E N T R E V I S TA
NUNO MORGADO MARQUES, CITROËN
Estamos orientados para o cliente B2B —— Tem a marca da irreverência e muitos consideram-na o expoente do conforto dos automóveis franceses. A Citroën acelera a renovação de produto, entra em novos mercados com o Ami e, apoiada no Free2Move, quer construir soluções flexíveis e atraentes, sem deixar de parte as formas tradicionais de aquisição do automóvel. Até porque o objetivo é crescer no canal empresas
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uno Morgado Marques é, desde novembro de 2019, diretor da marca Citroën para Portugal e Espanha. Até ir para Madrid ocupar o cargo de diretor de marketing da Peugeot em Espanha, em maio de 2015, desempenhou as mesmas funções no nosso país durante quase quatro anos. Sendo um profissional muito ligado ao marketing e à estratégia de produto, era inevitável começar a entrevista perguntando como vê a atual Citroën e com que imagem a marca deseja ser reconhecida. E de caminho perceber qual a estratégia pensada para cada um dos novos produtos, nomeadamente para o novo C4 e o peculiar Citroën Ami, a importância de cada um junto dos clientes profissionais e falar ainda sobre algumas soluções que vão fazer parte da oferta Free2Move. A Citroën vive uma estratégia de renovação que passa por um reposicionamento da marca. Sendo o Nuno um homem do marketing e da imagem, como é que a Citroën pretende posicionar-se, primeiro entre as marcas do grupo PSA, depois no mercado em geral? A marca Citroën tem um posicionamento muito próprio, seja no grupo, seja no mercado. Sempre teve, continua e continuará a ter. Diria que há três características que marcam a Citroën e a diferenciam. A primeira é que é uma marca para todos. É uma marca que é familiar, que é social. É uma marca pensada na utilização do carro. Não só pelo condutor, mas por todos os passageiros. Primeiro ponto. O segundo é ser
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uma marca que põe o conforto em primeiro lugar. E o terceiro ponto é ser uma marca que trabalha o automóvel e as soluções com uma tecnologia acessível e também pragmática. Para nós, o importante não é disponibilizar tecnologia só por si; é colocar uma tecnologia que realmente sirva e seja útil para o cliente. E isto não existe em nenhuma das outras marcas do Grupo PSA? A junção das três? Não. A Citroën é uma marca popular, no sentido correto do termo popular; é uma expressão mais francesa do que portuguesa. Hoje, claramente nenhuma das marcas do Grupo se posiciona neste território. O conforto é vincadamente um dos eixos estratégicos da Citroën e, por muito que se possa associá-lo às marcas francesas, é verdade que está muito mais ligado à Citroën e os estudos de imagem, mesmo em Portugal, demostram-no. Portanto, o cliente reconhece que um dos eixos da marca é o conforto. Muito mais do que em qualquer outra marca do mercado. Quanto à tecnologia, talvez a parte mais cinzenta da questão, se o grupo, ou a marca, optam por ter ou não ter alguma das opções tecnológicas disponíveis no Groupe PSA, é porque a Citroën tem uma visão mais pragmática nessa escolha. A lógica não é carregar o carro com tecnologia, a lógica, como disse, é colocar tecnologia adaptada a cada modelo e ao tipo de cliente a que queremos chegar. O grupo PSA tem uma quota significativa das vendas corporate em Portugal. No caso da Citroën, analisando apenas os VLP, que
argumentos apresentam para se imporem nas empresas com frotas maiores ou para convencer pequenos empresários? Talvez a marca Citroën tenha sido um pouco vítima do seu próprio sucesso. Ou seja, tivemos uma estratégia que foi bem-sucedida para o cliente particular. E a prova disso foi que a nossa quota de mercado, a nossa performance no canal particular, é extremamente forte. Porquê? Porque o marketing e posicionamento foram muito orientados para esse cliente. Por isso digo que fomos vítimas do nosso próprio sucesso. O que nos ficou a faltar e que está a ser corrigido neste momento é precisamente a parte do B2B. Há um aspeto que considero importante salientar: fazemos parte de um grupo, PSA, com capacidade tecnológica, e com uma abordagem comercial que deve a força à sua rede de concessionários, para chegar ao mercado B2B. Não há razão nenhuma para que a Citroën não seja capaz de tocar o cliente B2B. O que é que nos estava a faltar? Exatamente orientação, porque até hoje estava muito mais numa lógica do cliente particular. Como vamos chegar ao cliente B2B? Primeiro, com uma gama de produtos muito mais orientada para o que hoje é a procura deste mercado. Se no segmento B a marca Citroën tem o C3, com todas as suas personalizações orientadas para o cliente particular, também tem versões mais pragmáticas, orientadas para o B2B. E não nos podemos esquecer do novo C4, com o qual vamos chegar ao segmento que é talvez o mais importante para o mercado das empresas em Portugal. E isso vai dar-nos uma arma que já não tínhamos há algum tempo para esse canal. E como posiciona o C5 Aircross SUV numa empresa? Em primeiro lugar distinguiria as versões térmicas da versão híbrida. O C5 Aircross, está dentro daquilo que é hoje uma moda, todos sabemos. O segmento C SUV é aquele que mais cresce, logo, onde hoje todos centram a sua energia. Qual é a vantagem deste carro? Bem, estamos a falar do SUV generalista mais confortável do mercado. Portanto, para alguém que procura um carro confortável, este é “o” carro! Seja pelos bancos, seja pela suspensão, seja pelo equipamento que gira em torno do eixo do conforto. Segundo ponto: é o carro com melhor ergonomia e com as soluções mais práticas do mercado. Hoje no mercado, não há nenhum carro, na classe dos SUV do segmento C, que tenha três bancos independentes atrás e que deslizam longitudinalmente, e com esta bagageira, para dar um exemplo. São aspetos que se coadunam muito bem e que só a Citroën consegue oferecer.