Por isso, acredita que, “tanto no momento da encomenda inicial como do próprio fabrico, vai exigir sempre uma grande componente de comunicação pessoal forte e com pessoas que são perfeitamente conhecedoras do sector”. Mas pensando num futuro a um prazo mais longo, a sua convicção altera-se. Quase como se fosse um sonho a longo prazo. “Num futuro mais longínquo, consigo imaginar uma digitalização de tal forma avançada onde os moldes poderão, até, nem ser necessários. Um futuro que passa pela produção em série da impressão 3D”, admite, frisando que “esta tecnologia de fabricação aditiva começa a entrar com mais força, agora, na indústria.
Em pequenas séries, por exemplo, nota-se que essa é uma área que está a ganhar uma força tremenda. Por isso, acredito que vai ser, no futuro, algo muito visível, até porque se está a trabalhar muito no desenvolvimento dessas tecnologias, seja em novos polímeros, seja nas capacidades técnicas”. E assim chega ao que imagina que será o futuro de uma empresa de moldes: “Imagino-me, por vezes, quando tiver os meus 90 anos, a entrar numa fábrica de produção e não ver um único molde ou máquina de injeção. O que há são impressoras 3D a produzir massivamente peças para alimentar tudo e mais alguma coisa”, afirma. u
Opinião
“Hoje não se conseguiria viver sem a digitalização” José Dantas Yudo
A tecnologia hoje está assente no digital. Não se conseguiria viver sem a digitalização. E esta tem diversas implicações, por exemplo, na indústria de moldes, seja na aplicação direta, quer seja no fabrico, seja na informação mais rápida para poder fazer melhor. Há várias aplicações, várias mudanças, mas não vou reportar-me a apenas alguns exemplos. No caso da Yudo, o desenvolvimento de servomotores, por exemplo, é algo essencial para o sector dos moldes. Antigamente, os moldes trabalhavam com válvulas no sistema de injeção: pneumáticas, depois hidráulicas e hidráulica proporcional. Nunca se conseguia um controlo efetivo da válvula para conseguir controlar o fluxo de material de plástico que ia para dentro do molde. Finalmente, com o servomotor (e, no nosso caso, esta é a parte do hardware) e com o desenvolvimento de softwares, programados até via web, conseguimos dar ao cliente uma janela de processo muito superior. Um outro exemplo: há uma aplicação que instalamos no molde que é uma espécie de um ‘datalog’, que recolhe toda a informação: temperatura do molde e da água, entrada e saída, os ciclos, quantas vezes abriu e fechou, pressão, consumo energético… Esse conjunto de informação é captado e enviado para uma ‘cloud’, e ela, por seu turno, remete para o cliente e para nós todos esses dados. Através dessa monitorização, conseguimos despistar vários problemas e até prevenir algumas situações antes destes surgirem. São hoje fundamentais esses algoritmos a captar e receber informação, em tempo real. Tudo isto traz melhor controlo de injeção, melhores peças, mas também a possibilidade de monitorizar tudo. A Yudo, enquanto fornecedor, mantém uma ligação muito estreita com os seus clientes, procurando encontrar as melhores soluções para responder às reais necessidades, no mais curto espaço de tempo. A era digital também nos permite, nesta relação, conseguir agilizar respostas. Dito de outra forma: as cartas hoje estão todas em cima da mesa. Tanto o fornecedor não tem o que esconder porque não consegue, como o cliente sabe exatamente o que está a receber. Tudo isto numa lógica bastante integrada.
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