Como seria de esperar, a mudança que a tecnologia impôs não foi interiorizada por todos de igual forma. Os colaboradores mais antigos manifestaram alguma dificuldade e até resistência. E como lidou a empresa com ela? “A verdade é que ainda não temos todo o processo digitalizado e/ou automatizado. Temos ainda alguns recursos que funcionam ainda de uma forma mais convencional e nestes temos os funcionários que tiveram algumas dificuldades em acompanhar esta mudança”, conta. São, no entanto, números residuais. Mas que dispõem desta solução uma vez que “temos em atenção aquilo que é a vontade dos nossos funcionários”. De qualquer forma, Jorge Cardoso acredita que, num futuro muito próximo, “todos terão que ser gradualmente direcionadas para os novos processos produtivos, sem outra opção”. Procurando contornar a escassez de mão-de-obra que se sente no mercado, explica que a empresa tenta fazer o recrutamento de forma pensada e consertada para o futuro, acolhendo jovens quadros e dando-lhes formação. “Não é positivo exercermos de forma continuada pressão em outras empresas para recrutar os seus técnicos. Isso acaba por criar um desconforto entre diretores e/ou administradores. Não faz sentido numa indústria que se quer global e num país que se quer competitivo face à Europa e face à China que nos olhemos desta forma”, considera. “Queremos sim que a indústria moldista veja a Schneider-Form neste caso a SF Moldes S.A. como uma empresa que é tecnicamente evoluída, que faz moldes de grande precisão, de grande complexidade e de muita qualidade. Ou seja, marcar a nossa posição no mercado com uma competitividade saudável face à concorrência global”, adianta ainda.
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Moldegama: São as pessoas quem faz a empresa Criada em 1987, a Moldegama teve, como muitas outras da sua geração, um início de atividade “quase totalmente manual e muito dependente do trabalho do Homem”, conta Nádia Fortes, responsável da empresa pelo controlo e otimização de processo. “O trabalhador tinha de perceber praticamente de tudo e era nele que assentava todo o processo. Mas a digitalização, que se começou a fazer sentir, sobretudo com a introdução das máquinas CNC, permitiu muito mais organização. Depois, a evolução das tecnologias foi permitindo melhorar e aumentar essa organização, o que se notou mais na última metade da história de vida da empresa”, adianta, frisando que “a máquina permitiu que o Homem fosse mais disciplinado. Hoje em dia, a máquina já permite que não tenha de ser o operador a pensar tanto e possibilita um fluir muito melhor de todo o processo”. É nesta fase que se encontra a Moldegama, que é hoje em dia um grupo empresarial que, para além da casa-mãe, é composto por outras duas empresas, uma delas na zona de Valência, em Espanha. Tem, no total, cerca de oito dezenas de colaboradores e dedica-se à produção de moldes, trabalhando exclusivamente para o mercado automóvel. Nádia Fortes explica ainda que, desde sempre, a empresa teve uma atenção muito especial na preparação dos seus colaboradores para a mudança. A digitalização foi um processo que fluiu gradualmente. “Esta adaptação foi até bastante fácil. Para além da formação dos colaboradores, investimos bastante em material informático de qualidade. Neste momento, a nossa comunicação interna e externa depende, em grande parte, do nosso software de gestão e rede de servidores”, relata.