Foto: EBC - Brumadinho
Mas devemos compreender o que deve ser feito; como abrir mão de algo que não serve mais, ou dos próprios desperdícios habituais do dia-a-dia. E a partir daí trabalhar na educação da nossa vontade, fortalecendo-a. A crise é o momento em que somos chamados a ver o que não estamos vendo, a lidar com aquilo que não queremos, ou simplesmente realizar efetivamente aquilo que já sabemos ser preciso. Também é possível tirar proveito indevido da crise, mas isto com certeza gerará outra crise até que o defeito seja corrigido. Pois é sempre de crise em crise que vamos nos construindo, acertando nossas idéias, nossas ações, nossas crenças, nossas visões, nossos princípios. Podemos ler e reler incansavelmente obras e obras educadoras e inspiradoras do espírito humano, mas nada haverá de se comparar à efetiva experiência da crise. Seja bem-vinda a crise, como já dizia Confúcio, que não se conformava quando as coisas mantinham a aparência de boazinhas. Sabia ele que tudo está sempre em movimento e que sem a ocorrência da crise tudo se estagnaria. Vamos enfrentar, vamos crescer, vamos reconhecer e trabalhar para desenvolver os nossos próprios talentos. Vamos morrer e renascer quantas vezes for necessário para nos tornarmos verdadeiramente humanos e íntegros. Tudo para que se possa encontrar finalmente a alegria primordial que habita o ser interior, aquela que anda fugidia, já que confundida com tantos eventos externos. Saúde, sustento e alegria, aprendi com a sabedoria judaica. E quem poderá sentir-se feliz perdendo alguma dessas três dádivas divinas?
magazine 60+ #26 - Agosto/2021 - pág.16