Fabrico Aditivo: uma evolução natural Para António Pontes, a fabricação aditiva integra-se nesta matéria como mais um dos desenvolvimentos tecnológicos por que a indústria tem passado ao longo dos anos. “Lembro-me de visitar as empresas, há quase 25 anos, e já se falava, na altura, não no termo fabrico aditivo, mas na prototipagem rápida e fabrico rápido de ferramentas”, recorda, para acentuar que o conceito já não é novo. O que acontece, no seu entendimento, é que estas tecnologias vão tendo os ciclos de maturação. E, neste momento, considera ter-se chegado a um ‘boom’ de soluções tecnológicas a este nível. Para António Pontes, algumas delas têm ainda algumas lacunas que levam as empresas a olhá-las com reservas. Mas mostra-se convencido de que “muito rapidamente, algumas destas fragilidades que o processo ainda tem, vão ser ultrapassadas e a incorporação, quer de componentes, quer de peças no processo de produção de moldes ou até no processo de produção de peças plásticas, vai ser uma realidade muito em breve”. Explica que “existe uma comunidade muito grande, a nível mundial, que está a trabalhar nessa área, seja no desenvolvimento de novos materiais com melhores características, seja no desenvolvimento de novos equipamentos com maior precisão de fabrico e muito mais rápidas na sua produção”, para considerar que “é quase inevitável que os processos e as tecnologias de fabrico aditivo não sejam utilizadas pela indústria de plásticos e moldes”. “Vai ser uma mudança por tendência natural. Não acredito muito em coisas que de repente acontecem, nestes processos. As pessoas vão-se adaptando e vão mudando os seus processos internos, vão adaptando e introduzindo as novas realidades”, defende, considerando que as tecnologias serão assimiladas logo que a indústria perceba “como usar e tirar partido das vantagens dos processos de fabrico aditivo: produzir peças, ferramentas, muito mais baratas, com maior eficiência económica e com vantagens ambientais, uma vez que se poupa material”. E a formação de jovens quadros, a esse nível, acompanha essa tendência. “Na Universidade do Minho, fomos tendo sempre alguns cursos com unidades curriculares e disciplinas com alguma componente de fabrico aditivo nos seus conteúdos programáticos”, explica, citando, como exemplo, o curso de Engenharia de Polímeros. Mas refere a existência de vários outros, onde essa temática estava presente e, mais recentemente, com a importância que estas tecnologias assumem, “podemos falar de uma série de cursos especializados, quer na transformação e fabrico digital, quer nos processos aditivos”. u
Opinião
“Digitalização ajuda a evitar o erro e assegura qualidade” Pedro Bernardo Tebis
A digitalização é, hoje em dia, fundamental porque ajuda a evitar o erro e a assegurar qualidade ao processo de fabrico. Com a digitalização dos processos podemos dizer que passa a existir na empresa uma análise mais cuidada pois vai haver uma repetibilidade na produção. Isto significa que podemos ter alguns operadores menos especializados, mas como estamos a ir ‘beber à mesma fonte’ a informação, o resultado final acaba por ser tão bom como quando é assegurado por um operador mais especializado. O fornecedor apresenta a solução, tendo em conta a especificidade do seu know-how: a digitalização do processo e a standardização de toda a produção. Depois, a empresa cliente, pela exigência que tem no seu dia-a-dia, promove o desenvolvimento dessa mesma digitalização. Consegue um incremento da ferramenta de forma a obter a melhor rentabilidade e as melhores competências. O fornecedor acaba por ser o provocador da digitalização e o cliente é o seu recetor. Mas não é passivo. Antes pelo contrário, contribui para o desenvolvimento da ferramenta que lhe é providenciada, em função das suas próprias necessidades. A digitalização acaba por ser, muitas vezes, como fazer ‘um fato à medida’. E entre o fornecedor e o cliente tem de existir um relacionamento muito estreito e de muita confiança.
TECH i9 | 53