Revista Pensar(es) 22 - Junho de 2017

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Halys . Aluna do Secundário

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uando soube saí de casa a correr, estávamos no início da estação fria. Voei geladamente pela neve que cobria a estrada, com as pernas a tremer, rumo à estação. Tarde de mais. Eu ainda corri, juro que corri. Mas o comboio em que seguias já tinha partido. As minhas lágrimas congelaram. O tempo parou naquele instante. Porque é que não disseste que te ias embora? Porque é que não me disseste adeus? Porquê? Na noite anterior sentei-me no banco de sempre, no bar de sempre à espera que o mundo viesse ter comigo, à espera que tu viesses ter comigo. A música estava alta, estávamos no auge da era do rock. Despi o casaco quente que me protegia naquela fria noite de inverno e ia dançando com a cabeça enquanto te esperava com os meus lábios pintados de escarlate e o vestido às flores. Já era madrugada, o bar estava perto de fechar. Eu era a única que ainda apreciava a música, desesperadamente suplicando que aparecesses. Mas não apareceste, e eu fui embora. Onde estás? Estou a morrer de frio, onde estás? A minha voz pequena nesta cidade grande, e tu do outro lado do mundo. Diz-me onde estás? É Dezembro, tenho frio. Foste voar? Está muito frio lá fora para anjos como tu voarem. Onde estás? Volta rápido, preciso das nossas conversas mornas de inverno. Aquece-me rápido ou a minha mente esquece-te rápido. Passaram eternidades, quando voltas?

Não vieste, mas não te esqueci. À medida que o inverno avançava, o meu amor por ti ia ficando congelado no tempo. Fui para o parque mais bonito da cidade, sentei-me no banco debaixo das árvores já despidas. Estava frio, muito frio. Estava a tremer, mas precisava de ali estar, precisava de te sentir. As lágrimas caiamme ao som do silêncio e tinha o olhar cerrado no horizonte. Lá longe, outra cidade. Será que te mudaste para lá? Por favor diz-me, estou a morrer neste inverno. Já nada sei de ti, esperar por ti é como esperar por sol neste inverno, é como esperar por chuva no lugar mais seco do mundo, é como esperar por flores no céu. Diz-me, por favor. É natal e tu não estás. Ter-te aqui seria o melhor presente que poderia receber. A ventania que faz lá fora é tão calma como a bomba relógio que trago no meu coração de vidro, prestes a despedaçar-se em mil bocados. Enfrentei a árvore sem ti, não sozinha mas sempre sem ti. É a mesma coisa.


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