Dossier sobre Envelhecimento Ativo | 23
© Michael Helmer
Envelhecimento x Longevidade O que nos faz feliz? Enfermeira, Profissional & Leader Coach Trainer. Docente na Universidade Braz Cubas Janinéri Cordeiro
Envelhecimento e longevidade diferem num ponto: tempo vital.
O nosso corpo, composto por biliões de células, depara-se minuto a minuto com o envelhecimento. Ele é implacável e resoluto. Trabalha exatamente como o bater dos ponteiros do relógio. Enquanto isso, a mente da maioria do “adulto +” trabalha incansavelmente para corrigir os erros de um passado que já ficou para trás ou anseia desenfreadamente na busca do futuro perfeito. Não vive o agora, não aproveita as oportunidades que ainda tem e foca-se na finitude da vida, na herança e testamento que tem que deixar aos seus descendentes, no seu próprio velório que tem de preparar,
no trabalho que tem de voltar a fazer, para agora, sustentar filhos e netos que ainda vivem às suas custas. O senil considera os “seus últimos dias” como um prazo de validade prestes a expirar. Em contrapartida, a longevidade é leve, pois como a palavra diz, há um longo caminho a ser percorrido ainda, no qual a idade supera estatísticas, limitações físicas e mentais e ultrapassa os julgamentos. Sonhos, prazeres e felicidade são permitidos dentro deste conceito. A longevidade amplia os horizontes para uma vida jamais vivida, onde a experiência ganha força no momento da tomada de decisões mais assertivas e proporciona grandes oportunidades de ainda experimentar mudanças e novidades. O “eu senil” revigora-se a cada dia e não há nada que os impeça de vi-
ver intensamente. O foco é no aqui, no agora, no viver. Richard Restak, no seu livro “O cérebro nunca envelhece”, destaca que existem estudos que revelam que algumas habilidades cognitivas — como a verbal, por exemplo — podem aumentar conforme envelhecemos. Desta forma, e com base no que os investigadores descobriram sobre a forma como o cérebro compensa o “envelhecimento” mental, Richard Restak aconselha que devemos continuar a aprender coisas novas e, assim, rechear a mente com informações que podem ajudar-nos a nivelar parte da perda cognitiva ao longo da vida. Um dos grandes segredos para ter uma vida longa e sã é aprender a vivê-la, e uma em cada quatro pessoas considera que não o está a fazer. É o que aponta um estudo que colocou em confronto a satisfação com a própria vida com o risco de morte, conduzido por investigadores da Universidade de Londres, no Reino Unido. A pesquisa britânica foi realizada com 9365 adultos ingleses com 63 anos de idade, em média. Os participantes responderam a questionários, com intervalos de dois anos, entre 2002 e 2006 e avaliaram o andamento dos seus sentimentos quanto à própria vida. O estudo apontou respostas como: “Eu gosto das coisas que faço”, “Eu gosto de estar na companhia de outras pessoas”, “O meu passado traz-me felicidade”, entre outras informações.