SUJOS

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SUJOS

São Paulo

Casa de Ferreiro

Glauco Mattoso
SUJOS

Sujos

© Glauco Mattoso, 2023

Revisão

Lucio Medeiros

Projeto gráfico

Lucio Medeiros

Capa

Concepção: Glauco Mattoso

Execução: Lucio Medeiros

FICHA CATALOGRÁFICA

Mattoso, Glauco

SUJOS/Glauco Mattoso

São Paulo: Casa de Ferreiro, 2023

98p., 21 x 21cm

CDD: B896.1 - Poesia

1.Poesia Brasileira I. Autor. II. Título.

NOTA INTRODUCTORIA

A minha trilogia mais fiel, chamada “Feios, Sujos e Malvados”, retracta a verdadeira face dessas pessoas que nos cercam, das quaes somos vizinhos, ou parentes, ou amantes. São esses que governam o paiz, ou este estado, ou esta aqui, cidade natal, de residencia nossa, a propria cidade em que seremos enterrados. São esses que, em fallante multidão, na rua agglomerados vão comnosco, os mesmos que, na cama, a nossa bocca com beijos ou com tapas silenciam, ou mesmo com o membro que lhes seja fiel à propria cara, aqui descripta.

DISSONNETTO CONFLAGRADO [0658]

Na guerra fica ommissa uma questão: Soldados em combatte cagam molle? Si cagam, como fazem? Teem controle? Se sujam? Vão no matto? Usam fraldão?

Da dor que attacca os homens em acção depressa acham desforra que os console: Ja ganha a guerra, o perdedor engole na marra do invasor o cagalhão.

Molle na lucta, na victoria dura, a merda é tyrannia dos dois lados, egual no seu fedor, nos resultados, difficil p’ra quem come ou quem segura. Commum a prisioneiros e soldados no tragico convivio da amargura, só mesmo um sentimento que perdura: o nojo dos cocôs evacuados.

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O penis preguiçoso e porco invade a bocca caprichosa dum veado e, quanto mais estupido e abusado, mais acha nesta a docil humildade. A lingua estabelesce intimidade total com o prepucio phymosado e, até que o folgazão tenha gozado, a bocca topa tudo que lhe aggrade.

Depois do gozo, a bocca cospe fora a gosma que o sebento lhe exguichara. Pergunta o pau: “Que nojo é esse, agora?”

A bocca enjeita: {Fiz por pura tara, mas quero algum asseio!} O pau se arvora: “Mais sujo é quem chupou! Nem se compara!”

A bocca ainda tenta fazer hora dizendo: {Orra, a chupeta sahiu cara!}

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DISSONNETTO DO ROPTO E DO EXFARRAPPADO [0663]

DISSONNETTO DA PERDA DE TEMPO [1263]

Cagar ja é problema de soltura, prisão, e até logar certo e seguro. Limpar a bunda envolve novo appuro: papel, ou falta, ou rasga, ou gruda, ou fura. A mim, o que incommoda é que perdura sujeira mesmo quando ha cocô duro. E como ficar sujo não atturo, preciso tomar banho, outra tortura. Mal saio do chuveiro, vem vontade, de novo, de cagar! E tome banho! É como enxugar gelo! Retro vade!

Mais tento ficar limpo, mais appanho! De tanto conviver com sujidade, às vezes me pergunto: o que é que eu ganho cuidando da hygiene? Ninguem ha de lamber-me! E eu lambo o alheio e nem extranho!

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DISSONNETTO DA CLOACA BEMDICTA [1468]

No fundo do boteco, logo à esquerda, a porta ja dispensa adviso escripto, tamanha a fedentina! Pura perda de tempo reclamar do antro maldicto. Do vaso, ja sem tabua, a verde merda transborda! Quem, coitado, tenta, afflicto, alli se alliviar, que agguarde a lerda cagada dalgum bebado e ouça o grito:

“Tem gente!” Emfim, mais esse desoccupa. Assim como quem senta na garuppa da moto, outro appertado suja a bunda naquella porca louça de segunda. Achar papel alli, só mesmo em sonho. Ainda assim, cagado e ja risonho, o cara até abbençoa a fossa immunda, com cara a mais alegre e mais jocunda.

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DISSONNETTO DO QUEIJO QUE ENJOA [1544]

“Tá sujo o pau? Problema de quem chupa!”

Assim diz quem sebinho juncta à bessa. Até com caspa e carie se preoccupa, mas banho dar no penis? “Corta essa!”

Emquanto, em outros homens, só com lupa se pode um flocco achar, nelle depressa se nota, pelo cheiro, que se aggruppa o esmegma, como aveia, em sua peça.

Quem é que em sua bocca quer ter uma?

Paresce até que a glande é grande e inchada!

Debaixo do prepucio, uma camada tão grossa se accumula, que a advoluma!

Ninguem com tal sabor -- Hem? -- se accostuma!

Coitada da boquinha que alli mamma!

Ao engolir a porra, nem reclama quem antes, do sabão, provou a espuma!

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DISSONNETTO DA CASCA GROSSA [1635]

É facil perceber, pelo tamanho da barba e pelo cheiro nauseabundo, que o cara não costuma tomar banho, fiel a seu estylo vagabundo.

“P’ra que vou me lavar? Que porra eu ganho com isso?” E justifica seu immundo estado com um dado nada extranho aos habitos normaes do Velho Mundo:

“Sabia que na Europa ninguem lava o pé, nem o sovaco? Então à fava que va toda essa logica limpinha! Não ha rolla mais suja que esta minha!” Que o cara é meio punk, eu ja sabia. Mas, quando nos expõe tal theoria, deixou o sol torrar-lhe a carapinha. Por cyma ainda, a voz tem excarninha!

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DISSONNETTO DO BANHO ENFADONHO [1656]

Melhor é tomar banho quando a cama deixamos, de manhan, ou quando vamos deitar? Cruel dilemma! Quem exclama tal coisa adolescente é, convenhamos. O cara pensa assim: “A minha mamma não quer que eu durma sujo? Que fedamos! Suados accordamos? Quem reclama que fique longe e cale seus reclamos!”

Assim, ja nem se banha de manhan nem quando vae deitar, pois tanto affan, durante o dia, cansa e dá preguiça.

Pois é, que fique suja a joven piça! Quem sabe si inventarem um chuveiro portatil e instantaneo, aquelle cheiro de sebo diminua na rolliça cabeça, assaz queijuda por premissa.

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DISSONNETTO PARA QUEM ESTÁ CAGANDO E ANDANDO [1890]

Fazer o que, si a merda ja está feita? O jeito é se limpar, e eis o transtorno! Nas calças nos desceu, e se suspeita da coisa pelo cheiro que anda em torno. Quem manda? Porcaria a gente acceita comer, em plena rua, si o suborno do preço mais em compta se approveita, em vez do que é sahido dum bom forno. Bem feito! De cagar-me eu é que morra!

Agora, este suffoco! Estou cagado no meio da avenida, e me degrado: não ha nenhum banheiro nesta porra! Não ha limpo logar que me soccorra! Terei que andar até que encontre um bar em cujo sujo vaso me sentar e o resto do cocô deixar que excorra!

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Quem chupa tá fodido, mesmo, e não tem nada que ficar se incommodando si o pau tá sujo ou limpo, ou si questão faz de exporrar quem voz detem de mando, pois quem goza a chupada tem noção appenas de seu gozo e, si foi brando ou não nos movimentos ou sabão passou ou não no pau, nem tá ligando. É como diz o velho manual erotico: será consensual que faça a fellação feder quem fella si falta de hygiene for mazella. Jamais da bocca um halito é perfume si accaba de engolir, deixar que espume a porra, e mijo ou sebo por tabella, por mais que seja amargo o sabor della.

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DISSONNETTO PARA UM BAFO INCONFUNDIVEL [2003]

DISSONNETTO

Vocês ja repararam? Quando alguem chupou rolla ou boceta, mesmo aquella recemlavada, um halito revela aquillo, porque cheiro forte tem. Quem é que ja não disse “Não, meu bem!”, negando-se a beijar a linda e bella boquinha que chupou e que a sequela conserva no bafejo que nos vem?

Por isso o sexo oral é sempre sujo: si a bocca está em contacto com aquillo que fede, o odor a eguala ao dicto cujo, naquelle mesmo podre e porco estylo. Assim acho, sabendo-me sabujo, inutil evital-o ou prevenil-o: mais forte se perfuma, mais eu fujo do cheiro, pois sou sujo sem vacillo.

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SOBRE O BEIJO MAIS INTIMO [3008]

DISSONNETTO SOBRE A DUPLA IDENTIDADE [3021]

Como é que pode? Moça tão formosa fazer algo tão sujo, que eu nem cito? Como é que pode? Um gajo tão bonito cagar merda tão fetida e lodosa?

Os dois dão bella dupla, que bem posa nas photos, o melhor casal descripto nas notas sociaes, mas, sob o mytho, percebo que nem tudo é cor-de-rosa.

Lamento ao meu leitor noticias más trazer, mas algo achei que os incrimina... Flagrei ja, na privada, o que o rapaz deixou sem dar descarga. E da menina? Tambem cheirei, no vaso, o que ella faz. Que horror! Que cagalhões! Que fedentina! Ironico, hem? São lindos, elles, mas se exquescem do que largam na latrina!

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FEDIDO POR FEDIDO [3185]

A falla delle é cheia de sentido:

“Magina! Eu não! Lavar o meu caralho?

Ninguem vae me chupar! Vou ter trabalho?”

Ficava, pois, contente em ser fedido.

Não tinha, ao se bronhar, nenhum pudor. Assim argumentando, elle deixava curtir o membro immundo em seu fedor.

E como fede um pau que não se lava!

O sebo, que na glande forma crosta, si fosse na colher, mingau de aveia ficava parescendo! E até que cheia seria uma de sopa, quem apposta?

Rollou algo que nunca quiz suppor.

Calhou de achar mulher que fosse escrava a poncto de acceitar seja o que for na bocca... E elle ‘inda manda o asseio à fava!

Ficou, sim, mais ainda convencido:

“Mas si ella achou que sujo é que eu lhe calho! P’ra que lavar? Ahi que eu me emporcalho!”

Dum vate cego ouriça-se a libido...

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(1)

Exsiste, em poesia, bom assumpto? Um thema, que outro bardo mal consegue olhar, não seja aquelle que eu sonegue. Addeanta sonegar? É o que eu pergunto. Daquillo uns tractam; disto bem eu tracto. Da musa a conna uns cantam mais de perto. Seu proprio pau é, doutros, farto pratto. Mas, neste, porra ou mijo, não, decerto. Qual outra secreção, mais que o cerume, que o ranho ou a melleca, a propria baba inclusa, é o dissabor que ninguem gaba nem pede a quem provar que se accostume?

Suspense sei que faço ja, de facto. Suor nem se menciona, pois coberto das suas gottas, canta o mais beato, está o sagrado pão, ao pobre incerto. Ja pistas dei, e nisso ja redundo. Que resta? Nem a lagryma, em quem cegue, é tão malvinda quanto o que se segue que, em summa, será mesmo muito immundo.

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INFECTO NECTAR (1/3) [3268/3270]

(2)

Refiro-me ao sebinho, essa materia, em these, desprezivel e pequena, que esmegma tem por nome em phrase seria e della a alta cultura se aliena. No sexo oral difficil a quem fuce-o, terror do rabbinato e da hygiene hypocrita, por dentro do prepucio se forma e se accumula, allarme infrene. Ao joven, a coceira que elle causa talvez seja propicia à sua bronha. Mas, logo, do prepucio tem vergonha si a noiva o arregaçar, do amor na pausa. Ninguem delle pergunta a algum Confucio e, ainda que seu medico condemne, alguem o prova, quando, a sós, aguce-o um morbido tesão, nelle perenne. Que um cego masochista considere-a, surpresa não será si for em scena de sadomasochismo e deleteria não fica a fé no creme em minha penna.

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(3)

Quem chupa, como eu chupo, alguem sem rosto, só pode mergulhar na sujidade, só pode à sordidez estar exposto, só pode expor-se àquelle que o degrade. Terá queijo rallado o pau dum anjo?

Um cego não excolhe o que abboccanha: escuta appenas ordens dum marmanjo que delle se approveita e não se accanha. Por isso, quando um sebo o cego cheira, não pode recusar a chupetinha. Desfructa, pois, o gajo que faz minha boccarra abrir-se ao bicco de chaleira. Sabor de parmezão tem o que eu manjo. Os floccos crosta formam, e tamanha, que a glande até se esconde! Então exbanjo saliva e minha lingua aquillo banha!

Não vejo, amarellenta, a pasta, e o gosto ameno, até, me sabe, na verdade. Um cego não se exime e eu sei meu posto. Quem queijo olhou, de esmegma não se evade.

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AMARGO ENCARGO [3510]

Num pau sujo, alem da puta, usa a bocca um cego e fella: à “funcção” que elle executa “hygienica” se attrella. Onde o cego mais labuta é o prepucio, que revela um mingau, não de araruta, mas de aveia, e se exfarella.

O sebinho que elle engole tem, alem de não ser molle, um fedor que, à puta, assusta!

Degustal-o caro custa! Mas, calado, chupa o cego. Sacrifica-se, eu não nego, pois lhe calha a “funcção” justa de quem sujos paus degusta.

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HYGIENICO PANICO (1) [3521]

Outro methodo não ha de limpar certo logar. O melhor jeito será tomar banho appós cagar. Com papel, só, nunca dá para tudo eliminar ao redor do que está la nessa fenda capillar.

Temos asco, temos medo! O buraco, propriamente, tanto nojo dá, que a gente mal lhe enfia o medio dedo! Nos limpamos, tarde ou cedo, mas aos pellos é que adhere a sujeira! Ha quem tolere? Ja a cheirei… Meu, como eu fedo!

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A VOLTA DO MOTTE DO PORCO [3656]

Dos Macc Lads o punk ouvinte, que namora uma menina comportada, acha o seguinte: “Minha escrava ella termina!”

E o mais sadico requincte que ella cumpra determina, exigindo, com accincte, que, ao chupal-o, beba a urina.

Mas ao punk uma surpresa se reserva e estava fora do programma: essa indefesa namorada um mijo adora! Neste motte eu me baseio e esta data o commemora:

“Quem queria tanto asseio é o mais sujo porco, agora.”

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PERFEITO JUIZO [3925]

“Um cego é como um porco! Elle só come usando as mãos! Se suja, se lambuza…”

Assim diz um subjeito de confusa noção sobre a cegueira. Ommitto o nome. Prosegue o gajo: “Caso um cego tome na bocca o que um normal cospe e recusa, até que o paladar delle deduza que é podre, na garganta aquillo some!”

“A lingua delle limpa até xixi, até cocô, si a gente quizer ver! Eu mesmo ja pedi p’ra ver, e vi as coisas que capaz é de fazer!”

Me calo quando um gajo de mim ri. Ouvi calado (ouvir é meu dever de cego) o que elle disse e penso, aqui commigo: {E o que elle viu lhe deu prazer…}

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GOSTINHO DE MALDADE [4407]

Contou-me um rapagão que a namorada lhe chupa a rolla suja: faz questão que a moça tenha nojo e sente, então, “gostinho de maldade” o camarada. Não lava a rolla. Appós uma mijada, nem mesmo as gottas ultimas vazão tiveram. No prepucio, ellas irão junctar-se à sujeirinha accumulada.

Sentir esse “gostinho de maldade” deseja o rapagão, segundo diz.

Não tem, dum cavalheiro, os dons gentis, Por isso quer que a moça se degrade. A moça, por seu lado, está feliz fazendo tal papel. Será verdade? Assim diz uma freira dalgum frade. Não sendo masochista, é boa actriz.

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ANXEIO POR ASSEIO [4728]

“Mamãe, ja fiz! Me limpa a bunda?” E vem, correndo, a mãe limpar a suja bunda do filho mimadinho! Aquella immunda bundinha a mãe exfrega, limpa bem. Crescido, o cara ainda que é nenen se julga! Mal de merda o vaso inunda, ja chama a mãe, que accorre e nem segunda chamada agguarda: nisso prazer tem. Ficou até ridiculo: o filhão levanta da privada e a mãe lhe passa, no rego cabelludo, a fina mão que de fina champanhe empunha a taça. Cuidado sempre toma, alguns dirão. Papel, usa bastante, mas tem graça aquillo: sempre sujos ficarão seus dedos, caso molle o filho faça.

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Quando um cego limpa a bunda, logo appós uma cagada, accredita, na segunda vez, que a limpa. Limpa nada! Quem enxerga, vê que immunda continua. Outra passada de papel. Mais uma. Affunda com o dedo… e mais dedada!

Suja até seu pollegar. Sujo, ainda, o papel sae. Si está vendo, o gajo vae repetindo até cansar. Só os normaes vão se limpar. O ceguinho, não: ja lava a mão suja. Mas restava muita merda no logar.

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MARRON SOBRE AZUL (1) [4807]

BENTA, A SEBENTA [4963]

Emquanto a Magdalena se perfuma, algumas outras banho nem siquer desejam ter tomado. Uma mulher daquellas é Nha Benta. Appenas uma. Nha Benta cheira, joga, bebe, fuma… e trepa, trepa muito! Si puder, de sol a sol fornica, e com qualquer subjeito, embora um caso nunca assuma. Occorre, ultimamente, que nenhum malandro, nem mendigo, quer com ella trepar: todos reclamam do bodum! “Bodum? É preconceito!” Na favella a voz dos patrulheiros é commum ouvir-se. Mas ninguem pelo cu zela na hora de soltar aquelle pum tão forte que a cueca até lhe mella.

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PORCARIA SEM PERFUMARIA (1/2) [5047/5048]

(1) Sejamos francos: sexo é sujo. A picca é suja. Uma boceta é tambem suja. Fodeu o dicto cujo a dicta cuja? Junctou sujo com sujo: justifica. Tambem no cu metter, si alguem fornica assim, é muito sujo. Sobrepuja, porem, qualquer sujeira quem babuja de lingua num caralho ou numa crica. Beijar, bocca com bocca, eu não confundo com sexo oral: embora troque baba, a bocca não desceu ao mais immundo, ainda não se torna tão vagaba. Cacete, sim! Cacete é vagabundo, pois quando aquelle mesmo pau que enraba penetra numa bocca, faz, no fundo, alguem se emporcalhar: no lodo accaba.

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(2)

Verdade seja dicta, agora: a graça do sexo oral consiste mesmo nisso, sujar-se ao practicar um vil serviço. A scena, por ser suja, é que é devassa. Tentar amenizal-a, pois, não passa de inutil camuflagem. Não me ouriço sabendo que elle faça esse postiço papel de “bem lavado”, ou que ella o faça. A graça está em vencer essa barreira do nojo, em obrigar-se ao humilhante contacto, via oral, com tal sujeira, e creio que terei dicto o bastante. Ninguem dirá que eu fallo uma besteira. Portanto, é natural que o pau levante si um sadico na bocca foder queira de alguem que casto e puro ser garante.

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OBSOLESCENCIA DO LENÇO [5091]

Suor poreja em biccas, nunca secca a testa do subjeito. Algo que faça cessar a exsudação não ha. Sem graça, se abbanna. Tomou outro banho, e neca!

Transspira ao se exforçar, quando defeca. Trazendo uma saccola, quando passa na feira, offega e deixa molhadaça, suando pelas coxas, a cueca.

Se expalha nas virilhas e no sacco aquella sudorese duma figa!

Camisas elle encharca no sovaco!

Não ha desodorante que consiga tornar seu cheiro fetido mais fracco!

Appenas um podolatra se liga nas meias que elle calça: o que eu destacco contou sua mulher, que é minha amiga.

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MINGAU DAS ALMAS [5134]

Não é que delle a fama suja eu queira expor, mas é que o velho é porco, estou dizendo! Veja a cama onde deitou! Babou no travesseiro a noite inteira! Si fosse appenas essa a podriqueira que o velho exterioriza, até me dou por porco, eu inclusive… Mas faltou dizer que seus fedores elle cheira! Na poça que encharcou o travesseiro, formando um caldo grosso, em germes rico, fedendo a purulenta carie, ou chico de puta, elle cafunga e adspira o cheiro! Contenta-se o babão? Não! Odorico (seu nome) pappa o creme, mas, primeiro, accende a luz, observa o seu chiqueiro, naquillo passa o dedo! Ah! Pasmo eu fico!

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DICA QUE FICA [5139]

Ja desde adolescente está vez cada mais sujo o seu calção, na frente e attraz. Nenhuma lavadeira sumir faz a mancha na cueca, amarellada. Daquillo que a nenhum homem aggrada mostrar, indifferentes ao rapaz são essas impressões, são essas más idéas feitas entre a molecada.

“É porco, esse Odorico!”, eis a fofoca que corre. “Tomar banho, elle não quer!

A mão não lava, nem si a mãe quizer!

De meia e de cueca, elle não troca!”

Paresce divertir-se e, si puder, de nojo as reacções elle provoca. Nem entre as baixas bichas tem fanzoca. E quanto à namorada, ou à mulher?

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COLLA NA SOLA [5140]

O joven Odorico com mau jeito ou com cathegoria, de biccuda ou lettra, tracta a bolla. Mas não muda, descalço das chuteiras, seu defeito. Não lava os pés! Suor juncta, do peito ao grosso calcanhar: tanto elle exsuda, que, quando anda descalço, no chão gruda a sola e deixa marca! Eu me deleito!

Escuto a mãe gritando: “Dodô, lava agora esse pé sujo! Mas que cheiro horrivel!” Odorico, que maneiro jamais foi, manda a pobre mãe à fava. Pensando fico: {E quando esse bolleiro com sua mina trepa? Tem que escrava ser, para alli lambel-o! Ah, si eu ficava na vaga dessa escrava!} E o gozo eu beiro!

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FEZES QUE SE PREZEM [5148]

No tempo recuando, um Odorico creança ainda achamos, que, mal faz cocô, quer contemplar tudo que jaz, formando caracol, no seu penico. Contempla e, não contente, quer seu rico thesouro examinar. Encontra, attraz dum solido tolete, outro que traz grãozinhos incrustrados e faz bicco.

Os dedos Odorico mette nisso, appalpa, pega, pesa, vira, fura, desvira, apperta, ammassa, desfigura, distingue qual mais molle ou inteiriço. Depois de analysar-lhes a textura, o cheiro quer provar, sem compromisso, mas, para completar esse serviço, accaba mordiscando a crosta dura.

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DAMNINHA ESPINHA [5151]

Olhando-se no espelho, o rapazola se expanta: que caroço tão vermelho é esse? Elle illumina mais o espelho, comprova ser espinha e se desola. Coitado do Odorico! Vae, na eschola, ser feito de palhaço! O rapazelho se afflige. Talvez seja bom conselho deixar quieto, mas logo elle se exfolla. Primeiro, expreme a espinha, que lhe expirra no dedo o carnegão. Soffre outro tombo, pois, mesmo ja drenado, o tal calombo não some e do rapaz augmenta a birra. Pensando nalgum ovo de Colombo, Dodô passa a gillette nelle… Hum! Irra! Fodeu! Seu nervosismo mais se accirra. Melhor de esparadrappo um bom biombo!

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ADHERENTE E REPELLENTE [5164]

Não lava, ao levantar da cama, a sua narina, esse Odorico! O resultado é vermos, nos pellinhos pendurado, o monco exverdeado, à vista nua. Ballança e não se solta! Não recua si o ranho elle cafunga! E, si assoado aquelle narigão, fica grudado nos pellos do bigode! E assim na rua. Peor é que o Dodô todos encara com ar de desaffio! A turma espera, depois que fez careta aquella fera, a scena que deixou, ja, de ser rara. Dodô pega a melleca, enrolla, altera a forma original e, olhando para os outros com arzinho, ja, de tara, engole, sorridente, a molle esphera!

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GATTA QUE EMPATTA [5166]

Suando está, por tudo quanto é poro, o joven, que chamar seu nome espera a bella professora. Ouve a panthera chamar por Odorico Deodoro.

Levanta-se e declama: “Ah, como adoro o ardor primaveril, a primavera florida, que abre as asas à paquera! A folha, eu a desfolho; a flor, defloro!”

Sorrindo, a mestra explica que o poema, na forma, ficou certo. O resultado está bom, mas “paquera” appropriado não é nesse contexto e nesse thema. Dodô se senta. Está todo exporrado nas calças, mas nem acha que é problema. “Caralho! Jesus Christo! (elle blasphema por dentro) Ai, si eu te pego! Onça, cuidado!”

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Nos olhos Odorico ja accumula remella de trez noites, sem lavar. Sentindo a coceirinha, devagar, o dedo passa nelles, ja com gula.

Sim, gula! Não me expanta que elle engula a gosma amarellenta! Paladar nenhum supera aquillo! Degustar tal creme ama o rapaz de expressão chula.

“Ai, puta que pariu! Que coceirinha gostosa! Ai! Vermelhão ficou meu olho?

Ai, porra! Mal cotuco, ja me encolho!

Ai, foda-se! Você nem adivinha!

Melhor é que a mostarda, ou outro molho!

Supera até o creminho duma espinha!

Provou sua remella? Eu como a minha e adoro! Nem bem juncta, eu ja recolho!”

42
QUEM SE PELLA POR REMELLA? [5168]

OUVIDOS DE MERCADOR [5170]

Sim, claro que Odorico tem costume, alem de mais alguma secreção, de, appós ter dado allivio à comichão, tirar do ouvido um monte de cerume! Será possivel que elle não arrhume qualquer outro petisco? Acaso não seria preferivel um torrão de assucar, um chiclette com perfume? Que nada! Quer Dodô sentir amargo na bocca, appreciar todo o fedor que a merda eguala, sem tirar nem pôr! E a cera saboreia, sem embargo. Eu mesmo ja provei desse amargor, appenas por provar, e ja não largo do vicio, mas provei por desencargo da minha consciência… ha que depor!

43

DESAFFIO DENTAL [5171]

Eu tento controlar o riso. Rio, porem, quando me contam, toda vez. Controlem-se e não riam, que a vocês contar vou que Odorico adora um fio. Pois é: fio dental. Sei que arredio à escovação dos dentes é, mas fez questão, sempre, do fio. O que, talvez, prazer lhe cause é o cheiro, ao que advalio. Passada aquella linha pelo vão de cada fedidissimo molar e appós cada intersticio rechupar, Dodô leva ao nariz a aguada mão. Nos dedos fica um caldo e, devagar, adspira aquelle aroma forte e tão azedo, fermentado, a requeijão rançoso, que até chega ao gozo, a arfar!

44

NO BOJO DO NOJO [5185]

A minha conclusão é que a attitude nojenta do Odorico não seria appenas passageira phantasia, capricho natural da juventude. É tara, é perversão, pelo que pude notar. Mas o problema é que a mania do agora velho, tudo evidencia, occorre a muita gente! Alguem se illude?

Dodô chama a attenção por ser sincero, fazendo, excancarado, aquillo tudo.

Talvez tenha razão em ser marrudo. Os outros dissimulam, dizer quero. A propria urina bebe o mais sisudo guru! Porra deglutte a puta! Espero, à parte o olhar dum critico severo, ter sido conclusivo o meu estudo.

45

DISSONNETTO DUM RESERVADO NÃO VENTILADO [5396]

Entra a velha num boteco tão immundo, tão fuleiro, que ella pensa: “Ah! Não defeco aqui, nunca! Mas que cheiro! Me seguro! Me resecco!

Mas não ponho o meu trazeiro nessa tabua, nesse treco! Que fedor neste banheiro!”

Mas occorre que a coitada no buraco não põe rolha, não se aguenta, está appertada demais, para ter excolha.

Numa tabua ja molhada de xixi, se senta… Encolha quem puder! Termina, e nada de papel, duma só folha!

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PERSEVERANTE PERFECCIONISMO [5561]

Finissimo perfume em meu cuzinho passando vou durante o banho, quando de espuma as suas pregas vão ficando cobertas, com cuidado, com carinho. Gastando sabonete, eu exquadrinho o rego e meus escrupulos expando do rabo ao sacco, em toque lento e brando, até lavar as partes direitinho. Os dedos, do mindinho ao pollegar, eu ponho a trabalhar! Não sou verdugo, de esponja não farei dildo ou sabugo que exfolle! Metto os dedos devagar! Depois que aquelle sordido logar ficou cheiroso e limpo, ja do jugo diario me livrando, então me enxugo… e sinto outra vontade de cagar!

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CEGADO E EMMUDESCIDO [5692]

(ao Fabio, que bem soube me tractar)

Você não vê nadinha mesmo, cara?

Então va pelo cheiro! Ahi! Tá forte?

Não lavo o pau, ceguinho! Que supporte você! Cego qualquer perfume encara! Regace devagar! Ahi! Deu para sentir o queijo, cego? Um roquefort com grãos de parmezão, hem? Não entorte o seu nariz, não! Cego não se enfara!

Não, cego não excolhe! Com a sua babosa lingua, quero que dê banho bem dado! Tá assustado c’o tamanho?

Vae ter que engolir tudo! Cego sua!

Ahi! Mais fundo! Cego não recua!

De novo! Mais depressa! Ah! Quando ganho chupeta assim, exporro bem! Tá fanho?

Cansou? Depois a gente continua…

48

ORATORIO OROTURBATORIO [5863]

Fazei, Senhor, que um cego utilidade consiga triplamente exercer em quem pode, felizmente, enxergar bem! Fazei, Senhor, que eu nunca desaggrade! Fazei que minha bocca se degrade trez vezes: nos dois pés, lambendo, sem nenhum nojo, o chulé; fazei tambem que eu limpe, do cu, toda a sujidade! Por ultimo, Senhor, de mim fazei um prompto fellador! Não me deixeis de esmegma sentir asco, si quereis que eu seja cumpridor da vossa lei! Fazei que, num irmão, tudo o que sei fazer eu oralmente faça! Reis serão meus, dos sessenta aos dezeseis, os bons irmãos dum util cego gay!

49

MEME DO DESODORANTE [5888]

Francezes, me disseram, teem mania de banho não tomar. Aquelle cheiro disfarsam com perfume. Mas me inteiro de casos brasileiros… Quem diria?

Conhesço um cujo penis desaffia qualquer masoca amante de chiqueiro. Pentelhos, sacco, tudo um verdadeiro aroma de carniça à rolla allia.

Perfume elle não usa, mas expirra naquillo um popular desodorante.

“Melhora p’ra cacete!”, elle garante, zombando de quem faça alguma birra. Ja pude comprovar, amigos. Irra!

Mixture peixe podre com bastante assucar quem saber quer. Não se expante si der para sentir incenso e myrrha…

50

PULLO DE SUSTO [5950]

Cagava molle quando notou ella, subindo pelo vaso, uma aranhinha de porte inoffensivo, que ja vinha tocando, quasi, sua bunda bella. Dansado uma animada tarantella a dama certamente que ja tinha. Porem o que succede (impressão minha) é que ella não sabia da sequela. Quem conta augmenta a compta. Brincadeira não era a proporção daquella aranha, que, em vez de pequenina, foi tamanha a poncto de egualar caranguejeira. A merda molle excorre, molha, cheira mal mesmo. Não, a dama nem extranha aquillo que limpar, quando se banha, irá. Mas sentir dores… Ninguem queira!

51

MEME DO DESASSEIO [6046]

Podia tambem eu fallar assim: “Tomei a decisão, e não me accanho: emquanto não cagar, não tomo banho!” Mas não fui eu quem isso disse e sim a dona Esther, que soffre, alem do rim, das tripas constipadas. Nem extranho a sua posição. Sei do tamanho que ganha o cagalhão, si sae, emfim. Está sempre enfezada, a dona Esther! Disfarsa com perfume aquelle cheiro suado, faz trez dias, mas não quer lavar-se, por pirraça, sem primeiro fazer o seu cocô! Dessa mulher tão grande é o mau humor quanto o trazeiro. Eu mesmo só consummo o meu mester de bardo si feliz sou no banheiro.

52

HASHTAG FIQUE EM CASA [6138]

Agora que eu não tomo, mesmo, um banho! Alem da quarentena, que incentiva a gente a ter funcção vegetativa, ainda vem o frio! Que é que eu ganho?

Lavar para que, Glauco, si de extranho não ha nada no cheiro que deriva das partes, tão egual ao da gengiva que, sem escovação, ganha tamanho? Não, Glauco! De pyjama aqui, fedamos! Sou eu mesmo quem sente meu fedor! Quem mais vae desejar seu nariz pôr aqui neste sovaco? Convenhamos! Emquanto você, Glauco, seus reclamos em verso faz, querendo fungador ser duma suja picca, vou suppor que estou sendo chupado! Junctos vamos!

53

BACALHAU [6208]

As partes, tanto em homens ou mulheres, fedendo a bacalhau nos são descriptas e tu tambem tal cheiro nellas citas. Explica-me isso, Glauco, si puderes! Então, caralho ou conna, dizer queres que tudo tem odor egual? Evitas fazer a differença? Que repitas te peço, Glaucão, isso que suggeres! Achar que a conna feda bacalhau eu acho, mas somente si está suja.

Tambem a rolla, caso a dicta cuja sebinho juncte, exhala cheiro mau. Suggeres tu, portanto, que no pau ninguem se lave? Então machão babuja em conna sem lavar? Ninguem que fuja exsiste da sujeira? Ahi, babau!

54

FRIORENTA [6286]

Não, Glauco, o meu chuveiro não exquenta! No frio, não ha meio! Resolvi! Não vou tomar mais banho! Só daqui a mezes, no verão! Dias? Noventa! Que xinguem! Que me chamem de nojenta! Boceta ja só limpo si xixi accabo de fazer! Si piriry eu tive, limpo o rabo! Quem attenta?

Alguem presta attenção nas minhas partes pudendas, que não dispo p’ra ninguem?

Alguem vae perceber que cheiro tem aquillo que escondi de immoraes artes?

Não, Glauco! Si quizeres, que te fartes com partes masculinas! Minhas, nem pensar que tel-as visto possa alguem! Banhar-me? Não, jamais! Tu que deschartes!

55

INCONCEBIVEL [6324]

Agora chupam só com camisinha as putas, Glauco! Porra, chato paca!

Caralho, sou do tempo da polaca!

Melhor recordação tens que esta minha?

Lambia -- Ah, feliz epocha! -- todinha a rolla, dava banho, sim, a vacca!

Nas bollas salivava, até! Que inhaca!

Ficou molle esse trampo da gallinha!

Não, ellas não podiam ter do sebo qualquer nojo, Glaucão! De nenhum cheiro, nenhum gosto! Nenhuma, no puteiro, dizia não! Assim é que as concebo!

Ficaram muito frescas, ja percebo!

Deixei de ser, por isso, um putanheiro!

Agora, a recordar, sou punheteiro!

Bons tempos! À memoria delles bebo!

56

VEXAME VERDE-AMARELLO [6494]

Fallei ja, Glauco, disso. Outra vez narro. Você sabe que um sadico duvida que todo masochista se decida, em publico, a motivo ser de sarro. Conhesço um gajo sujo, cujo excarro corria pela cara ja fodida do escravo. Não bastava ser cuspida. Só tinha graça a placa de catarrho. Na frente de nosoutros, o coitado ficava sem poder nem se limpar, depois de receber no rosto um par de grossas cusparadas do seu sado. Aquella catarrhada que, dum lado, mais verde parescia, alguem achar podia, amarellada ja, no olhar daquelles que zoavam um boccado.

57

FEDORENTO FRAUDULENTO [6671]

Hem? Como si não fosse ja bastante tal onda de calor, está faltando sabão e sabonete! Hem? Até quando? Não acho mais até desodorante! Um unico que achei só me garante um cheiro “natural”! Estão brincando! Então pensam que somos nós um bando de trouxas? Não ha voz que se levante? Hem, Glauco? Veja só! Ja viu aroma assim? Diz “natural”, diz “corporal” o rotulo! Mas fede o que, normal, ja fedo: cecê! Então elle me embroma! Gastei para feder cecê tal somma? Estão de brincadeira! Ainda tal producto sae mais caro! Um “genital” do typo fede “cheese”! Hem? Que idioma!

58

SOLUÇÃO DA POLLUÇÃO [6674]

Exporro na cueca, mesmo! Minha mania sempre fora ter à mão um practico recurso, do tesão depois: uma felpuda toalhinha! Porem, poeta, aquella comezinha toalha se sujava! Você não calcula como fica encardidão o panno onde se exporra! Que morrinha! Deixei de lado, Glauco, o panno usado na cama, que ficava alli na beira fedendo, pendurado! Que porqueira! Agora no calção tenho gozado, na sunga, na cueca... Desaggrado não causa me livrar dessa sujeira vestindo roupa limpa! Ja quem queira feder e se excitar… Entendo o lado!

59

FEDOR PROTECTOR [6706]

Um methodo seguro, ouvi, tem para ninguem pegar o virus, companheiro! É só não tomar banho! Um palpiteiro garante, sem vexar, de pau, a cara! “De rua moradores teem a rara e forte protecção que, ja me inteiro, se deve com certeza àquelle cheiro de quem banho não toma! Assim se sara!”

Então é facil, Glauco! Basta a gente feder que nem mendigo, ter cecê, chulé, bodum, que está salva! Você na certa approvará, todo contente! Mas fico preocupado… De repente, um desses andarilhos… va que dê azar e pegue… Então o tal buquê de novo será podre e repellente!

60

DINHEIRO SUJO [6707]

Dinheiro na cueca foi motivo de escandalo! Te lembras, Glaucão? Ora, dez annos se passaram! Pois agora no proprio cu se põe dinheiro vivo! Verdade, Glauco! Disso não me exquivo e tenho que contar-te! Para fora botou um senador (Que infeliz hora!) as scedulas das quaes eu ca me privo! Hem? Trinta mil reaes, informa a fonte, estavam “entre as nadegas” do tal politico! Em estado de total nudez, que se aggachar teve! Que monte! Mal pude crer! Mas queres que eu te conte o resto? Não? Ja basta, né? Banal se torna tal funcção policial: ficar dum pelladão senhor defronte!

61

GLAMOUR [6731]

Glaucão, não ha glamour na sodomia!

Quem leva ferro sente muita dor! Quem come cu se suja! Quando for tirar, nota que é exgotto onde se enfia!

Glamour não ha nenhum, Glaucão! Um dia, dum gajo o cu comi! Dominador pensei ser, disciplina quiz suppor que impunha, que, bem sadico, o fodia!

Pheijão tinha comido o gajo! Quando tirei o pau de dentro, coroado estava pelas cascas do virado! De quebra, veiu couve! Estou fallando! Lhe juro, cara! Assim, eu no commando não quero mais ficar! Me desaggrado com tanta porcaria! Só sou sado, agora, com você, cego nefando!

62

DADIVA DIVINA [6867]

Não achas uma dadiva divina, poeta, seres cego? Ora, repara no gesto tão humilde que prepara Deus para quem ficou nessa ruina! Que chance teem os cegos! Imagina si podes num pezão metter a cara, a lingua! Qual escravo se compara ao cego, que a quaesquer se subordina?

Sabendo-te inferior pelo destino, irás, sem excolher, servir ao feio, ao sujo, ao mais malvado, no recreio que tenham, qual brinquedo de menino! Hem? Achas humilhante? Sim, defino a tua condição como um sorteio: Tu perdes a visão, mas ganhas, creio, um meio de elevar-te! Eis o teu tino!

63

SHEENA IS A PUNK ROCKER [6952]

Cabeça mohicana, nappa adunca, aquella pistoleira, Glauco, faz furor aqui no bairro! Mas rapaz, que é bom, ella não pega, mesmo, nunca! Pudera! A vagabunda virou punka! Tá toda tattuada, até ja traz no rosto uma de rolla! Solta gaz com força, qualquer pappo fode e trunca! Não, Glauco, nem é tanto o pappo della que expanta a molecada do logar, nem esse visual tão invulgar, mas uma affamadissima mazella! A punka nunca toma banho, bella porquinha que deseja se tornar! Na chota fede tudo que, do mar, de podre exsiste e embrulha na goela!

64

EM CARCERE, E PRIVADO [6955]

Saber quer, Glauco? Obrigo uma bichinha, que escrava se declara, a me ser bem submissa de verdade: que estar em um carcere privado tem! Tadinha?

Tadinha nada! Nella applico minha total auctoridade: limpa, sem perdão, com sua lingua de refem, qualquer que seja a minha sujeirinha!

As solas que, no piso, junctam pó; a rolla, accumulando o meu sebinho; meu mijo, que melhor é do que vinho; cocô, que comerá todo, sem dó! Appanha! No cu leva, Glauco, só que venda tem nos olhos! Mais damninho seria meu tesão si num ceguinho, vendado ao natural, faço o forró!

65

O CEGO E SEU OLFACTO [6995]

Você diz ter olfacto bem treinado?

Ainda não sentiu nada, Glaucão! Na hora de chupar-me, você não vae crer no seu nariz! Tome cuidado!

O cheiro não será do seu aggrado, pois fedo mais, Glaucão, nessa porção do corpo, que perus alheios, tão intenso o meu esmegma accumulado!

Não vale sentir nojo! Ouviu bem, cara? Terá que lamber tudo que grudado esteja na cabeça, resultado do banho que não tomo! Você encara? Então que se prepare! Indico, para noção lhe dar, que tenha ja cheirado um ovo podre, ou peixe que, estragado, alguem jogou no lixo! Se compara!

66

CAGADA MONITORADA [7101]

O nosso cellular nos espiona, poeta! Sabe tudo sobre nós o proprio fabricante, pela voz, a cara, a roupa, joven ou cafona!

Mas não appenas quando telephona a gente! Elle controla nossos prós e contras, até quando, logo appós fodermos, fica a gente mais cagona!

Sim! Como nós levamos ao banheiro aquelle apparelhinho, saber vão quem menos é, quem mais será cagão, si limpo ou sujo temos o trazeiro! si duro ou molle faço o que primeiro sae, isso só me importa a mim, Glaucão! Por isso um cellular não quero, não! Não quero que elles sintam o meu cheiro!

67

JURURU [7112]

Estou bastante triste, trovador!

Pensei que fazer tudo ja podia depois de estar num cargo de chefia, mas vejo que me chamam dictador!

Appenas porque, quando um gajo for cagar, lhe prohibi que passe o dia inteiro la trancado, rebeldia gerei no pessoal! Dá p’ra fé pôr? É molle, Glauco? Dizem que estão com um puta piriry! Não saem mais de dentro do banheiro! São normaes taes coisas? Elles ferem o bom tom! Até fui ver si tinha cor marron a merda alli cagada, pois jamais descarga dão, mas tons bem naturaes achei! Não, Glauco, o cheiro não é bom!

68

PLEBÉA DIARRHÉA (1/4) [7157/7160]

(1)

Me sentei, ja, numa suja tabua assim, num botequim. Do fedor não ha quem fuja num momento tão ruim. Encarei a dicta cuja e pensei: “Pobre de mim! Nem exgotto sobrepuja este odor! Mas, ja que vim…” Eu passava na calçada quando a coisa ja appertava e senti que, caso nada encontrasse, me borrava. O boteco, logo em frente, num momento que se aggrava foi o jeito ao caso urgente de soltura aguda e brava.

(2)

Mal entrei no tal quartinho, vi que nem janella tinha. Nem achei, nalgum canthinho, de papel uma folhinha. Foi espeto, foi espinho, fazer algo la! Adivinha si, mijado, um assentinho não molhou minha bundinha!

De cocô pela beirada, transbordando lama a rodo, cheia estava a tal privada: quasi encosto o cu no lodo!

Sendo molle o meu, o nivel excedeu. Sim, sem engodo!

Me borrei! Não foi possivel Evitar… Como eu me fodo!

69

(3)

Mas amigos meus tambem se foderam. Sei dum caso engraçado, que me vem à memoria com attrazo. Ja me lembro: o gajo, sem ter excolha, viu o vaso todo cheio. Alli ninguem cagaria, tendo prazo. Mas urgente era a questão! Jamais queiram tal enguiço! Ou cagava logo, ou não livraria as pernas disso!

Resultado: elle sentou no cocô. Não sendo ommisso, uma idéa vaga eu dou dum dejecto movediço.

(4)

Merda molle, gente, é barra! Ella excorre sem controle, sae num jacto, sae na marra, não ha poncto em que não colle! O cocô, quando está molle, causa colicas. Se aggarra onde pode, em secco engole o subjeito, abre a boccarra! Arfa, arqueja… Mas faz tudo, quasi tudo… Sou fiel ao que conta. Depois mudo fica, em busca de papel…

Mas papel, alli, não dura! Que destino mais cruel! Quem passou por isso jura nunca mais comer pastel…

70

BALDADOS CUIDADOS [7163]

Às pressas, entra a velha num boteco de bairro, tão immundo, tão fuleiro, que quasi que ella pensa: “Ah! Não defeco aqui, nunca! Magina! Mas que cheiro! Me prendo! Me seguro! Me resecco! Mas nunca que porei o meu trazeiro tão limpo nessa tabua, nesse treco!

Magina! Que fedor neste banheiro!” É pena, mas occorre que a coitada naquelle seu buraco não põe rolha! Alli ja não se aguenta, está appertada demais para suppor qualquer excolha! Não é que numa tabua ja molhada de fetido xixi, se senta? Encolha o rabo quem puder! Termina, e nada dum minimo papel, duma só folha!

71

HYGIENICO PANICO (2) [7169]

É logico! Outro methodo não ha, seguro, de limpar certo logar. Entendo que o melhor jeito será tomar um bello banho appós cagar. Inutil! Com papel, só, nunca dá direito para tudo eliminar daquillo que grudado ficou la nas pregas dessa fenda capillar. Sim, Glauco! Temos asco, temos medo! O raio do buraco, propriamente, nos choca! Tanto nojo dá, que a gente se encolhe e mal lhe enfia o medio dedo! Emfim, nós nos limpamos, tarde ou cedo, mas veja, cara: aos pellos é que adhere a fetida sujeira! Ha quem tolere? Confesso, ja a cheirei… Meu, como eu fedo!

72

MOTTE GLOSADO (1/2) [7429]

Agua agora se raciona até para tomar banho.

(1)

Lavar rolla, lavar conna, só no sabbado, e olhe la! Como a coisa feia está, agua agora se raciona. Ja pensou? Que porcalhona fica a gente! Nem me accanho mais si alguem vê monco ou ranho me excorrendo pela cara! Que fazer, si a aguinha é rara até para tomar banho?

(2)

Que legal! Vae ser cafona manter limpa a minha bunda! Mesmo a rolla estando immunda, agua agora se raciona! O fedor daquella zona corporal nada de extranho mais terá! Pretexto eu ganho si ter cheiro de gambá vou, pois agua faltará até para tomar banho!

73

MOTTE GLOSADO [7435]

Approveite emquanto pode tomar banho demorado.

Você, caso se incommode com cocô grudado ao rego, seu banhinho, no sossego, approveite emquanto pode!

Ensaboe seu bigode devagar e, com cuidado, lave o penis ensebado!

Ammanhan, si a ducha secca, vel-o eu quero, de caneca, tomar banho demorado!

74

MOTTE GLOSADO (1/2) [7524]

Problema em sermos porcos eu não vejo si alguem quizer limpar nossa sujeira.

(1)

Um dentre meus leitores não tem pejo de sebo cultivar, si alguem submisso laval-o usando a lingua! Deante disso, problema em sermos porcos eu não vejo! De Bob e de Porcão, com bemfazejo humor, elle é chamado! Achar quem queira sujar-se é facil, quando um nariz cheira as meias, a cueca delle, e fica em transe! Não lavemos pés nem picca si alguem quizer limpar nossa sujeira!

(2)

Porcão quer zoar mesmo: sua meia chulé por trez semanas accumula! Por mezes a cueca aguenta! Engula o queijo quem puder e cara feia não faça ante uma crosta que exverdeia! Me orgulho de ter tido elle a primeira certeza ao ler-me e um bicco de chaleira tão sujo ser de tantos o desejo!

Problema em sermos porcos eu não vejo si alguem quizer limpar nossa sujeira!

75

MOTTE GLOSADO [7625]

Hygiene não é só mão lavada, fique claro.

Ja caguei. Sequei a mão, mas o rego segue sujo. Da tarefa nunca fujo, mas papel faltou e não me limpei. Só com sabão fica limpo. Me deparo com a falta d’agua e caro pago um sujo fiofó.

Hygiene não é só mão lavada, fique claro.

76

MANIFESTO COMMODISTA [7888]

“Mas, Glauco, tomar banho dá trabalho demais! A mesma coisa todo dia! Você passa sabão, lava caralho, virilha, sacco, umbigo, rabo, enfia o dedo no cuzinho, um acto falho commette, exfrega a rolla, a phantasia da bronha aguenta firme, e tanto malho p’ra nada! Ao fim do dia, a porcaria do cheiro de sovaco que eu expalho voltou com tudo! Glauco, que agonia!” Reflicto que elle pode estar, no galho, macaco sendo, ao passo que em porfia ainda mais inutil me embaralho: fazer a barba! Ahi, sim, me allivia deixal-a crescer! Antes, um attalho tentei: barbeador. Porem, a via mais practica será, como expantalho, ficar mesmo barbudo! Essa mania diaria de exfollar-me, eu advaccalho sem culpa! Mas sem banho… não daria!

77

MANIFESTO ANILINGUISTA (1/2) [7945]

(1)

“Qualquer um que ja tenha sido alli lambido sabe, Glauco! Quando a merda sae molle, ao passar lambe o cu, gostoso, tal como dum escravo a lingua suja! Você ja reparou nisso, Glaucão? Por isso é que cagar tanto prazer nos dá, não é? Difficil é que eu tenha a lingua dum escravo, como o rollo que fica, de papel, alli do lado do vaso! Mas a gente, emfim, se vira…”

(2)

-- Às vezes eu descharto o que ja li limpando o cu, mas uma lingua lerda, lambendo devagar, causa mais gozo, sem duvida. Quem tenha, de lambuja, um habil fellador, prazer tem tão completo que difficil é mais ter. Viajo nisso. Lingua que se embrenha nas pregas, indo e vindo, por consolo eu tenho, mas appenas sou levado por Sade e, no delirio, pela lyra…

78

MANIFESTO MANICHEISTA (1/2) [7952]

(1)

“Não, Glauco! Não sou bruxa! Você, sim, é bruxo! Sou é fada! Sou do bem! Você ficou refem da perversão, querido! Não lhe quero mal, mas vamos convir que excolhi certo! Escrevo e leio somente coisas boas! Nunca fallo de nojo, de sujeira, mijo e merda! Sou limpa! Positivas vibrações transmitto, Glauco! Pense no que digo! Em tempo ainda está de bandear-se ao lado bom da vida, meu querido!”

(2)

-- Que bom que tem você pena de mim, amiga! Quem teria? Mais ninguem! Mas vamos e venhamos… Quantos são os lados da questão? Quantos os ramos por arvore? Pensou nisso? Recreio bem pode ser aquillo que, no callo de alguns, é descomforto. Quem bem herda a fama dos maldictos, com Camões não briga, minha amiga. Si commigo você combina, vamos sem disfarse vivendo. A tal convivio é que a convido!

79

CHEIRO PASSAGEIRO (1/5) [8025]

(1)

Estou tão louca para que o verão de volta venha! Ai, quasi nem me aguento! Me sinto tão incommoda, tão cheia de roupa, de assadura, de coceira! Ai, Glauco, só você me entende, né?

(2)

Preciso tomar banho, Glauco! Não aguento tantos mezes! Fedorento meu corpo tá todinho! Minha meia você nem quereria! Quem a cheira jamais se exquescerá do meu chulé!

(3)

Não quero ficar suja, não, Glaucão! Usando um bom perfume eu até tento meu cheiro disfarsar, mas está feia a coisa! Nem masoca acho que queira lamber da bocetinha meu filé!

(4)

Com esse frio todo, o banho é tão difficil de tomar! Não, Glauco, um vento gelado ja me grippa! Não receia você pela rhinite costumeira?

Então! Quem prevenido ca não é?

(5)

Mas tudo se resolve! Esta estação está quasi passando! Mesmo lento, o tempo vae mudar, Glauco! Sim, creia! Chulé quem ja cheirou a vida inteira nas idas e nas voltas bota fé!

80

SUPPOSTO CONTRAGOSTO (1/2) [8026]

(1)

De “scat” uns videos mostram que comida a merda ja vem sendo normalmente nas scenas de sadismo ou submissão. Até que, nesse poncto, eu commemoro. Aquillo que incommoda meu instincto, direi, “deshumanista” é que o submisso demonstre estar feliz e dê risada emquanto foi cagado ou come a bosta! Assim, não! Perde a graça! Até brochante se torna toda a scena! Como pode alguem que soffre abusos externar prazer ou alegria? Pode até curtir intimamente, mas precisa fazer suppor que cede coagido!

(2)

O mesmo vale para a preferida sessão do meu orgasmo: o adolescente pisando no mais velho, o madurão lambendo o pé do moço. O que eu deploro é nojo não haver, é o que não minto naquillo que narrei. Fetiche nisso achei porque ennojava! Porque cada pé sujo ou chulepento ninguem gosta, na marra, de lamber! Quando um pisante sujissimo lambi, suppuz: se fode quem fica por debaixo! Tem azar quem perde e fica cego! Lambe pé quem feito de capacho foi, à guisa! Mas tudo por consenso eu não valido!

81

CATARRHO NO SARRO (1/3) [8028]

(1)

Agora a cusparada virou moda nos videos pornographicos do typo curtido por podolatras: um cara mais velho dos mais jovens é cobaya, dos tennis lambe sola, de descalços pés lambe e cheira a typica sujeira. Na cara tapas leva, até biccuda. Mas uma coisa chama a attenção nossa: saliva abunda nessa bella scena.

(2)

Não usam nu frontal, nenhuma foda explicita alli rolla. Participo da scena mentalmente, pois compara a mim o personagem que então caia aos pés da molecada, sem os falsos pudores dos adultos que a cegueira só fingem proteger com sua “adjuda”. Careca, gordo ou oculos quem possa usar será pisado, pois, sem pena.

(3)

Alem de ser pisado, o que incommoda a victima é o catarrho. Si me grippo, excarro com frequencia. Minha tara si fosse egual à delles, ah, que saia da frente quem não queira, alem dos calços, levar a catarrhada! Mas quem queira gozar sendo cuspido, vê que gruda à bessa a baba nelle, espessa, grossa e erotica, si estamos nessa arena.

82

DESFRUCTE NÃO SE DISCUTE (1/2) [8073]

(1)

{Explica-me este poncto, si és capaz, meu caro Glauco, sobre coito anal. Quem come, de cocô suja seu pincto, concordas? Fica todo malcheiroso, borrado, quando o pau dalli retira, concordas? E quem dá, dores supporta, às vezes nem supporta, tão agudas que são! Tu não concordas? Poderá, talvez, até sangrar! E se mixtura o sangue ao excremento sobre a pelle do penis, Glauco! Puta que pariu! Por que diabos, Glauco, tem quem goste de tal penetração? Ninguem desfructa total, desse prazer de gosto tão, digamos, duvidoso! Que me explicas?}

(2)

-- Nem sempre o sexo anal, de Satanaz o coito predilecto, faz de tal maneira a porcaria. Não te minto si digo que evitado tenho o gozo anal, talvez por causa duma lyra oral que poetizo. Mas a torta visão que tens do rabo, não te illudas, em nada altera a graça p’ra quem dá, tampouco p’ra quem come, si tortura faz parte do tesão, caso alguem felle a rolla suja, appós o que sentiu no proprio cu, fodido por um poste. É sadomasochismo! Não discuta ninguem a dor alheia, a compulsão alheia, por trazeiros ou por piccas!

83

RHAPSODIA SADEANA (1/6) [8376]

(1)

De Sade um personagem mais bandalho mal força à fellação alguem e ja vae dando à puta as ordens: “Estará achando que terei como trabalho lavar o que bem sujo sempre está por sua causa, appenas? Ora, va à merda! Chupe e foda-se, caralho!”

(2)

E penso ca commigo: “Bem eu calho àquillo, como cego, pois da má conducta não me queixo. Chupará na marra quem por bem não quebra o galho…”

Alguem dum cego fica com dó? Bah! Cansei de ouvir “Tem mais é que chupá!” daquelle que lê, rindo, o que eu expalho…

(3)

Pois é… Quem não se pode ver no espelho não pode pretender que quem bem vê se prive de dizer: “Você que dê de lingua um banho, desde esse pentelho mijado até o que nunca num bidê um macho lavará! Tracte você de ser meu sabonete, eu lhe aconselho…”

(4)

Ouvi ja muitas vezes o estribilho sarcastico: “Tem cheiro de xixi?

Pois lamba, cego escroto! Nunca vi ceguinho tanto assim da puta filho!”

Calado, só obedesço. Si cahi no chão adjoelhado, só daqui levanto si bebi xixi e me humilho…

84

(5)

E eu penso: “Quem perdeu de vez seu olho excolha tem? Jamais! Até cocô ja tive que comer, quando um pornô caseiro video ousaram! No ferrolho prenderam-me e disseram: “Come, pô! Sinão vae levar relho mesmo, sô!” Nos labios o cocô do chão recolho…

(6)

É claro que senti de nojo o engulho! Mas tive que engolir! Esse tabu quiz Sade explorar muito... Jururu fiquei, pois engoli meu proprio orgulho… Revi-me personagem, que seu cu ainda degustou! Si fico nu, o dedo chupo quando o cu vasculho…

85

RHAPSODIA CRUZIANA (1/2) [8394]

(1)

{Achei curioso, Glauco, como o Cruz e Souza canta a bocca. Alem daquella funcção grandiloquente do chavão, seu lyrico sonnetto salienta dois ponctos importantes: um, que pode a bocca dum archanjo outra temptar, tambem de archanjo, ou seja, anjo com anjo; dois, dicta perfumada, a bocca foi, alem disso, de “toxica” chamada, ou seja, carnalmente conspurcada, talvez, pelo contacto dalgo sujo. Lhe soa tal analyse correcta, Glaucão, ou vejo coisas por meu lado?}

(2)

-- Tambem eu dessa forma ja suppuz. Sim, penso numa bocca, alem de bella, angelica. Voltada à temptação, por outro lado, e como que nojenta, podendo ser aquella que se fode. Si for bocca de cego, seu logar será servir de foda a algum marmanjo, é claro. Mesmo quando elle se enjoe de nella penetrar, acho que em nada altera-se a questão. Dando risada estão nossos leitores, bem sei, cujo sadismo no boquette se completa. Eis como destrinchei esse recado.

86

ADSTRINGENTE PARLAMENTARISMO (1/2) [8495]

(1)

Si tudo como dantes tem rollado no mais parlamentar quartel d’Abrantes, quer seja senador ou deputado o sujo personagem dos flagrantes, é sempre latrinario o resultado dos casos de quadrilhas e integrantes. Cagando e andando está quem foi flagrado na lista dos corruptos, mas deu, antes do escandalo, o escatophilo recado:

(2)

“Fiz tudo para obrar, nas importantes urgencias, com exforço, e evacuado não tenho a casa, oppondo-me aos farsantes! Detesto as obstrucções! Por outro lado, forçoso é constatar os constipantes effeitos do projecto que tem dado trabalho aos intestinos e intrigantes serões de gabinete! Si approvado, o plano obrigará que os fabricantes dos rollos de papel que mais aggrado nos fazem ao trazeiro, deslisantes, os tornem grossos, asperos! Será do peor typo o que limpa, si laxantes tomarmos, o cocô que for cagado!”

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VERANEIO SEM DEVANEIO (1/4) [8520]

(1)

Verão! Calor! A praia! A cervejinha gelada! A cor marron! O sorvetinho! Chavão é o tal do “tempo bom”, mas minha exhausta paciencia rapidinho reclama da questão que me apporrinha:

(2) Suor! Como é nojento! Como é chata a roupa a se encharcar! Não me acclimato jamais! Que exsudação, ah, Zeus, que ingrata urina pelo corpo, sem que o jacto do penis saia! A pelle é que dilata!

(3) Dos poros brota mijo! Me abbespinho com essa fedidissima morrinha! Si fosse só o sovaco, só o vãozinho do artelho ou da virilha! Mas eu tinha tirado ja da chuva o cavallinho!

(4) Me fede o corpo inteiro! Deshydrato de tanto transspirar! Não ha quem batta o cego no cecê! Banho de gatto nem quero mais, só ducha, mas na latta lhes digo: pegajoso sou ao tacto!

88

LANÇA-FARTUM (1/2) [8530]

(1)

No tempo dos entrudos, reza a lenda, jogava-se agua suja de xixi na roupa do burguez. Quem mais se offenda meresce ser mijado, disse alli, naquella phase, o Momo dessa agenda anarchica, segundo o que ja li. Progride o carnaval? Peor emenda!

(2) Agora, muito bloco, muita banda supera aquella eschola que o vovô curtia nos desfiles. Quem commanda a festa é o proprio povo, mais pornô e porco, sem cheirinho de lavanda que exguicha de frasquinhos. De cocô, tambem, eis a fragrancia, nada branda!

89

A SOLA DO FRAJOLA [8561]

Questão de perspectiva, diz quem acha ser trumpho um sujo tennis ou sapato. Mas isso não achava quem seu fato vestia com apprumo, bella facha. Vaidoso, seu pisante só com graxa de luxo se lustrava, mas constato que todo esse elegante e fino tracto sadismo mascarava em cara macha. Um dia, a sua sola de borracha pisou no cocozinho mais ingrato que havia na calçada: seu formato grudou na sola chique qual bollacha. Mas, como um masochista ja se aggacha na sua frente, elle ergue seu pé chato e manda que o outro o lamba. Seu cordato escravo na limpeza se despacha. Lambida a sola, agora cobra taxa egual o tal mandão de todo pato que venha rastejando. O sujo facto rendeu e o “mestre” disso o bicco racha.

90

POSTVERDADES (1) [8601]

Verdades, por amigos quando dictas, nos fazem rir, chorar, ou só pensar. Agora me permitto raccontar aquella que contada me foi hontem. “No banho, quando passo o sabonete no rego, um cheiro sobe, mixturando fragrancias differentes, que resultam num typico fedor, que se dissipa só quando ja correu agua bastante!” Sim, cheiro de cu, como me explicaram, paresce inconfundivel. Bacalhau explica aromas typicos do pau, alem dos da boceta. Mas do cu eu nunca havia, assim, a descripção ouvido. Penso nella, ao me banhar.

91

O CARRO E OS BOIS [8885]

Glaucão, o que me intriga numa transa é gente, que “normal” se diz, ser contra um alcohol consumir antes do sexo! Mas elles tomam banho, Glaucão, antes da transa! Ja commigo sempre foi o opposto: tomo banho só depois, a fim de não perdermos nosso cheiro mais forte e natural! E sempre tomo um calice de vinho, dois ou trez, por vezes até quattro, preparando o clima para a transa! Sou, então, um cara abnormal, Glauco? Ufa! Que bom que nisso concordamos! É possivel que mesmo os taes “normaes” façam assim mas finjam que não agem como nós!

92

MACCLADMANIACOS [8891]

Você, Glaucão, que escreve tanta merda, na certa fan será daquella banda ingleza, que tem bocca suja à bessa! Sim, essa mesma! Alguem ja commentou que, numa latrinaria poesia, nem mesmo você, Glauco, conseguiu junctar tanto cocô num só banheiro, siquer nesses botecos onde estão os bebados cagando, vomitando, mijando ou exporrando todo o tempo! Concorda, menestrel? Então estamos nós quites e podemos tomar umas, sem risco de infectar nossa privada com esse incrivel nivel de cocô!

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SUMMARIO NOTA INTRODUCTORIA..............................7 DISSONNETTO CONFLAGRADO [0658]..................9 DISSONNETTO DO ROPTO E DO EXFARRAPPADO [0663]..10 DISSONNETTO DA PERDA DE TEMPO [1263]...........11 DISSONNETTO DA CLOACA BEMDICTA [1468]..........12 DISSONNETTO DO QUEIJO QUE ENJOA [1544].........13 DISSONNETTO DA CASCA GROSSA [1635].............14 DISSONNETTO DO BANHO ENFADONHO [1656]..........15 DISSONNETTO PARA QUEM ESTÁ CAGANDO E ANDANDO [1890].........................................16 DISSONNETTO PARA UM BAFO INCONFUNDIVEL [2003]..17 DISSONNETTO SOBRE O BEIJO MAIS INTIMO [3008]...18 DISSONNETTO SOBRE A DUPLA IDENTIDADE [3021]....19 FEDIDO POR FEDIDO [3185].......................20 INFECTO NECTAR (1/3) [3268/3270]...............21 AMARGO ENCARGO [3510]..........................24 HYGIENICO PANICO (1) [3521]....................25 A VOLTA DO MOTTE DO PORCO [3656]...............26 PERFEITO JUIZO [3925]..........................27 GOSTINHO DE MALDADE [4407].....................28 ANXEIO POR ASSEIO [4728].......................29 MARRON SOBRE AZUL (1) [4807]...................30 BENTA, A SEBENTA [4963]........................31 PORCARIA SEM PERFUMARIA (1/2) [5047/5048]......32 OBSOLESCENCIA DO LENÇO [5091]..................34 MINGAU DAS ALMAS [5134]........................35 DICA QUE FICA [5139]...........................36 COLLA NA SOLA [5140]...........................37 FEZES QUE SE PREZEM [5148].....................38 DAMNINHA ESPINHA [5151]........................39 ADHERENTE E REPELLENTE [5164]..................40 GATTA QUE EMPATTA [5166].......................41 QUEM SE PELLA POR REMELLA? [5168]..............42
OUVIDOS DE MERCADOR [5170].....................43 DESAFFIO DENTAL [5171].........................44 NO BOJO DO NOJO [5185].........................45 DISSONNETTO DUM RESERVADO NÃO VENTILADO........46 PERSEVERANTE PERFECCIONISMO [5561].............47 CEGADO E EMMUDESCIDO [5692]....................48 ORATORIO OROTURBATORIO [5863]..................49 MEME DO DESODORANTE [5888].....................50 PULLO DE SUSTO [5950]..........................51 MEME DO DESASSEIO [6046].......................52 HASHTAG FIQUE EM CASA [6138]...................53 BACALHAU [6208]................................54 FRIORENTA [6286]...............................55 INCONCEBIVEL [6324]............................56 VEXAME VERDE-AMARELLO [6494]...................57 FEDORENTO FRAUDULENTO [6671]...................58 SOLUÇÃO DA POLLUÇÃO [6674].....................59 FEDOR PROTECTOR [6706].........................60 DINHEIRO SUJO [6707]...........................61 GLAMOUR [6731].................................62 DADIVA DIVINA [6867]...........................63 SHEENA IS A PUNK ROCKER [6952].................64 EM CARCERE, E PRIVADO [6955]...................65 O CEGO E SEU OLFACTO [6995]....................66 CAGADA MONITORADA [7101].......................67 JURURU [7112]..................................68 PLEBÉA DIARRHÉA (1/4) [7157/7160]..............69 BALDADOS CUIDADOS [7163].......................71 HYGIENICO PANICO (2) [7169]....................72 MOTTE GLOSADO (1/2) [7429].....................73 MOTTE GLOSADO [7435]...........................74 MOTTE GLOSADO (1/2) [7524].....................75 MANIFESTO COMMODISTA [7888]....................77 MANIFESTO ANILINGUISTA (1/2) [7945]............78 MANIFESTO MANICHEISTA (1/2) [7952].............79 CHEIRO PASSAGEIRO (1/5) [8025].................80
SUPPOSTO CONTRAGOSTO (1/2) [8026]..............81 CATARRHO NO SARRO (1/3) [8028].................82 DESFRUCTE NÃO SE DISCUTE (1/2) [8073]..........83 RHAPSODIA SADEANA (1/6) [8376].................84 RHAPSODIA CRUZIANA (1/2) [8394]................86 ADSTRINGENTE PARLAMENTARISMO (1/2) [8495]......87 VERANEIO SEM DEVANEIO (1/4) [8520].............88 LANÇA-FARTUM (1/2) [8530]......................89 A SOLA DO FRAJOLA [8561].......................90 POSTVERDADES (1) [8601]........................91 O CARRO E OS BOIS [8885].......................92 MACCLADMANIACOS [8891].........................93
São Paulo Casa de Ferreiro 2023

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O CARRO E OS BOIS [8885]

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A SOLA DO FRAJOLA [8561]

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pages 90-91

VERANEIO SEM DEVANEIO (1/4) [8520]

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ADSTRINGENTE PARLAMENTARISMO (1/2) [8495]

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RHAPSODIA CRUZIANA (1/2) [8394]

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RHAPSODIA SADEANA (1/6) [8376]

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DESFRUCTE NÃO SE DISCUTE (1/2) [8073]

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CATARRHO NO SARRO (1/3) [8028]

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SUPPOSTO CONTRAGOSTO (1/2) [8026]

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CHEIRO PASSAGEIRO (1/5) [8025]

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MANIFESTO MANICHEISTA (1/2) [7952]

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MANIFESTO ANILINGUISTA (1/2) [7945]

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MANIFESTO COMMODISTA [7888]

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MOTTE GLOSADO (1/2) [7524]

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MOTTE GLOSADO (1/2) [7429]

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HYGIENICO PANICO (2) [7169]

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BALDADOS CUIDADOS [7163]

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PLEBÉA DIARRHÉA (1/4) [7157/7160]

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CAGADA MONITORADA [7101]

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O CEGO E SEU OLFACTO [6995]

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EM CARCERE, E PRIVADO [6955]

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DADIVA DIVINA [6867]

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DINHEIRO SUJO [6707]

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FEDOR PROTECTOR [6706]

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FEDORENTO FRAUDULENTO [6671]

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HASHTAG FIQUE EM CASA [6138]

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MEME DO DESASSEIO [6046]

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ORATORIO OROTURBATORIO [5863]

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CEGADO E EMMUDESCIDO [5692]

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PERSEVERANTE PERFECCIONISMO [5561]

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DESAFFIO DENTAL [5171]

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OUVIDOS DE MERCADOR [5170]

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GATTA QUE EMPATTA [5166]

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ADHERENTE E REPELLENTE [5164]

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DAMNINHA ESPINHA [5151]

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COLLA NA SOLA [5140]

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MINGAU DAS ALMAS [5134]

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OBSOLESCENCIA DO LENÇO [5091]

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PORCARIA SEM PERFUMARIA (1/2) [5047/5048]

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ANXEIO POR ASSEIO [4728]

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GOSTINHO DE MALDADE [4407]

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PERFEITO JUIZO [3925]

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FEDIDO POR FEDIDO [3185]

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DISSONNETTO SOBRE A DUPLA IDENTIDADE [3021]

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DISSONNETTO

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DISSONNETTO PARA QUEM ESTÁ CAGANDO E ANDANDO [1890]

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DISSONNETTO DO BANHO ENFADONHO [1656]

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DISSONNETTO DA CASCA GROSSA [1635]

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DISSONNETTO DO QUEIJO QUE ENJOA [1544]

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DISSONNETTO DA CLOACA BEMDICTA [1468]

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DISSONNETTO DA PERDA DE TEMPO [1263]

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DISSONNETTO CONFLAGRADO [0658]

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