DIGNUS nº1

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40 | Especialidades Médicas

Psicologia e Pós Geronto A união que deu certo sob o olhar de quem faz Psicólogo e especialista em envelhecimento e gerontologia

Francisco F. F. de Oliveira

O envelhecimento antes era visto apenas como um processo biológico, pois era analisado somente o declínio do corpo. No início do século XX passou a ser visto também sob um aspeto psicológico e com isso ficou claro que com as transformações ocorridas pelo processo do envelhecimento, as pessoas apresentavam mudanças de comportamento, papéis, valores e crenças.

© ramzi hashisho

E

nvelhecer tornou-se uma pretensão da sociedade e não é mais privilégio de poucos, mas sim uma realidade da população. Entretanto, este evento só pode ser considerado como conquista na medida em que se acrescente qualidade de vida aos anos adicionais. Neste sentido, as políticas públicas destinadas aos idosos necessitam fundamentalmente de incentivar e qualificar a prevenção, assistência, atenção de forma integral e humanizada à saúde desta população, considerando a capacidade funcional, necessidade de autonomia, de participação e de cuidado (Veras, 2009). Embora o envelhecimento populacional seja uma conquista da humanidade, é um fenómeno que tem consequências socioculturais e político-económicas, sendo um desafio elaborar e, principalmente, implantar políticas públicas que promovam a qualidade, equidade e a longevidade da pessoa idosa. Nesta perspetiva, a Política Nacional do Idoso (PNI) por meio da Lei n.º 8842/94 estabeleceu direitos sociais, garantia de autonomia, integração e participação dos idosos na sociedade, que contribuem para a qualidade de vida, autoestima e bem-estar, fatores importantes para que o idoso mantenha uma boa saúde física e mental, hábitos saudáveis e principalmente manutenção da sua capacidade funcional (Brasil, 1994).

Os estudos apontam que o envelhecimento pode variar de indivíduo para indivíduo, sendo gradativo para uns e mais rápido para outros. Essas variações dependem de fatores como estilo de vida, condições socio-económicas e doenças crónicas. Já o conceito “biológico” relaciona-se com aspetos nos planos molecular, celular, tecidular e orgânico do indivíduo, enquanto o conceito “psíquico” é a relação das dimensões cognitivas e psicoafetivas, interferindo na personalidade e afeto. Assim falar de envelhecimento é abrir o leque de interpretações que se entrelaçam ao quotidiano e a perspetivas culturais diferentes. A definição do envelhecimento pode ser compreendida a partir de três subdivisões: envelhecimento primário; envelhecimento secundário; e envelhecimento terciário. O envelhecimento primário, também conhecido como envelhecimento normal ou senescência, atinge todos os humanos pós-reprodutivos, pois esta é uma caraterística genética típica da espécie. Este tipo de envelhecimento atinge de forma gradual e progressiva o organismo, possuindo um efeito cumulativo. O indivíduo nesse estágio está sujeito à concorrente influência de vários fatores determinantes para o envelhecimento como exercícios, dieta, estilo de vida, educação e posição social. O envelhecimento secundário ou patológico refere-se a doenças que não se confundem com o processo normal de envelhecimento. Estas enfermidades variam desde lesões cardiovasculares, cerebrais, até alguns tipos de cancro (este último podendo ser oriundo do estilo de vida do sujeito, dos fatores ambientais que o rodeiam, como também de mecanismos genéticos). Portanto o secundário é referente a sintomas clínicos, onde estão incluídos os efeitos das doenças e do ambiente. Já o envelhecimento terciário ou terminal é o período caraterizado por profundas perdas físicas e cognitivas, ocasionadas pelo acumular dos efeitos do envelhecimento, como também por patologias dependentes da idade. Contudo, não é somente importante acrescentar anos à vida, mas também acrescentar vida aos anos. Há muitos anos, Hans Schaefer, especialista de


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