A construção do discurso antijesuítico na Amazônia

Page 267

OS ESCRITOS AMAZÔNICOS E A SÍNTESE ANTIJESUÍTICA DE POMBAL

segunda, trata do pedido feito por Malagrida de côngruas para a ereção de seminários em um prédio que seria destinado apara a construção de residências aos soldados. Essa solicitação era colocada como prova da pouca preocupação dos jesuítas com a situação local, pois a fazia em um contexto de uma sociedade empobrecida pela falta de servos, escassos por conta das epidemias, e desprotegida pela falta de soldados e oficiais. Acreditamos que esses documentos tenham a função de persuadir uma determinada audiência, de que exigir dinheiro para sustentar os missionários e tomar residências destinadas à proteção da região seria um grande passo para arruinar mais ainda o Estado659. Para arrematar de vez a narrativa, o maço 5 demonstra que nem mesmo a Igreja Católica, representada pelo clero secular, estava de acordo com as ações da Companhia de Jesus. Dessa forma, desenhava-se de modo mais claro o cenário do antijesuitismo amazônico. 5.1.3 Maço 5 – sobre a liberdade de índios, o comércio e a relação com o bispo

O maço intitulado Consultas da Meza da Cosnciencia e Ordens muito interessantes sobre a liberdade de indios do Maranhão e sobre o comercio que ali fazem os regulares denominados da Companhia de Jesus e sobre a sugeição que estes devem ter aos Bispos na Igrejas das suas missoens é o menor, e, ao contrário do que sugere o título do mesmo, não trabalha com a questão do comércio realizado pelos jesuítas; apenas com o mote que demonstra o desacordo entre o clero regular e secular em relação, principalmente, à administração episcopal e à visitação do bispo às missões. Ou melhor, em relação ao poder dado ao bispo para regular e vigiar as ordens missionárias, em especial a Companhia de Jesus, que, por sua vez, repudiava quaisquer tipos de intromissões em suas missões e aldeias. Discutimos a questão da jurisdição episcopal sobre os missionários jesuítas do Maranhão e Grão-Pará no capítulo anterior, quando analisamos as propostas de Paulo da Silva Nunes para remediar a situação da suposta penúria do Maranhão. Portanto, neste capítulo, nos ateremos a analisar as informações contidas no maço 5 e sua intencionalidade nas Terribilidades Jesuíticas. Como já apontamos, os padres da Companhia de Jesus não aceitavam a jurisdição e as visitações episcopais em suas missões, sob o argumentando 659 “LEMBRETE da consulta sobre a conta que deu o Bispado do Para...”. AHU, cód. 485, vol. 1 (COLEÇÃO das Representações), fl. 386r.

265


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook

Articles inside

Referências bibliográficas

30min
pages 310-330

CONSIDERAÇÕES FINAIS

8min
pages 295-300

para a Amazônia

34min
pages 274-289

libelos antijesuíticos pombalinos

9min
pages 290-294

5.1.3 Maço 5 – sobre a liberdade de índios, o comércio e a relação com o bispo

15min
pages 267-273

5.1.2 Maço 4 – sobre os colégios, “conventos e conservatórios” dos jesuítas

24min
pages 256-266

5.1.1 Maço 3 – sobre as Liberdades, as Repartições e os Resgates

25min
pages 245-255

5.1 As Terribilidades Jesuíticas: uma análise de discurso

5min
pages 242-244

DE POMBAL

1min
page 241

4.3 Denúncia do “despotismo jesuítico”

21min
pages 230-240

4.1 A preocupação com a “ruína do Estado”

51min
pages 195-218

4.2 A revisão do lugar dos índios e das “aldeias”

23min
pages 219-229

NUNES

3min
pages 193-194

3.3 O procurador do Maranhão e sua rede de aliados

33min
pages 176-192

3.2 As (re)ações dos órgãos locais e metropolitanos

24min
pages 165-175

3.1 A causa jesuítica e seus argumentos

58min
pages 138-164

2.3 As políticas pombalinas para a Amazônia

57min
pages 109-134

DO MARANHÃO E GRÃO-PARÁ

5min
pages 135-137

2.1 Pombalismo versus Jesuitismo

19min
pages 86-94

AMAZÔNIA

1min
page 85

2.2 A política colonial no início do reinado de D. José I

29min
pages 95-108

1.3 As políticas coloniais no reinado de D. João V

16min
pages 77-84

1.2 As políticas coloniais no reinado de D. Pedro II

32min
pages 61-76

1.1 As ideias iluministas e o espaço Atlântico

21min
pages 50-60

A Companhia de Jesus e o antijesuitismo

14min
pages 24-30

Contexto, metodologia e fontes

17min
pages 38-46

PREFÁCIO

4min
pages 19-22

INTRODUÇÃO

1min
page 23

SÉCULO XVIII

5min
pages 47-49

Agradecimentos

5min
pages 15-18

OS PROJETOS DO SECRETÁRIO DE ESTADO SEBASTIÃO JOSÉ DE CARVALHO E MELO PARA PORTUGAL E PARA

1min
page 4

O antijesuitismo nos séculos XIX e XX

14min
pages 31-37
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.