A construção do discurso antijesuítico na Amazônia

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A CONSTRUÇÃO DO DISCURSO ANTIJESUÍTICO NA AMAZÔNIA PORTUGUESA (1705-1759)

É evidente que o antijesuitismo que ultrapassou os séculos não foi um movimento único e uniforme, nossa intenção nesta introdução é apenas demonstrar as diversas faces que esse movimento histórico assumiu com o passar do tempo. Porém, não deixamos de notar que sua estrutura argumentativa de ataques e acusações à Companhia de Jesus pouco se alterou, especialmente após a campanha pombalina. Os argumentos antijesuíticos, em sua maioria, foram baseados na origem estrangeira da Ordem, na sua autonomia e na capacidade de organização política e econômica, evidenciando uma dada autonomia em relação à estrutura burocrática da Igreja católica. No entanto, esse tema parece quase inesgotável, apontando sempre para novos direcionamentos. Desse modo, querendo apresentar ao leitor a nossa contribuição para o estudo do antijesuitismo, apresentamos, a seguir, nosso contexto, metodologia e principais fontes.

Contexto, metodologia e fontes Dentro da historiografia sobre o antijesuitismo, defendemos a tese de que o discurso antijesuítico pombalino, assim como suas leis para a Amazônia, não eram inéditos e nem ligados a determinada época, mas influenciados por uma intensa campanha ocorrida contra a Companhia de Jesus, na primeira metade do século XVIII. Essa campanha foi empreendida por Paulo da Silva Nunes, e teve duas frentes. A primeira ocorreu na Amazônia colonial, pelo menos desde o início daquele século, quando ele chegou ao Maranhão, no ano de 1707, junto com o novo governador, Cristóvão da Costa Freire (1707-1718), e durou até sua fuga para Portugal, em 1724. A segunda fase foi empreendida no reino, quando Silva Nunes passou a fazer campanha, junto ao rei e aos órgãos da administração colonial, para buscar “remediar” a situação de “ruína” do estado e de sua população. Essa fase durou de sua fuga, em 1724, até sua morte, em 1746. Um dos objetivos principais deste livro é compreender o alcance do discurso antijesuítico nuneano na produção pombalina da segunda metade do século XVIII. Porém, não pudemos deixar de notar, por meio da análise das fontes, que deveríamos ir além da simples compreensão de tal influência. de História, v. 52, dez. 2015. Disponível em: http://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/ view/24774. Acesso em: 16 jul. 2018, p. 80.


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Referências bibliográficas

30min
pages 310-330

CONSIDERAÇÕES FINAIS

8min
pages 295-300

para a Amazônia

34min
pages 274-289

libelos antijesuíticos pombalinos

9min
pages 290-294

5.1.3 Maço 5 – sobre a liberdade de índios, o comércio e a relação com o bispo

15min
pages 267-273

5.1.2 Maço 4 – sobre os colégios, “conventos e conservatórios” dos jesuítas

24min
pages 256-266

5.1.1 Maço 3 – sobre as Liberdades, as Repartições e os Resgates

25min
pages 245-255

5.1 As Terribilidades Jesuíticas: uma análise de discurso

5min
pages 242-244

DE POMBAL

1min
page 241

4.3 Denúncia do “despotismo jesuítico”

21min
pages 230-240

4.1 A preocupação com a “ruína do Estado”

51min
pages 195-218

4.2 A revisão do lugar dos índios e das “aldeias”

23min
pages 219-229

NUNES

3min
pages 193-194

3.3 O procurador do Maranhão e sua rede de aliados

33min
pages 176-192

3.2 As (re)ações dos órgãos locais e metropolitanos

24min
pages 165-175

3.1 A causa jesuítica e seus argumentos

58min
pages 138-164

2.3 As políticas pombalinas para a Amazônia

57min
pages 109-134

DO MARANHÃO E GRÃO-PARÁ

5min
pages 135-137

2.1 Pombalismo versus Jesuitismo

19min
pages 86-94

AMAZÔNIA

1min
page 85

2.2 A política colonial no início do reinado de D. José I

29min
pages 95-108

1.3 As políticas coloniais no reinado de D. João V

16min
pages 77-84

1.2 As políticas coloniais no reinado de D. Pedro II

32min
pages 61-76

1.1 As ideias iluministas e o espaço Atlântico

21min
pages 50-60

A Companhia de Jesus e o antijesuitismo

14min
pages 24-30

Contexto, metodologia e fontes

17min
pages 38-46

PREFÁCIO

4min
pages 19-22

INTRODUÇÃO

1min
page 23

SÉCULO XVIII

5min
pages 47-49

Agradecimentos

5min
pages 15-18

OS PROJETOS DO SECRETÁRIO DE ESTADO SEBASTIÃO JOSÉ DE CARVALHO E MELO PARA PORTUGAL E PARA

1min
page 4

O antijesuitismo nos séculos XIX e XX

14min
pages 31-37
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