PORTUGAL E AMAZÔNIA NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XVIII
Devemos salientar que a Amazônia lusa não atendia aos pré-requisitos de colônia modelo. Assim, iremos estudá-la por meio de sua inserção no comércio Atlântico e pelas mudanças a que foi submetida, visando sua integração naquele modelo79. Buscaremos ainda entender como a introdução das ações iluministas na parte norte da América portuguesa causou mudanças na articulação antijesuítica da região.
1.2 As políticas coloniais no reinado de D. Pedro II Na segunda metade do século XVII, Portugal passou por uma intensa crise financeira deflagrada, entre outros fatores, pelo declínio econômico das conquistas do Oriente, as constantes querelas com a Espanha – em decorrência da ascensão da dinastia dos Bragança em detrimento da dos Habsburgo –, a perda de entrepostos na Ásia, devido à pressão de holandeses e de ingleses, assim como a intensa concorrência feita ao açúcar brasileiro pelas mesmas nações e pela França nas Índias Ocidentais, isto é, nas ilhas do Caribe80. Mediante a perda de lucratividade com o comércio no Índico, o espaço do Oriente já não era o principal foco do Império português, “O açúcar, e os escravos do Atlântico tinham superado as especiarias do Leste nos cálculos imperiais81”, ocorrendo o processo conhecido como atlantização da economia portuguesa. Foi nesse contexto de crise e de mudança de foco econômico do Oriente para o Atlântico que D. Pedro II ascendeu ao trono português, primeiro como regente (1667 a 1683), depois como rei, até 1706. Pedro II optou por uma política absolutista, ou seja, centrada em sua figura82. Mesmo diante de um cenário de agitações, o rei adotou uma postura pacifista. Por meio do acordo de paz firmado com a Espanha, em 1668, buscou diminuir a influência 79 80 81 82
CHAMBOULEYRON, Rafael. Suspiros por escravos de Angola. Discursos sobre mão de obra africana na Amazônia seiscentista. Cadernos do Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Belém, v. 20, n. 1/2, p. 99-111, 2004. BOXER, Charles R. O Império Marítimo Português (1415-1825). São Paulo: Companhia das Letras, 2002. SCHWARTZ, Stuart B. Burocracia e sociedade no Brasil colonial: o Tribunal Superior da Bahia e seus desembargadores, 1609-1751. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p. 198.
Antes das reformas ilustradas da segunda metade do século XVIII, a busca pelo caráter absolutista já era encarada como uma política importante para o fortalecimento de Portugal. Dessa forma, a ideia de um poder corporativo, pautada na filosofia da Segunda Escolástica, fundamentada nos pensamentos de São Tomás de Aquino, já era deixada de lado entre o final do século XVII e o início do XVIII, mesmo que de maneira menos intensa.
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