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A CONSTRUÇÃO DO DISCURSO ANTIJESUÍTICO NA AMAZÔNIA PORTUGUESA (1705-1759)
tudo indica, esse corpus serviu para a construção de uma parte da propaganda antijesuítica pombalina, assim como suporte para as principais leis pombalinas pensadas para a região amazônica. Em seguida, traçaremos um paralelo entre a produção discursiva nuneana e a pombalina, visando perceber a influência do primeiro sobre o segundo.
5.1 As Terribilidades Jesuíticas: uma análise de discurso Na produção do discurso antijesuítico pombalino, não podemos subestimar a influência de Paulo da Silva Nunes. Se não podemos afirmar sua influência direta na produção discursiva e nas leis pombalinas, podemos, ao menos, sustentar que ele foi o maior articulador do antijesuitismo amazônico no setecentos. Compreendemos o discurso antijesuítico pombalino como uma reconfiguração dos discursos anteriores, que assumiram diversas formas, tanto na Corte como na colônia. Na região amazônica, elencamos: o antijesuitismo contra o monopólio dos jesuítas sobre os índios, que levou às revoltas e expulsões em 1661 e 1684; o antijesuitismo de negociação, em que a Coroa fazia a mediação dos conflitos entre moradores, camarários e jesuítas, já que necessitava das missões para garantir o território no século XVII; o antijesuitismo encabeçado por Paulo da Silva Nunes, parte de um projeto de governo com feições protonacionalistas; e, enfim, o antijesuitismo pombalino, possuidor de contornos mais demarcados e com uma abrangência internacional. Este último culminou com a expulsão da Ordem de Portugal e de todas as suas terras, seguida pela França e Espanha, e, por último, a sua extinção confirmada pelo Breve do papa Clemente XIV no ano de 1773. Da produção discursiva do antijesuitismo pombalino, destacaremos a Coleção das Representações, Propostas, e Providencias, Sobre As ruinas, que aos Povos do Estado do Gram Pará, e Maranhão fizeram aos denominados Jesuítas, até o fim do Reinado do Senhor Rei dom João Quinto (1686-1755), que faz parte das Terribilidades Jesuíticas no Governo de D’El Rei dom João Quinto. Essa volumosa documentação seria a compilação de vários documentos arrolados por Paulo da Silva Nunes durante sua campanha. Porém, consideramos essa informação