A construção do discurso antijesuítico na Amazônia

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A CONSTRUÇÃO DO DISCURSO ANTIJESUÍTICO NA AMAZÔNIA PORTUGUESA (1705-1759)

desses motes fossem notórios desde o final do século XVII, acreditamos que a influência principal sobre essa legislação adveio da produção discursiva nuneana. Suas cartas, solicitações e, principalmente, as Terribilidades, possuíam o intuito retórico de persuadir sua audiência da atuação supostamente tirânica e malfazeja dos jesuítas, que prejudicava a formação de um Estado rico e forte dentro do Império português, e destacavam a impossibilidade da aplicação da legislação indigenista, vital para o funcionamento da sociedade colonial.

5.3 Os argumentos de Paulo da Silva Nunes e a produção pombalina: os libelos antijesuíticos pombalinos Depois de analisarmos a influência das petições do procurador na legislação da segunda metade do século XVIII, chegou a vez de buscarmos os ecos do discurso antijesuítico de Paulo da Silva Nunes na produção dos chamados “catecismos antijesuíticos” pombalinos. Segundo José Eduardo Franco, essa produção foi baseada nos documentos combativos produzidos contra a Companhia de Jesus, e pode ser entendida como vetor ideológico sistematizador da doutrina antijesuítica pombalina. Essa produção pode ser considerada internacional, uma vez que circulou e influenciou a tomada de decisão em relação à Companhia de Jesus em diferentes reinos da Europa, especialmente Espanha e França. Para o historiador, mesmo Pombal não tendo sido o autor direto de algumas das obras que compõem esses catecismos, certamente foi seu maior influenciador723. Nossa intenção aqui não é estudar a circulação editorial dessas obras, trabalho já realizado por José Eduardo Franco. Assim como fizemos com a legislação pombalina para a Amazônia, buscaremos encontrar os elementos que possam indicar a influência da produção discursiva nuneana, mesmo de forma tangencial, nesses catecismos. De toda produção pombalina, escolhemos trabalhar com duas obras: a Relação abreviada da República que os Religiosos Jesuítas das Províncias de Portugal, e Espanha, estabeleceram nos Domínios Ultramarinos das duas Monarquias, e da guerra, que neles tem movido, e sustentado contra os Exercitos Hespanhoes, e Portugueses; formada pelos registos das Secretarias dos dous respectivos Principaes Comissarios, e Plenipotenciarios; e por outros documentos 723 FRANCO. O Mito dos Jesuítas em Portugal, no Brasil e no Oriente (Séculos XVI a XX), vol. I, p. 475-476.


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Referências bibliográficas

30min
pages 310-330

CONSIDERAÇÕES FINAIS

8min
pages 295-300

para a Amazônia

34min
pages 274-289

libelos antijesuíticos pombalinos

9min
pages 290-294

5.1.3 Maço 5 – sobre a liberdade de índios, o comércio e a relação com o bispo

15min
pages 267-273

5.1.2 Maço 4 – sobre os colégios, “conventos e conservatórios” dos jesuítas

24min
pages 256-266

5.1.1 Maço 3 – sobre as Liberdades, as Repartições e os Resgates

25min
pages 245-255

5.1 As Terribilidades Jesuíticas: uma análise de discurso

5min
pages 242-244

DE POMBAL

1min
page 241

4.3 Denúncia do “despotismo jesuítico”

21min
pages 230-240

4.1 A preocupação com a “ruína do Estado”

51min
pages 195-218

4.2 A revisão do lugar dos índios e das “aldeias”

23min
pages 219-229

NUNES

3min
pages 193-194

3.3 O procurador do Maranhão e sua rede de aliados

33min
pages 176-192

3.2 As (re)ações dos órgãos locais e metropolitanos

24min
pages 165-175

3.1 A causa jesuítica e seus argumentos

58min
pages 138-164

2.3 As políticas pombalinas para a Amazônia

57min
pages 109-134

DO MARANHÃO E GRÃO-PARÁ

5min
pages 135-137

2.1 Pombalismo versus Jesuitismo

19min
pages 86-94

AMAZÔNIA

1min
page 85

2.2 A política colonial no início do reinado de D. José I

29min
pages 95-108

1.3 As políticas coloniais no reinado de D. João V

16min
pages 77-84

1.2 As políticas coloniais no reinado de D. Pedro II

32min
pages 61-76

1.1 As ideias iluministas e o espaço Atlântico

21min
pages 50-60

A Companhia de Jesus e o antijesuitismo

14min
pages 24-30

Contexto, metodologia e fontes

17min
pages 38-46

PREFÁCIO

4min
pages 19-22

INTRODUÇÃO

1min
page 23

SÉCULO XVIII

5min
pages 47-49

Agradecimentos

5min
pages 15-18

OS PROJETOS DO SECRETÁRIO DE ESTADO SEBASTIÃO JOSÉ DE CARVALHO E MELO PARA PORTUGAL E PARA

1min
page 4

O antijesuitismo nos séculos XIX e XX

14min
pages 31-37
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