EMRC_10_UL1_Política, ética e religião

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estabelece que o uso de meios deve ser aju stado (proporcional) aos legít imos f ins visados; o recurso à participaç ão dos súbditos, por via direta ou representativa; a redução do poder, operando o que se designa como nivelamento do pod er (exigindo a dim inuição dos privilégios de alguns em relação aos demais)." Cf. Kung, Hans. 19 99. Uma éncc mundlol poro a economia e a política, Madrid. Editorial Trotta, pp. 66-68.

Contudo, apesar destes mecan ismos, as tentações de se perpe tua r no poder permanecem, sendo frequentes as not ícias de países em que os líderes forjam alterações constitucionais que permi tem que, de forma aparentemente democrática, possam permanecer, indef inidamente, no exercício de funções. to que, com efeito, a tent ação de controlar o poder não cor respon de apenas a um desejo dos que o detêm de se perpetuarem aí, mas tam bém a uma aco modação dos demais, que aceitam, passivamente o con texto em que vivem. Já no século XIX, Tocqueville, segundo nos cont a Hannah Arendt, recordava, com pertin ência, que

"«sempre que as condições são iguais, a opinião geral pesa com um peso [tão] imenso sobre o espírito de cada indivíduo» que «a maioria não necessita de o coagir: convence-o»; a coação não violenta da reprovaç ão pública é tão forte que o dissidente não sabe para onde se voltar no seu isolamento e impotência, e acabará por ter de escolher ent re o conformismo e o deses pero. [...] O perigo do conformism o e a sua ameaça à liberdade é inerente a tod as as sociedades de massa. [...] Nas fases inicias, o confo rmis mo pode verosimi lmente servir para torn ar o terror menos violento e a ideologia menos insistente, e assim fazer com que a transição de um clima de liberdade para uma atmosfera pré-totalitária seja menos sensível." Arendt , Hannah , 2001 , Compr eensão e polftlca e

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outros ensc ros. LIsboa. Relógio

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d'água, pp. 32 2-3 23.

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8.4.6. Estratégias de desvalorização ou sobrevalorização dos partidos

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Sem partidos , democracia, t al como a conce bemos, não é possível, pois a sua existência assegura a estabilidade de projetos, a con fiança numa cer ta forma d e conc eber e realizar a ação po lít ica. Sendo certo este pressuposto , import a ter em conta dois extremos que se verif icam, na relação entre a democra cia e o papel dos partidos para a sua vivência: a sua desvalorização e a sua sob revalorizaç ão. Conduz à sua desvalorização a convicção de que, sendo a democracia o regime segundo o qual o poder é detido e exercido pelo povo, então, em cada mome nto , esta vont ade deveria estar a ser consu lt ada e t ida em conta. Uma tal conc eção redundaria num "pântano" que dificilmente perm itiria levar por diante qualquer projeto de ac ão política. A democracia rapidamente redundaria numa demagogia ou, até, em anarquia. Por oposição , tenha-se em conta o fenóme no da sobrevalorização dos part idos, co nvicção segundo a qual não há democracia senão a que se faz através da acão dos partid os. Na verdade, tendo em cont a inclusive a etimologia da palavra polít ica, cabe a todos os cidadão s a respon sabilidade, à sua medida e com o seu contr ibuto próprio, para o sucesso de toda a comunidade polít ica, de toda a sociedade. Sendo assim, nem t udo se reduz à democracia representativa, que os partidos asseguram.

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Polit ica.

êt íca e

Religião


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