apresentação
CNPq septuagenário e o futuro do Brasil Luiz Davidovich Físico, professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e secretário-geral da Academia Mundial de Ciências (TWAS). Membro estrangeiro da US National Academy of Sciences, da Academia Chinesa de Ciências e da Academia Européia de Ciências. Bolsista de Produtividade em Pesquisa 1A do CNPq. Recebeu o Prêmio Álvaro Alberto CNPq em 2010
A
institucionalização do auxílio à ciência no Brasil começa em 15 de janeiro de 1951, com a fundação do CNPq, menos de um ano após o estabelecimento da National Science Foundation, nos Estados Unidos da América. Não chega a ser surpreendente a rapidez com que o Brasil reage à nova ordem mundial, estabelecida após o término da segunda guerra e fortemente associada à energia nuclear, dramaticamente demonstrada em Hiroshima e Nagasaki. A fundação tempestiva do CNPq coroa um esforço de muitos anos da comunidade cientifica nacional. Quase trinta e cinco anos antes, em 3 de maio de 1916, é fundada a Academia Brasileira de Ciências (ABC), que já em 1919 propõe uma agência de fomento da ciência nacional. Em 1946, o Almirante Álvaro Alberto da Motta e Silva, presidente da ABC nos períodos 1935-1937 e 1949-1951, encaminha proposta de fundação dessa agência ao presidente Eurico Gaspar Dutra. Em 1951, finalmente, Álvaro Alberto funda o CNPq, do qual se torna o primeiro presidente. Desde então, tem sido o CNPq a casa do cientista, grande impulsionador da formação de pessoal qualificado e do desenvolvimento cientifico do Brasil. Esse entrelaçamento de histórias, que reúne dois atores importantes no desenvolvimento da ciência brasileira, o CNPq e a ABC, marcou o passado, persiste no presente e é um sólido sustentáculo para
o futuro da ciência e da inovação no país. O CNPq, com seu programa de bolsas e auxílio à pesquisa, acompanha, a partir de sua fundação, a formação das lideranças científicas no país, desde as bolsas de iniciação científica às de apoio a pesquisadores. Acompanha a expansão das universidades públicas, a diversificação de áreas de pesquisa, o intercâmbio internacional. Mais recentemente, tem tido uma atuação instrumental na articulação de redes de pesquisa, com os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia. Sem esse esforço de formação e de agregação, seria difícil imaginar o protagonismo internacional de empresas públicas e privadas em áreas como petróleo, aviação, agricultura, saúde, compressores, equipamentos elétricos, entre outras. Resistindo, ao longo de sua vida, a tentativas de extinção, à imprevisibilidade e à contenção de recursos, impõe-se o CNPq pela longa lista de conquistas, intimamente associada ao rol de sucessos da ciência e da inovação no Brasil. A campanha persistente e visionária que culminou com a fundação do CNPq estimula, sempre, um olhar para o futuro. Neste momento de escassez de recursos para a pesquisa, é preciso associar à celebração do aniversário a combatividade e a criatividade daqueles que desejam um país no qual a ciência e a inovação estejam no cerne da economia nacional, ajudando, assim a mitigar as desigualdades sociais e regionais, reduzindo a dependência do país em relação a insumos e novas tecnologias, agregando valor às exportações, reforçando a saúde e a segurança alimentar da população, melhorando a educação em todos os níveis e aproveitando as vantagens comparativas do Brasil. Como não poderia deixar de ser, esse é também o desejo e o compromisso da Academia Brasileira de Ciências. Estivemos juntos no passado, estaremos juntos no futuro. Longa vida ao CNPq!