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Envelhecimento ativo e a música Patrícia Dias Enfermeira
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o decorrer das últimas décadas é possível verificar grandes alterações sociodemográficas, caraterizadas por processos de declínio da natalidade, aumento da longevidade e da melhoria das condições de vida, assim como no acesso aos cuidados de saúde. A longevidade da população na Europa tem aumentado ano a ano, Portugal é um dos países mais envelhecidos da União Europeia, sendo que em 2016, 20,7% da sua população tinha 65 ou mais anos, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística em 2017. Esta crescente expressão demográfica favorece os fenómenos de senescência e senilidade. O envelhecimento resulta da conjugação entre processos de degradação celular, dos órgãos e dos sistemas, fatores ambientais, fatores físicos, psicológicos e sociais. As principais alterações a nível físico prendem-se com alterações músculo-esqueléticas, a neurológicas e sensoriais. De acordo com Zimerman, a pessoa idosa sofre algumas alterações a nível psicológico, decorrentes do envelhecimento, que podem resultar na dificuldade de adaptação a novos papéis, ausên-
cia de motivação e dificuldade em planear o futuro, na necessidade de ultrapassar as situações de perda e na adaptação difícil a mudanças rápidas. A pessoa idosa é vista sob várias perspetivas na sociedade, assumindo vários estatutos sociais ao longo da sua vida que definem a sua identidade. Com o passar dos anos, o idoso sofre algumas perdas graduais, com as quais necessita de lidar de forma saudável, prevenindo complicações físicas e mentais. O envelhecimento não deve de ser considerado como algo negativo, se o indivíduo adota estilos de vida saudáveis e permanece ativo, pode envelhecer com qualidade de vida, mesmo em idade avançada. O envelhecimento ativo é definido como o processo de otimização das
oportunidades para a saúde, participação e segurança, para a melhoria da qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem, bem como o processo de desenvolvimento e manutenção da capacidade funcional, que contribui para o bem-estar das pessoas idosas, sendo a capacidade funcional o resultado da interação das capacidades intrínsecas da pessoa (físicas e mentais) com o meio, segundo a definição da Organização Mundial de Saúde. Assenta no objetivo de ao longo do ciclo vital atingir um potencial de bem-estar (onde as componentes mental, social e física são indissociáveis), acrescentando-lhe outros dois pilares: participação e segurança. O termo Participação está ligado à “atividade” social, económica, cultural, espiritual, e cívica da pessoa idosa e, assim sendo, este conceito vai muito para além da atividade física ou laboral. O termo Segurança está associado à dignidade, proteção e a prestação de cuidados de acordo com as especificidades deste grupo etário. A promoção de um envelhecimento ativo ao longo do ciclo de vital tem sido o trajeto apontado pela Organização Mundial de Saúde como resposta aos desafios relacionados com a longevidade e com o envelhecimento da população. A música traz uma nova forma de cuidar díspar do convencional, proporciona um ambiente saudá-
“A música na população idosa pode prevenir, atenuar ou, ser usada como forma de tratamento das principais problemáticas desta faixa etária.”