Não Saia Agora
O Sabor da Culpa Leonardo C. de Campos
— Você pegou o presente do Arthur? — questionou Clarissa, sem muita paciência. Sergio apenas deu de ombros e bateu a porta do seu Fox preto com força, mordendo uma maçã que havia pego para a longa viagem à casa dos pais de Clarissa, era aniversário de seu cunhado. Não se dava bem com a família de sua amada, desde que começaram a sair juntos na época da faculdade, piorou quando decidiu trancar o curso de administração, sendo chamado por seu sogrão de “preguiçoso sem futuro”. A moça entrou no carro, fechou a porta calmamente, respirou fundo e manteve os olhos em Sergio. — Eu entendo que vocês não se dão bem, mas poxa, eles são minha família também. Me ajuda nessa. — Sergio estava olhando para baixo, estava envergonhado. Balançou a cabeça concordando. O dia estava ensolarado, a pista estava tranquila para um período de férias. Até mais ou menos a metade do caminho, as coisas mudam, se depararam com um enorme caminhão, daqueles em que a velocidade não passa dos 60Km/h, e Sergio ficou irritado pouco metros depois. Vendo que a seta havia sido ligada, Clarissa alertou seu marido de que não era uma boa ideia, a faixa era contínua e a visão não era das melhores, mas ele não deu atenção e entrou na pista contrária. Ao entrar na pista para fazer a ultrapassagem, viu faróis, seu reflexo foi sair da pista, virando todo o volante, mas o outro veículo estava mais próximo do que imaginava. Olhou rapidamente para sua noiva antes da colisão. ... Abriu os olhos repentinamente ao ouvir o som repetitivo e irritante de seu despertador. 8h da manhã, os números a frente de uma foto da moça que tanto conhecia, mais uma noite horrível de sono. Não conseguia descansar desde o início do... Apocalipse? 67 dias trancafiado em casa e nenhuma explicação vinda dos Órgãos Superiores, apenas o que se viu nos
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