“O mundo é hoje muito volátil, as incertezas são imensas e existe uma grande complexidade e ambiguidade. Estas quatro características exigem da gestão uma complexidade que não era exigida até há poucos anos”.
Formação de quadros
Com um tecido empresarial constituído por PME que, sempre que integram pessoas na organização, sentem necessidade de as formar, Artur Ferraz considera que esta é também uma dificuldade. Até porque, reforça, “as empresas não têm capacidade de formar pessoas para sempre”. Para que isso acontecesse, teriam de estar mais organizadas internamente. Mas de uma maneira geral, não estão. E, em alguns casos, se essa organização existe, não está disseminada pela estrutura da organização. “Mas quando são questões necessárias naquela empresa, é preciso formação funcional e essa tem de ser a empresa a fazer. Não pode esperar que seja a escola. A empresa tem de fornecer isso e acompanhar o processo. Se isso falha, as pessoas acabam por ir-se embora”, alerta. “As empresas têm de pensar no seguinte: não é se perco dinheiro com formação, mas quanto é que perco por não formar as pessoas”, reforça. Artur Ferraz lembra ainda que o mundo mudou. E as empresas têm de se adaptar. “O mundo é hoje muito volátil, as incertezas são imensas e existe uma grande complexidade e ambiguidade. Estas quatro características exigem da gestão uma complexidade que não era exigida até há poucos anos”, afirma. E como começar o processo de mudança que é necessário? Artur Ferraz considera que é importante uma primeira reflexão. “Em primeiro lugar, o gestor precisa saber se é importante sobreviver, fazer-se distinguir no médio e longo prazo. Se a resposta for sim, a empresa tem de pensar em arranjar “apóstolos”; ou seja, uma equipa que leve essa filosofia para a frente. Tem de envolver as pessoas porque sozinho ninguém o consegue fazer”. Neste processo, destaca, são de primordial importância as pessoas que já fazem parte da empresa. “São fundamentais porque, por norma, fazem a empresa chegar onde quer que seja”, defende, para concluir que
“a digitalização, é preciso lembrarmo-nos, vai-nos tirar emprego também nos técnicos qualificados. Os sistemas de inteligência artificial têm essa capacidade”. Contudo, adverte, “vamos perder milhares num sítio mas vamos ganhar milhares noutros. E muitos dos empregos ainda nem fazemos ideia de como se vão chamar porque ainda não existem. Sabemos que não vão ser funções de rotina, vão exigir relacionamento inter-pessoal e inteligência emocional, características que, durante anos, não privilegiamos nas empresas”.
Pearlmaster: Ouvir e integrar as pessoas
A Pearlmaster é uma empresa jovem. Foi criada há dez anos e tem 16 pessoas na parte do planeamento e projeto e outras 12 na seção de injeção de plásticos, a Pearlizplast. Desde o início da sua atividade, uma das principais preocupações foi “digitalizar a nossa forma de gerir”, conta Lino Ferreira, administrador. Esse esforço ganhou mais expressão nos últimos cinco anos, com o investimento numa plataforma que centraliza tudo que diz respeito à atividade da empresa. “Fomos crescendo de forma gradual e fomos descentralizando a gestão, desde a requisição para os fornecedores, as faturas, o controlo de pagamentos à contabilidade analítica e fiscal, à gestão dos projetos, à área comercial e orçamentos”, explica. Gradualmente e à medida das necessidades da empresa, foram também sendo recrutados novos colaboradores. “As pessoas que vamos contratando são pessoas da nova geração: habituados a computadores, que facilmente trabalham em equipa, seguem regras e procedimentos que não são iguais aos de antigamente”, conta, frisando que, antes, as pessoas que entravam nas empresas “eram grandes técnicos, mas muito fechados”.
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