32 | Mente Ativa Corpo Ativo
Envelhecer de forma ativa musicando com arte Miguel Rivotti Professor e músico
M
uito se tem escrito e discutido sobre a presença e o poder da música na vida humana. Desde a vida intrauterina até ao momento da nossa partida, a música está de algum modo sempre presente na vida das pessoas. Ora utilizada para acalmar, embalar e tranquilizar, ora utilizada para energizar, contagiar e animar momentos de maior euforia, a música tem o poder mágico de despertar, quer nos seres humanos quer nos animais, reações fortes e sensações únicas, despoletando emoções que marcam para sempre a memória de quem as vive. É o poder da música! É a magia dos sons que se aglutinam, vibram e combinam ao jeito do fim a que se destinam, e que pertencem ao universo sensitivo, sem que para tal sejam necessárias palavras ou frases poeticamente construídas. Muitos de nós já ouvimos relatos de grávidas que sentem o seu feto mais calmo ou mais agitado, consoante o tipo de música ou sons aleatórios, aos quais a futura mãe está sujeita no seu dia a dia. Muitos também são os relatos de mães, cujos filhos acalmam o seu choro quando ouvem “aquela música” ou sons que tantas ve-
zes a mãe ouviu enquanto grávida. É o poder da música! São os sons em movimento, são as emoções que eles transportam. E o porquê de vos escrever hoje sobre tudo isto? Já ouviram certamente falar de Musicoterapia. Uma palavra muito usada nos nossos dias, mas nem sempre bem entendida. Música + Terapia. Ora, será a música o “remédio”, a “cura”, a “pílula”, a terapia certa para muitas doenças? De que forma? Em que medida pode a música mediar na doença entre a dor e a cura? E entenda-se que nem sempre a dor é somente física, pois, tal como existe um universo de doenças, existe também um universo de dores cuja cura não assenta nos fármacos que se ingerem. Pois bem! Sem qualquer posição fundamentalista, proponho uma reflexão aos profissionais e auxiliares de saúde, bem como aos cuidadores que acompanham os “nossos” familiares de idade madura que se encontram em contexto de internamento hospitalar, lares ou ambiente domiciliário, sobre qual o lugar que está a ser dado ao cultivo da arte na Terceira Idade, a importância que está a ser dada à presença da música na vida do idoso, tendo como finalidade não só o quebrar de uma possível solidão ou nostalgia, mas sim a cura e o alívio da mente. Mens sana in corpore sano (“mente sã num corpo são”). Esta famosa citação latina derivada da Sátira X do poeta romano Décimo Junio Juvenal, corrobora a ideia que o controlo dos pensamentos e manutenção dos mesmos são essenciais para uma boa ordem do corpo. Ora, a música e as restantes formas de expressão artística, podem “controlar” e ocupar a mente do idoso, curando ou amenizando a dor, contrariando, surpreendentemente, muitos prognósticos.
“Desde a vida intrauterina até ao momento da nossa partida, a música está de algum modo sempre presente na vida das pessoas.”