OPINIÃO Nuno Silva
Presidente do CENTIMFE
Digitalização da Indústria de Moldes
12 | TECH i9
Atualmente , quando se ouve falar em “Digitalização da indústria” pensa-se em remover papéis da empresa, em criar metodologias para interligar os processos das empresas com os clientes, ou, em alguns casos, em desenvolver plataformas de venda online. No entanto, a digitalização é isto e muito mais. É todo um conjunto de conceitos e de organização, que torna as empresas mais próximas dos seus mercados e clientes ao mesmo tempo que são mais eficientes e eficazes nas suas operações. Estes temas são evidentes para empresas que vendem diretamente ao consumidor e para quem é importantíssimo ter acesso direto ao “Big Data” dos consumidores. As grandes empresas de retalho nacional são “case study” europeu nestes processos e conseguem saber de cada cliente seu a que lojas vão, que produtos compram e em que altura do mês compram determinado cabaz de produtos. Isto permite-lhes fazerem marketing individual e direto a cada cliente. Qual é o fabricante de moldes que tem esta interligação com os seus clientes? Que conhece a fundo os seus desígnios e desejos das diversas áreas funcionais e geográficas? No entanto, uma das grandes tendências de evolução do mercado dos moldes e de desejo dos nossos clientes é a maior interligação e proximidade quer geográfica quer em termos de organização entre os fabricantes de moldes e os seus clientes. Querem e desejam cada vez mais não apenas um molde, mas sim um molde com serviço de engenharia associado. Assim, a digitalização é uma oportunidade importante para a indústria de moldes portuguesa melhorar e evoluir, distanciando-se dos seus concorrentes estrangeiros, aproveitando as suas características de inovação, melhoria constante e de procura de exceder as espectativas dos seus clientes globais.
A digitalização representa a entrada inevitável e definitiva das Tecnologias de Informação no chão de fábrica com implicações em todas as áreas da empresa. O fluxo de dados partilhado em tempo real e em rede entre máquinas permitirá antever falhas, adaptar a produção a alterações no produto ou no planeamento deste, bem como integrar variáveis tecnológicas no processo produtivo que de outra forma seria impossível. Da mesma forma que é banal tocar num ecrã de um dispositivo móvel que está num bolso e ter acesso ao mundo, será normal no futuro comandar os equipamentos à distância ou aceder, por exemplo, aos moldes anteriormente entregues através de realidade virtual. Claro que o processo de digitalização acarreta riscos. Alguns deles são riscos bastante importantes e que precisam de ser analisados com algum cuidado. Assim, é necessário ter em conta potenciais alterações ao modelo de negócio, à matriz de posicionamento global da concorrência, alteração das competências críticas do mercado de trabalho, bem como o risco associado de maior proximidade e interligação entre fornecedor e cliente. Um dos maiores impactos será ao nível dos recursos humanos das empresas. A matriz de competências típica do sector irá mudar, aparecendo a necessidade de aumento de competências na área de software, robótica, automação e engenharia de dados. Todos os riscos acarretam grandes oportunidades. Assim, esta mudança que está a acontecer aqui e em todos os lugares do mundo poderá ser uma grande oportunidade para as empresas que se consigam adaptar mais rapidamente que terão inevitavelmente uma vantagem competitiva em termos de produtividade e de valor acrescentado para o cliente. u