Revista Pensar(es) 22 - Junho de 2017

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Altos e Baixos Ana Xavier . Aluna do 9ºA

À

s vezes, a vida troca-te as voltas. Num momento, estás sentado no sofá, rodeado de todos aqueles que te dizem algo, com todo o barulho que possas imaginar, no seguinte estás sentado no teu quarto, com as luzes apagadas, deitado na cama a olhar para o teto, o teto que desejarias que nunca tivesse sido pintado de branco, mas sim com alguma cor que pudesse trazer um pouco de espaço ao teu interior. Num momento, tens os teus planos, sabes o que queres, quando queres e quem queres contigo. Os teus sonhos estão a ser cumpridos. E logo depois, o tempo age e não sabes onde estás, o que estás a fazer e de que serve estar ali, naquele lugar, a viver. Ao teu lado, tens aqueles que dizem que vão ajudar, que vão estar sempre ali, que dizem que vão fazer de tudo para te sentires bem. Dizem. Se tudo se resumisse a esta palavra, seria tudo muito mais fácil! Mas dizer não é fazer e então tu ficas sozinho, afastas-te daqueles a quem um dia chamaste de amigos. Aqueles que antes eram conhecidos passam a ser desconhecidos… Perguntas-te se a vida está a ser injusta contigo ou se tu já foste injusto com ela e só estás a sofrer as consequências… Tens de encontrar respostas sozinho, porque ninguém sabe aquilo que

tu sentes, és tu que o estás a sentir. Aprendes a desfrutar da tua própria companhia, pois sabes que será a única durantes uns tempos. Tentas que tudo volte ao normal, embora saibas que o normal se encontra o mais longe possível de ti. A música e o papel passam a ser os teus refúgios, tu passas a ser tua própria companhia. Nada daquilo que tens parece satisfazer-te. Uma quantidade de perguntas passam pela tua cabeça e as respostas parecem estar a jogar a uma espécie de “escondidinhas” contigo, ignorando elas o facto de que já passou o tempo em que esse jogo significou algo para ti. E há também aquelas alturas em que pensas que tudo voltará ao normal, que te encontras, não num lugar, não numa pessoa, mas em ti. Encontras-te no meio de toda a confusão da tua cabeça. Mas tudo fica apenas pelo pensar, porque no meio do teu caminho encontra-se uma pedra que é suficiente para tropeçares. E depois reparas que nunca irás escapar sozinho, caíste num buraco que está a aumentar cada vez mais e só conseguirás sair dele se alguém te ajudar a escalá-lo. Todos nós temos destes momentos. Ninguém é construído de ferro, ninguém é tão forte assim. Sempre ouvi dizer que a vida tem altos e baixos e é exatamente destes baixos que eu estou falar. Destes baixos que existem, mas que sempre serão compensados pelos altos. Pelo menos, assim o espero…


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