A construção do discurso antijesuítico na Amazônia

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A CONSTRUÇÃO DO DISCURSO ANTIJESUÍTICO NA AMAZÔNIA PORTUGUESA (1705-1759)

propriedades possuídas pela Ordem inaciana. Segundo os documentos, a ação dos religiosos, junto aos índios e moradores, só causaria a não observância das leis e ordens régias e a ruína do Estado, enquanto os conventos e os bens jesuíticos eram vistos com pretexto para dominar as terras do Maranhão e Grão-Pará. 5.1.2 Maço 4 – sobre os colégios, “conventos e conservatórios” dos jesuítas

Os documentos do maço nº 4, intitulado Consultas e papeis originais do Conselho Ultramarino concernentes â fundações dos conventos e conservatorios que os denominados jesuitas tomarão por pretextos para absorverem os fundos da terra do Estado do Gram-Para e Maranhão, e de todo o Estado do Brazil, consistem, em sua maioria, em pedidos realizados entre as décadas de 1740 e 1750 pelos padres da Companhia de Jesus, com o objetivo de erigir conventos, conservatórios e seminários em todo o Brasil e no Maranhão e Grão-Pará. Grande parte deles são cartas escritas pelo missionário Gabriel Malagrida627, nas quais solicitava autorização para abrir seminários, com a finalidade de educar jovens brancos da colônia e recolhimentos para mulheres pobres. De acordo com Célia Cristina Tavares, Malagrida foi um padre preocupado com os que lhe eram confiados, e buscou meios para afastá-los do pecado. Tavares faz tal afirmação baseada no empenho do missionário em construir abrigos para moças desamparadas na Bahia, mesmo sem possuir cabedais. Segundo a autora, o missionário procurou uma forma de contornar aquela situação e, orientado pelo geral Francisco Retz, fundou um convento para donzelas abastadas, para que mais tarde, com os recursos provenientes dele, 627 Gabriel Malagrida nasceu em 18 de setembro de 1689, em Menaggio, Itália. Em 1711, então com 22 anos, entrou para a Companhia de Jesus, em Gênova. Foi para a Missão do Maranhão em 1722, em que se tornou conhecido por ter desenvolvido um método diferente de missão, denominada de “missão à italiana”. Acreditava-se que pregar por meio de exemplos era mais importante do que por meio de palavras. O padre foi designado pregador do colégio do Pará, e fez a viagem entre São Luís e Belém a pé. Ele viveu uma vida austera e de estudo da língua indígena. Em 1724, retornou a São Luís e foi nomeado reitor da missão dos Tabajara, às margens do rio Itapecuru. Depois, foi levado a fundar a missão do rio Mearim. Entre os anos de 1727 e 1728, foi reitor do colégio de São Luís, e, em 1730, foi professor de humanidades e teologia no mesmo colégio. Entre 1736 e 1754, começou a realizar excursões apostólicas em diversas regiões, por ordens do Geral da Companhia, Francisco Retz. Devido à sua popularidade, Malagrida alcançou fama de visionário e milagreiro. O padre foi executado pela inquisição, a mando de Pombal, o que gerou muita polêmica à época. LEITE, Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil, vol. 8. Rio de Janeiro/Lisboa: Livraria Portugalia/Instituto Nacional do Livro, 1938, p. 340.


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Referências bibliográficas

30min
pages 310-330

CONSIDERAÇÕES FINAIS

8min
pages 295-300

para a Amazônia

34min
pages 274-289

libelos antijesuíticos pombalinos

9min
pages 290-294

5.1.3 Maço 5 – sobre a liberdade de índios, o comércio e a relação com o bispo

15min
pages 267-273

5.1.2 Maço 4 – sobre os colégios, “conventos e conservatórios” dos jesuítas

24min
pages 256-266

5.1.1 Maço 3 – sobre as Liberdades, as Repartições e os Resgates

25min
pages 245-255

5.1 As Terribilidades Jesuíticas: uma análise de discurso

5min
pages 242-244

DE POMBAL

1min
page 241

4.3 Denúncia do “despotismo jesuítico”

21min
pages 230-240

4.1 A preocupação com a “ruína do Estado”

51min
pages 195-218

4.2 A revisão do lugar dos índios e das “aldeias”

23min
pages 219-229

NUNES

3min
pages 193-194

3.3 O procurador do Maranhão e sua rede de aliados

33min
pages 176-192

3.2 As (re)ações dos órgãos locais e metropolitanos

24min
pages 165-175

3.1 A causa jesuítica e seus argumentos

58min
pages 138-164

2.3 As políticas pombalinas para a Amazônia

57min
pages 109-134

DO MARANHÃO E GRÃO-PARÁ

5min
pages 135-137

2.1 Pombalismo versus Jesuitismo

19min
pages 86-94

AMAZÔNIA

1min
page 85

2.2 A política colonial no início do reinado de D. José I

29min
pages 95-108

1.3 As políticas coloniais no reinado de D. João V

16min
pages 77-84

1.2 As políticas coloniais no reinado de D. Pedro II

32min
pages 61-76

1.1 As ideias iluministas e o espaço Atlântico

21min
pages 50-60

A Companhia de Jesus e o antijesuitismo

14min
pages 24-30

Contexto, metodologia e fontes

17min
pages 38-46

PREFÁCIO

4min
pages 19-22

INTRODUÇÃO

1min
page 23

SÉCULO XVIII

5min
pages 47-49

Agradecimentos

5min
pages 15-18

OS PROJETOS DO SECRETÁRIO DE ESTADO SEBASTIÃO JOSÉ DE CARVALHO E MELO PARA PORTUGAL E PARA

1min
page 4

O antijesuitismo nos séculos XIX e XX

14min
pages 31-37
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