a me fazer com dois, que eu não me enoje / (...) Satã de adâmica carne tetânica, / de anágua provinciana a ser satânica / nudez despida e além multiplicada: / tu viverás em nós eternamente,/ como quem real faz se em nossa mente, / como uma idéia conosco em nosso nada”

Encontrei um Nauro ainda bíblico e marcadamente, como já dissera antes, levítico, a purgar na homogenia de sua carne e espírito, luzes de uma sublimação que é sua, muito sua, de uma impossibilidade quase descritiva, talvez pelo embargo em mais dizer, deste velho amigo que não é crítico, mas que tem a emoção diante da admiração e do bem querer que lho devota, não apenas pelo homem em grandeza que ele o é, mas por sê lo, também, um dos maiores poetas brasileiros de seu tempo. Nauro, lá pelas páginas tantas de seu livro, que o vou abrindo aleatoriamente enquanto escrevo, usa a técnica das rimas fragmentadas como Verlaine as usou, e outros tantos poetas, principalmente italianos, (e

os latinos como Ariosto, Dante, Monti, e muitos outros), obtendo as não apenas pela separação de elementos justapostos ou já aglutinados, como também de sílabas e até de letras: Aqui, comparamo lo apenas com o poeta francês:

“Mai que moi que ne suis rien, plus rien que leur hygiène a ces tiens (miens?) charmes bie aimés... “

E Nauro:

“Setenta anos se fazem tão distantes de mim agora, como se em Babi lônias mortas e feitas só de instantes para uma vida que só morte cabe”.

E Verlaine:

“Voyez Banville, et voyez Lecon te de Lisle, et tôt pratiquons leur con duite et soyons... “

E Nauro

“Se alguém me vê real, ninguém é Ca paz de saber me a rua ou o endereço...”

No início deste fio de prosa falei de Boileau, do que pensa da Arte Poética (título de seu livro), e novamente o trago a este texto para que ele diga que “a maior desgraça que pode acontecer a qualquer escrito que se publica, não é muitas pessoas dizerem mal, é ninguém dizer nada”, sentença esta que se bem ajusta no que adiante apostilo: não digo escrever algo a respeito, o que é plenamente justificável, até pela pouquitude do alcance de certos doutos, mas pelo menos agradecer a remessa do presente, fato infelizmente cultural e comum entre muitos, o qual Pitigrilli num de seus livros satíricos, faz ríspido comentário sobre esse grotesco gesto.

Assim, com o interesse de sempre, li O Cirurgião de Lázaro do meu velho e querido companheiro de andanças Nauro Machado. Senti o sob o olhar de um também poeta, não tanto com as luzes que o iluminam, mas como ele, um esteta e homem de cultura feita.

Um dia desses o poeta Luís Augusto Cassas lançou na Academia Maranhense de Letras, dentro do calendário do Centenário da Casa de Antônio Lobo, o livro Evangelho dos peixes para a ceia de aquário, com a participação do escritor e crítico de arte Marco Lucchesi que fez uma sapiente análise sobre a poemática do autor de A República dos Becos.

Nesse livro, Luís Augusto Cassas é trazido pelas orelhas por dois dominicanos do mais alto nível humanístico, Leonardo Boff e Carlos Alberto Libânio Christo que outro não é senão o nosso frei Beto. Apesar de Boff não mais se encontrar encardinado no “Ordo Predicatorum”, nunca deixará de ser filho Seráfico de São Domingos de Gusmão, com ou sem a Teoria da Libertação, cuja lide processual canônica com o antigo Cardeal Ratzinger. Hoje, se já se estende por mais de vinte anos, mudado apenas em ter o Cardeal subido ao Pontificado. Já o Beto, não. Apesar de suas idéias e concepções, continua engajado na mística da velha Igreja Romana..

Nesse livro Evangelho dos peixes para a ceia de aquário, Cassas nos revela um salmista e um anunciador, onde o tema dessa sua homilia é o peixe, e o peixe litúrgico por excelência, que no dizer de Lucchesi “trata se da força prodigiosa das águas de um oceano generoso que abriga peixes, palavras, costumes, relações profundas com aquelas que o fundo marinho guarda...” E canta o poeta ao homem renovado, isto é, ao homem novo pela remissão dos pecados, seria esse o conceito teológico: “Se queres nascer de novo/ rompe o mar psíquico do ovo / ergue te à estrela de fogo / acalanta os pés de couro / carrega as dores do povo / queres ser amigo do todo? / faz então tudo de novo”. O grifo é meu, porque aqui o poeta confirma o que diz o poeta Jorge Luís Borges: “Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros”. Ambigüidade propositada?

E o poeta mergulha pelo Eclesiastes, sinagogas, eucaristias, milagres e outras deidades misteriosas. Como o Apóstolo Paulo, ele, Cassas, é cônscio de suas obrigações sapienciais e até místicas: “domingo da ressurreição: sal na mesa / Cristo no coração”. No sábado de aleluia, o poeta personifica se em Davi, arrependido de ter mandado Urias, o heteu, para a guerra, para comer lhe a mulher, e salmodiar: “sábado de aleluia: refeição do luto / jejum absoluto”. Já na sexta feira da paixão, reveste se da inteligência dos Cantares do Rei poeta e despreza o anátema para dizer: “chá de bardana à moda samaritana / salada c/nozes e avelãs / berinjelas e maçãs”. E paga por isso na página ao lado, o ônus de um pesado Kharma.

O discurso poético de Cassas se universaliza porque o poeta já se encontra além de sua aldeia a navegar em águas profundas: “Toma novo bule de chá / divide o em doze xícaras / oferta os aos necessitados / o resto dá de beber aos rios: / sempre haverá mais”. Essas doze xícaras podem simbolizar os doze apóstolos ou as doze pedras do Jordão. Aqui existe um laivo de prosperidade, onde se nota a presença de um Cristo vivo, a administrar ao crente em sua obra da multiplicação, uma vida de bênçãos, enfoque tão bem ensaiado por Max Weber no seu A ética protestante e o espírito do capitalismo.

O poeta vale se da anatomia líquida das águas e do pássaro profético, a trespassar se nesse canto, onde o gênesis anuncia a boa nova da relativa verdade dos filhos de Deus que, por outros conceitos se dizem vindos das águas, apesar do batismo do Espírito Santo ser de fogo; o nosso planeta é de água, como de água é a vivenda amniótica onde nos aconchegamos por algum tempo, essencialmente de água: “buscai a mulher da água / é a porta e a entrada / o amor e a amada/ sua alegria faz nascer / o vôo das águias”. Existem gozos feitos de risos e gozos feitos de choros, há quem adormeça sob o Sol e a chuva, com ou sem redes de maresias onde o farol da barra pode ser um simples símbolo fálico, a iluminar a samaritana assentada à borda do poço: “eu madalena maria / n’água do mundo piranha / graças à divina entranha / sagrada bela tainha”.

A MENTALINGUAGEM DE CASSAS

Faz se assim o código da vida marinha, onde o peixe (pode ser qualquer um, desde o salmão ao papista) evangelizado em qualquer aquário, para ser servido em qualquer ceia, é chamado pelo seu nome natural, acompanhado da infeliz adjetivação de fresco, sem nenhum respeito à sua condição sexual, ou à sua postura de morto, talvez para satisfazer aquela assertiva de que primeiro à pança, depois à moral, como entendia Macbeth.

Há pouco era noite, estava a revisar os originais de um meu livro que teve a graça de ser premiado com a publicação, quando recebi, para meu contentamento, e de uma só vez Ópera Barroca e Vampiro da Praia Grande. No primeiro, o poeta clama por socorro aos seus companheiros metafísicos que moram dentro de suas travessas e vielas, para cantar num grito d’alma: “Amigos, escutai o meu coração: é de pedra / pois cristalizou todo o meu ser. / Ele é o único sobrevivente de mim. / Um rio de amor dorme submerso / nas lamentações do pó. / Páginas da vida / pulsam escondidas / mas é impossível ser / que é o anúncio duro / de um tempo de dor (...) / Amigos, ajudai esse monstrengo a sobreviver”.

Antes de o barroco chegar, ou na música ou nos altares, creio ter sido o poeta algum místico viageiro, que ainda não depurava certos detalhes e filigranas, mas escrevia poemas na areia, não à virgem, mas ao terror das aranhas que faziam peçonha dentro dos armários onde estavam os seus brinquedos: Há um mundo a nos confinar: “heroína da noite, subjugas o inimigo, / a pálida criança de braços paralisado, / e fazes depor a coragem e a espada de plástico”.

Realmente a nossa cidade é uma “antífona de ladeiras” que nos comprime e deprime. Ela é mais que matricida, ela é homicida, e cruel, na mais fria letra do Direito Penal, porque não mata apenas seus maridos, mata com crueza qualificada os seus amantes, principalmente aqueles que ela sabe desesperadamente apaixonados: “estupra os seus estetas / e derrama as suas vísceras”.

Sobre o tal “Vampiro da Praia Grande”, mandei um e mail para o poeta dizendo lhe que este tocou profundamente a minha alma; primeiro porque o vampiro tem uma afinidade muito grande com um fantasma que eu cheguei a dar vida num poema, como se ele aparecesse costumeiramente na Praça Clichy, em Montmartre, onde por muitas noites vaguei a imaginar encontrá lo, quando em Paris me encontrava na década de 80 a cumprir estudos inerentes à minha formação jurídico humanista; segundo, por ser ele, o vampiro, como determinado por Cassas, um ser vivente da Praia Grande, esse pedaço de São Luís que guarda dentro de mim uma saudade imensa, por causa de sua beleza e, principalmente, pela sua silencidão, (neologismo criado pelo nosso Manoel Caetano Bandeira de Mello, com a aglutinação das palavras silêncio e solidão, para darem ritmo à sua viagem às estrelas).

Aviso ao poeta de que existe na Madre Deus uma geração inteira de vampiros, tanto nas potestades do Boi quanto nas hostes da querida Turma do Quinto, de vampiros, de cuja eugenia provém o nosso Herbert de Jesus Santos, oriundo dos ramos patriarcais dos cantadores Cristóvão, Jeje e Zé Pedrada: “morde me quem se atreve? / se quem com dente fere / vampiro será ferido / melhor adiar o enterro / deixá lo morrer ao vivo”.

Cassas, por derradeiro, nesse livro, canta entorpecido como se dentro da The Weste Land, escrita por T.S.Eliot, ele que encarna uma das mais estranhas e poderosas permanências literárias de nossa época, a buscar uma consciência cultural no passado, um tempo a correr no presente, e os sonhos de um vir a ser, o que faz sugerir ao poeta Cassas aqueles elementos da antiguidade clássica com os quais trabalhava com mestria: ar, terra, água e fogo, em poemas que não se esgotarão nunca, por suas universalidades temporais. E como Eliot cantou a sua Londres, Casas, numa outra terra desolada, canta com propriedade “o mictório da litorânea, a feira do João Paulo, os cupins de São Luís, pelo desejo do Xá da Pérsia pela grossura das nossas palmeiras e, até quem diria, pelo instrumento que o nosso saudoso Vitor Gonçalves Neto não só usava para falar”.

A sobrar lhe espaço, Cassas, por fim, diz ao nosso queridíssimo Vampiro: “45 cabelos brancos / dor nos flancos / se a imprensa taxa / vampiro jovem / anos a solavancos / daqui a pouco vão dizer / do tio nosferatus / sou pajem”.

Poeta é isso aí. Só posso dizer que você já inscreveu seu nome com letras de ouro no Cancioneiro Brasileiro. Parabéns!

[*] Publicado em O Estado do Maranhão, São Luís, 14.12.08, enfeixado em “Toda Prosa”, Tomo III, do livro “Travessia” [Memórias de um aprendiz de poeta e outras mentiras], de Fernando Braga, em fase de organização.

ALGUMA &

COISA *

FERNANDO BRAGA

Deus escolhe um tempo para nos presentear com alguma coisa. E justo naquele 1984 fui, por determinação de meus quefazeres profissionais, convocado para o honroso e temporário mister de realizar trabalhos na institucionalização do Tribunal Regional Eleitoral, do recém criado Estado de Rondônia. Cheguei a Porto Velho na madrugada do Natal de 1983, sob um céu estrelado e em meio aos fogos da festividade, para pisar pela primeira vez o chão em que o poeta Vespasiano Ramos deu o último suspiro de vida aos 32 anos de idade.

Agradeço ao nexo causal do Universo por me ter propiciado essa dádiva, de encontrá lo no Cemitério dos Inocentes, naquelas terras amazônicas do antigo Guaporé, hoje Rondônia, a repousar em louça e lousa, os louros de sua lira, o que me permitiu escrever depois alguma coisa ao poeta de ‘Coisa Alguma’, tempo em que assistia emocionado as comemorações de seu centenário, na companhia de mais três maranhenses ilustres que lá se encontravam: o Juiz de Direito [da judicatura local], João Batista dos Santos, depois Desembargador; e os caxienses, professor Raymundo Nonato Castro [já falecido], Vice Reitor da Universidade de Rondônia e o jornalista e advogado Edison de Carvalho Vidigal, ainda advogado, já indicado Ministro do STJ, que lá se encontrava para uma audiência jurídica. Joaquim, Vespasiano Ramos, nasceu na cidade maranhense de Caxias, a 13 de agosto de 1884 e faleceu em Porto Velho, a 26 de dezembro de 1916, aonde tinha chegado no início do mês, a bordo do vapor ‘Andersen’, não como muita gente pensa, impelido pela ‘borracha’, como meio de um melhor aconchego físico social, mas, para recolher se no seringal de Aureliano do Carmo, e dar início à escrita de um seu poema amazônico, cantando as belezas do Grande Vale, como fizeram no passado, o paraense José Verissimo, autor de ‘A História da Literatura Brasileira’ e o português Ferreira de Castro, autor de ‘A Selva’, dentre outros textos de contenção universal.

A malária foi tirana e arrancou do poeta, a castigá lo com febres ácidas, associada a uma doença pulmonar, o sonho de escrever o ‘Canto Amazônico’, que talvez tivesse sido a nossa maior epopeia lírica.

Joaquim Vespasiano Ramos, Caxias, Ma, 13 de agosto de 1884 Porto Velho, RO, 26 de dezembro de 1916.
VESPASIANO RAMOS: ‘COISA
MAIS ALGUMA

Pertencente à segunda geração estoica de românticos, quanto ao seu, ‘modus vivendi’, o poeta, apesar de ter alcançado a efervescência dos movimentos parnasiano e simbolista, a nenhum pertencera, observando se, no entanto, estilos dos dois em suas produções, mas sem qualquer filiação estilística ou formal em ambos, porque Vespasiano fora um poeta desgarrado de movimentos, apesar de visceralmente romântico. Espírito irrequieto e boêmio por natureza e convicção, Vespasiano Ramos já aos dezesseis anos publicava seus versos nos jornais de sua província e logo passou a integrar o grupo de sua geração que, em Caxias, despontava com muita força, oportunidade em que fundaram o jornal ‘A Mocidade’. [Vide foto abaixo dos componentes do grupo].

Com dezoito anos completos, o poeta transfere se para São Luís, com o intuito de ampliar seus conhecimentos de humanidades e na esperança de melhores dias. O seu brilhante talento abriu lhe os caminhos da imprensa, onde escreveu poemas e crônicas. São Luís, palco de tantas e iluminadas histórias, como as de Aluízio Azevedo e Humberto de Campos., este último, seu contemporâneo. Assim, transfere se em seguida para Manaus onde demorou muito pouco, sendo arrastado pelo fascínio que lhe devotava o irmão Heráclito Ramos, que o fez viajar para o Rio de Janeiro sob a promessa de publicar lhe ‘Coisa Alguma’, seu livro de versos. Esse sonho não aconteceu, em princípio, por graças do irmão, em virtude de o poeta continuar mergulhado em festas e saraus, a levar uma vida boêmia e desregrada. Entretanto, impelido pela grande admiração, Heráclito, entrega os originais de Vespasiano ao editor Jacinto Ribeiro dos Santos, de cujas mãos saiu uma edição de dois mil exemplares em maio de 1916, sete meses antes do poeta falecer. Josué Montello escreveu: “De Vespasiano Ramos se pode dizer que está para as letras maranhenses, na espontaneidade de seu lirismo, como Casemiro de Abreu está para as letras brasileiras; é o poeta do amor e da saudade”. O ilustre mestre Antônio Lopes, ensaísta iluminado e um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, sentenciou: “Vê se bem qual seja a inspiração que fazia de Vespasiano Ramos, entre os poetas novos do Maranhão, o poeta preexcelente do amor. O amor para ele é o... eterno e grande sentimento. Havia para o poeta, nesse velho tema, um filão inesgotável para explorar. E, por isso, o amor era o assunto favorito dos seus versos.”

Já o jovem professor e também poeta Carvalho Júnior, conterrâneo de Vespasiano, da bela e aristocrata Caxias, homenageou o autor de ‘Coisa Alguma’, publicando nas redes sociais, em 14 de agosto de 2018, ‘4 Poemas de Vespasiano Ramos’ para a sua série ‘Quatetê’. O escritor Jomar Moraes, orientou a pesquisa, a fixação textual e a revisão do fantástico trabalho ‘Cousa Alguma...&+ Alguma Coisa de/sobre Vespasiano Ramos”, uma bela edição da Universidade Estadual do Maranhão UEMA, como instrumental de estudos e pesquisas sobre o vate caxiense.

Ouçamos o Vespa no soneto ‘Samaritana’, antológico, porque belo; bíblico, porque humano: “Piedosa gentil Samaritana/: venho, de longe, trêmulo, bater/à vossa humilde e plácida cabana,/pedindo alívio para o meu viver!/ Sou perseguido pela sede insana/do amor que anima e que nos faz sofrer:/ tenho sede demais, Samaritana/tenho sede demais: quero beber!/ Fugis, então, ao mísero que implora/ o saciar da sede que o consome,/o saciar da sede que o devora?/ Pecais, assim, Samaritana! Vede:/ Filhos, dai de comer a quem tem fome, / Filhos, dai de beber a quem tem sede”.

Sintamos o estro do poeta, neste outro soneto ‘Cruel’, de fino manejo rítmico e de perfeita elaboração estilística: “Ah, se as dores que eu sinto, ela sentisse,/se as lágrimas que eu choro ela chorasse;/ talvez nunca um momento me negasse/tudo que eu desejasse e lhe pedisse! /Talvez a todo instante consentisse/ minha boca beijar a sua face,/ se o caminho que eu tomo ela tomasse,/ se o calvário que eu subo ela subisse!/ Se o desejo que eu tenho ela tivesse,/ se os meus sonhos de amor ela sonhasse,/ aos meus rogos talvez não se opusesse!/ Talvez nunca negasse o que eu pedisse,/se as lágrimas que eu choro ela chorasse/e se as dores que eu sinto, ela sentisse!” . . .

Contemporâneo de Augusto dos Anjos e de tantos outros nomes consagrados da literatura brasileira, e fundador da cadeira nº 32 da Academia Maranhense de Letras, o poeta morreu aos trinta e dois anos de idade, a irradiar uma semelhança de vida, conta um seu biógrafo, com o poeta americano Edgar Alan Poe, o poeta que cantou a maldição d‘O Corvo’, naqueles versos geniais do “Nunca mais...!”, de quem Charles Baudelaire diz que “ a influência rítmica é voluptuosa...e nada podia ser mais melodioso...”

*Fernando Braga, in ‘Estante de Cultura Caderno B’ ‘Jornal Alto Madeira’, Porto Velho, Rondônia, 18 de agosto de 1984. In ‘Conversas Vadias’ [Toda prosa], antologia de textos de autor. Créditos da Foto “Intelectuais caxienses, em foto sem data, porém sabidamente de início do século XX. Da esq. para a direita, em pé: Hegesippo Franklin da Costa [avô do poeta Roberto Franklin da Costa, da ALL], Francisco Nunes de Almeida, Vespasiano Ramos, Wladimir Franklin da Costa [pai do escritor Franklin de Oliveira], Joaquim Franklin da Costa. Sentados, na mesma ordem: Alfredo Guedes de Azeredo, Leôncio de Souza Machado [pai do escritor Walfredo Machado] e João Lemos”. [Toque na foto para abri la].

A NONATO

SILVA OU CÂNTICO PELO SEU CENTENÁRIO

[Barra do Corda Ma, 13 de agosto de 1918 Brasília DF, 5 de novembro de 2014].

Diz Hermann Hesse, o genial autor de ‘O lobo da estepe’, o qual Franklin de Oliveira reputa o homem mais lúcido de nosso tempo, que “a eternidade da vida coexiste no que parece ser o seu fim”, a ministrar fundamentos teóricos às formas de convivência humana, inspirada na ideia essencial de uma razão idêntica e comum a todos os homens, sem recusar a ninguém suas desnorteantes lições.

A bagagem humanista que Nonato Silva carrega, juntamente com sua cruz, sagrada pelo Cristo, não lhe vem da erudição, a qual é o saber dos outros; provém lhe, sim, de enigmas sem chaves, talvez daquela condição da ‘kalokagatia platônica’ que nada mais é do que a perfeição moral, em que ele, distanciado subjetivamente dele mesmo, é uma dessas espécies raras, um desses seres diferenciados, frutificados pelo encontro filosófico do cristianismo com o mundo. E assim ele sempre se distancia daquele ‘topus’ de ingerência metafísica a chegar primeiro em sua ‘Via Crucis’, não importando se a ‘Compostela’, no ‘Caminho de Santiago’, ou se ao ‘Alto Alegre’, a cumprir as ‘Santas Estações’, e a vislumbrar lá de cima sua meiga e eterna Barra do Corda, solene entre vales, como se a benzerem se com o sinal da cruz os rios Corda e Mearim, na magia feiticeira dos seus leitos naturais.

Para Rener Maria Rilke “cantar é existir”, e Nonato Silva existe porque canta como nessa estrofe dedicada a ‘Primeira Missa oficial de Brasília’. Ouçamo lo: “E palpitas, / em uma essência arquétipa, /sob o piscar das estrelas / que te iluminam / neste Planalto Central [...] E pisas a argila sagrada, / pelo ato religioso / que te afaga e alenta, / sem nada temer.”

Ou ainda, em ‘Nasce uma nova Cidade’: “Remo e Rômulo viram na criatura, / sob o signo histórico de Roma; / nasce a Cidade tão bela, rica e pura,/ tendo por língua viva seu idioma [...] Traços, linhas e curvas ela pura, / num elo verdejante, pleno aroma, / por florestal que a cobre e emoldura, / colar guardado em épica redoma.”

E fecha os dois últimos tercetos à ‘Cidade que não sabe ser vencida’ [urbes nescia uinci]: “Linda, doce, coberta de carinhos, / visão deixa cair lhe os dons da graça, / pontilhando de flores seus caminhos. / Constitui no Brasil uma família, / pela união da Vida que não passa, / esta donzela chama se Brasília!” Se no ciclo bíblico de José, o ‘semibrasileiro’ Thomas Mann nos diz que “os subjugados ressurgirão, pois são os portadores da mensagem libertadora”, Raimundo Nonato Ribeiro da Silva, filho de José Ribeiro da Silva e de Maria Uchoa da Costa Ribeiro, traz em seu sangue a marca emblemática dos conquistadores, que o fez um misto orgânico de homem e aroeira, marco que simboliza os eleitos, nascido em Barra do Corda, em um 13 de agosto, dito aziago pelo supersticiosos, no ano de 1918, já no epílogo da Primeira Grande Guerra, é

LOUVAÇÃO

ele, por isso e por muito mais, um dos mensageiros de signos e tantos livramentos, além de poeta, de camisa aberta e peito nu para o mundo; é ainda um aristocrata na arte de escrever, ensaísta, ficcionista, jornalista, gramático, filólogo e crítico de arte e de literatura, com licenciatura em Filosofia e bacharelato em Teologia Católica. Padre, como Vieira, Bernardes e Santa Rita Durão o foi, doutor simultaneamente em Direito Canônico e Civil, e também maestro, tendo publicado ao longo desse tempo que Deus lho presenteou como dádiva, esses trabalhos: ‘O Hífen dos Compostos Prefixais’, 1971; ‘No dia das Mães’, 1954; ‘História do Hino Nacional Brasileiro”, 1991; ‘Discurso Acadêmico’, 1994; ‘Filhos da Batina’, 2000; ‘Língua Brasileira’, 2000; ‘História da Ortografia da Língua Portuguesa’, 2003; ‘Sermões Selecionados’, volumes I e II, 2003 e 2004, além de grande contribuição esparsa em jornais e revistas; foi um dos criadores da Academia Barra Cordense de Letras, instituição que tenho a honra de pertencer, onde fundei a Cadeira nº 26, patroneada por Pedro Braga Filho.

Nonato Silva exerce a arte e a ciência como frêmito do pensamento e não apenas como litania do coração. E ele sabe, como sertanejo, e dos bons, que o nosso Guimarães Rosa na saga de ‘Grande Sertão: veredas’, um dia nos disse isso: “Deus é paciência, é alegria e coragem... e que o mundo, mundo é, enquanto Deus dura”.

E eu apenas consigo, se consigo, dizer a Nonato Silva, o que Tolstoi disse a Górki, em ‘Lasnaia Poliana’: “Você tem um coração inteligente”.

*Fernando Braga, in ‘Revista Comemorativa Edição histórica da literatura de Barra do Corda’, agosto de 2013, com o título ‘Louvação a Nonato Silva ou cântico pelos seus 95 anos de idade’. N.A. Este texto apenas envelheceu cinco anos... O Canto hoje é dedicado ao Centenário do mestre Nonato Silva.

JOSÉ

MARIA NASCIMENTO NO

DE RILKE

FERNANDO BRAGA

“Preferir a pantera ao anjo, / Condensar o vago em preciso...” [Rilke nos 'Novos Poemas' in (Museu de tudo, 1975).]

Rainer Maria Rilke um dos escritores mais lidos de língua alemã foi vastamente traduzido no Brasil, tanto em verso como em prosa; nesta, encontra se ‘Cartas a um jovem poeta’, endereçadas ao jovem Franz Kappus –aprendiz de poeta , (a correspondência com a intelectual Lou Andreas Salomé, um dos seus grandes amores, responsável pela mudança de seu nome de René para Rainer, como as ‘Cartas sobre Cézanne’, trocadas com a artista plástica Clara Rilke, sua terna esposa). E mais, dentre estas, ainda, Manuel Bandeira como na versão ‘Torso arcaico de Apolo’, ou de Cecília Meireles, para ‘A Canção de amor e de morte estandarte Cristóvão Rilke’, ou várias versões feitas por Augusto de Campos, como por exemplo, a ‘Coletânea de Vinte poemas de Rilke’, agora em versos.

Apesar dos caminhos tomados por Rainer Maria Rilke, como “o poeta do inefável”, das “legiões dos anjos” para quem se dirige em ‘Elegias de Duíno’, ou com a pressão do olhar em que descreve a pantera ou a dançarina espanhola em ‘Novos Poemas’, que tanto encantou João Cabral de Melo Neto... Teve grande penetração no Brasil, chegando a formar uma espécie de ‘rilkeanismo na geração brasileira de 45’; no Maranhão, em particular, a geração de 60 embebida pelos métodos teóricos e artísticos da de 30, foi, em José Maria Nascimento, que essa adjetivação atingiu em cheio, com a temática de ‘Oferenda aos lares’, frontalmente no contexto de seu livro ‘Silêncio em Família’: “O não ter Natal / e do Natal a alegria tão somente / de saber se hoje uma criança, / assim sentada, / a conferir estrelas entre um templo e um sobrado”.

Aqui se vê claramente o aspecto metafísico elaborado com uma visão pessoal da religião nas histórias do Bom Deus; a valorização do aprendizado do olhar sobre a superfície das coisas, teorizada também em ‘Rodin’, livro que reúne dois ensaios sobre o escultor francês de quem o autor chegou ser secretário em Paris e a casar se depois com uma aluna do grande mestre (Clara que lhe deu mais tarde uma única filha, Ruth).

Em ‘O Livro da Peregrinação’, segunda parte de ‘O Livro das Horas’, que assim como o ‘Livro da Vida Monástica’, é denominado pelo pressentimento de um Deus ainda por vir, enfeixa versos de um teor lírico muito grande, e talvez, por isso, inconscientemente, leva o poeta José Maria a apegar se a uma espécie de judaísmo, talvez levado pela influência onírica de José Erasmo Dias, o judeu dos Apicuns que, assim, como ‘O Livro da Vida Monástica’, é dominado pelo pressentimento de um Deus ainda por vir, enfeixa versos de um teor lírico muito grande, o qual oferece ao imortal autor de ‘Páginas de Crítica’: “Noturnos doloridos finos sons / no ar carregado em verde cruz / Vibram melancólicos pistons / à rósea penumbra da meia luz...”

A LINGUAGEM DE
LÉXICO

Ou ainda: “Agora o corpo assim frio exposto / (herança de um sonho estagnado) / pouco reflete da beleza no rosto / terno e triste como a canção ao lado...”

Diz Franklin de Oliveira, um dos maiores críticos brasileiros de todos os tempos, que a altíssima poesia de Rilke, uma das mais gloriosas do nosso século, se lhe serviu de instrumento de fixação da hora perplexa na face dos homens; também ele a usou como veículo de penetração no núcleo mais recôndito de tudo que está aquém e além do homem... E José Maria Nascimento começa por saudar o poeta em sua elegia, enfeixada em sua belíssima ‘Antologia Poética’ a merecer lugar de destaque no Cancioneiro Brasileiro, por ser um livro bonito, e por conter a beleza da alma do poeta maranhense: “Como se de tudo só a dor lhe resguardasse, / e a solidão costumeira fosse a sua graça;/ e todo o coração nas trevas se iluminasse / ao impacto da luz do sol contra a vidraça.”

Sabe se, contudo que Rilke, nascido em Praga, a eslava cidade barroca dos mergulhadores do obscuro, dentre eles Franz Kafka, de lá observou a matéria prima de sua criação lírica, tendo, a meu ver, em Nascimento, um dos seus grandes seguidores, entre nós, em língua portuguesa, vez que o poeta maranhense é um lírico inato até pela sua personalíssima condição de garimpeiro da linguística, a fazer dançar a bateia para apurar os rubis que se liquefazem no vinho e na fermentação de sua própria vida. E continua... “Como se naquela tarde alguma outra lembrança / flutuasse por sobre os móveis encardidos; / e algo retornasse junto aos dias de criança, / despertando alegrias e tormentos dormidos...”

Ao exercitar a poesia, não apenas com angústia e enigmas oníricos, sem o ar de pesadelo que se expande em tudo, mas com um manejo conceitual de originalidade a duelar nas fronteiras da expressão, como prefere Oswaldino Marques, José Maria Nascimento sabe que a poesia não se prende apenas ao pensamento ou às preces de litania, e prossegue a cantar sua elegia ao poeta de ‘Eu tenho mortos’: “Como se um amigo estivesse sempre ao seu lado, / testemunha das cismas que a madrugada oferta; / e, de súbito o alvorecer ficasse imobilizado / em homenagem à penúltima e sagrada hora incerta.”

Depois do Impressionismo alemão nenhum outro movimento teve tão grande relevância de consequências estéticas como o Simbolismo, e Rener Maria Rilke só se individualiza com essa nova estética, quando então aparece ‘O livro das imagens...’ E Nascimento conclui: “Como se na intimidade de um longo sonho falho, / o corpo revelasse a sua história num momento; / e na aridez dessa existência houvesse orvalho, / cobrindo as folhas e os frutos do pensamento”.

Já que, se Rilke se dizia uma ilha... Nascimento, em ‘Naufrágio da Ilha’, completa: “O rio Ingaúra está seco, / morreram as lavadeiras”.

Em ‘Visões’, o lirismo de José Maria Nascimento o poeta do Ribeirão , chega ao cume de um soluço que adormece: “Da juventude aquele olhar ficou, / novas paixões edificando sonhos, / tantas moedas se partiram ao meio, / sobraram pedras sobre mágoas cruas”.

Por fim, o poeta de ‘Harmonia do Conflito’ se confessa arrependido, já que não bebe [nunca mais] nem cachaça de Oratório: “... lançou me contra as ruínas / das mais tristes boêmias; / foi a dose dupla de minha queda /... contida na bilha da vergonha”.

Não tenhas vergonha, poeta, do vinho virgem bebido, porque voltando um pouco no tempo, o inconvencional Rimbaud ‘n’Uma Temporada no Inferno’, confessa “sonhos e terras distantes, desejo de solidão e sede e conhecimento, o passado ancestral e a busca pelo desconhecido (...) Dele emerge o homem rebelde e aventureiro, vivendo como dizia Verlaine “a própria vida inimitável”: ” Jadis, si me souviens biens, ma vie était um festin oú s’ouvraiient tous lês coeurs, ou tous les vins coulaient”. (Antes, se lembro bem, minha vida era um festim em que se abriam todos os corações, todos os vinhos corriam).

O epitáfio de Rilke, escrito por ele mesmo, diz: “Rosa, ó pura contradição, alegria, alegria / de ser o sonho de ninguém sob tantas pálpebras”.

O do poeta José Maria Nascimento, a cantar o verso, esse seu estranho amigo, bem que poderia ser este, de aqui a mil anos como diria Baudelaire: “Tigre faminto de termos originais / pantera da minha jovialidade; / ele o solitário verso / banhou se nas minhas lágrimas / comeu todo o sal do meu batismo”.

Todas as grandes vozes poéticas do nosso tempo, desde T.S. Eliot a Fernando Pessoa tiveram seus ecos apocalípticos em ‘Terra Devastada’. Uma espécie de código, de estrondo!

Mas o grito de José Maria Nascimento transcende como se este fosse: “Quem, se eu gritasse, entre os anjos me ouviria?”

*Fernando Braga, in ‘Caderno Alternativo’, do Jornal ‘O Estado do Maranhão’, 10, de outubro de 2007; in ‘Conversas Vadias [Toda prosa], antologia de textos do autor.

Ilustração: Foto do poeta José Maria Nascimento, a meditar na Praça João Lisboa.

FERNANDO BRAGA

Gostaria de pedir silêncio a essa estúpida e inconseqüente monja da morte. Gostaria de sentir se esvair de todas as minhas emoções, e dissecada toda a gama de que tenho de sensibilidade, a ter que escrever por outra vez a um amigo morto. Estio de um último verão de flores. Mas o imperceptível, nunca se justifica por não ser domável e a criação se alvoroça e se e se revolta em meio à fogueira do incansável, muito mais perene contra as ameaças das cinzas do que pela própria impetuosidade das labaredas, e se deixa que “a última rosa murche em seu canteiro” para que a necessidade orgânica do tudo que se diz bendita arrebata de surpresa a lança das mãos de quem tem a incorrigível precisão de escrever e com urgência, “não pelo instante que é aquele ambíguo momento em que o tempo e a eternidade se tocam, e esse é um deles, tão cheio de advertências e tão denso de sugestões para os que ficam e buscam interpretá lo em sua realidade”, mas pelo depois, que é mais cruel e terrível.

Digo de um amigo e companheiro morto, sublimado pela realidade das movimentações, pelo humor das charges e pela plasticidade de tudo que lhe fora estético e real. E ele está no mito do que pouco somos, mescla impressionista de virtudes e pecados. E meu amigo Genes Soares está terrivelmente morto, terrivelmente integrado ao nada, resistível somente à consciência que será [num sei até quando] por ter sido bem aventurado à morte, o que espanta e aflige na sua imobilidade natural, pois diante do terrível está o momento, com a mesma ardência do fogo. Em holocausto ao seu talento, do mesmo tamanho da sua certeza de ser amigo e da sua boêmia, irmã gêmea da minha.

Escrevi certa vez que para o passeio da morte todos os dias são domingo. Conta de um verso, dualíssimo e tirano, lembrado por alguém que escreveu a notícia em jornal, no roda pé do seu último clichê, deixa do entre vinhos e sorrisos para as lágrimas do tempo, imutáveis em diversos rostos enquanto houver prados para o aconchego do choro, dando me neste planalto distante, onde não há “pipas”, mas céu, a doída noticia de sua morte. Bebi e tomei banho de chuva, fugas reconciliáveis que encontrei para levar me, por instantes, a seu companheirismo em madrugadas altas e delirantes

E que dizer agora, quando pedaços inteiros de palavras que não mais direi são jogados fora do papel por este nó que nos aperta cada vez mais a garganta, neste momento que tenho de tecer o terço triste para quem só tecia cores, a esconder a base fundamental de todas elas, e do preto tétrico e do amarelo palidecente, para não tingir de nada a ilusão dos que precisam do verde como “genes” ou para não contribuir com o desamor maior as amarguras dos que se alimentam da “celesticidade” de seu nome, disfarce óptico em que se jogou de corpo e alma para sua poesia de riscos.

E que dizer agora quando este amigo e companheiro rabisca as asas dos anjos e pinta o rosto de Deus?

Adeus meu velho e querido Genes Celeste Soares1...

*Esta crônica foi escrita em Brasília e lida no programa “A Difusora Opina”, pelo jornalista Bernardo Coelho de Almeida, em São Luis, no ano de 1974.

ADEUS A GENES SOARES

JOTÔNIOVIANA

(29/06/1957 29/07/2022)

Jornalistacaxiensemorreaos65anos

Manhãde29dejulhode2022.JotônioViana,65anos,jornalistaeartistaplásticocaxiense,deixaaspáginasetelas destaVida.

Estavainternadodesde27/07noHospitalEstadualMacrorregionaldeCaxias.Problemaspulmonares,entreoutros, nãoderamdescansonosúltimostemposaotalentosohomemdeComunicaçãoeCultura.Eemboramantivesseo sorrisonorosto,outrasforças físicas lheiamfaltando,minando lhehomeopaticamenteasenergiasvitais.Em 2021,foidiagnosticadocomcovid 19,queelesuperou.

Alémdenossaconvivêncianaterranatal,Caxias,demomentoscomunsnaépocaescolarenaAcademiaCaxiensede Letraseemumououtroencontropelasruasda“PrincesadoSertão”,soubedoJotônioquandoeleestavaem Imperatriz,segundamaiorcidademaranhense,comorevisordojornaldiário“OProgresso”,nasegundametadeda décadade1970.Depois,emconversapessoal,elemeconfirmouentrerisososdistintosmomentosvividosna “PrincesadoTocantins”.

Bomjornalista,JotôniosabiaquelugardoprofissionaldeImprensaéescrevendoanotícia,enãosendoela.Algumas vezesocorreudesuaatividadeolevaraodestaquejornalístico,emrazãode,intimorato,Jotônionãoarredarde convicçõesedeseucaráterepublicaroqueelejulgavaserpublicável,aindaquegente“ofendida”esobretudo ofensoratentassevezououtrasameaçá lo(fisicamente)ouenodoá lo(moralmente)..(Emtabelaanexaàsua dissertaçãodemestradode2021,AlinePereiraRiosanotousobreJotônioViana:“Citadoemartigoassinadoporex deputadosobotítulo‘Cavandoaprópriasepultura’”.Assimmesmo...).

Jotôniosofreu,suportouesuperouessesembates,espéciedecoroláriodasverdadeseversõesqueelecoletavanas fontesepublicavanosespaçosnoticiososquecriououqueocupava.Entreessesespaços,emCaxias,Jotôniofoi colunistadoPortalNoca;

...foiumdosorganizadoresdaenciclopédia“CartografiasInvisíveis SabereseSentiresdeCaxias”(2015), publicaçãodaAcademiaCaxiensedeLetras,entidadedequeeramembrofundador;

...foimembrodoconselhoeditorialdapublicaçãoeletrônica“Itapicuru SuplementoCulturadaAcademiaCaxiense deLetras”(2019);

...integrouaequipedepesquisadoresdograndelivro“PorRuaseBecosdeCaxias”,deautoriadoarquiteto,urbanista eprofessoruniversitárioEzíquioBarrosNeto,membrodoInstitutoHistóricoeGeográficodeCaxiaseatual presidentedaAcademiaCaxiensedeLetras.

Acoluna“CaxiasemOff”,queelemantinhadesde1997no“JornalPequeno”,deSãoLuís,eraumindescartável termômetroetabelionatoparaseaferiremtemperaturaseregistrosacercadavidapolíticaedaculturaesociedade caxienses.Comcertafrequência,asnotasdessacolunaerambaseparamençõesemdiscursosdedeputadosda AssembleiaLegislativadoMaranhãoevereadoresdaCâmaraMunicipaldeCaxias.

Em2006,seutrabalhofoitemadetextouniversitário:“RepresentaçõesjornalísticasdeJotônioVianasobre a política de Caxias (2005)”,deFilomenaÁureaM.M.Simão(CentrodeEstudosSuperioresdeCaxiasda UniversidadeEstadualdoMaranhão).

Suacolunaeraalvodoserviçode“clipping”(recortesdejornaiseoutrosveículosdeComunicação)deinstituições comooTribunaldeJustiçadoMaranhão.

JotôniofoieleitopresidentedaAssociaçãoBrasileiradeRadiodifusãoComunitária(1998).FoidiretordaDivisão CulturaldaSecretariaMunicipaldeCultura,quandoestafoidirigidaporRenatoMeneses,escritoreex presidenteda AcademiaCaxiensedeLetras.FoitesoureirodaAcademiaCaxiensedeLetras,nagestãodeWybsonCarvalho,biênio 2012/2014.

Otrabalhojornalísticojotonianofoimultiplicadopordiversosmodosemeios,desdeosimplescompartilhamentoem “blogs”,“sites”egrupossociaisaatécitaçõesemtrabalhosacadêmicosdegraduaçãoepós graduação.Seunomeé citadoemtextosemprosaepoesia.

*

CreioqueconheciJotônionostemposdaEscolaCoelhoNetto,naRuaLibânioLobo,ondeestudamos.Depois,elefoi paraoDiocesano;eufuiparaoDuquedeCaxias(Bandeirantes)e,emseguida,ColégioSãoJosé.Nascidoem29de junhode1957,emCaxias,filhodeJoséeAntôniaViana,Jotôniotinhaoutrosirmãos Éden,Edgar,FátimaeLúcia, falecidos,eGracieneeMábio.OEdgar,quemorreuhácercadeseteanos,eeucostumávamosvisitararesidênciaum dooutro,paraverlivros,revistaseoutrascuriosidades(coleçõesdemoedas,chaveirosetc.).Naresidênciadele,o Edgarmostrou mepartedesuacoleção“OsCientistas”,daEditoraAbril,umasofisticadapublicaçãoiniciadaem 1971,de50números,quevinhamacompanhadosdeum“kit”deaparelhoseacessórioscientíficos(inclusive microscópio)parainiciaçãoemBiologia,FísicaeQuímica.

Háquase40anosJotônioestavacasadocomRosárioMarquesTeixeira,comquemformavaumqueridoediscreto casaleaquemconheceraemFortaleza,ondesedeuaunião.Nacapitalcearense,alencarina,ojornalistacaxiense, gonçalvino,empregaraseutalentoaserviçodegrandesórgãosdeImprensa,comoosdiários“OPovo”,“ATribuna”e “CorreiodoCeará”.Jáaposentada,RosárioMarquesesmerava senoscuidadoscomomarido.

*

Exatamenteummêsapóscompletarseu65ºaniversário,JotônioVianaparteparaadescobertadoMistérioMaior. Artistadasimagensedasletras,saberámuitobempintarasnuvensdeazul ou,comobrancodasnuvens, escreverbelostextosnasimensaspáginascordeanildosCéus...

...porque,aquinaTerra,emboraJotôniopermaneçaemnossamemória,seujornalismoestará...emoff. Paz,Amigo.

EDMILSONSANCHES

edmilsonsanches@uol.com.br

OBRAS DO ESCRITOR CAXIENSE ADAILTON

MEDEIROS

(E. SANCHES)

*

Neste sábado, 16 de julho de 2022, completaria 84 anos o jornalista, escritor, professor e mestre em Literatura ADAILTON MEDEIROS, que ensinou nas Universidades Federal do Rio de Janeiro e Gama Filho. Ele nasceu em Caxias, Maranhão, em 16/07/1938, e faleceu aos 71 anos, no Rio de Janeiro (RJ), em 9 de fevereiro de 2010.

Bem avaliado por nomes como Carlos Drummond de Andrade, Manoel Bandeira, Cassiano Ricardo, Affonso Romano de Sant’Anna, Fausto Cunha, Antonio Olinto, Nélida Piñon, Aguinaldo Silva, Nauro Machado, Antônio Carlos Villaça, entre outros, Adailton Medeiros tinha um desejo: reunir seus livros em um só volume.

Se em vida não conseguiu realizar esse desejo, seus irmãos o fizeram, “post mortem”: acaba de sair das impressoras da Editora Vozes (Petrópolis RJ), com selo editorial Imprimatur, da Editora 7Letras (Rio de Janeiro), a "Obra Reunida", que traz sete livros em 560 páginas, em ótima edição.

Os exemplares de “Obra Reunida” não serão vendidos, mas, sim, doados, unitariamente entregues, entre outros destinatários, para bibliotecas públicas do País, academias de letras, escritores (ou suas famílias, descendentes ou fundações) citados por Adailton em sua obra ou que a ele dedicaram apreciações críticas. Esta semana, no Rio de Janeiro, foi feita a entrega, pessoalmente, de um exemplar para a Biblioteca Nacional.

Os trabalhos constantes da "Obra Reunida" são um livro de ficção histórica e os demais de poesia, entre os quais um inédito e a dissertação de mestrado em Ciência da Literatura, que Adailton apresentou em versos, o que foi considerado pioneiro no meio acadêmico até então (mereceu nota de excelência).

Adailton Medeiros morou 50 anos no Rio de Janeiro, onde seu corpo foi enterrado, no Mosteiro de São Bento, ordem a que pertenceu por anos, como monge. Outros quatro irmãos igualmente nascidos em Caxias (MA) também residem na capital fluminense e coordenarão a entrega, nos próximos dias, de exemplares da “Obra Reunida” para outras Instituições, inicialmente aquelas no Rio de Janeiro de que Adailton Medeiros fez parte, como o Mosteiro de São Bento, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, a Academia Brasileira de Literatura e a Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde Adailton se graduou em Comunicação Social, fez o Mestrado em Literatura e foi professor.

Planejada para ser lançada há cerca de três anos, a “Obra Reunida” de Adailton Medeiros sai em 2022 em momento de rara coincidência literária: como percebeu o apresentador da “Obra”, Edmilson Sanches, “o livro circula em 2022, exatamente o ano em que no Brasil se registram três datas ‘redondas’ relacionadas a movimentos culturais, literários e poéticos aos quais, pode se dizer, vincula se o fazer poético literário de Adailton Medeiros: o centenário do Modernismo (com a Semana de Arte Moderna, 1922), os 70 anos do Concretismo (com os poetas da revista ‘Noigrandes’, 1952) e os 60 anos da Poesia Práxis (com o livro ‘Lavra Lavra’, de 1962, do paulista Mário Chamie, amigo de Adailton). E entre essas efemérides, uma outra, cara à bibliografia de Adailton Medeiros: em 2022 também completam se os 50 anos de publicação de seu primeiro livro, ‘O Sol Fala aos Sete Reis das Leis das Aves’, de 1972”. Leitores, estudantes, pesquisadores, críticos, jornalistas, historiadores, professores, acadêmicos, escritores e demais interessados podem desde já acessar “Obra Reunida” integralmente, inclusive capas e orelhas: ela está disponível em arquivo PDF na Internet, no endereço: https://bit.ly/3ofuAHM

Mais sobre o autor e sua obra, além de registros diversos na Internet, pode ser visto na Apresentação à “Obra Reunida”, escrita por Edmilson Sanches a convite dos irmãos Medeiros.

LIVRO REÚNE
(E. SANCHES)

E EU

EDMILSON SANCHES

(Registros públicos de lembranças particulares)

*

“Conto as coisas como foram, Não como deviam ser”. (GONÇALVES DIAS, "Sextilhas")

*

DIA DE GONÇALVES DIAS Há 199 anos, em 10 de agosto de 1823, nascia em Caxias (MA) o escritor, advogado, poeta, etnógrafo, tupinólogo, dramaturgo Antônio Gonçalves Dias, que escreveu aqueles versos que praticamente todo brasileiro, de agora e de outrora, conhece: “Minha terra tem palmeiras / onde canta o sabiá”. Sou da mesma cidade (Caxias, Maranhão) e nela morei na mesma rua daquele ilustre brasileiro. Mais: o primeiro livro que li “História do Imperador Carlos Magno e os Doze Pares de França” também foi o primeiro livro lido por Gonçalves Dias na sua infância.

*

Hotel Serra Azul, em Gramado, Rio Grande do Sul, década de 1980. Náutico Clube, Fortaleza, Ceará, início dos anos 1990. Colégio Rio Branco, bairro Higienópolis, São Paulo.

Auditório Petrônio Portela, Senado Federal, Brasília.

Montes Claros e Belo Horizonte, Minas Gerais. Mossoró e Baraúnas, Rio Grande do Norte. Campina Grande, Paraíba. Arapiraca, Alagoas. Parauapebas, Pará. Rio de Janeiro, Maceió, Recife, Curitiba... Onde quer que eu esteja, em 19 Estados brasileiros e na Europa e Estados Unidos, Caxias é presença e referência permanente. Caxias e, claro, seu maior poeta e sua melhor rima Gonçalves Dias. Caxias, terra e rima de Gonçalves Dias. Qualquer que seja o espaço, qualquer que seja o tempo, a mesma constatação: Gonçalves Dias vive. Em todos os lugares acima, e muitos outros mais, em momentos internacionais, em conferências nacionais, em encontros regionais,

GONÇALVES DIAS
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em palestras locais, em discursos ocasionais, em eventos formais, em “provocações” casuais ou em bate papos triviais, dou um jeito de fazer um “teste”: crio um pretexto dentro do contexto e digo, falsamente desafiador, o primeiro verso da “Canção do Exílio” (“Minha terra tem palmeiras”)... somente para, logo em seguida, perceber/receber os sorrisos cúmplices da plateia de ouvintes não maranhenses, o que denuncia que todos estavam continuando mentalmente quando não recitando audivelmente o verso seguinte: “Onde canta o sabiá”.

Daí em diante fica fácil puxar ou esticar conversa acerca de literatura, de Cultura, dos “verdadeiros valores” da pessoa e das comunidades humanas. Dizer da permanência do que tem valor e da finitude do que tem preço. Preço, dá se a coisas. Valor, dá se a pessoas.

Os versos gonçalvinos entram como exemplo de um “valor” que se sobrepõe a muitas “coisas”. Embora a fragilidade do papel, os versos foram mais resistentes que as grandes construções de pedra e cimento, como as fábricas de tecido. Estas, aparência; aqueles, essência e por aí podem ir as obviedades, quase platitudes.

Escritos em julho de 1843, quando Gonçalves Dias ainda não completara 20 anos, os versos da “Canção do Exílio” atravessam gerações e se depositam e se (re)transmitem quase como que por hereditariedade. Parece não mais ser essa fixação resultado da leitura, mas produto de um código genético, uma informação cromossômica que se repassa no intercurso sexual e se vai instalando na mente de cada novo ser.

Seja em gente da antiga, seja no jovem de hoje, a poesia cometida em Coimbra está inscrita na memória das várias gerações de brasileiros dos últimos 179 anos. Embora, ressalve se, em grande número de vezes, nunca esteja o poema inteiro, de 24 versos, 5 estrofes, 113 palavras, 487 letras.

Mas aqueles dois primeiros versos, quando não toda a primeira estrofe, não há negar: está na cabeça, melhor, está na alma do brasileiro.

Caxias continua a nos relembrar, a nós conterrâneos e contemporâneos, a importância de ser a cidade onde, mais que um poeta, nasceu uma expressão de maranhensidade e de brasilidade.

Muito da obra de Gonçalves Dias mostra de peito aberto o amor, o orgulho, o sentimento de pertença ("ownership") que o poeta tinha e desenvolvia pela sua própria terra.

Quantos, hoje, manifestamente, denunciam assim orgulhosa e escancaradamente essa emoção telúrica, essa querença pátria?

Fora a conterraneidade, tenho outras “aproximações”, bem particulares, com Gonçalves Dias. Uma delas, o primeiro livro que um e outro lemos: “História do Imperador Carlos Magno e dos Doze Pares de França”. Gonçalves Dias o leu aos dez anos, em 1833, aos 10 anos de idade, enquanto ajudava na casa comercial paterna, ali na Rua do Cisco (depois Rua Benedito Leite, atualmente Rua Fauze Simão), para onde seus pais, João Manuel e Vicência Ferreira, haviam se mudado, oito anos antes (1825).

De minha parte, aos cinco, seis anos de idade já havia “ouvido” e lido a "História de Carlos Magno e os Doze Pares de França", ali na Rua da Palmeirinha onde as casas tinham, como fundo de quintal, o rio Itapecuru.

Explico o porquê do “ouvido” o livro. No mesmo lado da Rua da Palmeirinha onde eu morava, algumas casas adiante da minha, morava o casal “seu” Miguel e dona Corina, e um ajudante deles, Seu João, homem forte, que aqui e acolá carregava seu Miguel, que era paraplégico.

Dona Corina, naqueles idos, vivia de lavar e passar roupa. Sustentava a casa. “Seu” Miguel, paraplégico, ficava como que sentado em uma rede, um pano cobrindo as pernas macérrimas pendentes, e lia, lia muito. Usava um cachimbo, cujas baforadas recendiam em toda a casa. Más línguas diziam que era diamba, tirada de algumas mudas que, diziam, eram bem cuidadas no seu quintal, para a produção das endiabradas folhas e sua transformação em trescalante fumo.

Acostumei me a visitar o “seu” Miguel. Ele gostava da minha atenção; eu gostava das suas histórias. Ouvia a leitura de capítulos e capítulos e, às vezes, o resumo de “romances” que era o nome que também se dava aos folhetos de literatura de cordel.

Um dia, "seu" Miguel me emprestou um livro que eu já “ouvira”. Era a história do imperador Carlos Magno. Na obra, além do magno imperador, estavam Roldão, Oliveiros, Ferrabraz e tantos personagens mais... Lembro que eu li todo o livro e que pedi explicações sobre o motivo da morte e posterior “reaparecimento” de alguns personagens após a “parte” da morte. Claro que eu estranhava aquela minha primeira leitura “séria”: naquela idade, os textos a que estava acostumado eram os de cartilhas escolares, bastante fáceis para mim, demasiado, por assim dizer, lineares, sem recursos nem estilos mais elaborados.

Em Caxias, da Rua da Palmeirinha mudei me para a Rua da Galiana (coincidentemente, mesmo nome da mulher do imperador Carlos Magno). Tempos depois, nasceu um irmão meu... e chama se Carlos Magno (depois veio Júlio Cesar Sanches, outro irmão “imperador” na família). Décadas mais tarde, consegui, em um sebo do Rio de Janeiro, um exemplar igual ao que me fora emprestado pelo “seu” Miguel: capa em tecido e sem o nome do autor (Vasco de Lobeira). Reli os dez capítulos da obra e revi(vi) me criança. (Uma curiosidade: Meu irmão Carlos Magno, depois que aprendeu a ler e escrever, não se fez de rogado: pegou o raro e caro livro, empunhou uma esferográfica e, nas folhas de rosto, onde houvesse o nome do imperador, um sobrenome “Sanches” foi acrescentado...).

Outra “aproximação” com o autor d’"Os Timbiras": Mudei me para a Rua do Cisco, número 1000, próximo à “casa onde morou o poeta Gonçalves Dias” (era assim que registrava uma placa acobreada e quase despercebida). Eu estava aí por volta dos 15 anos e diariamente subia e descia quase toda a extensão da rua, para trabalhar no Banco do Brasil, menor estagiário. Invariavelmente, passava pela casa. Ali mora(va) a família de dona Labibe e do seu Fauze Elouf Simão, que foi vereador e presidente da Câmara Municipal. Um dos filhos, Jamil Gedeon, hoje desembargador em São Luís, e eu fomos colega de turma no 2º Grau (Ensino Médio), no Colégio São José, o “colégio das Irmãs” (missionárias capuchinhas) Ali fui presidente do Grêmio Santa Joana d’Arc durante três anos (Roldão Roldão Ribeiro Barbosa , coincidentemente nome de personagem do livro sobre Carlos Magno, ganhara a presidência no primeiro ano e renunciara meses depois; eu assumi, como o segundo mais votado). O ex secretário de Cultura e ex presidente da Academia Caxiense de Letras Renato Meneses e o ex presidente da Fundação Vítor Gonçalves Neto, Jorge Bastiani, também estudavam ali, nós todos sob o tacão da querida Irmã Clemens (Maria Gemma de Jesus Carvalho). Pois foi o colega secundarista Jamil quem me disse, ainda no colégio, que encontrara “moedas e papéis” antigos em alguns pontos da casa de Gonçalves Dias.

Mas as referências à casa da Rua do Cisco não terminam aí. Dona Labibe, mãe do Jamil, foi secretária de Educação de Caxias, na administração de José Ferreira de Castro. Ali pelos bares do Artur Cunha e do Herval, no Largo de São Benedito, contava se a história de que a secretária Labibe, pretendendo morar numa casa melhor e não querendo derrubar a “casa onde morou o poeta”, se esforçou junto ao seu superior, instando para que ele, como prefeito, adquirisse a casa e a tombasse como patrimônio histórico. Conta se que a resposta do prefeito foi pouco cavalheiresca e fazia comparação entre comprar a casa onde Gonçalves Dias “morou” e tombar o riacho do Ponte, onde ele, o poeta, lavava as partes, digamos, pudendas.

Pode não ser verdade o fato, mas era verdadeiro o boato e, pelo menos este, se cuida de preservar aqui. Resumo da ópera: a casa de Gonçalves Dias foi destruída e, no seu lugar, ergueu se uma residência de feições modernas, “combinando” com o prédio da outra esquina, que abrigava as instalações de uma companhia de telecomunicações.

No mesmo ano da derrubada da casa, como réquiem à memória de Gonçalves Dias, escarafunchei o arquivo do fotógrafo Sinésio Santos (falecido), que ficava ali próximo ao Banco do Brasil, e consegui localizar negativos da residência. Pedi que fossem feitas cópias daquelas e de outras “vistas” de Caxias. Separei uma foto da ex morada de Gonçalves Dias e a enviei, junto com um breve texto, para a Rede Globo de Televisão (Rio de Janeiro). Foi menos por denúncia e mais por sentimento de perda. Disseram me que saiu um rápido registro no jornal do meio dia ("Jornal Hoje"). Não confirmei.

Gonçalves Dias, sabemos, morreria com 41 anos, no dia 3 de novembro de 1864, afogado nas águas marítimas da baía próxima do município de Guimarães (MA), após o naufrágio do "Ville de Boulogne", o navio que trazia o caxiense, muito doente, de volta à sua terra. Deus havia atendido o Poeta, que, na "Canção do Exílio", suplicara, 21 anos antes, em julho de 1843, que não morresse sem que visse de novo sua terra.

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Estas anotações, com algo de confessional, são uma episódica e epidérmica contribuição ao trabalho dos caxienses de todas as idades que teimam cuidar do que Gonçalves Dias merece (memória) na cidade que há 199 anos o viu nascer (História).

Parabéns, Caxias! Viva Gonçalves Dias!

EDMILSON SANCHES edmilsonsanches@uol.com.br

Fotos: 1) O poeta Gonçalves Dias (pintura). 2) Casa de sobrado onde morou o escritor, em Caxias, e, na esquina, a mercearia do seu pai. 3) Baixio dos Atins, região no município de Guimarães MA, em cujo litoral Gonçalves Dias faleceu, como única vítima, por afogamento, do navio "Ville de Boulogne" (Cidade de Bolonha) em 03/11/1864. 4) A Praça Gonçalves Dias, no Centro de Caxias, dia e noite, com a estátua do poeta. 5) Edmilson Sanches, com outros estudiosos, em visita a Guimarães. Veem se o escritor, pesquisador e engenheiro Raimundo Nonato Medeiros da Silva, ex presidente da Academia Caxiense de Letras (falecido em 31/08/2019); a psicóloga, professora e escritora Dilercy Aragão Adler, presidente da Sociedade de Cultura Latina do Brasil; e o professor e escritor Weberson Grizoste, que fez mestrado e doutorado sobre Gonçalves Dias em Coimbra (Portugal), mesma universidade onde o poeta caxiense estudou e se formou em Direito.

MARANHÃO DE LETRAS CHEGA

FIM EDMILSON SANCHES

Quem não teve acesso à enormidade da produção literária, sobretudo de pesquisa, crítica e historiografia de Jomar Moraes, não atina quanto, com a morte do ilustre vimaranense, perdeu o Maranhão sobretudo sua História, sua Literatura.

Quem não soube da capacidade gestora, criadora, inovadora de Jomar Moraes à frente de entidades como o SIOGE (já extinto) e a Academia Maranhense de Letras (AML), sequer intui o que o nosso Estado ainda poderia ganhar se o grande intelectual não tivesse morrido em 14/08/2016 e se mantivesse vivo e em plena saúde nos seus 76 anos, 3 meses e 8 dias.

Conheci Jomar Moraes eu ainda menino, metido a escritor e jornalista. Fui com o jornalista caxiense Vítor Gonçalves Neto a São Luís e na capital maranhense estivemos com Erasmo Dias (escritor, ex deputado estadual), Antônio Almeida (escultor, pintor), o jornalista José Ribamar Bogéa (o Zé Pequeno, fundador do "Jornal Pequeno") e, claro, o Jomar Moraes, à época diretor do Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado (SIOGE), que com Jomar recebera novo impulso e publicava livros de autores maranhenses.

O Vítor queria publicar um seu livro de crônicas (que teria o título "Sem Compromisso Cem Crônicas" "Sem Compromisso" era o título da coluna que o Vítor mantinha no jornal "O Pioneiro", que ele dirigia em Caxias). Recordo me de o Jomar perguntar ao Vítor se este ainda (man)tinha um livro de poesias dele, Jomar, o primeiro que publicara, parece me de título “Seara em Flor”. " Queime o!", foi o pedido ordem de Jomar, entre sorrisos de todos.

Passaram se os anos, as décadas e alguns contatos à distância foram mantendo Jomar e a mim pertos um do outro, em especial quando o assunto era a pesquisa e a historiografia, a qualidade da produção literária, os novos autores...

Fundei a Academia Imperatrizense de Letras em abril de 1991 e pouco tempo depois, poucas semanas depois, trouxe o Jomar e o cronista e poeta José Chagas de São Luís à "Princesa do Tocantins". No auditório da Associação Médica de Imperatriz, realizamos uma sessão solene. Jomar e José Chagas (este também já falecido) se esbaldaram, ante a excepcional receptividade dos imperatrizenses que foram ao evento. Jomar se impressionou vivamente por todos os exemplares de diversas de suas obras terem se esgotado, rapidamente. Todos vendidos. Imperatriz impressionou o Zé Chagas, que escreveu sobre a cidade o que viu, o que sentiu, o que achou. Jomar igualmente se referiu a Imperatriz em crônica.

Estive várias vezes na residência de Jomar Moraes, no bairro Renascença, em São Luís. Praticamente, após cumprimentar Dona Aldenir, eu ia direto para o segundo pavimento, onde a majestosa e rica biblioteca de Jomar o abraçava, ele ali sentado à frente da mesa e em frente a livros, muitos livros. Em uma dessas vezes, enquanto conversávamos Jomar e eu, chegou e enriqueceu o ambiente e a conversa a Ceres Fernandes, também da AML. Em 2015 estive mais uma vez com ele. Conversamos. Entreguei lhe diversos livros produzidos em Imperatriz, a maioria publicada pela Ética Editora, do Adalberto Franklin. Jomar também me repassou diversas obras, algumas resultado de seu incansável trabalho de pesquisador.

Quando, em 2002/2003, escrevi a "Enciclopédia de Imperatriz" e passei um exemplar ao Jomar, ele a recebeu com surpresa e carinho, ante a grandiosidade do projeto. Carinhosamente, apelidou a "Enciclopédia" de "A Bruta", pelo tamanho, pelo peso, pelo enorme trabalho que ele, Jomar, mais do que ninguém, sabia o quanto consumia uma realização editorial daquela. Ao publicar seu trabalho hercúleo, monumental, que foi a novíssima, atualizada, comentada, anotada, enriquecida edição do "Dicionário" de César Marques, para

JOMAR MORAES: UM
AO

minha surpresa e satisfação, Jomar ali incluiu meu nome e o da "Enciclopédia de Imperatriz" e não foi na referência bibliográfica, não...

Conversamos, Jomar e eu, diversas vezes, e longamente, ao telefone. Falávamos de projetos. Falávamos das Academias. Uma vez, em São Luís, onde eu fora para assistir a posse do Benedito Buzar na Academia Maranhense de Letras (AML), Jomar provocou me, pedindo ou sugerindo que eu me transferisse para a capital, para que eu pudesse, de São Luís, auxiliar a ele e ao Maranhão na dinamização de nossa Arte Literária e Cultura. Benedito Bogéa Buzar, que também foi presidente da Academia Maranhense, em foto que me enviou após sua posse como acadêmico, escreveu que aquela foto já seria considerada uma antecipação de seu voto em mim, caso algum dia eu concorresse a uma vaga na AML.

O pesquisador exigente, o administrador diligente, o escritor competente se foi. Ficou a sensação de que, por mais que Jomar Moraes tenha feito por seu Estado e pelas Letras, mais ele poderia fazer, tal era a vontade e o amor que ele transpirava e que, nos últimos tempos, não encontravam rima em sua saúde.

Jomar Moraes não morreu sozinho: com ele foram enterrados inúmeros projetos, desejos, vontades, esperanças, sonhos, deles insabidos e que só ele, ao jeito dele, poderia tornar ricas realidades em um Estado que ainda não valoriza adequadamente talentos imensos como este cuja morte enlutou o Maranhão, o Maranhão das Letras.

Você não queria, Jomar, mas a hora de descansar chegou.

Faça o em paz.

Saudações e saudades, Amigo.

EDMILSON SANCHES. edmilsonsanches@uol.com.br

BIOGRAFIA DE JOMAR MORAES

(extraída do "site" da Academia Maranhense de Letras):

JOMAR DA SILVA MORAES Cadeira 10. Data da Eleição: 10.05.1969. Data da Posse: 06.08.1969. Recepcionado por Antônio de Oliveira.

Nasceu em Guimarães MA, a 6 de maio de 1940. Filho de José Alipio de Moraes Filho e Marcolina Cyriaca da Silva. Pesquisador, ensaísta, cronista, crítico e historiador da literatura maranhense. Editor de textos; mantém assídua colaboração na imprensa de São Luís.

Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Maranhão, colou grau em 24 de julho de 1976. Especialista em Direito Empresarial (curso realizado em São Luís, de 31 de julho de 1976 a 5 de fevereiro de 1977, com 360 horas/aula; convênio UFMA/INCRA/UnB. Especialista em Comunicação Social, áreas de Rádio e TV, Publicidade e Propaganda (curso realizado em 5 etapas, de 6 de julho de 1982 a 21 de abril de 1984, com 600 horas/aula. São Luís, UFMA. Mestre em História, com área de concentração em História do Brasil, Convênio UFMA/UFPE. Recife, 2002. Doutor Honoris Causa da UEMA Universidade Estadual do Maranhão. São Luís, 6 de agosto de 2010.

Sua primeira função foi soldado da Polícia Militar do Maranhão, onde permaneceu de 1959 a 1967, chegando, por cursos, à graduação de 3° sargento. Diretor do Serviço de Administração da Secretaria de Educação e Cultura (1970 71); diretor da Biblioteca Pública do Estado (1971 73); diretor do Departamento de Assuntos Culturais da Fundação Cultural do Maranhão (1973 75); diretor do Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado Sioge (1975 80); diretor do Departamento de Assuntos Culturais da Universidade Federal do Maranhão (1981 85); secretário de Estado da Cultura do Estado do Maranhão (1985 87).

Pertenceu, em dois mandatos consecutivos, ao Conselho de Administração do Instituto de Previdência do Estado do Maranhão IPEM e ao Conselho Estadual de Cultura, que posteriormente presidiu, na condição de secretário da Cultura. Representou a Academia Maranhense de Letras no Conselho Universitário da Universidade Federal do Maranhão em cinco mandatos de dois anos cada. Integrou, de 1987 a 1988, a Comissão Nacional do Centenário da Abolição e a Comissão Nacional do Guia Brasileiro de Fontes para a História da África, da Escravidão Negra e do Negro na Sociedade Atual.

Foi estagiário da Escola Superior de Guerra (Rio de Janeiro, 1980).

Membro correspondente dos Institutos Históricos e Geográficos do Piauí e do Distrito Federal, da Academia Paraibana de Letras e da Academia Paranaense de Letras.

Cidadão honorário de São Luís, de Buriti Bravo e de Alcântara.

Auditor Fiscal do Estado do Maranhão; advogado da Universidade Federal do Maranhão, desde setembro de 1984 e, a contar de 1990, procurador federal com exercício na referida Instituição de Ensino Superior, da qual foi procurador chefe no período de novembro de 1996 a agosto de 2006.

Detentor das medalhas: Santos Dumont, do Ministério da Aeronáutica; Brigadeiro Falcão da Polícia Militar do Maranhão; João Lisboa, do Conselho Estadual de Cultura do Maranhão; do Sesquicentenário da Adesão do Maranhão à Independência, do Mérito Timbira, da Ordem dos Timbiras (grande oficial) de comendador do 4º Centenário de São Luís do Governo do Maranhão; comendador da Ordem de Rio Branco (Brasil) e da Ordem Nacional do Mérito de Portugal; Medalha Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras; Padre Antônio Vieira, da UBE RJ, e Simão Estácio da Silveira, da Câmara Municipal de São Luís.

Agraciado ainda com a medalha do 4º Centenário de São Luís, outorgada pela Assembleia Legislativa do Estado e, com as Palmas Universitárias, conferidas pela Universidade Federal do Maranhão.

Distinguido com 11 prêmios literários e com os diplomas de Personalidade Cultural (1980) e de Mérito Cultural (1981, 1988, 2000 e 2005) da União Brasileira de Escritores Seção do Rio de Janeiro. (AML)

TIVE ACESSO A “CARTA ÀS BRASILEIRAS E AOS BRASILEIROS EM DEFESA DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO!”, RESOLVI ANALISÁ-LA

Em agosto de 1977, em meio às comemorações do sesquicentenário de fundação dos cursos jurídicos no país, o professor Goffredo da Silva Telles Junior, mestre de todos nós, no território livre do Largo de São Francisco, leu a Carta aos Brasileiros, na qual denunciava a ilegitimidade do então governo militar e o estado de exceção em que vivíamos. Conclamava também o restabelecimento do estado de direito e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte. (OK!)

A semente plantada rendeu frutos. O Brasil superou a ditadura militar. A Assembleia Nacional Constituinte resgatou a legitimidade de nossas instituições, restabelecendo o estado democrático de direito com a prevalência do respeito aos direitos fundamentais. (APENAS PARA LEMBRAR AOS ESQUECIDOS E COMUNICAR AOS QUE DESCONHECEM ESTE FATO: NEM LULA NEM A BANCADA DO PT, BEM COMO OUTROS PARTIDOS E PARLAMENTARES DE ESQUERDA NÃO ASSINARAM A NOSSA CARTA CONSTITUCIONAL DE 1988, POIS NÃO RECONHECIAM NELA A REPRESENTAÇÃO DA VONTADE SOBERANA DO POVO BRASILEIRO.)

Temos os poderes da República, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, todos independentes, autônomos e com o compromisso de respeitar e zelar pela observância do pacto maior, a Constituição Federal. (UM EXECUTIVO FRACO, ENCABEÇADO POR UM BOÇAL E IDIOTA POLÍTICO; UM LEGISLATIVO COVARDE E PROPINEIRO, QUE NÃO ASSUME SUAS PRERROGATIVAS E OBRIGAÇÕES; UM JUDICIÁRIO MILITANTE QUE PRATICA NÃO SÓ MAGISTRATURA ADMINISTRATIVA, MAS TAMBÉM UM JUDICIALISMO POLÍTICO E IDEOLÓGICO.)

Sob o manto da Constituição Federal de 1988, prestes a completar seu 34º aniversário, passamos por eleições livres e periódicas, nas quais o debate político sobre os projetos para país sempre foi democrático, cabendo a decisão final à soberania popular. (OK!)

A lição de Goffredo está estampada em nossa Constituição “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. (OK!)

Nossas eleições com o processo eletrônico de apuração têm servido de exemplo no mundo. Tivemos várias alternâncias de poder com respeito aos resultados das urnas e transição republicana de governo. As urnas eletrônicas revelaram se seguras e confiáveis, assim como a Justiça Eleitoral. (DESDE A REDEMOCRATIZAÇÃO, TIVEMOS 8 ELEIÇÕES ONDE FORAM ELEITOS 5 PRESIDENTES DA REPÚBLICA. NESSES 32 ANOS, 24 FORAM DOMINADOS POR PARTIDOS DE IDEOLOGIA DE ESQUERDA, SENDO 8 ANOS DE PSDB E 16 ANOS DE PT, E 8 ANOS DE PARTIDOS DE DIREITA, INFELIZMENTE COM DOIS TEMERÁRIOS, COLLOR E BOLSONARO. DITO ISSO NÃO É VERDADE QUE TIVEMOS MUITAS ALTERNÂNCIAS DE PODER. ESSA AFIRMAÇÃO É FACCIOSA E MENTIROSA, SERVE PARA ILUDIR OS DESATENTOS E ACALENTAR OS MILITANTES.)

Nossa democracia cresceu e amadureceu, mas muito ainda há de ser feito. Vivemos em país de profundas desigualdades sociais, com carências em serviços públicos essenciais, como saúde, educação, habitação e segurança pública. Temos muito a caminhar no desenvolvimento das nossas potencialidades econômicas de forma sustentável. O Estado apresenta se ineficiente diante dos seus inúmeros desafios. Pleitos por maior respeito e igualdade de condições em matéria de raça, gênero e orientação sexual ainda estão longe de ser atendidos com a devida plenitude. (CONCORDO COM TUDO ISSO! OCORRE QUE O REDATOR DESTA CARTA, BEM COMO SEUS SIGNATÁRIOS NÃO EXPLICAM POR QUE DEPOIS DE 24 ANOS COMANDANDO NOSSO PAÍS, O PT E O PSDB NÃO RESOLVERAM ESSES PROBLEMAS TÃO SENSÍVEIS E GRAVES, QUE AFLIGEM O NOSSO POVO. PELO CONTRÁRIO, AGRAVARAM MUITO ESSAS MAZELAS, ENRIQUECENDO MAIS AINDA OS GRANDES EMPRESÁRIOS E OS BANQUEIROS!)

Nos próximos dias, em meio a estes desafios, teremos o início da campanha eleitoral para a renovação dos mandatos dos legislativos e executivos estaduais e federais. Neste momento, deveríamos ter o ápice da democracia com a disputa entre os vários projetos políticos visando convencer o eleitorado da melhor proposta para os rumos do país nos próximos anos. (OK!)

Ao invés de uma festa cívica, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições. (TEMOS AQUI MAIS UMA NARRATIVA FACCIOSA, QUE É APOIADA PELA TOTAL FALTA DE CAPACIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA EM SE EXPRESSAR E SE MANIFESTAR, MAS É SÓ! NADA TEM DE VERDADEIRA!)

Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o estado democrático de direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira. São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional. (CONCORDO COM O FATO DE NOSSO PROCESSO DE VOTAÇÃO SER CONFIÁVEL, JÁ O MESMO NÃO POSSO DIZER QUANTO AO PROCESSO ELEITORAL, PRIMEIRO PORQUE A LEGISLAÇÃO QUE ORDENA AS ELEIÇÕES É EXDRÚXULA, FEITA PARA SER ESCAMOTIADA. QUANTO A INCITAÇÃO À VIOLÊNCIA, ESSA É UMA OUTRA NARRATIVA INFUNDADA. SE O QUE DIZEM FOSSE VERDADE, O TSE E O STF JÁ TERIAM AGIDO, UMA VEZ QUE ELES TÊM FEITO ISSO A TORTO E A DIREITO, POR MUITO MENOS MOTIVOS!)

Assistimos recentemente a desvarios autoritários que puseram em risco a secular democracia norte americana. Lá as tentativas de desestabilizar a democracia e a confiança do povo na lisura das eleições não tiveram êxito, aqui também não terão. (OK! AGORA ESTAMOS PREOCUPADOS COM OS GRINGOS! ENTÃO TÁ, CHEIROSO! EM NOSSO PAÍS NÃO SÓ AS PESSOAS QUE SIMPATIZAM COM A ESQUERDA SÃO CONFIÁVEIS E RESPEITÁVEIS. AQUELES QUE NÃO SIMPATIZAM COM A ESQUERDA TAMBÉM NÃO ADMITIRÃO ATAQUES A DEMOCRACIA, MAS NÃO ACEITARÃO QUE O ESTADO BRASILEIRO SEJA NOVAMENTE ASSALTADO E APARELHADO.)

Nossa consciência cívica é muito maior do que imaginam os adversários da democracia. Sabemos deixar ao lado divergências menores em prol de algo muito maior, a defesa da ordem democrática. (CONCIÊNCIA CÍVICA!? QUE PAPO FURADO É ESSE!? CONCIÊNCIA CÍVICA É PISAR EM NOSSA BANDEIRA, SÓ POR ELA SER VINCULADA A UM DETERMINADO POLÍTICO!?)

Imbuídos do espírito cívico que lastreou a Carta aos Brasileiros de 1977 e reunidos no mesmo território livre do Largo de São Francisco, independentemente da preferência eleitoral ou partidária de cada um, clamamos as brasileiras e brasileiros a ficarem alertas na defesa da democracia e do respeito ao resultado das eleições. (APOIO INTEGRALMENTE ESTE PARÁGRAFO, DESDE QUE NO PARÁGRAFO ANTERIOR A ESTE SE INCLUA O REPÚDIO ÀS PRÁTICAS CORRUPTAS E AO APARELHAMENTO PARTIDÁRIO E IDEOLÓGICO DO ESTADO, COISAS QUE REPRESENTAM IGUALMENTE GRANDE PERIGO PARA NOSSA DEMOCRACIA.)

No Brasil atual não há mais espaço para retrocessos autoritários. Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições. (MAIS UM PARÁGRAFO DEDICADO ÀS NARRATIVAS PARTIDÁRIAS QUE SÓ ENFRAQUECEM A VERDADEIRA LUTA PELA DEMOCRACIA. ONDE ESTÁ HAVENDO AUTORITARISMO EM NOSSO PAÍS, A NÃO SER POR PARTE DE UM JUDICIÁRIO MILITANTE E DE UMA IMPRENSA PARTIDÁRIA!? O QUE REALMENTE OCORRE É QUE TEMOS UM IDIOTA POLÍTICO NA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, CUJAS FALAS DÃO MARGEM A CRIAÇÃO DESSAS NARRATIVAS E DESSE CLIMA. CASO ELE FOSSE MENOS “BURRO”, MAIS HIPÓCRITA E CANALHA COMO SEUS ADVERSÁRIOS, O CLIMA NÃO SERIA ESSE QUE VIVENCIAMOS)

Em vigília cívica contra as tentativas de rupturas, bradamos de forma uníssona: Estado Democrático de Direito Sempre!!!! (NISSO ESTAMOS JUNTOS, E ESTAREMOS SEMPRE! ESSA NÃO É UMA PAUTA QUE SEJA PRIVATIVA DA ESQUERDA, MAS SIM DE TODOS OS BRASILEIROS QUE DESEJAM UM BRASIL MELHOR, SEM CORRUPÇÃO, APARELHAMENTO E RESPEITO ÀS PESSOAS E ÀS INSTITUIÇÕES!)

DIA DOS PAIS

JOAQUIM HAIKEL

Por ser Dia dos Pais, resolvi sair das temáticas que mais têm pautado os meus textos nos últimos tempos, cinema e política, para falar um pouco sobre o meu pai, sobre a referência que eu tive e tenho de pai.

Imagino que meus leitores saibam que meu pai foi o empresário e político Nagib Haickel, um sujeito que teve a sorte de casar se com uma mulher maravilhosa, Clarice Aragão Pinto, que geraram eu e meu irmão Nagib.

Meu pai ficou conhecido por ser um camarada espirituoso, brincalhão, barulhento, direto, autêntico, destemido, de uma inteligência aguçada para números e negócios, mas de pouca paciência para lidar com burocracia, pessoas pouco ativas e pouco operantes. De pavio curto, ia de zero a cem em cinco segundos, mas voltava a zero no mesmo tempo.

Nunca foi um sujeito de mutas posses, mas nunca foi mal de vida. Trabalhador incansável, dizia que trabalhava para ter dinheiro suficiente para não ter que depender de ninguém.

Era conhecido por sua imensa generosidade e pela grande quantidade de amigos que amealhou em sua curta vida. Morreu três meses antes de completar 60 anos, mas morreu como queria. No ponto mais alto que havia chegado. Era presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão.

Não teve muito estudo formal. Dizia que havia se formado em quatro faculdades. A primeira era a faculdade da família, amava seus pais, irmãos, esposa, filhos, parentes de um modo geral e aderentes de forma incondicional, tendo sido sempre foi arrimo de sua família.

A segunda faculdade que ele dizia ter se formado, era a da empresa onde começou a trabalhar aos 13 anos, a Chames Aboud e Cia. Dizia que tivera como professores Eduardo, Alexandre, Cesar e Alberto Aboub e como colega, William Nagem, entre outros.

A terceira faculdade, segundo ele, teria sido a Assembleia Legislativa, onde pode aprender com gênios e foi colega de mestres.

A quarta faculdade que ele teria se formado, segundo dizia em seus discursos, era a faculdade da vida e dizendo isso ele se aproximava de forma íntima e carinhosa das pessoas comuns, que naqueles tempos também só tinham a oportunidade de se formarem nessa faculdade. A da vida.

Quando resolvi escrever sobre o Dia dos Pais, fiquei imaginando como fazer isso de forma diferente, então fui procurar em meus álbuns de fotografias, quatro delas que pudessem expressar os estados de espírito mais comuns em meu pai. Fotos de situações nas quais eu o via com frequência.

Na primeira foto, o Nagib enérgico, fosse na vida empresarial ou política. A forma dele agir espantava quem não o conhecia, mas aos seus conhecidos ela era normal e previsível.

Muita gente tinha uma primeira impressão muito ruim dele, mas em quase todas as vezes essa impressão se transformava em muito boa. E não sou eu, seu filho quem diz isso, mas Benedito Buzar, jornalista, historiador e biógrafo de muitos políticos maranhenses.

Na segunda foto, o Nagib orientador, de poucas palavras, mas de muitos exemplos práticos. Por ter pouca paciência, ele queria que as pessoas vissem como agir seguindo seus exemplos.

Na terceira foto, o Nagib esperto, que dava um boi para não entrar em uma briga e uma boiada para não sair dela, que dizia que o difícil se faz logo, e que para se fazer o impossível, era só uma questão de tempo.

Na quarta foto, o Nagib espirituoso e brincalhão, capaz de inventar conversas com Tapiacas e Mandubés na beira do Rio Pindaré, de distribuir toneladas de bombons para a criançada por onde passasse, de pular e dançar em cima dos taipás dos caminhões que fazia de palanque.

Esse era o meu pai. O pai que tive por apenas 34 anos, tempo suficiente para ter me ensinado muitas das coisas que aprendi na vida.

Tenho certeza de que quase a totalidade de vocês que me leem, têm ou tiveram pais como o meu, e que os honram sendo aquilo que meu pai dizia que um homem tinha obrigação de ser: Filho respeitador, irmão companheiro, marido amoroso, pai carinhoso e amigo leal.

E MORAL

JOAQUIM HAICKEL

Algumas pessoas as vezes reclamam que meus textos são muito longos, e hoje vou fazê las reclamar por escrever um texto curto, sobre um assunto controverso. Farei isso para deixar mais tempo para essas mesmas pessoas possam refletir sobre as coisas importantes que vou abordar.

Eu sempre fui fascinado pelas semelhanças e as diferenças entre as palavras e principalmente entre os conceitos que eles trazem em si. Duas dessas palavras, que para mim são de suprema importância na vida das pessoas, são ética e moral.

Elas nada têm de semelhantes em seus aspectos gráficos, gramaticais, fonéticos ou morfológicos, porém os seus significados comumente confundem as pessoas, e isso não ocorre apenas com as menos cultas ou estudadas. É comum muita gente bastante entendida em alguns aspectos, derrapar sobre o que significa cada uma dessas palavrinhas que em minha opinião estão no centro visceral de todas as discussões atuais.

Observemos os significados formais de cada uma dessas palavras.

Ética é a parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, refletindo especialmente sobre a essência das normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social. Ou seja, é o conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade.

Moral é o conjunto de valores e regras que definem o que é certo ou errado, permitido ou proibido em uma sociedade. Dito isso, é importante lembrar que esses conceitos podem variar de acordo com a cultura de determinado grupo e com o tempo em que ele se encontra.

Essas definições de dicionário, no entanto, em meu ponto de vista, são insuficientes para expressar coisas tão importantes. Pensando nisso busquei uma melhor definição para ética e a que mais me identifiquei foi com aquela que seja talvez a mais simples. Tão simples, a ponto de assustar.

Ética é um dos poucos valores universais. Ela é igual aqui, no Japão ou na Inglaterra. Ou você é ético em todo lugar ou não é ético em lugar nenhum.

Você tem ética quando não sendo obrigado a agir ou deixar de agir de uma determinada maneira, você o faz por deliberação própria. Ética não é imposta.

Uma atitude ética é sempre boa e justa, de um ponto de vista geral e abrangente. A ética tem uma outra característica peculiar, ela coloca o coletivo sobre o individual.

Já a moral é algo que é certo ou errado para aquele grupo, aquela determinada sociedade, naquele país, dependendo da sua cultura ou do tempo em que ela ocorre.

Um bom exemplo sobre moral e ética é o seguinte: Nos países islâmicos, se você tiver boa condição financeira e paciência suficiente para ter três sogras, você poderá ter três esposas, isso é a moral, porém você terá que tratá las com igualdade, isso é ética.

Moral é quando alguém pergunta se algo é certo ou errado, já se perguntam se algo é bom ou é mau, isso é ética.

Há quem acredite que a humanidade chegou a um ponto crítico, em que se constata que existem poucas pessoas que possuem ética e moral. Que estamos em um ponto sem volta, em que existe uma grande quantidade de pessoas que tem moral e não tem ética, e vice versa, um ponto em que infelizmente a maioria das pessoas não têm nem ética nem moral.

Eu prefiro acreditar que essa percepção é resultado do aparelhamento ideológico do Estado e da sociedade, da desvirtuação do ensino, da educação formal, da desagregação da família e do distanciamento dos valores fundamentais do humanismo, em nome de uma busca enlouquecida pela supremacia de ideias, pela busca desenfreada pelo poder.

ÉTICA

GENES, UM GÊNIO

SAMUEL BASTOS

A memória de um povo é o fundamento para o futuro, sendo a escrita uma das maiores responsáveis pela disseminação da cultura e costumes através dos tempos. Utilizando os hieróglifos os egípcios nos legaram um grande patrimônio cultural e documentos históricos tornaram Roma a cidade eterna.

A pesquisa da origem é tão apaixonante quanto a busca pela pedra filosofal e o segredo da longevidade eterna. Recursos para pesquisas e escavações em sítios arqueológicos não tem limites e são utilizados em todos os continentes. No final da última semana uma emissora de TV local mostrou longa reportagem sobre descobertas valiosas ocorridas em escavações que estão sendo realizadas na baixada maranhense.

Em nossa querida Coelho Neto não existiu, nem existe, preocupação em preservar a cultura, documentar fatos, ou preservar o patrimônio histórico. Não se encontra um único marco ou referência ao passado. Nem mesmo a grande transformação econômica decorrente da implantação do maior polo industrial do Nordeste, à época, tem registro oficial ou documentação nos arquivos municipais. A população desconhece os verdadeiros empreendedores, os Bacelar, que por amor à terra natal, tudo construíram em benefício de seus conterrâneos.

O objetivo dos irmãos era o engrandecimento de uma região e do próprio Estado e foram além, fizeram história que precisa ser contada e reconhecida. Há honrosas exceções a historiadores como o intelectual e conterrâneo Milson Coutinho cujo trabalho brilhante e valioso, não contou com apoio dos poderes públicos. Outro pesquisador digno de destaque foi Antonio Nonato Sampaio, o professor “Nonatinho” que, de forma amadorística, chegou a acumular informações valiosas para as futuras gerações. Não teve o incentivo necessário e o precioso acervo perdeu se em decorrência de sua morte prematura.

Recentemente tive a grata satisfação de receber uma ligação oriunda de Teresina. Uma professora e pesquisadora, chefe de equipe encarregada de resgatar a memória e o trabalho de Genes Soares. Buscava subsídios sobre um dos mais talentosos artistas contemporâneos que, por circunstancias alheias a sua vontade, legou a maior parte de sua obra ao nosso Estado. Fiquei feliz com a iniciativa da Universidade Piauiense.

Genes Celeste Soares, nascido em Teresina e de origem humilde, trabalhou para ajudar no sustento da família, enquanto estudava para bacharelar se em Direito pela Universidade do Piauí. Vocacionado para as artes, teve que se submeter as condições da época em que as Universidades nordestinas não ofereciam opções de cursos. Advogado, jamais exerceu atividade jurídica, direcionou toda sua iluminada inteligência para as artes plásticas. Criou projetos avançados para residências, escritórios, comércio e indústria contribuindo para a erradicação de conceitos ultrapassados. Conheceu Raimundo Bacelar e, contaminado por sonhos e projetos audaciosos, não resistiu ao convite para deles participar.

Mudou-se para São Luís tendo como primeira missão a elaboração do projeto de instalação da Rádio e TV Difusora no edifício João Goulart. A beleza esplendorosa e invulgar de sua criação despertou os empresários ludovicenses para os novos conceitos, daí em diante não faltaram encomendas e consultas. Abriu se um novo mercado: instalação e decoração de ambientes comerciais.

A consagração veio com a pintura, autor de quadros e aquarelas fantásticas, Genes criou cenários antológicos para a programação, ao vivo, da nossa primeira televisão. De percepção muito aguçada, deu vida e alma às aquarelas e retratos que pintou para obsequiar pessoas a quem prezava. Sensível e boêmio inveterado, via o mundo pelo ângulo da poesia, não ligava para os bens materiais, gostava de leitura, viajou e conheceu o mundo. Certa feita encontrei o a bordo de um avião regressando da Copa do Mundo no México, vestia camiseta da seleção brasileira e usava enorme sombreiro mexicano, comemorava a conquista da Taça sem dar a mínima importância aos outros passageiros.

Em Coelho Neto existe uma rua com o nome de Genes Soares, desconhecida para muitos e o homenageado ignorado por quase todos. Há pouco tempo alguém me questionou: quem foi esse Genes? O fato evidencia

a falta de memória documental, em nossa Prefeitura e Câmara Municipal, onde deveriam estar arquivados o Projeto de Lei que deu nome ao logradouro, seu autor, a justificativa e a própria Lei promulgada. Talvez tenha sido uma das mais justas e verdadeiras homenagens prestadas por nossa edilidade.

Lamentavelmente eu, como a maioria da população, desconheço a justificativa apresentada. Gostaria que todos soubessem que a participação do laureado artista foi imprescindível à instalação do complexo industrial em nosso município. Para os que cultuam o belo, lembro que a Capela do Itapirema é projeto de Genes Soares.

A obra imortaliza o homem e torna se patrimônio da humanidade.

ANOS NO

JULHO

ÁUREO VIEGAS MENDONÇA

A cidade histórica de Viana completa 265 anos de emancipação política na próxima sexta feira dia 08 de julho, a data é marcada por eventos que contará com três dias de festas de 06 a 08, a revitalização do Parque Dilú Melo será entregue dia 06 quarta feira Mas quem foi Dilú Melo?

A cantora e compositora que frequentou o cenário nacional nas décadas de 1940, 1950 e 1960 do século passado contribuindo para o enriquecimento da cultura brasileira, Maria de Lourdes Argollo Oliver, cujo nome artístico Dilú Melo, é vianense nasceu em 25 de setembro de 1911, nasceu e morou na casa de seus avós maternos, na casa colonial de morada inteira na praça da Matriz, casa que depois pertenceu a família Coelho onde residiu o casal Raimundo Emiliano Coelho e dona Quinquinha, avós do ex prefeito Benito Filho e que foi demolida no início da década de 1980 no local foi construído o hotel vianense. Dilú Melo saiu da cidade de Viana ainda criança com sua família, era filha de Oscar Argolo e dona Nenê indo morar na cidade de Porto Alegre/RS aos 5 anos de idade aprendeu a tocar violino, violão e piano, aos dez anos, compôs sua primeira música "Heloisa" homenageando a sua irmã caçula. Aos 13 anos ganhou a medalha de ouro em concurso de piano e começou a participar de programas musicais em rádios.

Em 1938 mudou se para o Rio de Janeiro, onde estreou cantando na rádio Cruzeiro do Sul, se apresentou também na rádio kosmos na cidade de São Paulo, nesse período grava o seu primeiro disco pela gravadora Colúmbia com músicas de sua autoria dentre elas Engenho d' água em parceria com Santos Meira, nesse mesmo ano de 1938 no início de sua carreira voltou ao Maranhão e visitou a sua cidade natal e nessa época foi a primeira mulher a usar calças compridas em Viana.

Em 20 de setembro de 1949 no auge da sua carreira voltou pela segunda vez à cidade de Viana, onde fez um show na praça da prefeitura municipal que estava lotada e foi acompanhada pela famosa orquestra Jazz Vianense.

A serviço do Ministério da Educação e Cultura se apresentou em vários estados do país e até em Buenos Aires capital da Argentina, onde residiu por 2 anos, se apresentou também no continente europeu no Cassino Estoril em Lisboa capital de Portugal em 1956, de volta ao Brasil se apresentou no programa semanal Varanda Festa na extinta TV Tupy no Rio de Janeiro. Foi contratada pela Rádio Nacional, tendo se apresentado no Cassino Atlântico e também em vários países da América do Sul.

Dilu Melo foi a primeira mulher a se apresentar em público no país tocando acordeon, por isso recebeu da imprensa o título de Rainha do Acordeon, gravou na década de 1950 com Altamiro Carrilho, vários cantores

A CIDADE DE VIANA COMPLETA 265
DIA 08 DE

e cantoras interpretaram suas músicas entre eles: Amália Rodrigues, Carmem Costa, Nara Leão, Fagner, Clara Nunes Dóris Monteiro, Marlene, Tom Jobim, João Gilberto e tantos outros.

Dilú Melo é patrono da cadeira número 9 da Academia Vianense de Letras, que tem como titular o acadêmico Luiz Alexandre Brenha Raposo, que considero como o maior pesquisador sobre a cidade de Viana.

Segundo o saudoso escritor e historiador Joan Botelho, as duas maiores cantoras maranhenses de todos os tempos são Alcione Nazaré, que fez sucesso no cenário nacional nas décadas de 1970 e 1980 ganhando vários discos de ouro e a Vianense Dilú Melo que também se destacou no cenário nacional nas décadas de 1940, 1950 e 1960.

Do Areal ao parque Dilú Melo.

A construção do aterro do areal teve início em 1994 na administração do então prefeito Daniel do Nascimento Gomes Filho, o “Danielzinho” que construiu e inaugurou o maior ponto turístico da cidade de Viana.

Em 13 de setembro de 1998, durante a administração do prefeito Messias Costa Neto, a cantora e compositora Dilú Melo retornou pela terceira e última vez a cidade de Viana sua terra natal, onde descerrou a placa que deu nome ao Parque Dilú Melo, que teve como autor do Projeto de Lei que transformou o areal em parque Dilú Melo o vereador José Ribamar Santos, projeto aprovado pela câmara municipal e sancionado pelo prefeito. Estiveram presentes na noite de 13 de setembro de 1998 no antigo areal, o então Prefeito municipal saudoso Dr. Messias Costa Neto, o Vice Prefeito Marcone Veloso, Luiz Alexandre Raposo, o vereador Zé Santos, o cantor Rogeryo du Maranhão, além da população em geral. Dilú Melo faleceu no Rio de Janeiro em 24 de abril de 2000.

A atual administração do prefeito Carlos Augusto Furtado Cidreira “Carrinho Cidreira” revitalizou o parque Dilú Melo que será entregue a população amanhã dia 06 de julho, modernizando e temos hoje um espaço totalmente diferente não só na questão estrutural, no resgate de sua beleza, mas, sobretudo, contribuindo para que o parque seja ainda mais atrativo para a população e para os turistas e será inserido no roteiro turístico da cidade de Viana, que recentemente foi inserido no mapa nacional turístico do país, o parque é o novo cartão postal de Viana e ganhou novos ares, receberá visitação de pessoas diariamente e servirá de palco para atrações culturais, com a transformação do espaço o parque teve todo o seu piso renovado com a colocação de pavimento em concreto. A área ganhou também novo paisagismo, mobiliário urbano, letreiro para ensaio fotográfico e nova iluminação pública, contribuindo para o embelezamento da cidade dos lagos, com os investimentos no parque Dilú Melo quem ganha é a cidade e a população que precisa preservar o bem público.

DAS TREVAS — ou Como a

produz seus Horrores —

CAPATAZES DO ASFALTO

De João Batista do Lago

A maravilhosa metrópole continua linda! À beira do mar, seus machos e fêmeas desfilam suas estéticas: tanquinhos e bundas todos sarados e esculturados pelo sol. Do outro lado, no subúrbio da maravilhosa cidade, o sol que brilha sobre a carne negra é o luminoso raio do estanho, que explode no corpo que dorme o pesadelo de existir. O que diria teu poeta, Ó Princesinha!? Certamente não aprovaria o pelotão de abutres assassinos vorazes e contumazes capatazes da velha (e eterna) capitania, que sob o manto da ordem e do progresso sugerem impor a Justiça sob o hino da bala…

— “A carne mais barata do mercado é a carne negra”.

De JOÃO BATISTA DO LAGO da Academia Poética Brasileira JB/"Guernica", de Picasso De João Batista do Lago, da Academia Poética Brasileira.
A MODERNIDADE
Modernidade
* * * * *

ELITE ENTERNECIDA

De João Batista do Lago

A minha enlutada alma desce o morro crivada de balas e o meu jovem corpo negro, agora inexistente, é apenas o aparente símbolo do (in)sucesso evidente do Estado arrogante e que me pretende somente um número na estatística do genocídio. Minh’alma enlutada e crivada de balas, agora estirada na fria pedra, é o troféu a ser exibido nos salões da Vieira Souto, onde se inspira o necrocapitalismo mantenedor do corpo que amanhã será abatido para ser oferecido como disfarce às narinas da elite enternecida.

*

"Guernica", de Picasso. https://www.dw.com/pt br/not%C3%ADcias/s 7111).

Caríssimas leitoras ou caríssimos leitores, já o título deste texto é uma provocação. Sim, uma provocação ao nosso acomodado status quo nos mais diversos aspectos ou perspectivas que isso possa representar. É certo asseverar que vivemos dias insalutíferos, nebulosos, trevásticos mesmo. Não à toa tomei a liberdade de epigrafar este escrito com dois poemas de minha autoria, com os quais pretendo metadialogar1 (seja na forma direta ou indiretamente). A escolha deste problema, ou seja, A Modernidade das Trevas, decorre das minhas inquietações político econômicosocioculturais mas, também e sobretudo, porque é uma das problemáticas mais referenciadas e problematizadas pela filosofia, pela sociologia, pela psicologia, pela psicanálise e, até mesmo, pela esquizoanálise2, em contextos muito diversos e dispersos entre os mais diferenciados escritores que em algum momento de suas obras se referiram ao tema.

* * * *

Isto posto, permitam me leitoras e leitores, convidá las/los para fazer uma viagem imaginativa. Contudo, desde sempre, sugiro a todas e todos que esvaziem suas mentes de quaisquer conceitos, ou pre conceitos, já instituídos ou dados, segundo a Moral (ou moralismos) imposta pela sociedade vigente. Apenas imaginem se! Sei que não é fácil, pois já estamos demasiadamente (de alguma maneira, infelizmente) “convencidos” dessas pretensas verdades absolutas plenas e/ou seculares. Sugiro pois, ainda, que sejamos passageiros solitários neste primeiro trecho desta viagem imaginária e que apenas o “Si” que habita em cada um de nós estabeleça um diálogo com nossos corpos e nossas mentes. Parece difícil (e é!), mas façamos como nos sugere Clarice Lispector: “Eu te digo: estou tentando captar a quarta dimensão do instante já que de tão fugidio não é mais porque agora tornou se um novo instante já que também não é mais. Cada coisa tem um instante em que ela é. Quero apossar me do é da coisa” (3).

1 “Um metadiálogo é uma conversa acerca dum assunto problemático. Esta conversa dever ser tal que não só o problema seja discutido pelos participantes; mas a estrutura da conversa como um todo seja também relevante para] o mesmo problema.” (Gregory Bateson, ‘Metadiálogos”, pg 7)

2 A esquizoanálise é um campo de práticas e saberes inaugurado pela obra conjunta do filósofo Gilles Delleuze e o psicanalista Félix Guattari e foi formulada pela primeira vez no livro O Anti Édipo. A esquizoanálise é antes um conjunto de filosofias que uma prática clínica; sua intenção é romper com as barreiras da estrutura linguistica dos saberes instituídos em troca de saberes ramificados ao qual Delleuze e Guattari chamam de rizoma.

3 https://site.claricelispector.ims.com.br/2021/10/14/o-simbolo-e-a-coisa/ Apossemo nos, então, nesta viagem imaginária, do “é da coisa” clariciano, ou seja, vejamos A Modernidade das Trevas como “o símbolo e a coisa. A coisa, a física e o símbolo, a metafísica; a coisa, a imanência, e o símbolo a transcendência; a coisa, o corpo, e o símbolo, a linguagem; a coisa, a existência, e o símbolo, o dizer; a coisa o acontecimento, e o símbolo a forma de dar a ler a não simbolizável coisa. (…) o símbolo da coisa na própria coisa. (…) Símbolo é o liame que entrelaça as coisas, e que se situa entre elas. Ele originalmente designa o jogo de encaixe de duas metades, que os latinos chamavam de tessera. No jogo das duas metades, uma é o símbolo e a outra, o que ele simboliza, significado, referente, realidade, coisa. A coisa, a res, é o objeto lançado diante (o ob jectum), que está na raiz de realidade. (…) “Eu quero a coisa em si”, diz ela (…)”.

Que seja, então, a coisa e o símbolo ou o símbolo e a coisa, nossa única bagagem intelectual. Nosso único campo de memória. Nosso único corpo. Nossa única mente. Nosso único “é da coisa”.

Embarquemos agora, cara leitora ou caro leitor. Imaginemo nos (simplesmente imagine se!), um Sujeito nascido em quaisquer das periferias de grandes metrópoles brasileiras. Mas não só isso: imagine se nascido preta ou preto (negra ou negro, se assim desejarem). Para além disso, imaginese crescendo sob o manto da miséria ou da pobreza estrutural, absorvendo durante todo o processo de crescimento fisiológico, todas as mazelas inerentes à condição de classe subalterna, e por conta dessa realidade, subjetivada no sujeito em si, de si e para si, produzindo violência, desde as mais singelas às mais hediondas. Imagine se convivendo entre duas forças estruturadas de violência:

1) as forças policiais;

2) as forças do tráfico. Imagine se convivendo e vivenciando suas experiências (de qualquer natureza) nas comunidades, mocambos, palafitas ou favelas. Imagine se “apartado” de benefícios ou serviços públicos como saúde e educação, por exemplo. Imagine se sob ataque grosseiro e violento, mas, também, estruturados das religiões neopentecostais. Imagine se sem trabalho… Enfim, prezada leitora ou prezado leitor, imagine tudo o mais que aqui não foi mencionado ou relatado, ou configurado, mas que faz parte da sua visão (crítica) de mundo.

Feito isso convoco os, leitora e leitor, para processarem tudo (isso ou aquilo!) no que vós tendes de mais puro, sublime e sagrado: o si de si para si, isto é: o sui, ou seja, corpo/mente ou https://site.claricelispector.ims.com.br/2021/10/14/o simbolo e a coisa/mente/corpo. É exatamente aqui que irás encontrar “o é da coisa”.

* * * * *

Noutras palavras: é a partir desse entendimento ou desse ‘sujeito do conhecimento’ que terás o corpus de símbolos e coisas/coisas e símbolos.

A partir de então descobrirás duas metades da mesmíssima cidade:

i) a cidade maravilhosa5;

ii) a cidade da miséria, da pobreza, dos deserdados e dos condenados… Como discursa o Sujeito que perpassa o poema:

CAPATAZES DO ASFALTO

de João Batista do Lago

A maravilhosa metrópole continua linda! À beira do mar, seus machos e fêmeas desfilam suas estéticas: tanquinhos e bundas todos sarados e esculturados pelo sol.

Do outro lado, no subúrbio da maravilhosa cidade, o sol que brilha sobre a carne negra é o luminoso raio do estanho, que explode no corpo que dorme o pesadelo de existir.

O que diria teu poeta, Ó Princesinha!? Certamente não aprovaria o pelotão de abutres assassinos vorazes e contumazes capatazes da velha (e eterna) capitania, que sob o manto da ordem e do progresso sugerem impor a Justiça sob o hino da bala…

“A carne mais barata do mercado é a carne negra”.

Qual a simbologia estampada no tecido ou na tessitura, ou ainda, na urdidura do poema? A conotação primordial é que as metades são de uma mesma “coisa” mas, elas não são sequer similares ou semelhantes. Há um buraco negro que gera uma força infinita e descomunal em prol, ou seja, em favor da metade que é simbolizada como sendo “maravilhosa” — a minoria branca, que deseja engolir ou beber, ou comer a outra metade, constituída pelos pretos, negros, pobres (ainda que brancos), etc. , para posteriormente poder excretar por intermédio das forças reacionárias ou forças do “preconceito primordial”, como sugere e aponta o sociólogo Jessé Souza (ao longo de sua obra: a) A Elite do Atraso, e b) A Classe Média no Espelho, por exemplo) para bem distante do seu “maravilhosismo”. Paradoxo: esse buraco negro, esse maravilhosismo da classe média brasileira enternecida e enternecedora. Essa dicotomia introjetada no imaginário do maravilhosismo coletivo da classe média do Brasil, por si só, é a mais pura e cristalina enganação intelectual, emanada ou produzida por aquelas ou aqueles, humanos nacionais!, tanto à direita quanto à esquerda, sob um caldo de cientificidade (NA) Alusão à cidade do Rio de Janeiro (com pesar e constrangimento) seja no locus das ciências humanas, sociais ou culturais. O mesmo se dá no métier da economia e da política. Como diz o sujeito que fala no poema:

ELITE ENTERNECIDA

João Batista do Lago

“(...) é o troféu a ser exibido nos salões da Vieira Souto, onde se inspira o necrocapitalismo mantenedor do corpo que amanhã será abatido para ser oferecido como disfarce às narinas da elite enternecida.”

Esse distanciamento, esse apagamento ou “cancelamento”, ou ainda, essa morte estrutural das classes populares [entenda se: pessoas pretas e pretos, brancos pobres, trabalhadores da construção civil, trabalhadores avulsos, trabalhadores assalariados, trabalhadores domésticos, agricultores familiares, micro e pequeno empresário, entre outros] manifestada numa suposta subjetividade da classe média brasileira, tem sua origem numa espécie de “culturalismo”, conforme o pensamento crítico do sociólogo Jessé Souza, em seu livro “A Guerra Contra o Brasil”. Aos meus olhos é este mesmo “culturalismo” o locus, isto é, o estado psíquico e cognitivo do sujeito cuja manifestação pode ocorrer tanto no âmbito individual quanto no coletivo, fazendo com que esse sujeito tome conhecimento dos objetos externos a partir de referenciais próprios. E digo mais: o sujeito coletivo (ou a elite adestrada, servil e dócil) é o mais perigoso por razões óbvias…

[Finda se aqui a primeira parte deste artigo. A segunda e última parte será publicada na próxima semana]

João Batista do Lago é maranhense de Itapecuru Mirim. É jornalista, escritor e poeta. Pertence a Academia Poética Brasileira. É autor dos livros “Eu Pescador de Ilusões”, “Áporo”, “Cânticos Viscerais” e “50 Tons de Palavras”.

A VIDA

CALÇADA E PAREDES SEM LADRILHOS.

NEURIVAN SOUSA

A poesia não usa venda nos olhos, antes cospe na cara pálida dos sonâmbulos as lepras e cegueiras que eles próprios carregam mas não admitem.

Em “Cinelândia”, do poeta Paulo Rodrigues, a dinâmica da vida é um cinema em preto e branco, sob o play sistêmico do capitalismo selvagem, esse touch screen a erguer paradoxos, excluídos e demônios. Cada poema é um recorte dessa humanimaldade hollywoodiana, calçada sem ladrilhos onde o sangue dos oprimidos vocifera.

Veja o poema Roliúde: sentava se na esquina, / de costas pra rua. / a mesma camisa, / a mesma calça, / os mesmos sapatos. / era um homem / invisível. / catava feijão. / nunca ouviu falar / em mais valia. / sonhou com um barranco, / na Serra Pelada. / curou se da doença. / não do feijão.

Como bem pontua o Prof. José Neres no prefácio intitulado “Palavras em movimento”, Paulo Rodrigues emprega uma linguagem concisa, quase cirúrgica, palavras e imagens com requintes de beleza e força poética ao explorar a temática social que atravessa toda a obra, ao mesmo tempo em que é bruta como a brita que os opressores atiram em nossas testas.

É um livro que merece não só ser lido, mas também reconhecido pela crítica nesse tempo de engodo literário. A poesia de Paulo Rodrigues reverbera as nossas precariedades para além das páginas, para além das telas, para além dessa nossa Cinelândia arbitrária.

É

MARCO INICIAL DO ROMANTISMO BRASILEIRO

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Três renomados escritores brasileiros do século XIX. Da esquerda para direita: Gonçalves Dias, Manuel de Araújo Porto Alegre e Gonçalves de Magalhães (1861). Acervo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

O marco inicial do Romantismo brasileiro é a publicação do livro de poemas Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães, em 1836, apenas 14 anos após a Independência do Brasil, em 1822. Um movimento literário que valorizava o nacionalismo e o liberalismo.

Entre 1833 e 1836, um grupo de jovens estudantes brasileiros que moravam em Paris, sob o comando de Domingos José Gonçalves de Magalhães (1811 1882) e Manuel de Araújo Porto Alegre (1806 1879), iniciou um processo de renovação das letras. Os estudantes estavam influenciados por Almeida Garrett e pela leitura dos românticos franceses.

Em 1836, fundaram em Paris a Niterói, Revista Brasiliense de Ciências, Letras e Artes, cujos dois números trouxeram como epígrafe: "Tudo pelo Brasil e para o Brasil".

Nesse ano, Gonçalves de Magalhães publicou Suspiros Poéticos e Saudades. Do ponto de vista literário, a obra é medíocre, mas é considerada um marco do Romantismo brasileiro. Além disso, transformou seu autor no porta voz oficial do nacionalismo literário fomentado pelo imperador D. Pedro II.

Embora Gonçalves de Magalhães e Porto Alegre tenham sido os introdutores do Romantismo no Brasil, foi Antônio Gonçalves Dias o primeiro poeta de real valor a surgir na primeira geração romântica da poesia brasileira.

Funda a revista Guanabara com Manuel de Araújo Porto Alegre e o romancista Joaquim Manuel de Macedo. Recebe do imperador a Ordem da Rosa. Em 1851 publica Últimos Cantos, em que inclui seus mais importantes poemas "americanos": "Leito de Folhas Verdes", "Marabá" e "I Juca Pirama

A primeira geração do Romantismo brasileiro destacou se pela tentativa de adaptar, de maneira nacionalista, o Romantismo europeu à natureza exótica e exuberante do Brasil. Os primeiros românticos eram utópicos. Para criar uma nova identidade nacional, buscaram suas bases no nativismo da literatura anterior à Independência, no elogio à terra e ao homem primitivo. Inspirados em Montaigne e Rousseau, idealizavam os índios como bons selvagens, cujos valores heróicos tomavam como modelo da formação do povo brasileiro.

(8)

“BANDEIRA TRIBUZI”

(LUCY TEIXEIRA)

Foi Floriano Teixeira que me apresentou a Bandeira Tribuzi. Naquele tempo eu escrevia no “Imparcial” e programava uma página literária aos domingos... Foi nessa página que saíram os primeiros poemas do poeta que se tornou inevitavelmente um grande amigo meu.

Recém chegada da Europa, Odylo Costa, filho me comunica a morte do poeta em São Luís. Com quase todos os amigos no Rio lembrei me de telegrafar a Luís Carlos Bello Parga a fim de enviar minha palavra de imensa tristeza. Neste momento porém o que desejo é falar de Bandeira Tribuzi vivo e de como a sua ausência, sendo sentida por todos nós, alça a sua memória muito além das escuras fronteiras da morte.

Para nós era o Zé. À tarde, quando eu vinha do Tribunal de Justiça onde trabalhava, encontrávamos na Praça João Lisboa ou à noite, na Av. Beira Mar com um grupo de amigos onde as discussões literárias se prolongavam. Foi num desses encontros que o poeta me deu para ler uma de suas últimas poesias. Lembro me de que assim começava:

“Naufrágio. Eu era um marinheiro imenso E estavas nos meus braços como um ninho...”

Todo de branco, a gesticular com o ímpeto dos que vivem a própria palavra porque cada palavra lhe vem tocada no coração, sua sombra a oscilar alongando se na tarde doirada como se a paz não encontrasse Bandeira era miraculosamente esse marinheiro imenso, submerso num mar secreto de palavras cujas raízes só ele mesmo soubesse.

Impetuoso e lúcido, simples e generoso, declamando altas horas da noite Pessoa ou José Régio, ele nos dava uma lição de poesia e de vida, principalmente por coisas que nem sempre sabíamos; como ajudar sem querer aparecer...

Juntos publicamos uma revista, juntos discutíamos Drummond e, consequentemente, problemas de vida e de morte. Foi assim que a nossa amizade cresceu e todos mais tarde o queriam com aquele afeto que se dedica a um irmão...

De repente, sem que menos esperasse, eis que venho para o Rio com uma bolsa de estudos. Lembro de seu rosto à noite, no portão de minha casa, a sorrir e a dizer me ainda naquela pronúncia de Lisboa que o fazia inconfundivelmente tão diverso de nós e ao mesmo tempo tão igual a nós e bem maior na ampla inquietação:

_ “... tu vais para o Rio... depois vais para Paris... e cá não voltas tão cedo...”

Havia alegria e tristeza em sua voz mas havia, antes de tudo, em seus lábios aquela expressão antiquíssima e misteriosa de um sorriso etrusco e que eu iria descobrir, anos depois, em museus italianos ou em Cerveteri onde estátuas abandonadas insinuavam aquele mesmo sorriso. Foi assim que no museu de Villa Giulia eu me escutei a murmurar para a manhã romana, jovem e velhíssima, os versos do poeta:

“ Naufrágio. Eu era um marinheiro imenso”...

Este verso me restituía como por milagre São Luís, a Praça João Lisboa, a sombra alongada na luz doirada da tarde, e esse moço todo vestido de branco, com o ímpeto dos que trazem na mão e nos lábios a chama sagrada da poesia... eu me via a murmurar sua poesia até o verso final “ e de mim o teu sonho lacrimava...”

Daí por diante estes versos sempre me acompanharam; quando pensava em São Luís, em todos os meus amigos daquele tempo (e eram tantos e todos eles extraordinários: Erasmo Dias, Domingos Vieira Filho, Ferreira Gullar, José Sarney, Lago Burnet, Bello Parga, Floriano, Cadmo, L.A. Oliveira. Tobias Pinheiro,

Nascimento Filho, Pedro Paiva, Figueiredo, Almeida, Reginaldo e quantos mais?) eram os versos de Zé que me abriam na memória essa lembrança maior que eu transportava por onde eu fosse...

Agora voltando ao Brasil, quando Odylo me deu notícia, os versos me vieram dolorosamente à memória: eu vi o marinheiro imenso, todo de branco vestido, de encontro a procelas maiores...

E, todavia, desse estranho naufrágio, ele volta para nós luminoso e eterno e seus versos serão levados pelos nossos ventos gerais em todo o Brasil e mais além, além da cidade que ele tanto amou. E se anulam assim as escuras fronteiras da morte.

Porque marinheiro imenso da Poesia tu foste, oh meu querido amigo.

Crônica de Lucy Teixeira, poeta e prosadora caxiense, um dos escritores que, nos anos 1940, lutaram para que o Modernismo fosse aceito e divulgado no Maranhão, quando ele já estava ficando velho no Brasil e aqui predominava ainda o Parnasianismo. Lucy, juntamente com o poeta Bandeira Tribuzi, foi uma das pontas de lança desse movimento renovador: Tribuzi, chegado de Portugal, trazendo Fernando Pessoa, José Régio, Sá Carneiro; Lucy, vinda de Minas, onde conviveu, de 1942 a 1946, com Murilo Rubião, Fernando Sabino, Otto Lara Rezende, entre outros. Nos anos 1946/1947, Lucy já escrevia crônicas modernistas, no jornal O Imparcial, sob o pseudônimo de Maria Karla. Não sei a data exata desta crônica, mas foi logo em seguida à morte de B. Tribuzi, em 1977. (Ceres Costa Fernandes)

DAVID GONÇALVES DE AZEVEDO.

Vice cônsuldePortugalnoMaranhão,comfardãoecomendas.

PaidoescritorAluízioAzevedoedoteatrólogoArthurAzevedo.CartedevisitedeTheodoroNadler,"Photographo, 41,RuadaEstrela,Maranhão".

Comdedicatórianoverso:"AAluizioTancredoGonçalvesdeAzevedooffereceseupai,DavidGlzdeAzevedo."

(NovaaquisiçãodoAcervoDiogoGualhardoNeves)

O

DE CAMPO E A CIDADE DE VIANA

ÁUREO VIEGAS MENDONÇA

Nas primeiras décadas do século XVIII a missão jesuítica nas terras maranhenses fundou a Fazenda Agrícola São Bonifácio do Maracu, localizada as margens do Igarapé do Engenho, marco inicial da colonização de Viana, dedicada a criação de gado e plantação de cana de açúcar, embrião que deu origem a cidade de Viana.

José Feliciano Botelho de Mendonça, meu hexavô, primo de Sebastião José de Carvalho e Melo o “Marquês de Pombal” chegou a Viana na segunda metade dos anos 1700, ficou conhecido como o "Adão do Pindaré", deixou muitos descendentes na região, seus parentes são os Botelho, os Mendonça, os Lopes da Cunha, os Furtado de Mendonça e os Mendonça Furtado.

O mestre de campo José Nunes Soeiro que se estabeleceu em Viana no século XVIII foi o primeiro Tabelião da então Vila de Viana um homem muito riquíssimo na época, era o mais rico que Viana já teve em todo o período colonial e faz parte da história da cidade de Viana, deixou muitos descentes no Maranhão, foi José Nunes Soeiro recomendado por Marquês de Pombal quem levou de Pernambuco os Botelho de Mendonça para a cidade de Viana.

José Nunes Soeiro o mestre de campo denominação que constituía um posto de oficial superior, existente nos exércitos de Espanha, França e Portugal, na época do Antigo Regime. De acordo com o país, competia, a um mestre de campo, exercer o comando de um regimento ou terço, sendo, aproximadamente, equivalente ao atual posto de coronel, ou seja, um militar.

A fazenda São Bonifácio do Maracu era uma fazenda dos jesuítas que foram expulsos do Brasil por Marques de Pombal em 1756 e tiveram seus bens confiscados pela Coroa, o Engenho São Bonifácio abrangia além da Palmela, as terras do Ibacazinho, da Ponta e do Marimar, foi doado pela coroa portuguesa a José Feliciano Botelho de Mendonça, os "Botelho" e os "Mendonça" da Baixada Maranhense têm origem em José Feliciano Botelho de Mendonça, a fazenda São Bonifácio do Maracu, espólio dos jesuítas, era uma fazenda riquíssima, os jesuítas que foram expulsos do Brasil por Pombal em 1756 e tiveram seus bens confiscados pela Coroa. Este pouco tempo depois o vendeu ao Mestre de Campo José Nunes Soeiro.

Só no Engenho do Maracu existiam 5.242 cabeças de gado, casa grande, capela, olaria, e mais 6 alambiques. A propriedade possuía outras culturas frutíferas e um plantel de 190 escravos.

Quando da morte do Mestre de Campo, o Engenho de São Bonifácio possuía 165 escravos. No inventário também aparece um Engenho do Maracu com 190 escravos, mais de 5.200 cabeças de gado e 500 cavalos.

Existem fortes evidências de que as terras dos jesuítas foram divididas. A parte dos Mendonça passou a se chamar Palmela, enquanto a parte de José Nunes Soeiro passou a ser chamada Engenho do Maracu, cuja atividade principal era a criação de gado. Quando da morte do mestre de campo não há referência à Fazenda Palmela no inventário, porém essas referências aparecem nos inventários dos Mendonça. o mestre de campo José Nunes Soeiro ficou com a parte principal da fazenda e José Feliciano ficou com outra área das terras e construindo a sede da Palmela, e o Soeiro ficou com a antiga capela dos jesuítas.

O mestre de campo já havia introduzido no empreendimento o montante de 165 escravos africanos, construído uma olaria, ter expandido o canavial e ter diversificado a plantação com culturas de café, seringueiras, laranja, abacate, além de ter também um armazém e hospedaria, 146 cavalos e mulas e 8.541 cabeças de gado.

Dom Frei António de Pádua e Belas foi eleito em 18 de julho de 1783 bispo do Maranhão, durante o governo da diocese teve várias dificuldades, a coroa portuguesa envia Manuel António Leitão Bandeira para o Brasil na qualidade de Corregedor, Provedor e Ouvidor geral da Comarca do Maranhão, com quem D. Fr. António de Pádua veio a ter um conflito, tudo devido ao desejo do bispo de alterar o percurso da procissão do Corpus Christi, no ano de 1785, enviando por um cónego o aviso à câmara; contudo o poder local decidiu conservar o percurso realizado anteriormente, merecendo esta atitude de desobediência a ameaça de excomunhão maior por parte do bispo, que foi repreendido pelo ministro português. O Bispo se recolheu ao convento de

MESTRE

O Marechal de campo José Nunes Soeiro por ordem da junta foi preso pelo escrivão da mesma Antônio Caetano Borges ancestral do Tenente José Caetano Borges devido ter dado hospedagem ao bispo, através do Ofício do ouvidor geral do Maranhão, Manuel António Leitão Bandeira, para o secretário de Estado da Marinha e Ultramar, Martinho de Melo e Castro, sobre a prisão do mestre de campo José Nunes Soeiro, dando conta que executou os autos, tal como foi ordenado pelo aviso de 20 de Julho de 1788.

Fontes:

Jornal Semanário Maranhense nº 47 de 19 de julho de 1868.

Uma Região tropical de Raimundo Lopes

História de um Menino Pobre Sálvio Mendonça

Postagens no facebook: Ramssés de Sousa e Silva Christoffer Melo

Foto: arquivo participar e inventário José Nunes Soeiro TJ MA.

Santo Antônio e dali partiu para Viana onde abrigou se em Maracu fazenda do mestre de campo José Nunes Soeiro.

POESIAS

Poema do Silêncio

Sim, foi por mim que gritei. Declamei, Atirei frases em volta. Cego de angústia e de revolta.

Foi em meu nome que fiz, A carvão, a sangue, a giz, Sátiras e epigramas nas paredes Que não vi serem necessárias e vós vedes.

Foi quando compreendi Que nada me dariam do infinito que pedi, -Que ergui mais alto o meu grito E pedi mais infinito!

Eu, o meu eu rico de baixas e grandezas, Eis a razão das épi trági-cómicas empresas Que, sem rumo, Levantei com sarcasmo, sonho, fumo...

O que buscava Era, como qualquer, ter o que desejava. Febres de Mais. ânsias de Altura e Abismo, Tinham raízes banalíssimas de egoísmo.

Que só por me ser vedado Sair deste meu ser formal e condenado, Erigi contra os céus o meu imenso Engano De tentar o ultra-humano, eu que sou tão humano!

Senhor meu Deus em que não creio! Nu a teus pés, abro o meu seio Procurei fugir de mim, Mas sei que sou meu exclusivo fim.

Sofro, assim, pelo que sou, Sofro por este chão que aos pés se me pegou, Sofro por não poder fugir. Sofro por ter prazer em me acusar e me exibir!

Hoje, vos trago minha poesia favorita; por muitos anos a tive na minha cabeceira, para orar: JOSÉ RÉGIO Pseudónimo de JOSÉ MARIA DOS REIS PEREIRA

Senhor meu Deus em que não creio, porque és minha criação! (Deus, para mim, sou eu chegado à perfeição...) Senhor dá-me o poder de estar calado, Quieto, maniatado, iluminado.

Se os gestos e as palavras que sonhei, Nunca os usei nem usarei, Se nada do que levo a efeito vale, Que eu me não mova! que eu não fale!

Ah! também sei que, trabalhando só por mim, Era por um de nós. E assim, Neste meu vão assalto a nem sei que felicidade, Lutava um homem pela humanidade.

Mas o meu sonho megalómano é maior Do que a própria imensa dor De compreender como é egoísta A minha máxima conquista...

Senhor! que nunca mais meus versos ávidos e impuros Me rasguem! e meus lábios cerrarão como dois muros, E o meu Silêncio, como incenso, atingir-te-á, E sobre mim de novo descerá...

Sim, descerá da tua mão compadecida, Meu Deus em que não creio! e porá fim à minha vida. E uma terra sem flor e uma pedra sem nome Saciarão a minha fome.

JOSÉ RÉGIO Escritor, poeta e dramaturgo da literatura portuguesa que publicou mais de 30 obras. Suas produções foram construídas em um tom misticista e refletia problemas relativos ao conflito entre o Homem e Deus. Para ele, a literatura deve ser viva e autêntica. Pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira, foi um escritor português que viveu grande parte da sua vida na cidade de Portalegre. Nasceu a 17 Setembro 1901 (Vila do Conde) / Morreu em 22 Dezembro 1969 (Vila do Conde

Escritor português, natural de Vila do Conde, onde viveu até completar o quinto ano do Liceu, após o que continuou a estudar no Porto.

José Régio, pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira, publicou, em Vila do Conde, nos jornais O Democrático e República, os seus primeiros versos. Aos 18 anos, foi para Coimbra, onde se licenciou em Filologia Românica (1925), com a tese «As Correntes e As Individualidades na Moderna Poesia Portuguesa». Esta foi pouco apreciada, sobretudo pela valorização que nela fazia de dois poetas então quase desconhecidos, Mário de Sá Carneiro e Fernando Pessoa. Esta tese, refundida, veio a ser publicada com o título Pequena História da Moderna Poesia Portuguesa (1941).

Com Branquinho da Fonseca e João Gaspar Simões fundou, em 1927, a revista Presença (cujo primeiro número saiu a 10 de Março, vindo a publicar se, embora sem regularidade, durante treze anos), que marcou o segundo modernismo português e de que Régio foi o principal impulsionador e ideólogo.

Para além da sua colaboração assídua nesta revista, deixou também textos dispersos por publicações como a Seara Nova, Ler, O Comércio do Porto e o Diário de Notícias.

No mesmo ano iniciou a sua vida profissional como professor de Liceu, primeiro no Porto (apenas alguns meses) e, a partir de 1928, em Portalegre, onde permaneceu mais de trinta anos. Só em 1967 regressou a Vila do Conde, onde morreu dois anos mais tarde.

Participou activamente na vida pública, fazendo parte da comissão concelhia de Vila do Conde do Movimento de Unidade Democrática (MUD), apoiando o general Nórton de Matos na sua candidatura à Presidência da República e, mais tarde, a candidatura do general Humberto Delgado. Integrou ainda a Comissão Eleitoral de Unidade Democrática (CEUD), nas eleições de 1969.

Como escritor, José Régio dedicou se ao romance, ao teatro, à poesia e ao ensaio. Centrais, na sua obra, são as problemáticas do conflito entre Deus e o Homem, o indivíduo e a sociedade, numa análise crítica das relações humanas e da solidão, do dilaceramento interior perante a relação entre o espírito e a carne e a ânsia humana do absoluto. Levando a cabo uma auto análise e uma introspecção constantes, a sua obra é fortemente marcada pelo tom psicologista e, simultaneamente, por um misticismo inquieto que se revela em motivos como o angelismo ou a redenção no sofrimento.

A sua poesia, de grande tensão lírica e dramática, apresenta se frequentemente como uma espécie de diálogo entre níveis diferentes da consciência. A mesma intensidade psicológica, aliada a um sentido de crítica social, tem lugar na ficção.

Como ensaísta, dedicou se ao estudo de autores como Camões, Raul Brandão e Florbela Espanca. Na revista Presença, assinou um editorial («Literatura Viva») que constituiu uma espécie de manifesto dos autores ligados a este órgão do segundo modernismo português, defendendo a necessidade de uma arte viva, e não livresca, que reflectisse a profundidade e a originalidade virgens dos seus autores.

Estreou se, em 1926, com o volume de poesia Poemas de Deus e do Diabo, a que se seguiram Biografia (1929, poesia), Jogo da Cabra Cega (1934, primeiro romance), As Encruzilhadas de Deus (1936, livro de poesia e tido como a sua obra prima), Primeiro Volume de Teatro: Jacob e o Anjo e Três Máscaras (1940), Davam Grandes Passeios aos Domingos (novela publicada em 1941 e incluída, em 1946, em Histórias de Mulheres), Fado (1941, livro de poesia com desenhos do irmão Júlio, principal ilustrador da sua obra), O Príncipe Com Orelhas de Burro (1942, romance), A Velha Casa (obra inacabada, mas de que chegaram a sair os volumes Uma Gota de Sangue, em 1945, As Raízes do Futuro, em 1947, Os Avisos do Destino, em 1953, As Monstruosidades Vulgares, em 1960, e As Vidas São Vidas, em 1966), Mas Deus É Grande, (1945, poesia), Benilde ou a Virgem Mãe (1947, peça de teatro adaptada ao cinema, em 1974, por Manuel de Oliveira), El Rei Sebastião (1949, «poema espectacular em 3 actos»), A Salvação do Mundo (1954, tragicomédia em três actos), A Chaga do Lado (1954, sátiras e epigramas), Três Peças em Um Acto: Três Máscaras, O Meu Caso e Mário ou Eu Próprio O Outro (1957), O Filho do Homem (1961), Há Mais Mundos (1962, livro de contos, pelo qual recebeu o Grande Prémio de Novelística da Sociedade Portuguesa de Escritores), Cântico Suspenso (1968, poesia) e, a título póstumo, Música Ligeira (1970, poesia), Colheita da Tarde (1971, poesia) e Confissão Dum Homem Religioso (1971, obra de reflexão).

Na sua obra ensaística, destacam se ainda os Três Ensaios Sobre Arte (1967), que reúnem textos publicados anteriormente, e Páginas de Doutrina e Crítica da Presença, recolha feita por Alberto Serpa, relativamente à colaboração de Régio na Presença (1977).

Partilhou ainda, com o irmão Júlio, o gosto pelas artes plásticas, tendo chegado a desenhar uma capa para a Presença e feito os oito desenhos que, a partir da 5ª edição, ilustram os Poemas de Deus e do Diabo. É considerado, por alguns, como um dos vultos mais significativos da moderna literatura portuguesa.

Recebeu, em 1961, o prémio Diário de Notícias e, postumamente, em 1970, o Prémio Nacional de Poesia, pelo conjunto da sua obra poética. As suas casas de Vila do Conde e de Portalegre são hoje museus

Fez parte do movimento denominado Presencismo 1927 1939, movimento artístico literário que marca a segunda fase do modernismo português. Responsável pela revelação de autores como José Régio, Miguel Torga eBranquinho daFonseca, o Presencismo caracteriza se pela emoção estética de suasobras,pelopredomíniodaliteraturapsicológica,buscandosempreuma"literaturaoriginal,vivae espontânea". Concentra princípios defendidos ou simbolizados pela Presença, nomeadamente, a importância da originalidade e do génio artístico, a liberdade na arte, a sinceridade, a rejeição da submissãodaarteaquaisquerprincípiosquenãoosespecificamenteartísticos.

Definição geral: Presencismo doutrina filosófica pós contemporânea, sobre a qual recai todo um arcabouço estrutural padronizado, servindo de liame entre Ciência, Filosofia, Religião e Arte, de modo a formar um modelo de unidade. Assim, essa "base quadrilátera" sustenta e contempla a essência do ser de natureza autoconsciente mista, confusa e antagônica, compondo um todo que lista o conjunto de saberes humanos Daí, temos a "Unidade Presente" como sendo a chave de códigos de acesso para os espaços comuns que coexistem nos divergentes processos construtivos humanos, de modo que ceticismo científico e universalidade filosófica, contrapõem se de forma neutra à religiosidade e à criatividade artística. A esse princípio de dualidade, transfigurado aos pares, que constitui as bases do fundamento presencista é que se evidencia a trajetória multifacetada dessa "pirâmide quadrangular" reunindo um universo mítico, convergindo ao ascendente ponto do vértice, ou ao descendente coletivo em direção à base, a despeito de quais pares conduzem a um ou a outro sentido de direção.

Definição formal: Presencismo, subs. masc.1. Doutrina filosófica dos presencistas, na qual o conhecimento construtivo criador emerge de um espaço com alto grau de entropia onde, em determinados tempos, somente essa autoconsciência coletiva, confusa e complexa é capaz de concatenar relações positivistas, autônomas, onde são enxergados, então, espaços ordenados que passam a existir nesse novo contexto,a partir de uma clarividência de verdades triviais. 2. Conceito einsteiniano, no qual o espaço tempo e a autoconsciência são as bases precípuas para se adquirir um conhecimento gerador de novas idéias. 3. Pensamento no qual acredita se que é preciso ver o lugar certo, na hora certa, para conseguir fazer se presente e tornar se criativo. 4. Sistemática oposição à Inteligência Artificial Forte, pela origem de um ciclo da “geração espontânea” de conhecimento construtivo criador.

Abrir Novos Canais de Participação para aqueles que ficaram fora do orfismo e discutir de forma mais profunda, novas formas de expressão: Experimentalismo: inovar as tematicas e formas de poesia; Literatura viva: Sinceridade, originalidade e Documento Humano.

CentenáriodeAlmeidaGalhardo

AvozpoéticadoMaranhão

Ponta d’Areia [*]

[Ao tempo, de quando, a travessia era feita à canoa, e a Ponta d’Areia uma vila pobrezinha e simples de pescadores.]

Verão, mar e madrugada, peso de sal no corpo, e leveza de brilho na alma... E navios ao largo, postos no canal pelo Severino, Prático da Barra...

Estendidas telhas de limo afundavam meus olhos sem paisagens, e São Luis ficava ilhada pelo muro do Cais da Sagração...

Vejo me entre os navios, que jorravam pelas vigias água fervente saídas das caldeiras; e os barquinhos a passarem por eles, quase entornados...

Vejo me junto ao meu pai, quando chegava à tardinha com o barqueiro “Pedro Olhudo”, comandante de canoa a vela, com panos em cores e remendos...

Vejo me ao lado de minha mãe a fritar peixes no azeite de côco, e a cozer arroz de leite para o jantar... Depois, o sono e o ninar das ondas, e à espera do Touro Encantado que viria dos Lençóis, com alguma mensagem del Rei Sebastião...

Uma ferroada de maribondo, a me queimar o ombro, como se fosse fogo, e a voz mansa de Lenir, minha mãe preta, a rezar comigo e a contar me histórias de Donana Jansen e das visagens e “mangudas” dos Remédios...

FERNANDO BRAGA
POR ONDE ANDARÃO, E O QUE MAIS FIZERAM ANTOLOGIA - MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS DILERCY ARAGÃO ADLER LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ (ORGANIZADORES) São Luis do maranhão 2013

FUTURO DE MAGIA

O amanhã ia além de dormir e acordar! Era um futuro de magias. Que ele expressava em cada poesia.

Retratava seus ideais seus Encantos, seu amor por sua Terra os olhos verdes da amada Em versos e melodia.

Em terra de grande batalha Caxias saía vitoriosa, mas A maior de suas conquistas nascera Ainda ia!

Um simples homem se tornaria Mas o acaso da vida! Em águas reluzentes sua vida sumiria.

GONÇALVES DIAS

Gonçalves Dias ele era poeta É assim que se liberta.

Gonçalves Dias é o nosso interesse É a nossa saudade é uma paisagem.

Gonçalves somos nós E você lutando para o Maranhão crescer. Gonçalves era um escritor Trabalhava com paz e amor.

Gonçalves é orgulho É a nossa paixão, Ta no coração E no Maranhão

ALANNA VERDE RODIGUÊS – São Luis – MA – BRASIL 26/09/2001. Pelo prazer de viajar no mundo mágico das poesias e o mundo conhecer! Cursando: 5º Ano Turma: C EPFA Profª Shirle Maklene ALINE FERNANDA MORAES DA SILVA CANTANHEDE São Luís MA BRASIL 13/11/2000. Motivo da participação: Eu gostaria de participar da antologia para prestar uma homenagem a Gonçalves Dias que é poeta do Maranhão que tem riquezas e belezas impressionantes

AMANDA SUELY BRITO DE SOUSA Sãon Luis MA BRASIL 6/09/2001 É o amor por criar poesias e expressar o que sinto. Cursando: 5º Ano Turma: C Profª Shirle Maklene O POETA E SUA HUMILDADE

Um simples poeta nasceu com o coração cheio de sentimento, era humilde, mas tinha força e muita garra, estudou para um dia varias poesias criar e em nosso coração pudesse ficar.

Poeta de verdade para sempre ser lembrado, como homem, cidadão caxiense e amante da vida e da sua terra!Sua vontade de criar, poesias para demonstrar belezas, amores, futuro e o modo certo de amar!

Morreu! Mas muitas saudades ficaram um grande poeta foi e poesia deixou. Poesia verdadeira para serem lidas com carinho em nossa mente ficou!

ARYANE RIBEIRO PEREIRA São Luís MA BRASIL 10/07/2001

Motivo da participação: Eu gostaria de participar da antologia para ser reconhecida pela poesia que fiz. CANÇÃO DO EXÍLIO

Minha Terra tem riqueza, Onde encantou o sabiá Lá eu conheço todo lugar.

Nós não temos mais bosques, Pela poluição, Mas eu tenho fé em São José e São João.

Em cismar sozinho à noite, Pois à noite eu vou à praia Apreciar a Beira Mar, Pois minha Terra tem riqueza, Onde encantou o sabiá.

BEATRICE PALMA Curitiba PR BRASIL 25 de julho de 2002. Tem 10 anos, é estudante do 6º ano do Ensino Fundamental e foi vice campeã do Projeto de Soletramento do Governo Municipal de Guarapuava/Pr. Adora literatura e escreve textos poéticos.

SOLIDÃO

Um homem... um dia a uma mulher se apaixonou. mas não podiam ficar juntos.

Esse mesmo homem, um dia então... ficou doente. Uma doença de tristeza na qual a cura estava bem longe. Foi pra lá e encontrou a mulher que um dia tinha se apaixonado. Este homem voltou de navio, mas sofreu um naufrágio... e teve que partir...

o único esquecido, doente, sozinho...

GONÇALVES DIAS

Homem dos nossos dias Com pureza e amor Que encanta a natureza Onde beija o beija flor

No cantar dos pássaros No raiar da esperança Vem contar em seus contos Que o sabiá cantou

Gonçalves Dias poeta Valente, carente e contente Que incendeia seus versos Com contos estrelados Que busca no rosto cansado A alegria dos enamorados

Gonçalves Dias nasceu em Caxias Na sua terra querida Se formou na universidade Para mostrar sua qualidade Com amor no coração Onde busca a paixão Na terra onde tem palmeiras Vem dizendo bela natureza Com alegria e pureza Escreveu poesia Falando da beleza do Maranhão Com orgulho no coração.

O MEU RIO POLUÍDO

O meu rio poluído agora, ta muito Mais se parássemos de poluir, Não poluía nunca mais. As árvores tão caindo, Se esbarrando pelo chão, se cuidarmos dela Teremos boa alimentação. Minha vida é poluída, O chão é muito mais, Como vou fazer pra cuidar dos animais.

CARLA LUDIMILA OLIVEIRA ARAUJO São Luis MA BRASIL 30/08/2011; Eu gosto muito das poesias de Gonçalves Dias. E adoro poesias e gostaria de lançar a minha.

CARLOS EDUARDO PINTO LEITÃO São Luis MA BRASIL - 21/02/2002 Motivo da Participação: Homenagear um homem que hoje esta sendo reconhecido através de suas poesias é gratificante. Cursando: 5º Ano Turma: C Profª Shirle Maklene

UM GRANDE POETA

Gonçalves Dias um grande escritor. Homem de muitas riquezas nos deixou. Poeta que desperta saudades dos versos de amor.

No mundo sempre escrevia suas emoções. Suas emoções ele expressava. Homem de muitas viagens. Em cada verso o amanhã sorria!

Motivo da Participação: Reconhecer a importância da poesia na vida dos seres humanos como ferramenta de divulgação dos sentimentos e comportamento da sociedade onde está inserido

GONÇALVES DIAS

Filho de Português com cafuzo Nasceu de uma união não oficializada Por isso sua mãe foi abandonada por seu pai que foi morar Com outra amada.

Gonçalves Dias

Tinha alegria tinha amor o dom que Deus criou Escreveu poesias Com muitas sabedorias Para nossa alegria.

Poeta do Maranhão

Despertava muita emoção Para o povo desta nação com sua dedicação.

Tenha orgulho de nascer Na terra de Gonçalves Poeta do povo maranhense Levou os encontros da gente Para o mundo conhecer.

Viva Gonçalves Dias! Eterno poeta do amor Na Academia de letras Eternizado com descido valor.

DALCIENE SANTOS DUTRA São Luís MA BRASIL 12/03/ 2002

A ANTÔNIO GONÇALVES DIAS

Chorou de tristeza

Ao perder a filha querida Ao ausentar se da terra natal

Ao perder o amor da sua vida!!!

Com tanta criatividade, deixou muitas saudades... nunca iríamos esperar sua ida.

Pois é:

Choramos hoje a sua partida Mas nos alegramos por tê lo tido entre nós!!!

Obrigado Gonçalves

Por ter deixado milhares de emoções Com seus poemas e Canções...

POESIA DE (GONÇALVES DIAS)

Gonçalves Dias foi um professor, Um poeta um escritor. Fazendo poesia com Paixão e muito amor.

O pai dele foi comerciante, Educado e um bom ajudante, Que se chama João Manuel Gonçalves Dias ele era português.

Num país de paixão do coração

Gonçalves Dias nasceu no Maranhão No estado de amor e paixão Vai sentir saudade e paixão, Do que ele viveu no Maranhão.

DANIEL VICTOR ADLER NORMANDO ROMANHOLO. São Luís MA BRASIL 23/10/1998. Mora em São Carlos São Paulo e cursa o 9º ano no Colégio Interativo. Tem participação em “ASAS DE UM SONHO por um mundo melhor”, obra coletiva dos alunos da EMEB Angelina D. de Melo e EMEB Ermantina C. Tarpani, São Carlos SP, 2008. É co autor (juntamente com João Marcelo Adler Normando Costa e Dilercy Aragão Adler), do livro Infantil, “Uma história de Céu e Estrelas, São Luís MA, 2011. DIONNATAN PEREIRA SOUSA São Luís MA BRASIL 01/07/2002 Motivo da Participação: Eu gostaria de participar da antologia porque eu quero ser conhecido pela escola e outros lugares.

ELANE CRISTINA P. DE ARAUJO São Luís MA BRASIL 04/07/2001

Escola Paroquial Frei Alberto. Motivo da participação: Eu quis participar dessa homenagem porque Gonçalves Dias é Maranhense como eu. Ele falou todos os seus sentimentos nas suas poesias e morreu deixando tudo isso para nós por isso quero homenageá lo

MINHA TERRA

Minha terra precisa de preservação O homem tem destruído Sem nenhuma compaixão.

As aves que ainda restam aqui Voam sem descansar Com pavor do caçador A sua vida tirar.

Nossa vida falta paz Nossos céus quantas estrelas! Nossos jarros faltam flores! Para os homens faltam amores.

Gonçalves Dias Poeta inteligente Pena que morreu Antes de ver sua gente Mais deixou suas poesias Para nos ver feliz e contentes.

FRANCIANE CRISTYNE São Luís MA BRASIL 09/ 11/2001 Motivo da Participação: Divulgar a importância das obras de Gonçalves Dias como meio de divulgação e valorização da cultura brasileira GONÇALVES DIAS

Vamos lá minha gente Vamos todos escutar As poesias deste homem que Eu vou apresentar

Gonçalves Dias é um poeta Era também muito legal Quando ele pegava a caneta Escrevia a poesia genial.

Estudou em Portugal Passou por necessidade Mas nunca desistiu Por seu grande ideal.

Voltou para o Brasil Trabalhou em um jornal Escreveu cantos e teatros De forma nunca igual.

Denunciava as injustiças

Na poesia falava Do navio negreiro Quando a gente chorava.

Falava do amor Da sua terra natal Onde canta o sabiá E as pessoas sabem amar.

Grande Gonçalves Dias Poeta do meu lugar Maranhense berço de ouro Onde canta o sabiá.

MINHA TERRA TEM SUJEIRA

Minha Terra tem sujeira onde cantava o sabiá, Os pássaros que encantavam a aurora Não encantam mais agora.

A paz que existia antes, Agora é zoada de ambulantes, A harmonia que existia na pista Agora é acidentes, com pedestres e motoristas.

A vida do povo sem confusão Agora existe briga e poluição Ao pensar sozinho à noite, Cadê a paz no Maranhão.

Paz e Bem aos maranhenses Que guardo no coração, Terra de povo sofrido, mas alegre eu te digo, Maranhão minha Terra de Paixão.

O POETA DA MINHA TERRA

O poeta da minha Terra de proezas Faz poesias sobre suas belezas Lutou para o bem dos Índios Respeitou sua mãe e a tratou com carinho.

Um poeta que admiro Com muita saudade do Maranhão Fez a “Canção Do Exílio”

Na vinda de Portugal perdeu sua vida, Em uma viagem marítima Poeta de garra e paixão que amava, Sua Terra, o Maranhão.

GABRIEL RUBIM DA SILVA São Luís MA : BRASIL 15/07/2001 Motivo da participação: Eu gostaria de participar da antologia porque gosto muito e acho interessantes as poesias de Gonçalves Dias e me interesso

Nunca largou a poesia, Lutou pelos Índios até o fim de sua vida O Poeta da minha Terra me trás muita alegria, Ele é Gonçalves Dias Que me fez fã da poesia.

GONÇALVES DIAS

Gonçalves Dias foi um professor de Latim, Ele escrevia suas poesias com muito amor, Ele foi um exemplo de cidadão Que iluminou o Maranhão.

Ele foi filho de um comerciante, Com sete anos virou estudante, Com doze anos saiu de casa foi para faculdade Formou se em autoridade, Ganhou a décima quinta cadeira em atividade.

O pai dele era João que comia arroz com feijão Para seu filho nascer fortão, Sua mãe era doméstica Quando era aniversário dos seus filhos Fazia muita fantasia.

GABRIEL WENDERMULLER P. AMARAL São Luís MA : BRASIL 08/01/2002. Motivo da participação: Eu gostaria de participar da antologia porque eu quero ser reconhecido pelo meu trabalho que fala sobre minha capital.

*Mhario Lincoln (Mediador)

Tive o privilégio de encontrar, numa estante onde se lia “Grandes Poetas”, aqui em Curitiba, numa livraria da Rua XV, o livro de José Sarney. Imediatamente fui ao encontro do poeta, dividindo o ao meio, numa tentativa de separar o político do lírico, o homem público do feitor de versos, onde, em alguns poemas subliminares, Sarney recicla infortúnios da vida pública e pessoal, convertendo os em humus, a fênix orgânica da vida: “Dias de glórias e clarins/noites de suicídios./ Dias de paz, saúde e esperanças/ noites de guerra e desamor./ A tudo rendi graças,/ no vau dos dias”. Perfeito! Era o mote para entrevistá lo através de seus versos. Sei que tal atitude minha vai agradar alguns e desagradar outros. Porém, acredito que tenha criado uma forma de conhecer mais fundo o poeta, através do que ele expõe, publicamente, em seus livros. Afinal, respira se DNA em “Saudades Mortas”.

Ele consegue a proeza de nos repassar momentos líricos que impressionam, como se ali fosse contada uma história pessoal de amores, dores e glórias. Foi por isso que escolhi esse livro para com ele, conversar nesta inédita entrevista, onde o interlocutor é a matéria dinâmica, escrita em parágrafos solfejados diante de uma partitura insone: “As espatódeas (...) quando morrem,/ permanecem vermelhas/ para enfeitar/ os gramados secos/ nos frios de julho (...)”, às págs. 77.

No fundo, quis ler, ouvir e analisar o pensamento do intelectual José Sarney, onde versos bárbaros se misturam a decassílabos, redondilhas menores ou hexassílabos, no caldeirão da magia da prosa poética, que surfa literalmente em redemoinhos quase fantásticos, dispostos a nos contar fatos, momentos e histórias íntimas. “Voilà, poeta!”

Bem vindo José Ribamar Ferreira de Araújo Costa, o José Sarney, amado por uns, odiado por outros, nas cercas limítrofes, cármicas e ideológicas de cada um.

Entrevista Virtual com José Sarney, na hermenêutica do livro "SAUDADES MORTAS" Inicia se, com José Sarney, uma série de "Entrevistas com Livros", seção criada e mediada pelo jornalista Mhario Lincoln Por: Mhario LincolnFonte: Mhario Lincoln Montagem MHL (Fotos google). (Respostas resgatadas da Edição de 2002/Editora ARX/ ISBN: 85 354 0247 0)

"Serei eterno, sem peso para trás, nem sonhos para longe". (Às pgs. 131).

Mhario Lincoln: O que lhe sobrou da Infância, José Sarney?

José Sarney: Canas, as flores selvagens. Caducas trepadeiras, espinhos podres. Ramadas de são caetano. Os velhos quintais chorando de abandono, as cercas apodrecidas, currais aleijados e, no céu, uma cor diferente. Pela primeira vez vi o infinito: ele era da cor das estrelas. (Às págs. 31).

MHL: Por que voltou?

Sarney: Abandonei os frangalhos para voltar. Largar o passado, o céu e as amarras. Recolher os agasalhos desse sonho de garras, tronco e galhos. Abandonar os campos de mostarda, o eterno das feridas, o medo de sorrir. Voltei. Conta me, S.Luís, histórias do passado e deixa me chorar nos rios do teu corpo. Serei eterno, sem peso para trás, nem sonhos para longe. Tenho uma noite, uma estrela e o tempo de rever te. Abram se as barrancas das velhas amizades e a lembrança das moças que amei. (Às pags. 131).

MHL: Mesmo com tanta gente ao seu derredor, já sentiu o amargor da solidão?

Sarney: Esbarrei andarilho em tristes olhos. Monólogos de outros. Perambulam nos lábios e na multidão que corta os sinais. Solidão, sem mão a quem apertar, verso para dizer, olhar para olhar cada coração abrir, olhos, bocas, ouvido, nada. Solidão do silêncio, corrosão do afeto, convite repetido para morrer, relâmpago de um instante em que o mundo se apaga. Solidão da cidade vazia, do domingo deserto, da cortina fechada, do encontro não marcado. O passar um carro, um ruído longe, um som de violino, uma televisão ligada. No bar do hotel, uma mulher espera um encontro com um homem que não chega e fuma um charuto com lembranças da Jamaica. (Às págs 145).

MHL: Na espontaneidade de seus versos, há muita coisa que cala fundo, quando o mote revive momentos antanhos. Fale me, pois, sobre um desses momentos: o de sua partida para o futuro. Deixando a rua de barro, de cavalos e de peixes lodosos….

JS: Nasci nesta rua de cavalos; comi pó e barro, peixes de água lodosa, pescados nas madrugadas molhadas. Vieram dias que docemente me induziram a viver, e vivi. Buscando forças que me levaram a partir e nelas fui embora como quem apanhava um barco de velas para enfrentar o mar. Estou íntegro. Sou carne do meu sonho e alma do meu encanto que amou, conheceu o medo, a salsa, a alegria, e a chama dessa luz que se apagou no vento azedo da maresia do tempo. (Às págs. 33).

MHL: Pode um poeta amar sem amor?

JS: “Na cama, entregue a sonhos e lembrares, delírios de histórias e antigas perdições. O relembrar desejo e tentações desse corpo de glórias e cantares. Recordar na carícia dos amares tudo que se acabou no mar das ilusões, os seios tristes e mortas seduções do encontro e do perder se nos vagares. Gastar o tempo e o gosto de sentir o não sentir do próprio suspirar entre gestos e gestas de mentir. Sussurrar e repetir, beijar, o construir do nada entre sorriso e dor: o gosto amargo do amar sem amor. (Às págs 111).

MHL: Como seria então algo que descrevesse o amor, amado, de um poeta?

"Entrevistas com Livros" é marca depositada.
A ENTREVISTA

JS: Amo por que te amar, porque de amor não se pergunta, para amar o amor sem perguntar, se é sombra e fantasia o desejo e o sonho de buscar. Encantos e sendas que andei sem encontrar quente corpo entre tardes e noites de juntar a tua carne à minha neste gosto do forte renovar o amor amado, peles agarradas, uma só carne e chamas. (Às págs. 85).

MHL: Sobre a Canção Maior para Roseana?

JS: “Há em minha sombra, agora, a claridade de pequeninos gestos construindo o tempo, invadindo o campo dos meus olhares com as nuvens de pássaros, as canções vivas de aboios velhos, garças, guarás vermelhos de asas abertas, pássaros boiando no espaço riscando nomes, em tudo: a presença de teus olhos, filha. Já o barco da noite me descobre com falas de acalanto e lendas nascem, os príncipes, dragões e estrelas onde o lago é mágico e existe o fantástico jogo das histórias simples para os teus ouvidos. A velha bruxa, danças e modinhas e o polichinelo governa o tempo navegando nas águas da tua companhia. Há no meu olhar nas tardes, nas manhãs nas ruas, nas casas, no mar, o espaço, a vida e o encanto de tua lembrança. Todas as coisas trazem teus pequeninos olhos e as árvores, os pássaros e os incensos falam de tua inocência. E a madrugada com teu chamado ao mundo, na menina que saúda o dia, arranca a palavra Amor dos seus abismos para entregá la indestrutível e pura a tuas pequeninas mãos. Anjo e pássaro agora sou. O teu sorriso me prolonga além do dia, além da noite, além da morte, e chega aos infinitos da esperança porque agora, está em tudo, nas minhas mãos, no meu andar, no meu morrer, no meu silêncio, nas minhas lágrimas, na face do mundo: o sorriso de Roseana. S.Luís, 9.09.1953. (Às pags 129).

UIMAR JUNIOR FALA SOBRE GRAÇA ARANHA E COBRA MAIS RECONHECIMENTO

Uimar em montangem com Graça Aranha

"CURIOSIDADE: Graça Aranha foi o único fundador e escritor que estabeleceu uma ligação com a Academia Brasileira de Letras, sem ter publicado uma obra."

Livro de Graça Aranha O MEU PRÓPRIO ROMANCE : Edição comemorativa aos 150 anos de nascimento de escritor. (5° edição/EDUFMA). O livro encontrei na última Feira do Livro de São Luís ,do ano passado, na Praça Maria Aragão. Não lembro a livraria , só sei que olhei de longe em um emaranhados de livros . Só tinha ele e eu doido para comprar mais.

PORQUE GRAÇA ARANHA NÃO TEM O RECONHECIMENTO MERECIDO NA SUA PROPRIA TERRA. NEM ESTÁ ENTRE OS ILUSTRE BUSTOS DA PRAÇA DO PANTHEON???... SERÁ QUE AINDA ATÉ HOJE NÃO É VISTO COM BONS OLHOS DEPOIS DA FRASE :

“Se a Academia se desvia desse movimento regenerador, se a Academia não se renova, morra a Academia!”

“A Academia Brasileira morreu para mim, como também não existe para o pensamento e para a vida atual do Brasil. Se fui incoerente aí entrando e permanecendo, separo me da Academia pela coerência.” Seu romance "Canaã" abriu o período Pré Modernista, compreendido entre 1902 e 1922. Além de apresentar o grupo modernista aos patrocinadores da Semana de 22, fez o discurso inaugural do evento. Filho de Temístocles da Silva Maciel Aranha e uma das filhas do Barão de Aracati, Maria da Glória de Alencastro Graça, cresceu em meio a uma família abastada do Maranhão.

Graça Aranha se graduou em direito pela Faculdade do Recife e exerceu cargos na magistratura e na carreira diplomática. Como diplomata, serviu em Londres, com Joaquim Nabuco, e foi ministro na Noruega, Holanda e na França, onde se aposentou.

Assumiu o cargo de juiz de direito no Rio de Janeiro, ocupando depois a mesma função em Porto do Cachoeiro (hoje Santa Leopoldina), no Espírito Santo. Nesse município ele buscou elementos necessários para criar sua obra mais importante, Canaã. Esta é um marco do chamado pré modernismo, publicada em 1902, junto com a obra Os Sertões, de Euclides da Cunha.

Graça Aranha apresentou uma visão filosófica e artística assimilada de fontes muito diferentes e às vezes contraditórias.

A 17 de julho de 1919, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada; a 1 de março de 1920, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar de Cristo, ambos das ordens honoríficas portuguesas.

Participou da Semana de Arte Moderna de 1922, sendo um dos seus organizadores, quando pronunciou o texto A Emoção Estética na Arte Moderna, defendendo uma arte, uma poesia e uma música renovadas com algo do "Espírito Novo" apregoado por Apollinaire.[carece de fontes] Rompe com a Academia Brasileira de Letras em 1924, a qual acusou de passadista e dotada de total imobilismo literário. Ele chegou a declarar "Se a Academia se desvia desse movimento regenerador, se a Academia não se renova, morra a Academia!".

Encontra se colaboração da sua autoria na revista luso brasileira Atlantida (1915 1920).

Pesquisa feita por mim que talvez poucos sabem :

No primeiro concurso promovido pela Fundação Graça Aranha (relativo a 1930), o romance premiado foi O QUINZE, de Raquel de Queiroz(1910 2003), que em 1977 se tornaria a primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letra .

Graça Aranha antes de completar 15 anos de idade, em 1882, conseguiu permissão governamental para cursar a faculdade de Direito. Nesse mesmo ano, começou o curso de Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito do Recife.

Durante a graduação, mostrava se um defensor da abolição e da república. Após a formatura, em 1886, o jovem advogado se mudou para o estado do Rio de Janeiro.

Em 1897, foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Em seguida, iniciou sua carreira diplomática, e, nas duas primeiras décadas do século XX, atuou em países europeus. De volta ao Brasil, em 1921, teve seu primeiro contato com os novos artistas de São Paulo, quando visitou a exposição Fantoches da Meia noite, de Di Cavalcanti (1897 1976

GRAÇA ARANHA FOI PRESO

Participou da organização da Semana de Arte Moderna, em 1922. Nesse mesmo ano, ocorreu uma revolta militar contra o candidato eleito à presidência Artur Bernardes (1875 1955). Assim, no dia 6 de julho desse ano, Graça Aranha foi preso, e ficou detido por quase um mês, como suspeito de conspiração.

Depois de ser solto, foi convocado novamente pela polícia. Temendo nova prisão, fugiu para o interior de São Paulo. Dois anos depois, o escritor voltou a ser notícia ao pedir afastamento da Academia Brasileira de Letras, pois entendeu que ela não admitia reformas ou qualquer tipo de renovação.

Graça Aranha, que morreu em 26 de janeiro de 1931, no Rio de Janeiro, casou se, ainda na juventude, com Maria Genoveva de Araújo, porém, em 1928, separou se dela, não oficialmente, para viver com Nazareth Prado, por quem era apaixonado. Parte da história desse relacionamento amoroso está no livro Cartas de amor, publicado em 1935, que reúne as cartas que ele enviou para ela entre 1911 e 1927.

Canaã

Em 1902, Graça Aranha lançou o romance “Canaã”, fruto das impressões colhidas em Porto Cachoeiro, no Espírito Santo, observando o contraste entre a população nativa e os imigrantes alemães.

Tudo gira em torno de dois personagens imigrantes alemães, com diferentes visões de mundo. Enquanto Milkau acredita na humanidade e pensa encontrar a "terra prometida" (Canaã) no Brasil, Lentz tem dificuldade de se adaptar à realidade brasileira, voltada para a superioridade germânica e para a lei do mais forte.

À semelhança dos Sertões, de Euclides da Cunha, Canaã agitou os círculos letrados do país, quando de sua publicação. Tratava se de um tipo de romance desconhecido no Brasil: o romance ensaio, o romance de tese.

O Pré Modernismo abrangeu o período literário compreendido entre a publicação do romance Canaã de Graça Aranha, em 1902, e a realização da Semana de Arte Moderna, em São Paulo, em 1922.

Como época de transição que foi, no Pré Modernismo coexistiram tendências conservadoras, com tendências renovadoras. O nacionalismo pré modernista teve Graça Aranha como seu ponto de partida. Autores como Euclides da Cunha, Lima Barreto, Monteiro Lobato e Coelho Neto já representavam um momento de transição.Se

Em 1920, Graça Aranha regressou ao Brasil, convencido de que a literatura brasileira precisava mudar. Passou a integrar o movimento que revolucionou o país, a Semana de Arte Moderna.

Além de ter feito a palestra inaugural do evento, intitulada "O Espírito Moderno" no dia 13 de fevereiro de 1922, foi ele quem indicou o caminho do dinheiro aos intelectuais que queriam fazer um evento para divulgar as artes e teorias modernistas (a ideia do evento partiu do pintor Di Cavalcanti).

Uimar e Fátima.

Entrevista Exclusiva/Direto de San Francisco, na Califórnia

A convite da Mulher Babaçu, o ator performista Uimar Junior se vestiu de Pássaro Rangedor para entrevistar uma das maranhenses ilustres que reside há muito tempo em San Francisco na Califórnia, seguindo o programa de trazer a esta coluna figuras ilustres que moram fora de seu estado de origem. No assunto, o Mundo da Diversidade em San Francisco, na Califórnia. Fátima fala muitas coisas interessantes. Inclusive confidencia uma coisa que muitas pessoas não sabiam: a estátua "O Pensador", de Auguste Rodin, a original, não está no Museu do Louvre, em Paris, como se pensava. Mas, em um local privilegiado na cidade de San Francisco. Essas e outras histórias Fátima conta com experiência de quem já mora por lá há muito tempo. Lá, também, foi criada a famosa Bandeira do Arco-íris, símbolo dos movilentos de liberdade e respeito, sexuais. Quem é Fátima Melo?

Maria de Fátima Pereira de Melo de Faria nasceu no dia 04/01/1954 em São Luís MA. Sempre estudou em escolas públicas e somente em uma escola privada quando concorreu e foi selecionada para uma bolsa de estudos. Os dois Cursos Superiores(Direito e Hotelaria) foram feitos na Universidade Federal do Maranhão. O sonho de morar na América veio desde seus 15 anos quando iniciou o Curso de Inglês e, na época, fez o teste de intercâmbio cultural para vir morar por seis meses com uma família Americana. Infelizmente seus pais não puderam arcar com os custos da viagem.

Fátima Melo.

Aos 17 anos, participou do I Festival de Música Popular do Maranhão com a música “Passeata”, de sua autoria. Ficou entre as 15 classificadas e teve a honra de receber nos bastidores do palco o poeta Bandeira Tribuzi que veio lhe parabenizar. No mesmo Festival, o poeta apresentou sua música “Louvação a São Luís”, que mais tarde tornou se o Hino oficial da cidade. Aos 18 anos decidiu fazer o primeiro curso de pára quedismo realizado em São Luís, o que deixou sua mãe desesperada e seu pai, mente aberta, morto de feliz. Trabalhou na atividade jurídica bancária por 25 anos, e ao mesmo tempo mantinha seu Escritório de

EXCLUSIVO: Mulher Babaçu convida a maranhense Fátima Melo San Francisco/EUA para entrevista

Advocacia. Foi Diretora Social do Iate Clube de São Luís por 2 mandatos, quando decidiu realizar eventos voluntários em prol de entidades filantrópicas, tais como a Escola de Cegos e, posteriormente, para a Associação Lar de Maria que assiste as crianças filhos de hansenianos. Os anuais Chás de Amizade, com renda voltada para essas entidades, tornaram se famosos.

Casou, divorciou, teve 2 filhos e só então, aos 48 anos, o sonho de morar na América foi realizado. Pediu as contas do Banco, fechou seu escritório e, em outubro de 2003, foi se aventurar em San Francisco, Califórnia, sozinha, com a cara e a coragem. Cansada de escritórios e burocracias, decidiu trabalhar com crianças, o que muito aliviou sua solidão. Na América, casou e, três anos depois, ficou viúva e adquiriu a cidadania Americana. Também em Faculdade Pública, fez na América o Curso de Pedagogia voltado para a defesa da criança, Child Development Advocacy, que, juntamente com boas referências das famílias Americanas, abriram as portas para excelentes trabalhos na área infantil. Bom humor, solidariedade, humildade, respeito e amor ao próximo, são suas marcas registradas.

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Pássaro Rangedor

A história do Pássaro Rangedor, criado pelo performer Uimar Junior é cheia de atos de coragem. Esse personagem foi idealizado por Uimar para defender os locais ameaçados de destruição natural, como, por exemplo, em 2011, quando a área ecológica do Rangedor foi separada para a construção da Assembléia Legislativa do Maranhão, fato que gerou muitos protestos na Ilha de São Luís.

"Foi realmente um paradoxo, pois eles mesmos (os deputados), decretaram uma Lei de Defesa da Reserva do Rangedor e, agora, desfizeram tudo, aprovando a construção de centenas de metros quadrados de cimento armado para a construção desse Gigante Branco", disse, à época, o artista Uimar Junior.

Ao longo dos anos o Pássaro Rangedor tem feito outros protestos, o que reforça a ideologia do artista e os objetivos desse personagem, cuja coreografia (veja no vídeo abaixo, na íntegra da entrevista com Fátima Melo), foi inspirada no voo de aves nativas.

A Cidade de São Luís e muito de seus moradores agradecem demais às ações como essa, disponibilizadas pelo ator Uimar Junior. Tanto que o Pássaro Rangedor (foto) é símbolo da luta em defesa da biodiversidade de São Luís, dos biomas, dos manguezais e de toda a Fauna e Flora, na maioria, ainda ameaçadas pela modernidade incosciente, que tem devastado boa parte do que resta das florestas e dos locais que são relicários e muitos animais, em cujo estuário, se multiplicam.

A ação do Pássaro Rangedor, por isso, é um símbolo dessa luta e assim continuará "enquanto vida eu tiver, defenderei com unhas e dentes a fauna e a flora de minha cidade", diz o ator Uimar Junior.

O QUE VOCÊ SABE SOBRE ANTONIO RAYOL?

Um dos maiores colecionadores da obra de Antônio Rayol foi o padre João Mohana. Ainda em vida ele doou toda sua coleção para o Arquivo Público do Maranhão, localizado na rua de Nazaré, no centro histórico da cidade de São Luís do Maranhão.

Antonio Rayol nasceu em 1863, na cidade de São Luís. Seu irmão Leocádio lhe deu as primeiras aulas de música, inicialmente na viola e depois no violino. Aos 14 anos, tomou parte como violista no concerto de estreia do Teatro da Paz em Belém, sob a regência de Francisco Libânio Colás. Em 1879, começou a compor danças de salão. Três anos depois, iniciou suas aulas noturnas de música em São Luís, além de dirigir sociedades de concerto e realizar soirées em casa, com récitas de música e poesia. Foi professor de cordas da Casa dos Educandos Artífices de 1883 até a extinção desse estabelecimento, em 1889. Em 1890, foi para o Rio de Janeiro tentar carreira como tenor. O sucesso de suas apresentações fez com que o Conde de Leopoldina oferecesse subsídios para uma estadia de seis meses em Milão. Durante seus estudos na Itália, em 1892, participou de um concerto em homenagem ao centenário de nascimento de Gioachino Rossini, regido por Giuseppe Verdi (1813 1901). Retornou para São Luís, e dois anos depois, mudou se para o Recife. Em 1895, tomou parte no Festival Carlos Gomes, apresentando se com o compositor, o qual declarou que Antonio foi o melhor cantor intérprete de ‘Il Guarany’. Em 1896, voltou ao Rio de Janeiro, tornando se vice diretor da Academia Livre de Música. Em 1899, fez um festival em Salvador, sendo nomeado professor catedrático e diretor da orquestra do Conservatório dessa capital. Entretanto, deixou o cargo para voltar ao Maranhão em 1900, onde passou a dar aulas no Liceu Maranhense e na Escola Normal. Teve papel fundamental na criação da primeira Escola de Música do Estado do Maranhão, em 1901. Porém, faleceu três anos depois, devido a problemas cardíacos.

Bibliografia

CERQUEIRA, D. L. Audio Arte: memórias de um blog musical. Rio de Janeiro: Edição do autor, 2017.

CERQUEIRA, D. L. O Piano no Maranhão: uma pesquisa artística. Tese (Doutorado em Música) PPGM, UNIRIO, Rio de Jan

https://www.instagram.com/p/CggMSs7sf3s/?igshid=MDJmNzVkMjY=

Rayol e MB MULHER BABAÇU, ESPECIAL REPRODUZ BONS TEXTOS SOBRE FIGURAS IMPORTANTES DO MARANHÃO.

"LITERATURA PARA QUEM?"

"Poesia é um produto de arte, como é uma música, como é um filme, como é uma peça de teatro, uma tela de pintura, etc. Ao escrever um conto ou um poema, o autor deve pensar o seguinte: “para quem estou escrevendo?”

No início do Século XX, quando Coelho Neto, candidato a vereador no Rio de Janeiro, perdeu a eleição, Arthur Azevedo ironizou o sistema eleitoral brasileiro, dizendo, em tom de galhofa, que havia mais candidatos que eleitores na Capital Federal.

Passados mais de 100 anos dessa galhofa do comediógrafo maranhense, um poeta de Maracaçumé publicou um texto num portal de São Bento, afirmando que tem a impressão de que no Maranhão há mais poetas que leitores.

Se a afirmação de Arthur Azevedo deve ser vista como galhofa, o enunciado do poeta maracaçumeense deve ser visto com uma boa dose de preocupação. Sim, no Maranhão ultimamente há uma sensação generalizada de que não faltam bons poetas (nem maus!). O que falta são os leitores. Um acadêmico da AML (que pediu para não ser citado neste pequeno texto) disse, num evento literário, que, muitas vezes, o lançamento de um livro é, ao mesmo tempo, certidão de batismo e certidão de óbito, porque o livro nasce e morre no mesmo dia. O autor se lança no meio literário e continua ainda inédito, porque para a maioria ele nunca publicou uma única obra.

Há uma lei que serve para qualquer produto, inclusive a poesia, que não é mais que um produto de arte. “Quando a oferta é maior que a procura, o produto tende a se desvalorizar”. Essa é uma máxima da economia.

Então que fazer? Parar de escrever e deixar as pessoas com sede de poesia, para valorizar o produto literário? Certamente não é o melhor caminho.

Machado de Assis, usando o autor defunto de Memórias Póstumas de Brás Cubas, lamentava, no “Ao Leitor” de seu romance, a, talvez, completa ausência de leitores. “Que Stendhal confessasse haver escrito um de seus livros para cem leitores, coisa é que admira e consterna. O que não admira, nem provavelmente

Dino Cavalcante, convidado APB Dino Cavalcante, coordenador do curso de Letras da UFMA *

consternará, é se este outro livro não tiver os cem leitores de Stendhal, nem cinquenta, nem vinte, e quando muito, dez... Dez? Talvez cinco.”

Essa sensação terrível deve passar pela cabeça de muitos poetas maranhenses: Escrever para quem?

Poesia é um produto de arte, como é uma música, como é um filme, como é uma peça de teatro, uma tela de pintura, etc. Ao escrever um conto ou um poema, o autor deve pensar o seguinte: “para quem estou escrevendo?” O que todos sabem, desde criança, é que um escritor escreve para alguém, nunca para si mesmo.

Então, antes de se lançar no papel em branco ou na tela de um computador, devemos, antes de qualquer coisa, pensar: eu vou escrever para quem? Para pobres, ricos, jovens, alunos, leitores inexperientes, leitores acostumados com o texto poético, etc. Essa questão é essencial.

Humberto de Campos tinha certeza de que o seu público leitor era o mais abrangente possível, incluindo até mesmo os semianalfabetos, que devoravam o seu texto através de leitores com competência linguística. Ao contrário, Guimarães Rosa sabia, desde a primeira linha de seu romance Grande Sertão: Veredas, assim como Sousândrade, desde o primeiro verso do seu épico O Guesa Errante, que os seus leitores seriam os mais experientes possíveis. O leitor acostumado a textos fáceis desistiria como um pobre desiste de comprar um produto, quando descobre que o valor é muito além de suas possibilidades financeiras.

Isso acontece mais visivelmente com a música. Basta uma rápida pesquisa no YouTube para ver a quantidade de acessos a músicas muito populares e a quantidade de visualizações para músicas ditas mais refinadas. As primeiras geralmente passam de 10, 50, 100, 300 milhões de visualizações. As outras, quando muito, chegam a 100 mil; outras, apenas a 2 mil.

Urge, pois, criar consumidores para poesia, para o conto, para o romance, para a crônica, para o texto de teatro, para o cordel, para trova, etc. Temos uma das literaturas mais ricas do Brasil. É preciso, fazer o que o mercado faz com os seus produtos. Muitas vezes, um consumidor não precisa de um produto específico, mas, de tanto receber informações que aquilo é muito importante, que todos têm, etc., o cidadão vai até uma loja, ou pela internet mesmo, adquire o “objeto do desejo”, que muitas vezes não precisava e nem vai precisar.

Com o livro, com a poesia, precisamos fazer o mesmo. Precisamos colocar na cabeça de nossos alunos que a literatura é essencial, tanto quanto a música, como a televisão, quanto o jogo de futebol, quanto o filme, etc.

Em depoimento recente, o professor Darville Lizis, que leciona no Estado do Rio de Janeiro, afirmou: “Pensava eu, pobre de mim, que a escola seria um lugar estratégico de incentivo à leitura. Mais de uma década e um lustro depois de estrear no magistério, percebi que a falta de interesse (tempo? vontade?

Professores Dino Cavalcante e José Neres em lançamentos recentes.

razão?) pela leitura não está delimitada somente aos alunos. Os professores pouco leem também.Daí, uma solidão pesada e triste me derruba. Não tenho interlocutores no meu ambiente de trabalho. Todos viramos autômatos. Precisamos, seriamente, falar sobre isto!”

Mas esse é um trabalho que não terá êxito se apenas for feito pelos autores escritores e poetas. Assim como no mercado há uma pesada campanha publicitária, inclusive com apoio do governo e da sociedade civil, há que se fazer com a literatura. Governo, sociedade e autores precisam entender que a literatura, como dizia Fernando Pessoa “como toda a arte, é uma confissão de que a vida não basta”.

Há quem defenda um outro caminho, além da propaganda. Samara Santos Araújo, por exemplo, acredita que o caminho é “mostrar ou inserir a literatura em todos os espaços. Para os poetas de hoje, versos viralizados no Tik Tok teriam mais força, mais visibilidade, mais consumidores... sem deixar de ser literatura. O produto deve estar no alcance do consumo. As obras literárias ainda seguem uma ordem de manutenção de supremacia simbólica, é necessário um deslocamento desse domínio estético.”

Se nada for feito, lamentamos profundamente, mas muitos escritores e poetas maranhenses não terão nem mesmo os cinco leitores que o Brás Cubas, pessimista como ele mesmo se intitulava, achava que poderia ter.

*Dino Cavalcante é Professor com grande atuação na área de pesquisa e de ensino, Dino Cavalcante lecionou em diversos colégios e universidades, sempre desenvolvendo estudos voltados para o teatro e a prosa do século XIX, centrando seus trabalhos na vida e na obra de Artur Azevedo. Começou sua incursão na literatura com a composição de poemas. Aos poucos, foi se voltando para o a prosa, principalmente para a ensaística.

BIBLIOGRAFIA

Canto Salvagem (Poemas em parceria com Joema Corrêa)

Os Epigramas de Artur (estudo literário, em parceria com José Neres)

O Discurso e as Ideias (Estudos literários, em parceria com José Neres)

Bar Brasil (narrativas curtas).

POETA SHARLENE SERRA

ENTRE O NÓ E VOOS: A MULHER E SUAS NECESSÁRIAS DECISÕES.

Uma pausa, apenas uma pausa para analisar assuntos que falam sobre nós. Lembrei de um jingle de uma empresa: "De mulher pra mulher..." a mente logo completa. Mas sugiro listarmos infinitos nomes de mulheres, pois não me refiro a uma, mas sim a várias, posso até dizer que o assunto é de todas!

Falar de nós mesmas é algo desafiador, mas necessário. Sabemos que ainda com todo empoderamento apresentado, existem muitas mulheres que preferem esconder se diante de seus próprios questionamentos, para alimentar se de uma utopia, ou acreditarem que um dia terão coragem para fortalecerem suas asas, algo que não foi feito quando estavam no casulo sendo preparadas para o voo. Vou explicar: aquela ajuda do rasgar o casulo, do abrir as asas, é simplesmente uma forma enganosa de não permitir que as asas se fortaleçam, e assim, manipular, envolver com falsas atitudes e assim, se escondem por trás da calmaria, voz suave e controle disfarçado de preocupação, relacionamentos abusivos que silenciosamente podem matar a autoestima de uma mulher desatenta. Que possamos estar alertas e não permitir se enganar com relacionamentos que não apreciam e querem impedir nosso voo.

Lutamos historicamente para voar em poesia existente na alma e no cotidiano. A multiplicidade faz parte do nosso DNA, e mesmo que existam dúvidas, medos, desafios, a resiliência, as conquistas são frutos de nossas escolhas.

VOO DA DECISÃO

Sharlene Serra

Eu, diante o espelho engulo o nó olho me e não me enxergo

A imagem turva reflete medo angústias receios

Convidada: Sharlene Serra, membro da Academia Poética Brasileira Autorizada apublicação.

E o amor? escorre dos olhos decididos.

Culpada? Não!

Meu amor próprio transcende e quebra o espelho para voar nas asas das minhas próprias decisões. Quem de nós nunca se sentiu inerte diante da sobrecarga e da necessidade de ter que dar conta de tudo, e que se algo não estiver caminhando bem, seja nas questões familiares, casamento, maternidade, somos logo julgadas? Quem nunca se olhou diante de um espelho e dialogou com ele, percebendo a mudanças do corpo e buscando alternativas para alimentar um casamento já falido? Naquele momento, o reflexo de si, precisava não de autocrítica, mas de autoelogio.

Se fossemos fazer uma enquete, muitas mulheres já passaram (e passam!) por este emaranhado de situações e diálogos consigo mesmas; entre a multiplicidade do ser mulher que precisa superar se a cada dia e uma autopunição camuflada, muitas vezes acionada pelo cônjuge , família ou pela própria sociedade que infelizmente ainda a rotula.

O espelho contido no poema, nos desnuda, revela nossos medos, nos rotula, e nos culpabiliza ( se assim permitirmos) mediante as cobranças sociais, fazendo com que muitas mulheres ainda permaneçam justificando suas próprias atitudes, ou não se sentindo preparadas para novas experiências, não por falta de vontade, mas por se sentirem acuadas, pelos valores patriarcais que ainda (infelizmente) existem. Diante da luta que travamos, esse detalhe é asfixiante e real.

O poema está em primeira pessoa, mas sabemos que ele ecoa em muitas mulheres que tiveram de quebrar os espelhos sociais que as julgavam, para poderem libertar se e deixarem prevalecer o amor próprio. Este amor não pode, em hipótese nenhuma, ser ausente, isolar se, ser possessivo, abusivo, negligente, frio. O amor próprio precisa existir para nossa própria sobrevivência e para dar asas as nossas decisões.

VÍDEO BÔNUS

Produção: TV do Facetubes

MARANHÃO SOBRINHO

UIMAR GAMA JUNIOR ROCHA

Boêmio notório e de vida inteiramente desregrada, Maranhão Sobrinho "foi o mais considerável poeta do seu tempo, no extremo Norte, e o simbolista ortodoxo, o satanista por excelência do movimento naquela região", segundo o crítico Andrade Murici.

Criado em Barra do Corda, no interior do Maranhão, conta se que quando criança era irrequieto, brincalhão e levado mesmo da breca, no dizer dos seus contemporâneos. Frequentou irregularmente os primeiros estudos no conceituado colégio do Dr. Isaac Martins, educador de excepcionais qualidades, ardoroso propagandista republicano e abolicionista.

Em 15 de agosto de 1899, com o auxílio paterno, embarcou para São Luís, onde no ano seguinte funda a "Oficina dos Novos" e matricula se com o nome de José Maranhão Sobrinho na antiga Escola Normal, em 1901, tendo para isso obtido a ajuda de uma pequena bolsa de estudo, naqueles tempos denominada pensão. Por motivo de se haver indisposto com alguns professores, em seguida abandonava o curso normal e, sem emprego, aos poucos entregou se à vida boêmia.

Em 1903, impressionados com a vida boêmia que levava em São Luís, alguns amigos mais dedicados o embarcaram, quase à força, para Belém do Pará, na esperança de que ali mudasse de procedimento, trabalhasse e arranjasse meios de publicar seus livros.

Na capital paraense, colocou se no jornal Notícias e passou a colaborar na tradicional Folha do Norte. Bem depressa, tornou se popular nas rodas boêmias e nos meios intelectuais. Colaborou também em jornais e outras publicações de São Luís e de vários Estados, incluindo se entre estas a Revista do Norte, de Antônio Lôbo e Alfredo Teixeira.

Em 1908 funda Academia Maranhense de Letras, unido à plêiade de escritores e poetas locais. Nisso transfere se para a Amazônia onde, residindo em Manaus, passa a colaborar com a imprensa local e torna se membro fundador da Academia Amazonense de Letras.

Sua vida sempre foi boêmia e desregrada, escrevendo seus versos em bares, mesas de botequim ou qualquer ambiente em que predominasse álcool, papel e tinta. Despreocupado pela sorte dos seus poemas, publicou seus livros em péssimas edições sem capricho ou conservação, aos cuidados de amigos e admiradores, deixando esparsa grande parte do que escreveu em jornais, revistas e folhas de cadernos de venda.

Novamente muda se mas para Belém, onde conhece o poeta Carlos D. Fernandes, que havia sido amigo de Cruz e Sousa e pertencera ao grupo da revista Rosa Cruz. Dois anos depois, de retorno a Manaus, lá fixa se como funcionário público do Estado, onde vem a falecer em plena noite de natal, no dia 25 de dezembro de 1915, com apenas 36 anos de idade.

Em Barra da Corda, o seu nome é lembrado oficialmente em uma única praça e pela Academia Barra Cordense de Letras.

DANIEL BLUME EXERCE LADO HUMANO, AO CUMPRIMENTAR A MINISTRA ROSA WEBER, PRESIDENTE

DO CNJ

356ª sessão do Conselho Nacional de Justiça-CNJ 25/09/2022 às 09h34Atualizada em 25/09/2022 às 10h47

Por: Mhario Lincoln Fonte: Mhario Lincoln/Daniel Blume

Na 356ª sessão do Conselho Nacional de Justiça CNJ, sob a presidência da ministra Rosa Weber (STF), recém acontecida, Daniel Blume Pereira de Almeida, ilustre representante federal da OAB MA, foi protagonista de um importante ato discursivo, ao citar condôminos poéticos extraídos de Cartola, “As Rosas Não falam”, “aqui as Rosas falam…” (ele disse) e Joe South “Mar de Rosas” (adaptação do The Fevers).

Então há de se perguntar: Blume fugiu ao tradicional? Fugiu à percepção social em torno do Juiz e de Tribunais? Fugiu aos preceitos do conservadorismo ou do poder do momento soberano?

Eu respondo: absolutamente, não! Porque essas assertivas vêm ao encontro do mesmo foco verbalizado no discurso de Weber, quando diz ser a democracia "(...) uma conquista diária que pressupõe diálogo constante, tolerância, compreensão das diferenças e cotejo pacífico de ideias distintas..". E falo ex cathedra, baseado na afirmação de Peter Häberle, diretor do Instituto de Direito Europeu e Cultura Jurídica Europeia da Universidade de Bayreuth, Alemanha, na obra “Um diálogo entre Poesia e Direito

Daniel Blume com subprocurador geral da República, Alcides Martins e com a ministra Rosa Weber A TOGA, A POESIA E O CONSELHO *Mhario Lincoln

Constitucional”, Saraiva de Direito Comparado, ipsis litteris: "(...) o que seria das Constituições sem os poetas e as poetisas, esses ourives das palavras, escultores dos sentimentos que vivem a lapidar, desde a aurora dos tempos, a existência humana? (...) pouco restaria do Estado Constitucional sem os poetas, as poetisas e sua arte imortal".

E mais: robusteço a essência com G. Lebovits, professor adjunto de Direito, na Columbia Law School, quando ensina sobre a relação Poesia e Direito: "(...) a situação não é inédita nem ilegal e pode, se bem calibrada, revelar se um instrumento capaz, não só de aproximar o Judiciário e o Direito da comunidade como dignificar o discurso jurídico".

De forma natural, Daniel Blume, diante de uma reunião ilibada, quando o CNJ lidava, discutia e opinava sobre as vertentes jurídico sociais, inclusive, recepcionando a nova presidenta, acabou, nesse seu ato espontâneo, ratificando poetica animus todo o vigor e a essência da hermenêutica sócio humanística desta linguagem plena da alma, muito bem delineada personale et non transferri por sua caligráfica vertente poética.

Foi exatamente esse lado humano que também me chamou a atenção nessa histórica reunião do CNJ, inclusive, por ter a ministra Rosa Weber como a terceira mulher, em período democrático, presidindo o aludido Conselho.

Pois bem, isso me levou imediatamente a convidar Charlie Chaplin, para que ele mesmo contribuísse neste texto com sua máxima: “Juízes, não sois máquinas! Homens é o que sois!”

Contudo, na outra ponta de entendimento está João Baptista Herkenhoff: “(...) o encontro do Direito com a Poesia nem sempre é fácil, embora o Direito e a Poesia sejam vizinhos e a Poesia engrandeça o Direito”. Mutatis Mutandi, o que assisti no pequeno vídeo a mim enviado, foi a prova legal e insofismável da sensibilidade silenciosa e atenta, entre ouvintes, conselheiros e conselheiras, todos receptivos, enquanto membros representativos.

Destarte e bem a propósito encerro esta opinião, citando um dos casos mais comentados na comunidade jurídica, desde 1955. Uma conhecida manifestação petitória do lendário advogado Ronaldo Cunha Lima, ao defender um violão, usado por um grupo de boêmios em serenata, apreendido por força policial.

Na petição ao Juiz da Comarca, então, Dr. Roberto Pessoa de Sousa, em versos, Cunha Lima solicitava a liberação do instrumento musical. Abaixo, reproduzo duas quadras:

O instrumento do “crime”, que se arrola Nesse processo de contravenção Não é faca, revólver ou pistola, Simplesmente, Doutor, é um violão. (...)

O juiz ao ler a peça, assim decidiu:

"Emudecer a prima e o bordão, Nos confins de um arquivo, em sombra imerso, É desumana e vil destruição De tudo que há de belo no universo".

Ora, muito mais se tem certeza de que o ato de Blume sentenciar suas palavras com excertos de grandes passagens poéticas, arguidas por respeitadas figuras públicas da MPB, é virtuoso e mereceu da ministra Rosa Weber, agradecimento emocionado. Isso porque a reação da integrante do Supremo é um fato muito positivo não só por ter o lúmen, como por externar algo escondido lá no fundo da toga: a sensibilidade de ser humana, antes de juíza, ratificando as palavras de Chaplin.

Acredito, enfim, que as rápidas palavras de Daniel Blume, na 356ª sessão do Conselho Nacional de Justiça CNJ, ficarão nos anais como uma forma plural e expressiva, como ato de emersão da gota humanística e sensível da ministra Rosa Weber, que, em suas palavras, asseverou: “é o CNJ raiz, que buscamos reforçar (...)”.

Presidente da Academia Poética Brasileira

Sede: Curitiba Paraná/setembro de 2022

ACADEMICOs

PERFIs
2023

de setembro de 2022

Constitui a Comissão da Organização para publicação do 2º Volume do Perfil Acadêmico da ALL, neste ano de 2022.

A Presidente da Academia Ludovicense de Letras ALL, no uso de suas atribuições estatutárias e regimentais, de acordo com a aprovação em Plenário, em 11 de fevereiro do corrente ano.

RESOLVE:

Incluir o acadêmico Leopoldo Gil Dulcio Vaz na Comissão de Organização do 2º Volume do Perfil Acadêmico, da Academia Ludovicense de Letras, para ser publicado ainda no exercício de 2023, ficando assim constituida:

1. Dilercy Aragão Adler, 2. André Gonzalez Cruz, 3. Sanatiel de Jesus Pereira, 4. Leopoldo Gil Dulcio Vaz. São Luís, 02 de setembro de 2022

Presidente da ALL

PORTARIA ALL Nº 005/2022 DE 02
PERFIS ACADÊMICOS 2ª. Edição revista e atualizada ANDRÉ GONZALEZ CRUZ DILERCY ARAGÃO ADLER LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ SANATIEL DE JESUS PEREIRA (ORGANIZADORES) SÃO LUÍS – MARANHÃO - 2023

DA COMPOSIÇÃO

Art. 3° A Academia é composta por:

I membros efetivos;

II membros honorários;

III membros correspondentes;

IV membros beneméritos.

§ 1° Os membros efetivos, denominados Acadêmicos em sentido estrito, sãoos ocupantes das 40 (quarenta) cadeiras do sodalício, na qualidade de fundadores ou eleitos por escrutínio secreto, ludovicenses ou residentes na ilha de Upaon Açu, mais conhecida como de São Luís, há pelo menos 10 (dez) anos, detentores de reconhecido saber ou talento literário ou científico.

§ 2º Os membros fundadores, em número de 25 (vinte e cinco), são aqueles que se fizeram presentes, na posição de organizadores ou mediante convite da presidência da Federação das Academias de Letras do Maranhão FALMA e da Comissão promotora do evento, integrada por representantes do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão IHGM e da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão e do Brasil SCLMA/SCLB, na cerimônia de criação da Academia, realizada no auditório dos Colegiados Superiores do Palácio Cristo Rei a 10 de agosto de 2013, devidamente identificados na respectiva ata de fundação, com base no Livro de Presenças.

§ 3º São membros fundadores da Academia Aldy Mello de Araújo, Álvaro Urubatan Melo, Ana Luiza Almeida Ferro, André Gonzalez Cruz, Antônio Augusto Ribeiro Brandão, Antonio José Noberto da Silva, Arquimedes Viegas Vale, Arthur Almada Lima Filho, Aymoré de Castro Alvim, Clores Holanda Silva, Dilercy Aragão Adler, João Batista Ericeira, João Francisco Batalha, José Cláudio Pavão Santana, José de Ribamar Fernandes, Leopoldo Gil Dulcio Vaz, Michel Herbert Alves Florêncio, Osmar Gomes dos Santos, Paulo Roberto Melo Sousa, Raimundo da Costa Viana, Raimundo Gomes Meireles, Raimundo Nonato Serra Campos Filho, Roque Pires Macatrão, Sanatiel de Jesus Pereira e Wilson Pires Ferro.

§ 4º Os membros honorários são brasileiros ou estrangeiros de notável merecimento cultural, revelando, em obras de cunho literário ou científico, ou ainda em suas atividades profissionais, apreciável interesse pela vida intelectual de São Luís.

§ 5º Poderão migrar para a categoria de membros honorários os membros efetivos com mais de 25 (vinte e cinco) anos de serviços prestados à Academia ou com mais de 80 (oitenta) anos de idade.

§ 6º Os membros correspondentes são profissionais de reconhecido mérito no campo literário ou científico, nacionais ou estrangeiros, não residentes em São Luís.

§ 7º Os membros beneméritos são aqueles que tenham prestado relevantes serviços à Academia.

§ 8° Os membros efetivos, os únicos com direito a voto nas sessões da Academia, ostentam o título em caráter de perpetuidade, ocupando Cadeira própria do sodalício.

§ 9º As cadeiras ocupadas pelos membros efetivos são numeradas e identificadas pelo patronato de figuras notórias da vida cultural e literária ludovicense e maranhense, por ordem cronológica de nascimento, já falecidas.

Art. 4º As cadeiras da Academia apresentam, respectivamente, em caráter de perpetuidade, os seguintes patronos:

Cadeira nº 1 CLAUDE D’ABBEVILLE (Frei)

Cadeira nº 2 ANTÔNIO VIEIRA (Padre)

Cadeira nº 3 Manuel ODORICO MENDES

Cadeira nº 4 Francisco SOTERO DOS REIS

Cadeira nº 5 JOÃO Francisco LISBOA

Cadeira nº 6 CÂNDIDO MENDES de Almeida

Cadeira nº 7 Antônio GONÇALVES DIAS

Cadeira nº 8

MARIA FIRMINA DOS REIS

Cadeira nº 9 Antônio HENRIQUES LEAL

Cadeira nº 10 SOUSÂNDRADE (Joaquim de Sousa Andrade)

Cadeira nº 11 CELSO Tertuliano da Cunha MAGALHÃES

Cadeira nº 12 José RIBEIRO DO AMARAL

Cadeira nº 13 ARTUR Nabantino Gonçalves de AZEVEDO

Cadeira nº 14 ALUÍSIO Tancredo Gonçalves de AZEVEDO

Cadeira nº 15 RAIMUNDO da Mota de Azevedo CORREIA

Cadeira nº 16 Antônio Batista BARBOSA DE GODOIS

Cadeira nº 17 CATULO DA PAIXÃO Cearense

Cadeira nº 18 Henrique Maximiano COELHO NETO

Cadeira nº 19 João DUNSHEE DE ABRANCHES Moura

Cadeira nº 20 José Pereira da GRAÇA ARANHA

Cadeira nº 21 FRAN PAXECO (Manuel Francisco Pacheco)

Cadeira nº 22 José Américo Olímpio Cavalcante dos Albuquerques MARANHÃO SOBRINHO

Cadeira nº 23 DOMINGOS Quadros BARBOSA Álvares

Cadeira nº 24 Manuel VIRIATO CORRÊA Baima do Lago Filho Cadeira nº 25 LAURA ROSA

Cadeira nº 26 Raimundo CORRÊA DE ARAÚJO

Cadeira nº 27 HUMBERTO DE CAMPOS Veras

Cadeira nº 28 ASTOLFO Henrique de Barros SERRA

Cadeira nº 29 DILÚ MELLO (Maria de Lourdes Argollo Oliver)

Cadeira nº 30 ODYLO COSTA, FILHO

Cadeira nº 31 MÁRIO Martins MEIRELES

Cadeira nº 32 JOSUÉ de Souza MONTELLO

Cadeira nº 33 CARLOS Orlando Rodrigues DE LIMA

Cadeira nº 34 LUCY de Jesus TEIXEIRA

Cadeira nº 35 DOMINGOS VIEIRA FILHO

Cadeira nº 36 JOÃO Miguel MOHANA

Cadeira nº 37 Maria da CONCEIÇÃO Neves ABOUD Cadeira nº 38 DAGMAR DESTÊRRO e Silva Cadeira nº 39 BANDEIRA TRIBUZI (José Tribuzi Pinheiro Gomes) Cadeira nº 40 José RIBAMAR Sousa dos REIS MEMBROS FUNDADORES

§ 2º Os membros fundadores, em número de 25 (vinte e cinco), são aqueles que se fizeram presentes, na posição de organizadores ou mediante convite da presidência da Federação das Academias de Letras do Maranhão FALMA e da Comissão promotora do evento, integrada por representantes do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão IHGM e da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão e do Brasil SCLMA/SCLB, na cerimônia de criação da Academia, realizada no auditório dos Colegiados Superiores do Palácio Cristo Rei a 10 de agosto de 2013, devidamente identificados na respectiva ata de fundação, com base no Livro de Presenças.

§ 3º São membros fundadores da Academia Aldy Mello de Araújo, Álvaro Urubatan Melo, Ana Luiza Almeida Ferro, André Gonzalez Cruz, Antônio Augusto Ribeiro Brandão, Antonio José Noberto da Silva, Arquimedes Viegas Vale, Arthur Almada Lima Filho, Aymoré de Castro Alvim, Clores Holanda Silva, Dilercy Aragão Adler, João Batista Ericeira, João Francisco Batalha, José Cláudio Pavão Santana, José de Ribamar Fernandes, Leopoldo Gil Dulcio Vaz, Michel Herbert Alves Florêncio, Osmar Gomes dos Santos, Paulo Roberto Melo Sousa, Raimundo da Costa Viana, Raimundo Gomes Meireles, Raimundo Nonato Serra Campos Filho, Roque Pires Macatrão, Sanatiel de Jesus Pereira e Wilson Pires Ferro.

MEMBROS HONORÁRIOS

§ 4º Os membros honorários são brasileiros ou estrangeiros de notável merecimento cultural, revelando, em obras de cunho literário ou científico, ou ainda em suas atividades profissionais, apreciável interesse pela vida intelectual de São Luís.

§ 5º Poderão migrar para a categoria de membros honorários os membros efetivos com mais de 25 (vinte e cinco) anos de serviços prestados à Academia ou com mais de 80 (oitenta) anos de idade.

MEMBROS CORRESPONDENTES

§ 6º Os membros correspondentes são profissionais de reconhecido mérito no campo literário ou científico, nacionais ou estrangeiros, não residentes em São Luís.

MEMBROS BENEMÉRITOS

§ 7º Os membros beneméritos são aqueles que tenham prestado relevantes serviços à Academia.

MODELO CADEIRA 21

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Curitiba PR, 23 de julho de 1952 Posse: 14 de dezembro de 2013 PATRONO:

FRAN PAXECO

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Nasceu em Curitiba Pr, em 23 de julho de 1952, filho de Loir Vaz e Rachel Dulcio Vaz; casado, três filhas; três netos. Mora no Maranhão desde 1976 e, em São Luís, desde 1979. Técnico em Contabilidade (Colégio Novo Ateneu, 1971); Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993); créditos do doutorado em Ciências Pedagógicas Cuba (não concluído)

Profissão: Professor de Educação Física do IF MA (1979/2008, aposentado); Titular da FEI (1977/1979); Titular da FESM/UEMA (1979/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF MA, desde coordenador de área até Pró Reitor de Ensino; e Pró Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV

14 livros e capítulos de livros publicados; mais de 400 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais.

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MARANHAY 58 ANTOLOGIA: OS ATENIENSES, março 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz Issuu

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MARANHAY, volume 38 FEVEREIRO 2020 EDIÇÃO ESPECIAL: PRESENÇA AÇOREANA NO MARANHÃO by Leopoldo Gil Dulcio Vaz Issuu

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Mil poemas1a parte 1 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz Issuu

Mil poemas1b parte 2 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz Issuu

Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras, cadeira 21, patroneada por Fran Paxeco; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, cadeira 40, patroneada por Dunshee de Abranches;

Membro da Academia Poética Brasileira, cadeira 92, patroneada por Elza Paxeco Machado; Sócio correspondente da UBE RJ;

Prêmio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luis (1995); Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012);

Prêmio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015);

Prêmio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores RJ;

Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21 MA (2020);

Condutor da Tocha Olímpica Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis Ma.

Editor da Revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF MA, eletrônica 23 números, semestral; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica, trimestral;

Editor da “ALL em Revista”, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; trimestral;

Editor da Revista do Léo (desde 2017 2019), MARANHAY Revista Lazeirenta (2019 2022), já voltando ao antigo título de “Revista do Léo” (2022); mensal;

Editor do IHGM EM REVISTA, revista eletrônica do IHGM, gestão 2021/2023; trimestral vazleopoldo@hotmail.com

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