DIGNUS nº1

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26 | Mente Ativa Corpo Ativo

Envelhecimento VDXG£YHO Intervenções para prevenção do declínio cognitivo e demência Ana Monteiro

Serviço de Neurologia e Grupo de Investigação Cerebrovascular na FMUP © rawpixel.com

U

m envelhecimento saudável pressupõe a manutenção de capacidades funcionais que permitam o bem-estar dos indivíduos na velhice, tal como definido pela Organização Mundial de Saúde[1]. Para isso, é fundamental a manutenção das capacidades cognitivas, de forma a preservar a autonomia necessária para uma vida plena. O defeito cognitivo é muito comum com o avançar da idade e a demência (a sua expressão mais grave) representa a maior causa de incapacidade nos idosos, afetando atualmente cerca de 50 milhões de indivíduos em todo o mundo, um número que tende a aumentar exponencialmente[2]. A Doença de Alzheimer (DA) é a forma mais comum de demência no mundo, e é uma doença neurodegenerativa, isto é, há uma perda progressiva dos neurónios ao nível do córtex cerebral. Isto leva a uma perda lenta e inexorável das capacidades mentais da pessoa afetada, atingindo não

“A Doença de Alzheimer (DA) é a forma mais comum de demência no mundo (...)”

Figura 1

apenas a memória, mas também a atenção, a capacidade de reconhecer pessoas, de organizar tarefas, de reconhecer espaços antes familiares, podendo levar também a alterações do humor, do sono e até de personalidade[3]. A nível cerebral, observa-se uma acumulação de uma proteína, a amiloide, que vai levando à destruição progressiva dos neurónios. Em Portugal, a par da doença de Alzheimer, a Demência Vascular tem também um enorme impacto, podendo mesmo ultrapassar a primeira em frequência, espelhando a prevalência de fatores de risco vasculares no nosso país, como a hipertensão e a diabetes[4]. Atualmente, não existe tratamento eficaz que permita travar ou reverter o processo degenerativo. Quando os sintomas surgem pela primeira vez, já a doença se encontra em evolução há cerca de 20 anos, a chamada fase pré-sintomática. Depois disso, os sintomas vão surgindo lentamente, passando pelas fases de defeito cognitivo ligeiro, demência ligeira, moderada e grave. Muitos foram já os medicamentos testados para o tratamento da Doença de Alzheimer, mas até agora nenhum demonstrou eficácia em travar o curso da doença. Por este motivo, tem havido um interesse crescente em atuar nos adultos saudáveis em risco de desenvolver a doença. O ideal seria conseguir prevenir o seu aparecimento, isto é, impedir as alterações a nível cerebral que vão levar ao surgimento da doença. Depois dos sintomas


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