REVISTAq — A revista do CNPq

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seção científica

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al. (2020) e Petrocchi et al. (2021) mostraram que empatia para com os mais vulneráveis prediz distanciamento físico e uso de máscaras. Para caracterizar melhor essas relações, Dinic e Bodroza (2021) consideraram tanto os fatores de personalidade (tendências pró-sociais e antissociais) quanto os fatores relacionados ao contexto (medo da pandemia e empatia pelos vulneráveis). Acima dos efeitos contextuais, os autores observaram que tendências pró-sociais (em particular, ajudar alguém sem conhecer quem está ajudando) relacionam-se a maior aderência a comportamentos de proteção, ao passo que o egoísmo (tendência antissocial) se relaciona negativamente com a aderência. Christner et al. (2020) estudaram esse tópico utilizando uma abordagem que divide a motivação em dois fatores: orientado para si próprio ou orientado ao próximo. Como exemplos de um fator de orientação a si próprio estão o medo de ser punido ou de ser contaminado. Já o fator de orientação ao próximo é composto por identidade moral, empatia com os outros e julgamento moral. Os autores verificaram que a orientação ao próximo se relaciona mais fortemente com comportamentos de distanciamento físico. Tais achados também se sustentam quando são utilizados outros instrumentos psicológicos, avaliando construtos diferentes, mas que captam a dimensão ‘individualismo e coletivismo’. Biddlestone et al. (2020) utilizou um instrumento que avalia o individualismo-coletivismo por questões

como “Minhas decisões não são influenciadas pelos demais”, “Os meus planos para o futuro estão acima de qualquer coisa”, “Minha felicidade depende daqueles que me rodeiam” e “Deveria ser ensinado às crianças colocar o dever antes do prazer”. Os autores verificaram que o individualismo prediz negativamente a aderência a regras de distanciamento físico, ao passo que o coletivismo prediz positivamente a aderência. Além da aderência ao distanciamento físico, uso de máscaras e higiene, muito tem se discutido sobre tecnologias de rastreio da mobilidade das pessoas por meio de aparelhos celulares. Tais tecnologias ajudam a identificar os padrões de comportamento das pessoas e, consequentemente, compreender como se dá a disseminação do vírus, facilitando assim o manejo da pandemia. Wnuk, Oleksy e Domradzka (2021) estudaram fatores que predizem a aceitação ou não do uso dessas tecnologias. Assim como com as outras medidas de enfrentamento, os autores encontraram uma relação positiva entre a pró-socialidade e a aceitação das ferramentas de rastreio. Por outro lado, verificaram uma relação negativa entre apoio às liberdades individuais e essas ferramentas. Uma crítica possível a todos esses achados é que esses estudos são correlacionais e baseados em medidas de autorrelato. Estudos prévios à pandemia já mostravam ser possível fomentar comportamentos mais cooperativos e coletivos por meio de experimentos de indução de empatia, exposição a pessoas com características pró-sociais e elevação da identidade moral (AQUINO et al., 2009; LANGE; LIEBRAND, 1991; WINTERICH; MITTAL; AQUINO, 2013). Durante a pandemia, experimentos focados em fomentar a cooperação e aderência às novas normas sociais também têm sido observados. Alguns grupos têm investigado essas relações discutidas anteriormente entre pró-socialidade, empatia e aderência por meio de experimentos. O estudo de Pfattheicher et al. (2020) é um desses exemplos que traz dados para além das medidas de correlação. Os autores testaram o efeito de fornecer apenas informações sobre a covid-19 e as mudanças necessárias para o enfrentamento versus as mesmas informações juntamente com um vídeo de um idoso de 91 anos de idade relatando com muita tristeza que parou de visitar sua esposa que está no hospital com uma doença crônica. Ou seja, nesse experimento eles testaram o efeito da indução de empatia nos


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