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“Nada, obrigado. Já jantei; é só para encerrar a noite...” (sorriso amarelo) “Bebidas?” “Não, obrigado. Apenas a sopa...” Veio a sopa. Quentinha, cheirosa, apetitosa. Maravilhosa! Ruth, coitada, ofereceu ao namorado e ele não quis (por educação, lógico!). Ainda que acompanhava o prato uma pequena porção de fatias de pão. Lelo tratou de comer aquele pãozinho e, vez por outra, mergulhava um pedaço dentro da sopa de Ruth, sem que o garçom percebesse. Satisfeitos, pediram a conta. Veio a despesa: total R$ 33,00. Lelo havia se esquecido da cobrança do serviço, ou seja, os 10% que costumeiramente são incluídos. Ali estava, sobre a mesa, a sentença de morte daquele casal que resolveu fazer um programinha barato. Mas, Lelo não se apertou. Para surpresa de Ruth, chamou o garçom novamente e pediu o cardápio. Faltava a sobremesa. “Escolhe aí, Rutinha, fica à vontade”. A sopa veio de volta pelo esôfago, a namorada atônita imaginou que o pão tivesse feito algum estrago na cabeça do companheiro. “Escolhe!”, insistiu. E foi mais longe: “Olha, tem pudim, morango com creme, sorvete, frutas... deixe-me ver... Morangos com creme! Boa pedida, você quer morangos com creme... Garçom!”. “Lelo!”, sussurrou Ruth, “...você está louco? O que significa isso?”. “Significa que você vai ficar comendo que eu vou atrás do dinheiro. Entendeu, agora?” E, enquanto a namorada saboreava aquela deliciosa fruta, o namorado correu em casa e obteve um “empréstimo” do velho pai que, já pensando em se recolher aos aposentos, foi surpreendido com a história maluca que o filho acabara de lhe contar. Voltou Lelo ao restaurante, todo faceiro, porque agora ainda sobraria um belo troco para o próximo encontro. Ruth estava apreensiva e respirou aliviada quando viu o semblante feliz do amado, e uma discreta piscadela com o olho direito. “Por favor, agora sim, a conta!”, exigiu Lelo. Veio a conta. Algumas notas de Reais cobriram o pequeno pires que o garçom havia trazido. Foi o pires com o dinheiro a mais, e Lelo aguardou o troco. Sorriram um para o outro. Como o super-herói que salva a mocinha, Lelo e Ruth teriam um final de domingo feliz. Veio o garçom com o troco. Mal colocou o pires sobre a mesa e Lelo, ansioso e confiante, falou: “Muito obrigado, estava ótimo!”. E o garçom, pensando que era uma “caixinha”, puxou para si novamente o pires, e com um sorriso largo emendou ao mesmo tempo em que virava as costas: “Somos nós quem agradecemos... Volte sempre!” E embolsou o troco do pobre Lelo... Marcelo Conti Escritor e Sócio da SOLUÇÃO Gestão de Negócios e Cultura Ltda. www.solucao-gnc.com.br
magazine 60+ #36 - Julho/2022 - pág.60