60+
magazine
#33
Variedades - Cultura - Informações Ano III
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Formato A4 | internet livre
Março/2022 - #33
- Brasil - Portugal
Foto: previencia .gov - divulgação
Argentina
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Prova de vida acabou!!! Páginas 31 a 33
A PRESENTE REVISTA TEM COMO FINALIDADE PASSAR INFORMAÇÕES PARA O PUBLICO 60+, SEM CONFLITOS DE INTERESSES E SEM FINS LUCRATIVOS.
NOSSOS PARCEIROS
USP 60+
Saúde Única, sonhos coletivos FMVZ - USP
Projeto Across Seven Seas www.acrosssevenseas.com
O grande José Carlos Gonçalves faleceu. Batalhador e participante da Revista Livre Acesso, criou a Fundação Selma, um Instituto que ajuda imensamente a todos pela Acessibilidade. Deixa imensa saudade e grandes lembranças.
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GENTIL GIGANTE j o r n a l i s m o
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09/03/2022
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Jornalista Responsável
Manoel Carlos Conti Mtb 67.754 - SP
Editorial
seja bem-vindo Manoel Carlos Conti Jornalista
Albert Einstein disse: “Não sei como será a terceira guerra mundial, mas sei como será a quarta: com pedras e paus”. Ou minha cabeça não está funcionando direito, talvez graças a ‘falta de um parafuso’ agora detectado, ou por tudo que temos visto nos últimos anos, no Brasil e no mundo. Em casa, na internet, nas redes sociais, nas estações de rádio, nos programas de televisão, jornais, revistas, nas conversas de bar, de hospitais, no meio de um exame e em todo canto que olhamos vemos e ouvimos cenas absurdas de uma guerra iniciada porque ‘uma pessoa não quer que seu vizinho coloque uma planta X em seu próprio jardim’, no sentido figurado, logicamente. Civis, crianças, idosos que quase sempre não podem andar ficam em suas casas olhando para o céu, esperando e rezando para que as bombas não os atinjam. Com tudo isso, mais uma vez e aqui peço 1000 desculpas, nossa edição atrasou novamente (detesto isso) e essa vez esse atraso foi bem grande graças a uma depressão que atinge a todos nós, mas passou, e acho e torço para que tudo isso passe logo. Quando pensávamos que o dito ‘novo normal’ seria algo parecido com nossa vida antes da Pandemia surge então um novo normal, de fogo e bombas, que mais parecem o apocalipse ‘escrito há tantos anos’. Mesmo assim, a revista continua com a ajuda de verdadeiros amigos que pensam e correm atrás da paz. Tenho certeza que continuaremos levando cada vez mais essa distração, cultura e variedades a nossos leitores que já enviaram mensagens e emails perguntando sobre o paradeiro da Revista Magazine 60+. A vida tem de seguir, me disse um médico que via meu estado de desgosto por tudo isso que vemos e então, à partir daquele momento olhei para a janela e vi, dali da cama onde estava, um céu maravilhoso uma revoada de Maritacas, que passaram voando e gritando como se estivessem brincando. Foi o início da minha melhora. Deus queira que a frase de Einstein fique só como uma simples frase e que com as pedras possamos construir um mundo cada vez melhor. Boa leitura!
Albert Einstein (1879 - 1955) foi um físico teórico alemão que desenvolveu a teoria da relatividade geral, um dos pilares da física moderna ao lado da mecânica quântica.
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60+
magazine
Nosso time de Colunistas Herodoto Barbeiro 4e5 Silvia Triboni 7 a 11 Sérgio Frug 13 e 14 João Aranha 15 a 18 Sandra Schevinsky 19 e 20 Osvaldo B. Morares 21 e 22 Marisa da Camara 23 e 24 Veterinária USP 25 e 26 Malu Navarro Gomes 27 a 30 Fabio F. Sá (CAPA) 31 e 33 Lawrence G. Nogueira 35 a 38 Marcelo Conti 41 e 42 Norberto Worobeizyk 43 a 44 Cidália Aguiar 45 e 46 Malu Alencar 49 e 50 Sonia Fernandez 51 e 52 Luiz A. Moncau 53 e 54 Laerte Temple 55 e 56 Katia Brito 57 e 58 Thais B. Lima 59 e 60 Tony de Sousa 61 e 62 Marly de Souza 63 e 64 Lenildo Solano 65 e 66 Jane Barreto 73 e 74 Cida Castilho 75 a 76 Ebe Fabra 77 a 79
AVISO LEGAL: Não há intenção de infringir direitos de autoria. Este Revista é apenas para fins educacionais e de entretenimento. Os direitos das fotos e textos pertencem àqueles citados nas reportagens, aos quais agradecemos imensamente This magazine is distributed via the internet to the Cancer Institute
Crônicas do Brasil - Parece mas não é
Presidente democrata fraco? Heródoto Barbeiro Jornalista/Historiador
O confronto entre o presidente democrata americano e o líder russo é inevitável. As ameaças de uso de armas nucleares são de parte a parte. Há quem tema que o clima de tensão chegue a um ponto que pode ocorrer até mesmo um disparo acidental de um foguete com ogiva atômica e provocar a imediata reação do inimigo. Em uma base do Alasca, uma falha do radar reportou uma chuva de foguetes em direção à costa leste dos Estados Unidos e por muito pouco o comandante local não ordenou uma imediata represália. A personalidade do líder russo é reconhecida no mundo todo, o que atemoriza ainda mais os aliados dos americanos. Não é possível manter uma neutralidade em clima de guerra fria. Os que não estão comigo, estão contra mim. Um confronto entra as potências pode atingir todos os países, inclusive os que se consideram neutros. Não há neutralidade em um planeta inexistente.
Foto Blog do Heródoto
A segurança das fronteiras é o tema central que põe russos e americanos em lados opostos. Os russos não aceitam a expansão da OTAN na Europa. Mesmo com a existência de estados-tampão na fronteira não é confiável, na visão do líder
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russo. A criação do Pacto de Varsóvia não traz o equilíbrio de forças desejável. É evidente que o Ocidente é militarmente mais poderoso. Os estrategistas do Pentágono consideram a América fora do alcance dos foguetes russos, já o inimigo não pode dizer o mesmo. Novas bases são instaladas na Europa Ocidental e o alcance das grandes cidades russas é muito mais factível. A disputa entre os dois líderes é obter vantagens políticas. Externamente para manter os seus parceiros-satélites, estejam onde estiverem. Internamente precisam alimentar o apoio da população e sabem que nada é melhor do que arrumar um inimigo externo para utilizar a ferramenta nacionalismo. O mundo acompanha com interesse e temor a disputa entre os dois líderes poderosos. O presidente democrata americano mostra aos seus críticos, principalmente na mídia, que não é um fraco. Ao ter certeza que foguetes russos estão sendo instalados nas proximidades do país, entra em confronto direto com o ditador russo. John Kennedy e Nikita Khrushchov não dão sinais de apaziguamento entre as duas potências. Navios russos com mais rampas de lançamento se dirigem para Cuba, a ilha governada pelo ditador Fidel Castro, que se auto proclama o líder do movimento anti-imperialista americano. Kennedy decide o bloqueio naval de Cuba com ordem de afundar qualquer navio soviético que carregue material bélico. A União Soviética ameaça com um ataque nuclear caso haja qualquer afundamento de seus navios. O mundo está a um passo de uma terceira e fatal guerra mundial. Khrushchov recebe uma chamada no telefone vermelho que liga a Casa Branca ao Kremlin. Negociam. Os soviéticos retiram os mísseis de Cuba e os americanos retiram da Turquia. O mundo prendeu a respiração. Os navios russos dão meia volta com o material bélico e os Estados Unidos se comprometem a não invadir a ilha. Não há líderes fracos em nações fortes
Acordo Obsoleto, Durmo Atualizado www.durmoatualizado.com.br
Seniors ativos, curiosos, empreendedores e eternos aprendizesUm blog com dicas fáceis e diversas desde cortar custo de aquisição de remédios, como tirar uma ideia da cabeça e tornar-se um projeto a aplicativos que facilitem o seu dia a dia. Desenvolvido por Marcelo Thalenberg colunista do Magazine 60+
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Mudança de Hábito
Blue Zones Os super seniors da Sardenha Fotos enviadas pela colunista
Silvia Triboni Viajante Sênior e Repórter 60+
Projeto Across Seven Seas www.acrosssevenseas.com
Se tem algo que curto muito em minhas viagens e explorações são as lembranças que ficam gravadas em minha mente, e todas aquelas memórias que aquecem o meu coração quando lembro-me das pessoas que conheci. Pois é exatamente assim que me sinto ao escrever neste momento em que escrevo sobre a maior riqueza da Blue Zone que visitei, a Sardenha, ou seja, sobre os super seniors sardos. Você já deve saber da Missão Centenarian que criei com o objetivo de conhecer, de perto, todas as cinco Blue Zones, tendo iniciado pela bela ilha italiana, a Sardenha. Pode ter lido também o meu artigo sobre a entrevista que fiz com o Professor Gianni Pes, cofundador das Blue Zones, em que ele narra novos fatos sobre as famosas regiões dos supercentenários. Caso não saiba do que trato aqui, sugiro a leitura deste material para melhor degustar os relatos que farei sobre as pessoas que lá conheci. Aprender italiano – conversar na mesma língua é fundamental Ciente do fato de que o povo italiano, no geral, não se preocupa em aprender a língua inglesa, inclui em minha Missão Centenarian o prévio estudo da língua italiana, tendo feito um curso da língua italiana, em Roma, para melhor estar preparada a conversar com os Super Seniors da Sardenha. Preocupei-me em reduzir qualquer barreira que me impedisse de me aproximar das pessoas, uma vez que viajei sozinha, sem contar com o intermédio de profissionais da ilha que poderiam me apresentar aos seus “conhecidos idosos”. Munida de minha paixão por conhecer gente e muito conversar, e desinibida para soltar o italiano recém-aprendido, senti-me preparada para me aproximar e conhecer os incríveis sardos. Conversar em italiano com os super-seniors que conheci foi fundamental para ter a receptividade que consegui. Todas as pessoas idosas que conheci foram muito
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Maria Luiza
simpáticas, comunicativas e até carinhosas comigo. E olhe que há quem diga que os sardos idosos não gostam dos estrangeiros. Não foi isso que vi por lá. Fiorella, de Lanusei – 95 anos – a professora que dançou comigo Conheci a senhora Fiorella enquanto caminhava pelas ruas de Lanusei na província de Ogliastra, no leste da Sardenha. Esta província está na parte montanhosa da ilha da Sardenha e possui duas capitais Tortoli e Lanusei, as duas maiores comunas da região. Fiorella estava sentada em uma cadeira na calçada de sua casa ao lado de sua acompanhante chamada Maria. Nascida naquela comuna, Zia (tia) Fiorella chamou-me a atenção pois de longe eu via como ela buscava conversar com as pessoas que por ela passavam. Eu vestia uma máscara de proteção. Elas não. Parei em frente às duas como que para pedir uma informação e ela logo pegou a minha mão e me perguntou se eu estava passeando por lá. Maria tentou conter Zia Fiorella mas não teve tempo, pois já estávamos de mãos dadas e eu já iniciara o papo (em italiano). Fiorella é uma mulher forte, lúcida e sorridente, além de destemida pois não hesitou em conversar com uma pessoa estranha. Perguntou de onde eu era e o que eu fazia ali. Ao responder que era cidadã italiana nascida no Brasil e residente em Lisboa, ela logo abriu outro sorriso. Em todos os meus contatos esta apresentação sempre provocava esta feliz reação nas pessoas italianas e isso me deixava muito feliz. Disse à Fiorella que estava na Itália para conhecer mais a terra de meus ancestrais, e que na Sardenha queria conhecer especialmente pessoas belas como ela. Toda orgulhosa, levantou-se da cadeira rapidamente e se aproximou de mim como para um abraço. Mas não era só isso. Fiorella começou a cantar e a dançar comigo. Novamente Maria tentou conter a Zia mas em vão. Eu também colaborava pois correspondia a todos os sorrisos e contatos. Para que o bailado não se prolongasse, perguntei à minha nova amiga o que ela gostava de fazer em Lanusei, ao que prontamente sua acompanhante/cuidadora respondeu: Fiorella é uma professora aposentada. Iniciamos mais uma conversa animada. Falou bastante sobre a sua experiência como professora. Eu disse a ela que continuava a ser professora pois estava ali ensinando-me muito, inclusive a conversar em italiano. Elogiou-me e pediu-me que eu tirasse a máscara para que visse o meu rosto e eu a atendi. “Tu sei bela”, disse-me olhando bem para mim. Simpática, ágil, comunicativa e sorridente, Fiorella é a personificação legítima de uma habitante da Blue Zone Sardenha próxima dos 100 anos. O vigor de sua postura, a fluência da conversa e a vontade de me conhecer demonstrou a fortaleza de sua saúde e que passará dos 100 anos. Depois dessa gostosa conversa agradeci as duas e
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continuei o meu passeio em Lanusei. Anna, de Alghero – uma menina de 70 anos Alghero é uma cidade na costa noroeste da Sardenha e pertence à província de Sassari. Rodeada por muralhas antigas, parte de sua população é originária de conquistadores catalães do fim da idade média, à época em que a Sardenha era parte da Coroa de Aragão. Proprietária do Bed & Breakfast La Posidonia Oceanica, em Alghero, Anna é extremamente ativa, meticulosa e gerencia a sua acomodação praticamente sozinha recebendo hóspedes de todo o mundo. Hospedei-me em sua acomodação pude constatar diariamente a razão de seu negócio ser tão bem avaliado na plataforma Booking.com. Falava inglês, francês e o espanhol fluentemente, outra qualidade destacada em seu trabalho. Esta habilidade em línguas estrangeiras não é algo usual entre os italianos, segundo o que eu já havia percebido. Anna é uma mulher alta e magra, de cabelos curtos ondulados e brancos. Sempre trajava roupas esportivas e modernas. Certa tarde encontramo-nos em direção à praia Le Bombarde, e para lá fomos relaxar. Nadadora habitual, Anna ostentava o seu bronzeado enquanto nadava naquele belo mar Mediterrâneo. Após a praia, mostrou-me mais paisagens e locais belíssimos da região como a Capo Caccia, e seu Parque Natural de Porto Conte. Foi no alto daquele maciço rochoso que precisamos escalar algumas pedras para melhor apreciar a paisagem. Precisei apoiar-me com mãos para ir acima. Anna, atlética, subiu aquelas rochas com uma rapidez surpreendente e sem se apoiar nas pedras, mostrando o quanto era forte. Fiquei surpresa com a jovialidade e dinamismo dessa mulher sarda. De fato, não faz sentido pensar que alguém de 70 anos possa ser uma pessoa idosa frágil. Na Sardenha é o contrário. As pessoas nascidas naquela ilha estão destinadas a viverem muitos e muitos anos e em plena saúde e com muita beleza. lante
Maria Luiza, de Cagliari – 88 anos e com as mãos no vo-
Maria Luiza é uma professora de história de 90 anos. Eu saía do prédio me hospedei em Cagliari quando a vi descendo as escadas atrás de mim. Aguardei na porta de entrada do edifício para dar-lhe passagem. Ela agradeceu-me muito e se desculpou por estar sem a máscara. Claro que não me importei até porque já íamos para a calçada. Ali ficamos conversando por uns 30 minutos. Maria Luiza perguntou se eu morava ali e respondi que estava hospedada naquele prédio. Ela logo me perguntou de onde eu era e, novamente, recebi uma grande sorriso quando contei minha origem ítalo-brasileira. Falando em italiano, a nossa conversa fluiu. Quando disse a ela que estava na Sardenha para pesquisar a longevidade das pessoas sardas, e as áreas famosas pelo bom envelhecimento, imediatamente contou-me que como professora
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Ann
na
de história lecionava sobre arqueologia e sobre a história milenar desta Ilha e sobre o seu povo longevo. Maria Luiza é uma senhora forte, pele ótima e de cabeça erguida. Disse-me que ia comprar o jornal para ficar atualizada. Não abre mão de fazer isso, e para minha surpresa, ela se dirigia ao estacionamento buscar o seu carro para a compra mencionada. Pedi uma foto com a qual concordou com a condição que eu disse aos meus amigos que ela também era minha nova amiga. MINA, de Cagliari – elegância sempre Conheci Mina em um dia chuvoso no ponto de ônibus de Cagliari, a capital da Sardenha. Ali eu aguardava um ônibus que levaria 30 minutos para chegar, Eis que uma senhora elegante e modernamente vestida atravessou a rua em frente ao ponto onde eu estava e sentou-se ao meu lado. Notei que ela devia ter 80, ou mais, apesar dos trajes joviais. Usava botas de salto alto, colares, brincos dourados e óculos escuros. Os seus cabelos eram curtos e com uma mecha branca que chamava muito a atenção. Mina sentou-se e já iniciou uma prosa comigo, como uma boa e legítima italiana. Percebeu que eu era estrangeira e perguntou de onde eu era. Era a deixa para eu conseguir aquele esperado sorriso, e comentários elogiosos ora sobre Portugal, ora sobre o Brasil e de suas belezas. Elogiei a beleza de Mina e a sua elegância. Mina contou que ali morava e que apesar de ficar muito tempo em sua casa, gostava de pegar um ônibus para fazer um giro pela cidade. Disse que morava sozinha em uma casa grande, que era muito feliz. Conversamos por meia hora até que o ônibus chegasse. Ao pedir a ela que tirássemos uma foto juntas, Mina logo concordou e pediu-me que eu contasse aos meus amigos que ela era a “Minha amiga Mina”. Dorotéia, de Alghero – 85 anos e há 20 alimenta os gatos da cidade Enquanto estive em Alghero vi todos os tramontos (pôr-do-sol, em italiano) do alto de suas muralhas. O espetáculo era belíssimo. Em uma de minhas caminhadas vi uma senhora que colocava vários pratos de papelão no chão, com uma pedra apoiada para que não voassem. Curiosa, enquanto tentava entender o ela preparava, vi a chegada de inúmeros gatos. Um casal de turistas que por ali passava também parou para ver. Após aquela senhora colocar 10 pratos com os seus respectivos pesos, passou a despejar uma comidinha em cada um deles. Ela havia organizado o jantar daquela gataria, e em alto estilo. Era um prato de comida para cada convidado. Ela se chamava Dorotéia. Ela não se importou com os turistas que ali paravam para ver. E, antes mesmo que começássemos a conversar com ela, a
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senhora nos contou que alimentava 30 gatos todos os dias. Eram 10 naquele local e outros bichanos em lugares mais distantes a exigirem-lhe muita caminhada. Dorotéia de 85 anos contou que há 20 anos alimenta esses gatos, e ainda fez questão de explicar o que um gato pode ou não comer para que não tenha problema intestinal. Pessoa benemerente no mundo dos felinos e conhecida da cidade, Dorotéia contou-nos a sua história, a sua idade, até que uma jovem chegou com algum saco de ração para gatos. Perguntou se ela a aceitava uma vez que os seus próprios gatos não estavam se dando bem com aquela comida. Ela também aceitou a oferta imediatamente. Dorotéia muito simpática e feliz por aquela atividade de alimentar os gatos. Perguntou de mim e aceitou fazer uma foto comigo. Pediu que eu contasse para os meus amigos sobre a sua vida e a sua forma de ser feliz e ativa. Dorotéia era mais uma senhora sarda a nos incentivar a vida ativa, comunicativa, solidária e com muita alegria. Sardenha – terra onde a força e a beleza das pessoas duram para sempre Fiorella, Maria Luiza, Anna, Mina e Dorotéia fizeram com que eu visse com os meus próprios olhos e sentisse com o meu coração como é o envelhecimento na Sardenha. Ele é lento, indolor e inerte no espírito das pessoas que querem aproveitar a vida. Todas essas mulheres marcaram a minha viagem à Blue Zone – Sardenha em forma de exemplos de protagonismo sênior, dinamismo, inteligência, e, acima de tudo, muita simpatia pela minha presença. Minha gratidão a todas elas.
Silvia Triboni silvia.triboni@gmail.com Editora e produtora de conteúdo sobre longevidade, envelhecimento ativo e economia da longevidade no site Across Seven Seas, canal Youtube e Across Podcast.
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Mina
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Cultura Geral
A Auto-Sabotagem Sergio Frug
“Homem de fibra tece toda manhã um papel de paz.” Benê Fontelles Este é com certeza um dos temas mais complexos e pungentes da História da Humanidade. Grandes mestres, médicos, psicólogos, coaches, curadores, xamãs, sacerdotes e avatares vêm tratando deste tema com resultados não muito animadores. Quem será esse sabotador interno que todos conhecemos e via de regra impede que cumpramos com as nossas às vezes singelas, mas sempre importantes promessas de Ano Novo? Apesar da complexidade que envolve este poderoso processo interior, vamos analisar aqui dois fatores primordiais: o Poder do Inconsciente e o Poder da Vontade. O Poder do Inconsciente Os trabalhos sobre a mente humana já realizados deixam claro que existe muito mais em nós mesmos do que aquilo que conhecemos. A comparação com o iceberg é muito sugestiva: o que conhecemos, o chamado Consciente Humano, é a ponta visível e o chamado Inconsciente é a parte muito maior, talvez mais de 80 %, que fica submersa. Aí repousam não apenas as nossas habilidades ocultas, as quais ainda não tivemos oportunidade de reconhecer e desenvolver, mas também tudo aquilo de que não gostamos em nós mesmos ou em nossas condições de origem e de vida, que preferimos não ver e muito menos mostrar. Escondemos aí essas coisas, virando as costas para as habilidades em que não acreditamos e rejeitando as questões de que não gostamos, sem ao menos perguntar por que será que elas estão aí. Lá dentro, então, dessa imensidão do nosso Inconsciente elas começam a se mancomunar: “Ora, por que nós, habilidades em potencial não somos chamadas a nos desenvolver? Ora, por que nós, questões mais complicadas não somos chamadas a nos resolver e quem sabe passar a colaborar com a qualidade da pessoa que nos possui?” Assim então se forma a chamada Sombra Humana, parecida
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F
Foto: Іван Святковськи
talvez com a serpente que um dia seduziu um certo casal no Paraíso. E podemos dizer que seu efeito mais significativo é este tal de Auto-Sabotador que estamos procurando compreender. Neste momento, se recorremos à sabedoria oriental e ao discurso dos grandes mestres do desenvolvimento humano, vamos observar que exatamente aquilo que nos aflige é o que contém a solução que estamos necessitando. Uma vez então conscientes de que existe algo a lidar em nosso Inconsciente precisamos analisar as armas que temos. O Poder da Vontade À primeira vista parece fácil, ora, se temos aí um auto-sabotador, apliquemos a ele a nossa força de vontade. Mas onde está a nossa força de vontade? Vivemos numa cultura do imediatismo, do consumismo exacerbado, onde o que importa é sempre muito mais o Ter do que o Ser. Tais condições não são boas nem más, o que vai mesmo valer é como lidamos com elas. Como encontramos as medidas adequadas e como nos harmonizamos com tais circunstâncias. Assim nos propomos a emagrecer, parar de fumar, equilibrar as finanças, voltar à academia, recuperar um amor perdido, ou seja lá o que mais. Aí falamos muito em disciplina e tal, mas na maioria das vezes a nossa força de vontade não é treinada o suficiente para enfrentar as investidas do sabotador sorrateiro, que como uma serpente vai nos convencendo de que só um pouquinho tudo bem, agora pode, só isso é quase nada... E lá vamos nós para o desequilíbrio outra vez... O que fazer? Como já foi dito esta é uma questão ainda muito longe de ser plenamente resolvida, mas podemos listar algumas atitudes que a longo ou médio prazo ajudam bastante a lidar com tudo isso: - Reconhecer as nossas questões mais complicadas e procurar uma maneira de lidar com elas. - Ouvir o chamado interior para desenvolver habilidades latentes. - Alimentar a alma praticando; e não apenas assistindo atividades artísticas e espirituais. - Dar passos pequenos na direção das nossas resoluções, mas procurar mantê-los com atenção e firmeza de propósito. - Não nos exigir além da conta. - Compreender que por trás de tudo há sempre um sentido precioso e nos envolver com essa busca. “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.” Caetano Velloso Sergio Frug Astrólogo, Tarólogo e Personal Coach sfrug@uol.com.br
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Contos II
A tal da Felicidade Fotos enviadas pelo colunista João F Aranha
Cidadão e Repórter
O termo felicidade está bombando nos dias de hoje. A palavra de tanto ser usada e abusada está caminhando para a banalização. Mesmo assim fala-se dela cada vez mais. Livros são publicados, teses são desenvolvidas, artigos são publicados e, atingindo seu clímax, já virou até tema de curso na prestigiada Universidade Harvard. O Butão, um pequeno país da região do Himalaia, surpreendeu o mundo ao adotar oficialmente um novo índice que testará com mais fidelidade a real situação de seus habitantes. Deixou de lado os indicadores econômicos como o PIB (Produto Interno Bruto) e passou a utilizar o FIB - Felicidade Interna Bruta. A iniciativa chegou à ONU - Organização das Nações Unidas - que publica anualmente o World Happiness Report, um índice que busca traduzir a real situação de cada país no quesito bem-estar, o mais próximo ao conceito de felicidade. A Organização considerou nove aspectos que, no seu entendimento refletem a verdadeira situação dos habitantes de cada país. 1. Bem-estar psicológico: Mede o otimismo que cada cidadão tem em relação a sua vida. É feita uma análise da autoestima, nível de stress e espiritualidade. 2. Saúde: Analisa as medidas de saúde implantadas pelo governo, exercícios físicos, nutrição e autoavaliação da saúde. 3. Uso do tempo: Inclui questões como o tempo que o cidadão perde no trânsito, divisão das horas entre o trabalho, atividades de lazer e educacionais. 4. Vitalidade comunitária: Entra na questão do relacionamento e das interações entre as comunidades. Analisa a segurança dentro da comunidade, assim como a sensação de pertencimento e ações de voluntariado. 5. Educação: Sonda itens como participação na educação informal e formal, valores educacionais, educação no que se refere ao meio ambiente e competências. 6. Cultura: Faz uma análise de tradições culturais locais, festejos tradicionais, ações culturais, desenvolvimento de capacidades artísticas e discriminação de raça, cor, ou gênero. 7. Meio ambiente: Relação entre os cidadãos e os meios naturais como solo, ar e água. Estuda a acessibilidade para áreas verdes, sistemas para coletar o lixo e biodiversidades da comunidade. 8. Governança: Estuda a maneira da relação entre a população e a mídia, poder judiciário, sistemas de eleições e segurança. 9. Padrão de vida: Análise da renda familiar e individual, seguridade
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Felicidade, pin
ntura por De marchi &quot - artmajeur.com
nas finanças, dívidas e qualidade habitacional. É preciso atestar, no entanto, que nas pesquisas as pessoas costumam se envergonhar ao dizer que são infelizes, pois não ser feliz já está virando doença. De qualquer forma, o conceito de felicidade está sempre ligado ao contexto cultural de cada época e de cada sociedade. Entretanto, desde os tempos mais remotos até os dias de hoje, não se consegue chegar a um consenso do que é felicidade. Na antiguidade era algo exclusivo de uma elite de sábios e virtuosos, próprios de quem tinham uma rígida disciplina de vida. Na Idade Média, época de agruras, a busca da felicidade estava ficando cada vez mais fora do alcance da grande maioria. No Renascimento, numa lufada de otimismo, acreditava-se que o caminho era aproveitar a vida e ser minimamente feliz. No Iluminismo -no século das luzes - as ideologias é que tentam trazer a felicidade. Na época moderna, o termo felicidade muitas vezes se confunde com Bem-Estar. Mas, nenhum livro, tese, curso ou índice consegue defini-la. Cada um tem sua abordagem, face suas experiências de vida; mas uma coisa é inequívoca, todos a querem. E, talvez o correto seja falar de “felicidades” ou “felicidade de cada um”. Onde estaria então a felicidade? Na ação ou na inação? Na liberdade ou na igualdade? Na virtude ou nos prazeres? Na organização social ou no individualismo? No passado, no futuro ou só poderia ser alcançada após a morte? No mundo judaico-cristão, caberia aos homens viverem bastante e terem bastante filhos e às mulheres serem férteis, deixando a felicidade nas mãos de Deus. No livro bíblico de Jó, estranhamente, tudo leva a crer que os maus é que seriam felizes e os bons morrem amargurados sem ter vislumbrado a felicidade. Na felicidade bíblica, Adão e Eva não têm consciência de si mesmos e vivem em harmonia com a natureza, não conhecendo nem a felicidade nem a infelicidade. A “árvore do conhecimento do bem e do mal” talvez devesse ser entendida como “conhecimento da felicidade e da infelicidade”. Ao provar do fruto proibido conhecem a ambiguidade da felicidade, pois no mundo dual que se descortina, para ser feliz é preciso ter consciência do seu contrário.
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A alternativa é o Jardim do Éden, o Paraíso, o campo feliz onde a felicidade aparece como uma recompensa aos justos e aos que obedecem a lei divina. O que se depreende dessa história é a crença que a felicidade perfeita só existe no passado glorioso. O mito do paraíso perdido estará presente em diferentes povos e civilizações, inclusive nos povos primitivos, como atestam as tabuletas sumérias de 4 mil anos atrás. Há um mito sempre recorrente que fala-nos de uma idade de ouro, que segundo Hesíodo, poeta grego, em relato do final do século VIII antes de nossa era, dizia que existia uma “raça de ouro”, e os homens e os deuses eram aparentados, não havendo doenças e longa era a juventude. A esse mundo sem sofrimento sucedeu a raça de prata criada pelos habitantes do Olimpo, que dura pouco e é substituída pela raça de bronze, criada por Zeus, com homens caracterizados pela violência. A essa raça, destruída por suas guerras,dá lugar a dos heróis que também se auto aniquilam. Vivemos hoje, a quinta raça, a raça de ferro, a mais infeliz de todas. Na mitologia grega, portanto, a felicidade absoluta desapareceu com a Idade do ouro e os humanos foram decaindo ao longo do tempo. Continuando nosso passeio pela Grécia Clássica, veremos que os filósofos considerados pré-socráticos estavam mais preocupados em explicar o mundo natural e a questão da felicidade passa a ser secundária. Péricles, o grande estadista e legislador grego dos anos 400 antes de nossa era, preocupado com o bem-estar dos habitantes de sua cidade-estado, dizia que a felicidade era um assunto de ordem pública. Chegamos, finalmente, aos três maiores, Sócrates, Platão e Aristóteles. O primeiro faz a pergunta chave: “como podemos ter felicidade?” E, a moda socrática com longos diálogos com seus discípulos, desviando-se muitas vezes do tema principal, chega-se à conclusão que é mais fácil falar sobre o que não leva à felicidade, do que tentar defini-la. Para Platão não se pode confundir prazer com felicidade. E, se a felicidade precisa do desejo, a própria existência do desejo exclui a felicidade. Mas, o sábio grego é o primeiro a ver a felicidade como um problema cuja solução é tanto pessoal como coletiva. Muitos a procuram na individualidade e outros na vida igualitária, mas são poucos os que tentam compatibilizá-las, diz ele. Para Aristóteles, que por sua vez segue o viés individual, a felicidade pode ser obtida com a prosperidade combinada com a virtude. Para Epicuro, outro grego do século IV a. C., chega-se à felicidade praticando preceitos básicos como
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A Idade do Ouro - Lucas Cr
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rejeitar os deuses (que não suportam que os homens sejam felizes), não tendo medo da morte, regulando os desejos e suportando com paciência a dor. Na Idade Média, para usar um termo atual, a felicidade foi cancelada e Santo Agostinho deixa claro que a busca da felicidade é inacessível nessa vida. Portanto, por não ser possível ser feliz aqui é preciso acreditar numa vida próxima, no outro mundo. No entanto, há vários exemplos de pessoas e povos que insistem em buscar um paraíso terrestre. São os tempos da busca das ilhas da bem-aventurança, onde todos seriam felizes. Muitos desses lugares ainda constavam de alguns mapas de não muito tempo atrás. Hoje sabemos que as religiões, os sistemas políticos, o socialismo, a democracia, o utilitarismo, os humanistas e até mesmo os anarquistas, e tantos outros, ainda insistem em adotar uma fórmula mágica que possa indicar o caminho para se obter a tão sonhada felicidade. Não basta, como fez os Estados Unidos e posteriormente a Revolução Francesa, incluir na sua constituição direitos inalienáveis como à vida, à liberdade e à busca da felicidade. A psicologia freudiana e outras correntes filosóficas dizem que na realidade a felicidade absoluta é impossível de ser conquistada. Se ninguém é feliz como saber o que é felicidade. Por sempre querer mais o homem não pode ser feliz. O melhor então seria se contentar com as pequenas e fugazes felicidades, como diz a canção de Tom Jobim e Vinicius de Moraes
A felicidade é como a pluma Que o vento vai levando pelo ar Voa tão leve Mas tem a vida breve Precisa que haja vento sem parar
magazine 60+ #33 - Março/2022 - pág.18
Divã
Poderosaaa... Olhar de diamante Sandra Regina Schewinsky
Psicóloga - Neuropsicóloga
“Terra á visa”! Chegaram os colonizadores, homens que desbravaram terras, e saciavam seus desejos com as índias. Em 1549 Padre Manoel da Nóbrega pediu para o Rei João III que enviasse mulheres para se tornarem esposas e assim construírem famílias sob as bênçãos da Igreja, mandaram as órfãs! Com a vigência da escravidão muitas mulheres tinham a função de procriação e depois a prostituição passou a ser em larga escala. A objetificação da mulher é histórica, tanto quanto objeto sexualizado como para produção, com altas jornadas de trabalho por menores remunerações. Turismo sexual é comum, brasileiras assediadas em outros países também. Nosso funcionamento cerebral é moldado pelas experiências sociais e culturais, assim, músicas, novelas, propagandas e discursos vão impregnando as mentes e amalgamando a subjetividade feminina. Quantas mulheres sofrem com receios de não serem queridas por engordarem, quantas passam por procedimentos dolorosos com aumento de risco para a saúde em nome da estética e da busca pela aparência jovem!!!! Quantas se sentem glamurosas descendo até o chão e satisfazendo olhares erotizados! Lanço meu olhar para aquelas que no dia a dia enfrentam a vida como ela é!!! Sintetizo as Marias, Franciscas, Do-
magazine 60+ #33 - Março/2022 - pág 19
lores, Amélias, Ritas, Madalenas, na figura de Raimunda. Conheci Raimunda na praia, coletora de material reciclável faz flores das garrafas pets: “do lixo ao luxo”, desta forma sustenta sua família sorrindo e brincando. Raimunda é bonita? Raimunda tem plástica? Tem dentes? Roupas de grife? Raimunda é linda, em sua simplicidade e amor pela vida, em sua disposição de enfrentar o que vier e como puder. Somos garis, faxineiras, médicas, professoras, balconistas, psicólogas, executivas, vendedoras, donas de casa, jornalistas, cozinheiras . . . SOMOS MULHERES! O empoderamento ocorre quando nos libertamos da objetificação para sermos nós mesmas, com rugas, gordurinhas e inseguranças, mas vamos em frente. O Dia Internacional da Mulher surgiu em homenagem a 129 mulheres queimadas intencionalmente por lutarem por seus direitos trabalhistas, hoje não sofremos apenas com a violência física e concreta, mas também com a ideologia da estética que queima nossa autoestima, sentimentos de suficiência e de prazer. Precisamos realizar um mergulho interno para reconhecermos nossos verdadeiros desejos, pois afinal Raimunda somos todas nós, PODEROSAS COM OLHAR COM DIAMANTE!
Foto: Pinterest
Feliz Dia das Mulheres! Com amor Sandra Schewinsky
magazine 60+ #33 - Março/2022 - pág.20
Antropologia
Conselheiro Acácio Osvaldo B. de Moraes Historiador
Hoje vamos abordar uma personagem pitoresca de uma das principais obras de Eça de Queiróz, contida no seu celebre romance “O Primo Basílio”, publicado em 1878. Eça de Queirós foi o único romancista português que conquistou fama internacional no século XIX. Suas obras abordavam vários temas, com destaque ao cotidiano com descrições locais, pessimismo, ironia e humor. Eça de Queiróz criou essa figura exótica, mas característica de outros reais, que em seu tempo permeavam na sociedade e nos meios políticos de Lisboa. Mas é interessante que esse tipo, criado na imaginação do autor, permanece atualmente como realidade em nossa sociedade e em outras do planeta. O Conselheiro Acácio, era uma figura fictícia, que se tornou celebre como representante do da mediocridade dos discursos de políticos e burocráticos, instituindo o adjetivo desses pronunciamentos ocos como acacianos. Eça de Queirós o define como um homem magro, calvo e os bigodes grisalhos, caídos aos cantos da boca, pálido e sempre com as lunetas escuras colocadas frente aos olhos. Era um solteirão sem família e aposentado do cargo de Diretor Geral do Ministério do Reino. O conselheiro Acácio era um moralista, com constantes declarações defendendo a moral e os bons cos-
magazine 60+ #33 - Março/2022 - pág 21
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tumes, fazendo-se passar como um paladino da família e das virtudes cristãs, usando chavões vazios em conteúdo e gestos medidos e cerimoniosos. Era um burocrata, manipulando carimbos, despachos, fichas e relatórios sem nenhuma serventia. Toda vez que o nome do Rei era pronunciado, o Conselheiro erguia-se um pouco da cadeira. Dono de gestos medidos, calculava inclusive o modo como inalava o inseparável rapé. Era histriônico Mantinha um romance clandestino com sua criada e se aventurava na escrita, tendo escrito “elementos genéricos da ciência da riqueza e sua distribuição segundo melhores autores” e como subtítulo “Leituras do Sertão.” Personagem aparentemente menor no contexto dos caracteres do romance O Primo Basílio, o Conselheiro Acácio primava pelas obviedades; nesse sentido, e por tudo que envolve esse esboço humano tão realista, o Conselheiro transformou-se em um personagem maior. As intervenções de Acácio nos remetem a figuras absolutamente moralista, que por outro lado contrasta com o ridículo de sua vida particular mantido com a ajudante doméstica. É o exemplo do bacharel que muito fala, não diz nada, não pensa e tudo reproduz. Como outros acacianos que encontramos no parlamento, no executivo e nos meios jurídicos são pessoas infelizes que criam arquétipos com a sociedade, demonstrando além da ostentação, do alarde e da fanfarronice. São pessoas vazias que tem por objetivo iludir e passar falsos conhecimentos sobre qualquer assunto. Quais serão os sentimentos dessas pessoas quando esses arquétipos forem denunciados e seu Eu interior sofrer as consequências psicológicas reais?
rariaalfarrabista.com - divulgação
magazine 60+ #33 - Março/2022 - pág.22
A vida como ela é
Nossa ressurreição diária Marisa da Camara Terapeuta Energética Radiestesista
A palavra ressurreição vem do latim ‘resurrectio’, que significa erguer, levantar. Em português, e em algumas outras línguas, significa ressurgir, renovar, vida nova, cura inesperada. Não imprimo neste texto nenhum cunho religioso, mas sim cotidiano, pois nossa vida nada mais é que uma ressurreição diária. Ao anoitecer, entregamo-nos ‘aos braços de Morfeu’, Deus dos sonhos na mitologia grega, à expectativa de uma boa noite de sono e de um despertar revigorado. À manhã seguinte, ressuscitamos. Como que num passe de mágica, num dado momento, ressurgimos do mundo misterioso dos sonhos, despertos e prontos para mais um dia de batalha. É um fenômeno fantástico, mas essa ressurreição diária não se dá somente pelo despertar matinal, mas também por diversas situações: quando geramos um filho, ressuscitamos; quando nos curamos de uma doença severa, ressuscitamos; quando dizemos SIM para algo que nos faz bem, ressuscitamos; quando dizemos NÃO para algo que nos faz mal, tristes ou sofrer, ressuscitamos; quando ajudamos ou fazemos bem ao próximo, ressuscitamos; quando amamos incondicionalmente,
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ressuscitamos; quando saímos vivos ou ilesos de um acidente ou de uma insana guerra, ressuscitamos. Esta lista é interminável, pois ressuscitar é ressurgir, recomeçar, renovar, reconquistar oportunidades, enfim, é ESPERANÇA. Há que se ter esperança e, para tê-la, precisamos alimentar o desejo, através de nossa fé. Falo aqui da crença de que o universo tudo pode nos prover, se a ele entregamos, confiamos cegamente e nos abrimos para receber. Que saibamos empenhar este privilégio diário da ressurreição em gratidões e amor ao nosso próximo e, assim, possamos expandir o consciente coletivo e atingir o propósito de nossa existência.
Ilustração: M.Conti
Quando estiver caindo, voe...
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Papo Animal
Gatos não são cachorros pequenos Saúde Única, sonhos coletivos FMVZ - USP
Certamente você já ouviu a afirmação de que gatos são interesseiros, frios ou traiçoeiros. A má reputação dos felinos está relacionada a comparação descabida comoscães, animais que costumam ser abertamente receptivos à interação humana. Embora compartilhem similaridades, as duas espécies possuem características próprias muito distintas, logo é fundamental estar ciente das diferenças para proporcionar ao seu pet uma melhor qualidade de vida. Caninos e felinos selvagens possuem comportamento diverso na natureza e os animais domésticos que conhecemos hoje herdam muitos hábitos de seus antecessores. Diferentes dos cães, a domesticação e aproximação dos gatos com humanos foi um processo muito mais gradual e recente. O relacionamento de humanos com felinos já foi iniciado com imposição de certo distanciamento, pois eles não dependiam exclusivamente de nós para obtenção de seu alimento. Os caninos, por sua vez, foram ensinados e adaptados desde o início do processo a integrar as atividades humanas e, consequentemente, depender dos mesmos para se alimentar. O comportamento é uma das principais diferenças entre as duas espécies. O cachorro naturalmente prefere estar em bando ou em família, enquanto os gatos são mais independentes por natureza – embora não sejam solitários. Geralmente, os cães precisam de maior atenção e são submissos às ordens de um líder. O gato, entretanto, muitas vezes não costuma obedecer ou agir da maneira que o tutor espera–emborao adestramento seja possível. Apesar dessas características, os felinos são mais facilmente treinados para hábitos sanitários como uso da caixa de areia, pois está ligado ao seu instinto. Uma vez que aprendem esse hábito, dificilmente buscarão outro local para realização de suas necessidades fisiológicas. Porém, vale ressaltar que o comportamento de urinar ou defecar fora da caixa sanitária pode aparecer em situações de estresse, dor ou doença. Porisso, é necessário estar atento a qualquer sinal diferente do seu companheiro animal. Mas a pergunta que não quer calar: os gatos realmente são menos carinhosos que os cães? Tal afirmação não é, necessariamente,verdadeira. O comportamento de um animal e sua relação com humanos está diretamente ligado ao temperamento e a forma com que ele foi exposto a algumas situações em sua fase desocialização. Na realidade, os felinos podem ser muito
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arquivo
afetuosos,mas possuem uma maneira diferenciada de demonstrar. Como forma de denotar seu afetoaos seus humanos, um gato pode dar leves cabeçadas, ronronar após carinho, esfregar-se nas pernas, piscar lentamente os olhos e até mostrar a barriga–posição que indica vulnerabilidade. A linguagem corporal dos gatos é sofisticada: podemos entender o humor por meio da posição das orelhas e bigodes, bem como da cauda e pelos. É fundamental observar os sinais que são dados para que a interação não ultrapasse os limites do animal e não gere acidentes. Outra característica que difere as duas espécies é a alimentação: gatos são carnívoros estritos, o que significa que alimentos específicos para essa espécie são fundamentais. São conhecidos pelo hábito alimentar de“petiscadores”, ou seja,gostam de fazer pequenas refeições ao longo do dia. Além disso, gatos ingerem menos água que os cães devido ao comportamento de seu ancestral do deserto, que não possuía disponibilidade de água através de rios ou outrasfontes, sendo sua necessidade suprida através da caça. Assim, os gatos domésticos também não têm ocostume de ingerir água em sua forma pura, porém como geralmente se alimentam apenas de ração seca, é necessário estimulá-los para que suas necessidades sejam atendidas. Os felinos gostam de água sempre fresca, depreferência corrente. Logo, investimentos em fontes de água são válidos pois podem aumentar a ingestão, além de incluir na dieta ração úmida como sachês. Ainda, são animais muito higiênicos e preferem que a área de “banheiro” esteja distante da área de alimentação,de preferência em outro cômodo. Os gatos também preferem que os potes de água sejam amplos para não encostar os bigodes e que fiquem distantes dos potes de alimento. Mas e em relação aos banhos, os gatos podem tomar? Diferente dos cães, os gatos possuem hábitos de higienização. Desta maneira, banhos são estressantes para esses animais e se fazem desnecessários, salvo se tiverem objetivo terapêutico. Os gatos também precisam de atividades físicas, mas o ideal é que eles permaneçam dentro de casa, sem sair para dar ”voltinhas” sem supervisão. Saindo na rua estão expostos a doenças, maus-tratos de outros humanos, risco de acidentes e brigas, portanto telas de proteção são fundamentais para impedir que tenham acesso a tais riscos. O ideal é fornecer dentro do próprio ambientecaseiro atrações para o gato realizar suas atividades físicas. Para estimular atividades, pode-se investir em verticalização de ambientes com uso de suportes que permitam que o gato escale superfícies, arranhadores e brinquedos que estimulem o comportamento caçador do animal. Por fim, é necessário estar atento ao seu amigo! Os gatos não mostram dor com facilidade e mascaram doenças, portanto, é preciso observar qualquer sinal diferente que seu felino demonstrar: urinar ou defecar fora dolocal habitual, mudança no padrão de atividades,diminuir quantidade de ingestão de comida ou água e outros comportamentos que você considere estranhos para o seu companheiro. Texto escrito por NatayanedoValeTorquatocomacolaboraçãodeGabrielaCristinadeO.Santos, Evelise Oliveira Telles, membros do Projeto Santuário. Para sugestões ou dúvidas, entre em contato pelo e-mail: papoanimal60mais@gmail.com. Nos siga nas redes sociais:Instagram:@projetosantuariouspeFacebook: ProjetoSantuário-FMVZUSP. Ficaremos muito felizes em ter vocês conosco
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Aprendizagem na 3ª idade
O idoso e as finanças Malu Navarro Gomes Pedagoga Psicopedagoga Educadora no projeto Feliz Idade
Na edição passada recebemos uma sugestão muito oportuna e importante do Sr. Sebastião Duarte, de Guarulhos - SP. Ele fez o seguinte comentário: ”Excelente artigo, muitas informações importantes principalmente no tocante à saúde do idoso; bem detalhado a boa alimentação e a preparação em outros sentidos. Penso que você, embora não tenha citado ache importante uma preparação financeira para a velhice, já que isso além de garantir uma boa alimentação pode ajudar, entre outras coisas, a morar bem, acessar em melhores condições a medicina e tantos outros benefícios que uma saúde financeira proporciona. Muito bom o artigo. Está de parabéns. ” Publiquei seu comentário na Magazine 60+ de fevereiro 2022 e escrevi que esse assunto é mesmo tão relevante, que merecia um artigo para melhor explorarmos esse tema. Para garantir maior fundamentação, entrevistei um Consultor, especialista em cultura organizacional que, além de ser educador é também autor de mais de uma dezena de livros. 1. Malu Navarro Gomes: Hoje em dia as pessoas estão vivendo muito mais do que se vivia no século passado. Quais são, a seu ver, algumas das principais consequências dessa condição tanto para o idoso como para a sociedade? Mário Donadio: Quando a questão do idoso é vista somente sob o prisma econômico algumas conclusões são perversas. O que sem dúvida é uma conquista, passa a ser vista como um problema cuja solução seria os idosos “morrerem mais cedo”. Em um texto de Machado de Assis, escrito por volta de 1870 ele se refere a um “velho que carrega nas costas mais de 50 anos; posto que bem vividos”. Hoje em dia, desde que cuide de sua saúde, superar os noventa anos não é incomum. Para o idoso a consequência principal é ter que aprender a ser feliz aproveitando tudo o que a experiência de vida lhe dá. Os profissionais da saúde, não apenas da medicina, mas da educação principalmente, podem ajudar. Quanto
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à sociedade, as coisas são mais complicadas quando as políticas governamentais privilegiam o econômico e não o bem-estar, felicidade e qualidade de vida. Quando a idade lhes dá limites para serem produtivos os idosos são vistos como um estorvo e geradores de custos. 2. MNG: Pensando-se que a realidade atual e futura seja a de que a maioria da população ultrapasse a idade dos 60, 70 anos, a partir de quando a pessoa deve se organizar para viver uma velhice digna, sem necessariamente depender dos filhos e ou familiares? Você percebe a existência de outras possibilidades para o idoso? MD: Estudos feitos há vários anos, e que necessitam ser atualizados para a realidade contemporânea, indicavam três ciclos na vida econômica: A) até os 25 anos investimento profissional, terminar uma faculdade, estagiar em empresas. Nas famílias de classe média, a pessoa é sustentada pelos pais. B) Dos 25 aos 50 anos, crescimento profissional, pós-graduação, carreira na empresa, independência financeira. Nesta faixa etária ocorre a constituição da família, investimento na educação dos filhos. C) Dos 50 aos 75 anos, acontece a maturidade profissional e certa estabilidade dos ganhos. As mulheres, estatisticamente, pagam um preço alto no segundo ciclo quando, dos 25 aos 30 anos ou mais, são obrigadas a abandonar a carreira para cuidar dos filhos. Estes ciclos funcionam para a classe média, não para os muitos pobres ou muito ricos. Portanto, é dos 25 aos 50 anos que devem se preocupar em construir um patrimônio que lhes garanta uma velhice sem depender de familiares. Está cada vez mais difícil este cuidado para a maioria das pessoas. Existe sim, outras possibilidades que é a construção de políticas voltadas ao bem-estar social e garantia da dignidade do ser humano de mais idade, como existem em muitos países europeus. Lamentavelmente estão sendo eliminadas no Brasil. 3. MNG: Pensar em viver mais representa algo como permanecer mais tempo no mercado de trabalho? MD: Direto ao ponto: o idoso não deveria ter que permanecer mais tempo no mercado de trabalho, tem que ter mais tempo para apreciar a vida. Alguém com mais de 75 anos só deveria trabalhar para buscar alguma realização pessoal; nunca para ter que se sustentar, ou compor as receitas financeiras de sua família. Ele já produziu tudo o que era possível dos 25 aos 50 anos, criou seus filhos e chegou aos 75 anos ou mais. Para muitos é difícil perceber que os mais jovens vêm com mais energia e conhecimentos atualizados A ajuda que precisa é que lhes indiquemos como aprender quais são os caminhos para lidar
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com as limitações naturais que a idade traz e quais potenciais para superá-las aplicando sua experiência e maturidade. Voltamos à questão das políticas de respeito à dignidade humanas e de bem-estar social, necessitamos de uma sociedade mais ética e solidária. 4. MNG: O que a população de idosos pode ensinar aos mais jovens – pensando-se que estes também chegarão à velhice? MD: Nas sociedades antigas o idoso era essencialmente um educador, guardião dos valores, modelo e exemplo. Mesmo nestes tempos das tiranias das redes sociais é possível ser o referencial ético. Sem discursos moralistas – por favor! – que somente irritariam os jovens. Esperando que perguntem, ou até peçam conselhos, compreender as diferentes demandas e momentos que cada um está passando. Cara Malu, aqui entramos em uma área que não é minha. Há duas circunstâncias reais: os idosos, sem as políticas sociais solidárias, têm que enfrentar a queda de sua renda, ao mesmo tempo em que suas despesas, inclusive com a saúde, aumentam ano a ano. Neste quadro econômico ético e profissional que eu descrevi, o que a psicopedagogia recomenda para ajudar o idoso? MNG: Antes de mais nada, quero agradecer sua colaboração. A psicopedagogia trata eminentemente das questões ligadas à aprendizagem do ser humano, seja qual for a sua idade. Por que se aprende, como se aprende? O idoso precisa conviver com as transformações sociais, mudanças de costumes e até com os preconceitos – idadismo – contemporâneos que julgam os limites que você descreveu. Podemos exercitar suas habilidades em se relacionar com seus pares e com outras gerações, principalmente do seu grupo familiar. As questões de memória, concentração, atenção, organização de suas atividades – que de fato são reais – podem ser tratadas através de jogos e exercícios pedagógicos, representam desafios a serem respondidos, são muito agradáveis e, fundamentalmente, auxiliam o desenvolvimento e manutenção de sua autonomia.
Malu Navarro Gomes
Especialista em Psicopedagogia e Neuropedagogia Atenção, concentração e memória. Práticas psicopedagógicas conforme necessiades e objetivos específicos Troca de informações, orientações sobre dinâmicas e atividades apropriadas ao idoso. blog: https://blogdafelizidade.blogspot.com + 55 11 93481 1109 email: qualidadedevidaidosos@gmail.com O BLOG DA FELIZ IDADE FOI CRIADO PARA AJUDAR, PRINCIPALMENTE OS 60+. COM ISSO, VEM RECEBENDO EMAILS E PEDIDOS DE CONSELHO OS QUAIS A EDIÇÃO DO MAGAZINE 60+ ACHA IMPORTANTE QUE TODOS LEIAM. PODE SER QUE UM DESSES CASOS ESTEJA ACONTECENDO COM VOCÊ!
Envie sua pergunta para essa Revista ou para nosso blog magazine 60+ #33 - Março/2022 - pág 29
PERGUNTAS DO LEITOR Dando continuidade ao debate sobre a saúde do idoso, iniciado na Magazine 60+, edição de dezembro de 2021 e que gerou observações e contribuições de leitores nas edições seguintes, recebi este comentário de Francis Sierra Hussein – Jundiai - SP Jundiai, 19/02/2022 Vamos falar sobre SLOW MEDICINE SLOW MEDICINE, é a medicina com calma e prudência. É uma filosofia que busca resgatar valores milenares da prática médica. É fundamentada na relação médico paciente na singularidade do cuidado e da ponderação. Em 2018 realizou-se o 1º encontro Paulista de Slow Medicine em São Paulo. Entre os participantes destacamos o editor Dr. José Carlos Campos Velho, o moderador Dr. Alvaro Attalah, diretor do Depto. Científico da APM e outros. Surge então a Medicina baseada em Evidências, iniciativa da Cochrane Library e a Slow Medicine com o Prof. Dario Birolini, que publica “A arte e a ciência da observação clínica”. O Conceito de Slow Medicine é abrangente e complexo. Ela propõe mudanças nos padrões atuais do exercício da profissão ao médico, uma análise crítica da sua atenção e interação com médicos que exercem a medicina tradicional, psicólogos, enfermeiros, advogados e praticantes de outras formas de medicina. Ela não se propõe verdades, pois sabemos que é nas dúvidas que adquirimos mais postura ética rigorosa. O paciente é sempre o centro da intervenção, objetivando aumentar o seu bem estar psíquico e físico. Quem se interessar pelo assunto recomendo o artigo, no qual me baseei para divulgar a Slow Medicine (BR), do Prof. Dr. Bario Birolini da FMUSP. Na Base da National Library of Medicine, há artigos atualizados sobre o assunto.
fotos: voanews.com
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Amigo do Idoso
Prova de vida presencial obrigatória, acabou! Fábio Faria de Sá Diretor do Instituto de Orientação Previdenciária
Boa nova! A portaria MTP n. 220 de 2 de fevereiro de 2022, acabou com a exigência da obrigatoriedade da prova de vida pelos segurados no Brasil. Isso, afetará diretamente cerca de 36 milhões de brasileiros, aposentados, pensionistas e outros beneficiários do INSS – Instituto de Previdência Social. Por conta da pandemia, a prova de vida estava suspensa por quase 2 anos, para evitar a circulação e aglomeração de pessoas nas agências bancárias. Mas, foi retomada no início de 2022, novamente, de forma obrigatória, e caso não fosse cumprida, poderia causar o bloqueio ou, até mesmo, o cancelamento do recebimento do benefício. Essa exigência, obrigava os segurados, uma vez por ano, a se dirigem às agências bancárias para efeturem a comprovação de vida por meio da biometria nos caixas eletrônicos, ou ainda, apresentando o cartão de débito e documento com foto no depto responsável. Diante das dificuldades para os segurados, o INSS já sinalizava com algumas ações para melhor atender os usuários. Assim, liberou para os idosos acima de 80 anos, e para pessoas com dificuldade de locomoção, a possibilidade de solicitar a prova de vida em sua residência, evitando assim o transporte, muitas vezes, inadequado. Assistimos cenas inacreditáveis, como doentes hospitalizados por longas temporadas, irem às agências bancárias em macas hospitalares levados por ambulâncias. Cenas humilhantes e, absolutamente, desrespeitosas com nossos cidadãos mais fragilizados. Então, o fim dessa obrigatoriedade é uma grande notícia que favorece, especialmente, os idosos doentes, acamados e com dificuldade de locomoção, o que se agravou em tempos de pandemia, quando os idosos ficam mais suscetíveis a problemas de saúde. Agora, a prova de vida presencial passa a ser
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opcional! Grande alívio, não é mesmo? A partir de agora, a responsabilidade da prova de vida é do próprio INSS, que terá como tarefa cruzar informações dos beneficiários e manter o recebimento dos valores. A Portaria, em seu Art 2º, considera válidos como prova de vida realizada, dentre outros, os seguintes atos, meios, informações ou base de dados: I - acesso ao aplicativo Meu INSS com o selo ouro ou outros aplicativos e sistemas dos órgãos e entidades públicas que possuam certificação e controle de acesso, no Brasil ou no exterior; II - realização de empréstimo consignado, efetuado por reconhecimento biométrico; III - atendimento: a) presencial nas Agências do INSS ou por reconhecimento biométrico nas entidades ou instituições parceiras; b) de perícia médica, por telemedicina ou presencial; e c) no sistema público de saúde ou na rede conveniada; IV - vacinação; V - cadastro ou recadastramento nos órgãos de trânsito ou segurança pública; VI - tualizações no CADÚNICO, somente quando for efetuada pelo responsável pelo Grupo; VII - votação nas eleições; VIII - emissão/renovação de: a) Passaporte; b) Carteira de Motorista; c) Carteira de Trabalho; d) Alistamento Militar; e) Carteira de Identidade; ou f) outros documentos oficiais que necessitem da presença física do usuário ou reconhecimento biométrico; IX- recebimento do pagamento de benefício com reconhecimento biométrico; e X - declaração de Imposto de Renda, como titular ou dependente. Brasileiros, beneficiários do INSS que moram no Exterior já podiam fazer a prova de vida pela internet, seguindo Portaria do Governo publicada em outubro de 2020. A periodicidade é a mesma dos que moram no Brasil: uma vez por ano. Mas, não seguem o calendário nacional. Há agências do INSS em vários países, as chamadas agências internacionais. A documentação a ser enviada pode variar, pois seguem, os acordos existentes entre o Brasil e cada país. E, é enviada, pelo correio para o INSS no Brasil. Mas, por conta da pandemia, também, por lá, houve mudanças, devido à paralização dos correios locais. Agora, é possível provar que está vivo por biometria facial, por exemplo. Ou seja, é possível tirar uma foto dentro do aplicativo do INSS no celular. Mas, é necessário, analisar, caso a caso, justamente por
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haver diferentes procedimentos para envio das informações e documentação, dependendo do país. O assunto é bem complexo, e muitas vezes, precisa de um olhar atento aos detalhes! Para isso, quero sugerir o IOPREV – Instituto Previdência Social, do qual sou diretor, onde atendemos e orientamos a população, gratuitamente, nas questões da Previdência Social. Venha nos conhecer se quiser resolver tudo de maneira fácil e rápida! Estamos em São Paulo, pertinho do metrô Jabaquara! Atendimentos presenciais às quintas-feiras, das 14 às 17h. Sábados, das 9 às 12h! É só chegar, nem precisa marcar! Me acha, também, nas redes sociais: @fabiofariadesa Serviço: Endereço - Av. Engenheiro George Corbisier, 1127 – Metrô Jabaquara Telefone: (11) 5015-0500 Instagram: @fabiofariadesa Facebook: @fabiofariadesa
Nosso colunista, Fábio Faria de Sá (de azul) em pleno trabalho de ajuda aos idosos
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VAMOS APRENDER DESENHO? CURSO ON LINE VIA ZOOM SAIA DA MESMICE DESSA PANDEMIA VAMOS VER NO CURSO BÁSICO COMPOSIÇÃO, LUZ E SOMBRA, ANATOMIA E PERSPECTIVA MATERIAL: 1 BLOCO DE PAPEL LAY OUT A4, 1 BLOCO DE PAPEL CANSON A4, 1 LÁPIS 6B E 1 HB - UMA RÉGUA DE 30 CM.e BORRACHA TURMA 1 - TODA 2ª E 3ª DAS 10:00 ÀS 11:00 HS TURMA 2 - TODA 2ª e 3ª DAS 12:00 ÀS 14:00 HS TURMA 3 - ÓTIMA PARA QUEM TRABALHA DE DIA TODA 3ª DAS 18:30 ÀS 19:30 HS
INÍCIO DAS AULAS AO COMPLETAR UMA TURMA DE NO MÍNIMO 4 ALUNOS VALOR - R$ 150,00/MÊS
Dúvidas e Propostas Manoel (whatsapp) (11) 9.8890.6403 IDADE MÍNIMA 10 ANOS
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Condominio
Nova resolução da ANPD para proteção de dados para agentes de tratamento de pequeno porte Lawrence Gomes Nogueira Advogado sócio da Advocacia Aurichio Sindico morador e Sindico Profissional
O que a resolução nº 2 da ANPD (Agência Nacional de Proteção de Dados) muda para os condomínios?? Em 27/01/2022 a ANPD publicou resolução nº 2 regulamentando o tratamento de dados para agentes de pequeno porte, simplificando o tratamento de dados de algumas práticas previstas da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), especialmente quanto a elaboração de políticas de privacidades, registros de operações de tratamento de dados, estabelecer políticas de segurança de informação de forma simplificada, diminuindo os custos de implantação das medidas de proteção e privacidade de dados. Há ainda a desobrigação dos agentes de tratamento de pequeno porte de indicar o encarregado pelo tratamento de dados, previstas nos artigos 5, VII e 41, §2º da LGPD. Os agentes de pequeno porte terão prazo em dobro em caso para se manifestarem sobre qualquer exigência a Agencia Nacional ou solicitação dos titulares de dados. A Agencia Nacional ainda disponibilizará formulários para que os agentes de pequeno porte possam realizar a exigência legal de registro de operação de tratamento de dados pessoais. É de crucial ressaltar que os agentes de pequeno porte não estão dispensados de cumprimento das demais obrigações previstas na LGPD como indicar a finalidade e a base legal do tratamento de dados, exigências da LGPD, conforme artigo 6º da Resolução nº 2 da ANPD. O Artigo 2º da resolução nº 2 da ANPD define quais são os agentes de tratamento de pequeno porte: microempresas, empresas de pequeno porte, startups, pessoas jurídicas de direito privado, inclusive sem fins lucrativos, nos termos da legislação
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vigente, bem como pessoas naturais e entes privados despersonalizados que realizam tratamento de dados pessoais, assumindo obrigações típicas de controlador ou de operador. E OS CONDOMÍNIOS, SERÃO CONSIDERADOS AGENTES DE PEQUENO PORTE? O artigo 4º da Resolução nº 02 estabelece que os agentes de pequeno porte que façam tratamento de alto risco não estarão cobertos pela simplificação prevista na referida resolução, que façam os seguintes tratamentos: I - critérios gerais: a) tratamento de dados pessoais em larga escala; ou b) tratamento de dados pessoais que possa afetar significativamente interesses e direitos fundamentais dos titulares; II - critérios específicos: a) uso de tecnologias emergentes ou inovadoras; b) vigilância ou controle de zonas acessíveis ao público; c) decisões tomadas unicamente com base em tratamento automatizado de dados pessoais, inclusive aquelas destinadas a definir o perfil pessoal, profissional, de saúde, de consumo e de crédito ou os aspectos da personalidade do titular; ou d) utilização de dados pessoais sensíveis ou de dados pessoais de crianças, de adolescentes e de idosos. Ademais, O §2º do mesmo artigo ainda define que o tratamento de dados pessoais que: “possa afetar significativamente interesses e direitos fundamentais será caracterizado, dentre outras situações, naquelas em que a atividade de tratamento puder impedir o exercício de direitos ou a utilização de um serviço, assim como ocasionar danos materiais ou morais aos titulares, tais como discriminação, violação à integridade física, ao direito à imagem e à reputação, fraudes financeiras ou roubo de identidade.” Assim, ao analisar o mapeamento de dados dos condomínios, é possível verificar que são tratados os seguintes dados considerados de ALTO RISCO: • Tratamento de dados pessoais que possa afetar significativamente interesses e direitos fundamentais dos titulares; • Uso de tecnologias emergentes ou inovadoras; • Vigilância ou controle de zonas acessíveis ao público; • Utilização de dados pessoais sensíveis ou de dados pessoais de crianças, de adolescentes e de idosos. Frisa-se que os condomínios utilizam câmeras de segurança/vigilância das áreas comuns além de realizar controle de público que tenham acesso ao condomínio. Além da fiscalização de acesso do público e das câmeras de vigilância, os condomínios tratam dados pessoais sensíveis (biometria e leitor facial) dos moradores, além de dados de crianças adolescentes e de idosos nos cadastros dos moradores. Desta forma, pelo tratamento de dados sensíveis e de dados de crianças, adolescentes e idosos, conclui-se que o condomínio NÃO deve ser considerado um agente de tratamento de dados de pequeno porte e deve seguir todas as regras de proteção e privacidade de dados previstas na Lei Geral de Proteção de Dados (Lei nº 13.709/2018).
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O síndico, como representante legal de um condomínio, é o responsável pela implementação e manutenção do programa de privacidade e proteção de dados pessoais, devendo adotar as medidas necessárias para a adequação do condomínio à LGPD, sendo que tais medidas além de evitar vazamentos e as sanções, demonstra a boa gestão e profissionalismo da administração. Por fim, o morador, como titular dos dados, deve exigir que sejam implantadas medidas de proteção e privacidade de dados do condomínio e administradora. RESPOSTAS DE DÚVIDAS DE LEITORES: A SRA. JURACY ARAUJO DE BRASÍLIA/DF ENVIOU O SEGUINTE QUESTIONAMENTO: “Sr Laurence. Meu vizinho de andar consome maconha diariamente e tenho filhos pequenos que ficam com enjoo. Como devo proceder. ” (Sic) Prezada Sra. Juracy, a primeira providência, já que identificou qual a unidade que gera o incomodo com o uso da maconha, é fazer uma reclamação formal ao síndico indicando qual a unidade que faz uso da maconha e incomoda pelo forte cheiro na área comum. Sugiro que esse tipo de reclamação não seja feito em livro eventualmente disponível na portaria, para evitar qualquer de constrangimento ao morador, devendo ser realizada através de e-mail direto ao síndico ou pelo portal da administradora. O sindico deverá enviar uma notificação a unidade ou fazer uma circular sobre o problema. Caso o problema persista, quando sentir o forte cheiro, ligue para o 190 e chame a Policia Militar para constatação do problema, mesmo o uso da maconha seja considerado um crime de baixo potencial ofensivo, o infrator terá que ir a delegacia para prestar esclarecimentos se trata de apenas um usuário ou não. O SR. MARCIO LAURENTINO DE TAUBATÉ/SP TEM A SEGUINTE DÚVIDA: “Dr. Li numa de suas colunas que devemos informar quando percebemos brigas nos apartamentos vizinhos. Ponto 1 a quem devo reclamar ao sindico de meu prédio. Ponto 2 o apartamento de onde vem o barulho é de um policial e eu tenho medo que ele saiba que fui eu que fale.” (Sic) Prezado Marcio, a Lei Estadual (SP) nº 17.406/2021 estabelece que os condomínios, através dos síndicos ou administradores, devem informar a delegacia especia-
O SUPERA é um curso diferente de tudo que você já conhece. Com apenas uma aula semanal de duas horas, você conquista uma mente saudável, com mais concentração, raciocínio, memória, criatividade e autoestima. Estas habilidades melhoram o desempenho na escola, alavancam a carreira e garantem mais qualidade de vida. Encare este desafio e experimente uma forma incrível de viver. Nossa metodologia não tem limite de idade: todo mundo pode viver esta emoção. magazine 60+ #33 - Março/2022 - pág 37
lizada qualquer tipo de violência ou indício de violência doméstica e familiar contra mulheres, crianças, adolescentes e idosos. Assim, presenciando um ato de violência ou indício de violência deve ser imediatamente informado ao sindico ou administradora. O morador poderá fazer a denúncia diretamente para os canais de atendimento, conforme lista abaixo, podendo requerer o SIGILO na ligação para evitar qualquer tipo de retaliação do agressor. TELEFONES UTEIS PARA DENUNCIA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: SERVIÇO Violência contra mulher Violência contra criança e adolescente Violência contra idoso Bombeiros Policia Militar SAMU
FONE 180 100 100 193 190 192
lawrencegnogueira@adv.oabsp.org.br
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Desmistificando a conversa com Smartphone/ Computador Por: Sérgio Grinberg Como sempre o objetivo do Projeto Desmistificando a Conversa com o Smartphone/Computador é ensinar as funcionalidades da tecnologia atual que estejam sejam do interesse e estejam ao alcance de todos interessados. Impactar positivamente a qualidade de vida, até a autoestima dos participantes. A grande maioria das funcionalidades abordadas é de aplicabilidade quase que imediata. Sempre respeitando a individualidade do tempo de aprendizado, as repetições, esclarecendo as dúvidas que vão aparecendo. Os dispositivos que já temos oferecem uma série acessível de possibilidades que promovem melhor organização, muita informação, diversão, comunicação com muitas outras pessoas. Pela experiência acumulada nestes 4 anos deste projeto (mais os muitos anos nesta estrada de softwares e Apps), reunimos o material a ser passado em núcleos de focos. Cada um dos 8 Encontros básicos passa por um ou mais núcleos.
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Viva Cultura
Sala de espera Marcelo Conti
Escritor, Gestor Cultural Sócio da SOLUÇÃO Gestão de Negócios e Cultura Ltda. www.solucao-gnc.com.br Consultório de dermatologia. A sala de espera, pequena, como de costume compreendia cadeiras que acompanhavam as retas de três das quatro paredes do recinto, formando um “U” no qual pacientes esperavam sentados de frente para o balcão da Recepção. Neste, por sua vez, a atendente fazia “das tripas coração” para dar conta das múltiplas tarefas que lhe cabiam. Sala cheia. O ar condicionado e o perfume das pessoas se confundiam, e deixavam uma mistura bem característica dos consultórios médicos (incrível como todos têm o mesmo cheiro!). Nas cadeiras, pessoas diferentes mantinham a discrição de doenças também diferentes, tentando absorver do momento o passatempo que lhes pudesse distrair: um homem de terno lendo o jornal, um casal de jovens dizendo coisas inaudíveis que deviam ser engraçadas, outro homem de pernas cruzadas pensando na vida, uma senhora gorda mexendo na bolsa, um garoto adolescente mascando chiclete e, claro, dedilhando no celular, uma moça bonita de salto alto e vestido curto, uma mulher de meia idade, cara de brava, resmungando com a moça bonita, um demonstrador de indústria farmacêutica, com sua mala enorme aguardando a vez, e finalmente um senhor careca e de óculos fazendo palavras cruzadas. A Recepcionista deveria ir trabalhar em circo. Malabarista, talvez, porque com os ombros – e ouvidos – falava ao mesmo tempo em dois telefones; enquanto isso navegava no computador, escrevia num livro, conferia carteirinhas de planos de saúde, e abria a porta através de um “porteiro eletrônico”, não sem antes verificar quem estava do lado de fora. Cansava só de ver a moça trabalhar... Vez por outra a voz de alguém que não era visto emanava de uma porta aberta no corredor, e chamava pelo nome o próximo paciente. Uma cadeira vaga por segundos, e logo ocupada novamente na paciente sala de espera. O movimento de vai e vem era intenso. Os minutos corriam, não para aqueles que aguardavam a consulta, mas dentro a lógica do tempo que passava rapidamente. De repente a porta abriu. Através dela, entram pela ordem uma criança de uns quatro anos, uma senhora de uns oitenta, e uma mulher de poucos mais de quarenta. Como sempre, a cada vez que a porta abre as pessoas presentes na sala buscam com os olhos uma espécie de identificação do “novo companheiro de espera”. Para quem seria a consulta? Certamente, é uma indagação que ocorre interiormente. Já saberíamos... A mulher acomodou a senhora, e a criança (no caso, uma menina) ficou perambulando por ali mesmo, já que não tinha coisa melhor para fazer. Foi ao balcão, e disse à Recepcionista o nome da mãe, que era quem seria atendida pelo doutor. “Carteirinha do convênio médico, por favor,”, disse a solícita funcionária. “Mãe, dá a sua carteirinha aqui...” A senhora então abriu uma bolsa que mais parecia uma sacola, e ficou por uns dois minutos revirando o que havia lá dentro em busca da tal carteiri-
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Foto blog.iclinic.com.br
nha. De repente, parou e disse: “Ah, acho que deixei em casa!”. A mulher surtou. “Não, mãe, fala que é mentira! Pelo amor de Deus, fala que é mentira! Sua carteirinha deve estar aí, com você...” O pior é que não estava mesmo. “Mãe, você viu de onde nós viemos? Você viu desde que horas nós estamos na rua! Eu não mereço, ninguém merece.” A pobre da velhota, coitada, já nem se lembrava mais do seu nome, quanto mais de pegar carteirinha para ir na consulta. “Senhora, vou tentar ligar na PlaniMed para ver se, com o nome dela, consigo uma autorização, perseverou a exemplar funcionária. A sala de espera agora tinha um evento, e a turma que lá estava só prestava atenção naquilo tudo. Num determinado momento, a chave do carro caiu no chão. Aquelas pernas bem torneadas flexionaram e os braços foram em busca do chaveiro. Ao que a menininha imediatamente disse: “Mãe, aquele homem careca ta olhando sua bunda”. E estava, mas nem bem a menina terminou de falar a frase ele enfiou a cabeça dentro das palavras cruzadas, fingindo que não era com ele. Um garoto que aguardava a consulta não se conteve, e esborrachou de rir. Resolvida a questão da carteirinha, tudo parecia ter voltado ao normal. Parecia. A menina se engraçou com um senhor de terno (o que lia o jornal), e teimava em dizer para a mãe que ele parecia com seu pai. O homem, claro, gostou muito da brincadeira e começou a dar trela para a garota. Em dois minutos, e superando milhares de tentativas frustradas da mãe em demovê-la do que estava fazendo, a garotinha já estava no colo do homem, que paternalmente contava histórias infantis. O tempo passando. A paciência da mulher idem. As vozes que vinham do além, ou seja, do corredor, chamaram toda a sala de espera; a velhota já dormia, então. Seu ronco agora podia ecoar nos cantos do consultório, e um dos médicos, pelo telefone, perguntou à recepcionista quando o motoqueiro iria estacionar, ou ir embora de uma vez, porque sua consulta estava sendo prejudicada. A garotinha já não precisava mais de banho, porque mesmo imunda de tanto se enrolar pelo piso e paredes, estava absolutamente encharcada com a água de uma meia dúzia de copos derramados sobre seu corpo, consequência da falta de pontaria, e do excesso de brincadeira com o bebedouro, nas tentativas de matar o que dizia ser a sede. “Dona Alzira!”. “Por favor, senhora Alzira Barbalho!”, insistia a voz do corredor. Meio atordoada, e amparada pela filha, a velhota se dirigiu à sala do médico que a chamava. O caos se instaurou, então, naquele abençoado recinto. A velhota, nem pensar, não sabia dizer ao doutor o que sentia. Mas, junto da filha, que tentava explicar a doença da mãe, falava ao mesmo tempo confundindo ditongos, fonemas, e compreensões. A menininha, que fofa, experimentava números circenses sobre a mesa, cadeiras, maca, e até um pequeno armário (com portas de vidro!), no qual se guardavam amostras de remédios. Mãe e filha discutiam, a garota derrubou várias coisas e o barulho somou-se à tentativa de diálogo; o médico começou a gritar para se impor. E, finalmente, depois de cerca de 8 minutos de batalha linguística, diria mesmo neurolinguistica, o médico dispensou todo mundo sem ao menos saber o mal que acometia sua idosa cliente. Negou-se a continuar. Literalmente, e como bom dermatologista, seus nervos estavam “à flor da pele”. De volta à sala de espera, extenuada, abatida, debilitada por toda aquela confusão, a mulher quarentona só teve tempo de desabafar: “Meu Deus, que dor de cabeça!”. Ao que, prontamente a recepcionista acrescentou: “Senhora! quer que eu marque uma consulta para a senhora?” Não houve tempo para a resposta. A porta bateu mais rápido, e lá fora as três mulheres buscavam o caminho de volta...
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Caminhos da Argentina
El maestro tomó en brazos al bebé de una alumna Fotos e texto blog do colunista
Norberto Worobeizyk
Los maestros siempre tienen un componente vocacional que va más allá de su contrato y sus conocimientos. Hacen mucho más de lo que se les pide por ley. Se vuelcan en el aprendizaje de sus alumnos y quieren para ellos un futuro mejor. Sin duda esto es lo que motivó a Julio Cruz, un maestro argentino, a tomar en brazos a un bebé en el aula. Era el recién nacido de una alumna que llevó a su hijo a la clase porque no tenía modo de dejarlo al cuidado de otra persona mientras ella estaba en la escuela. Julio Cruz no tuvo inconveniente en que la mamá entrara en el instituto con su pequeño en brazos. Pero dio un paso más: para que la mamá pudiera seguir las clases con normalidad y pudiera leer con atención y escribir, este maestro tomó al niño y lo sostuvo durante el rato que se hizo necesario. Un futuro mejor para la joven mamá Una lección más de este docente, con años de experiencia a sus espaldas, que mostró empatía al darse cuenta de la situación de la joven y valorar que su cometido, más allá de lo que marcan las normas legales, era ayudar a la alumna. Parece que el bebé estuvo a gusto porque no lloró cuando Julio Cruz lo tomó en brazos. Ariel Bahiano Figueroa, ex operador de Canal 5 Interior – Super Canal, que vive en Tucumán (Argentina) publicó hace unos días en su Facebook la imagen del maestro con el bebé en brazos. En esa fotografía (direita) se recoge la posibilidad de dar un futuro mejor a una joven madre y a su familia. Ella puede así seguir sus estudios y aspirar a un trabajo con el que sostener a su hijo. Fuente: Dolors Massot
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Julio Cruz y el alumna en
O professor pegou nos braços o bebê de uma estudante Os professores têm sempre uma componente vocacional que vai para além do seu contrato e dos seus conhecimentos. Eles fazem muito mais do que o exigido por lei. Eles se voltam para o aprendizado de seus alunos e querem um futuro melhor para eles. Sem dúvida, foi isso que motivou Julio Cruz, professor argentino, a pegar um bebê na sala de aula. Era o recém-nascido de uma aluna que trouxe o filho para a aula porque não tinha como deixá-lo aos cuidados de outra pessoa enquanto estava na escola. Julio Cruz não teve problemas com a mãe entrar no instituto com o pequeno no colo. Mas ele foi um passo além: para que a mãe pudesse acompanhar as aulas normalmente e poder ler com atenção e escrever, essa professora pegou a criança e a segurou pelo tempo que foi necessário. Um futuro melhor para a jovem mãe Mais uma lição desse professor, com anos de experiência, que demonstrou empatia ao perceber a situação da jovem e valorizou que sua missão, além do que as normas legais marcam, era ajudar o aluno. Parece que o bebê estava confortável porque não chorou quando Julio Cruz o pegou nos braços. Ariel Bahiano Figueroa, ex-operador do Canal 5 Interior – Super Canal, que mora em Tucumán (Argentina) publicou há poucos dias em seu Facebook a imagem da professora com o bebê no colo. Esta fotografia (esquerda) reflete a possibilidade de dar um futuro melhor a uma jovem mãe e sua família. Ela pode assim continuar seus estudos e aspirar a um emprego para sustentar seu filho. Fonte: Dolors Massot
bebé de su n brazos.
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Caminhos de Portugal
Seca em Portugal? Implicações das alterações climáticas e o papel das barragens Segundo a Euronews, tem chovido pouco em Portugal durante este inverno. O sul de Portugal é a região mais afetada por ser geralmente mais quente e menos abençoada pelas chuvas. Contudo, todo o território chegou ao fim do mês de janeiro em seca generalizada. Cidália de Aguiar Bióloga, professora, repórter 60+
acesse https://momentoscidaliaaguiar.wordpress.com/ Tivemos em Portugal um mês de dezembro e janeiro soalheiros, embora frios, como é hábito. Fevereiro segue pelo mesmo caminho. Não que não seja agradável, mas a chuva faz falta. As culturas de inverno e pastagens foram lançadas, mas a falta de chuva perturbou-as, exigindo aos agricultores mais custos para as manter viáveis. O armazenamento de água nas bacias hidrográficas é dramático, porque as condições meteorológicas não têm permitido a reposição dos volumes armazenados nas albufeiras e nas águas subterrâneas. Como medida preventiva de falta de água para o consumo humano, o governo decretou que se diminuísse a produção de energia hidroelétrica de cinco barragens. A água só será usada para produzir eletricidade cerca de duas horas por semana, garantindo valores mínimos para a manutenção do sistema: uma delas é a de Castelo de Bode (Santarém). Alterações climáticas Aqui voltamos ao tema que muitos evitam abordar, que tem trazido consequências para o território e que é uma realidade a que temos de nos adaptar. As mudanças não ocorrem de forma linear ao longo do tempo, nem ocorrem uniformemente em todo o mundo. Em Portugal, nota-se que o clima está a mudar, porque os meses de dezembro possuem valores de precipitação abaixo do valor médio. O ideal será utilizar medidas de prevenção, criando um planeta mais sustentável para se viver nos próximos anos. A política agrícola, com a expansão de rega-
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dio, com culturas intensivas que precisam de muito mais água do que as espécies autóctones, como os mirtilos, os abacates, o olival intensivo, pioram a situação. É necessário generalizar o uso inteligente da água. Um estudo, publicado na revista científica Environmental Research Letters, alerta que os efeitos das alterações climáticas nas colheitas podem levar a uma escassez de alimentos e a um aumento de preços. Há aspetos positivos — alguém está atento! O nível historicamente baixo da Barragem de Castelo de Bode, tornou-se uma oportunidade para uma inédita limpeza nas margens. Voluntários juntaram-se para limpar à volta da histórica Aldeia de Dornes. Uma barragem septuagenária Castelo do Bode é uma das mais importantes barragens portuguesas. Inaugurada em 21 de janeiro de 1951, está situada no Rio Zêzere, numa zona de grande beleza, Com 115 m de altura, é uma das maiores em Portugal e estende-se ao longo de 60 quilómetros. Possui três gigantescas turbinas que produzem energia elétrica. A bacia hidrográfica tem 4 mil quilómetros quadrados. A albufeira da barragem, rodeada por vegetação frondosa em que o pinhal é predominante, oferece lindas praias fluviais, percursos pedestres e desportos radicais, para quem se aventurar. Pode ser visitada em pormenor fazendo um cruzeiro de barco, que o levará por entre as paisagens maravilhosas. Fica a dica, visitar Castelo do Bode em Portugal! Sabia que foi uma Brasileira, Mayra Santos, radicada na Madeira, a primeira mulher a atravessar a nado o rio Zêzere? https://www.dnoticias.pt/2021/6/22/ 266146-mayra-santos-desce-o-rio-zezere-e-faz-historia-de-novo/ Blogue e página da autora: http://urbanscidalia.blogspot.com/ https://www. facebook.com/Momentos-Cid%C3%A1lia-Aguiar-104233638203929/
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Nosso aplicativo já está disponível para compras mais inclusivas nas lojas Renner do Shopping Ibirapuera e Metrô Itaquera, em São Paulo, e no Rio Sul, no Rio de Janeiro. Estamos muito felizes em anunciar que os clientes das lojas Renner do Shopping Ibirapuera e Metrô Itaquera, em São Paulo e shopping Rio Sul, no Rio de Janeiro, já podem agendar o atendimento personalizado no nosso aplicativo. Agora pessoas com deficiência e idosos acima de 65 anos podem ter um atendimento personalizado na hora das compras. Acesse e baixe nosso aplicativo e confira as lojas que utilizam a Inclue. Android: https:// play.google.com/store/apps/
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informe publicitário
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Contos I
Uma cidade em demolição Malu Alencar Historiadora e Produtora cultural
Eu vi a transformação da Avenida Paulista nos idos das décadas de 60/70, os grandes casarões com enormes jardins foram derrubados e em seu lugar cresceram prédios, a maioria comercial. Em seguida foi a Faria Lima, a Nove de Julho, a Berrini. Perdizes, Vila Madalena, Pompeia, Santana, Tucuruvi, Vila Mariana...... A cidade de antigamente, de vilas com casas tranquilas, se transformou numa selva de pedra, para ver o céu é preciso subir no topo dos enormes edifícios, muitos acima dos 15, 20, 30 andares. Hoje fiquei assustada com a imagem aérea da cidade de São Paulo, um emaranhado de torres com pequenas janelas, parece mais uma montagem de lego infantil, ou o desenho de alguém que resolveu rabiscar no papel uma cidade imaginaria, sem-terra, só asfalto; sem arvores, só postes; sem pessoas, só carros; sem vida, só pedras e cimento. Não acreditei quando me disseram que Pinheiros se tornaria num canteiro de obras, mas isso aconteceu ano passado, começou derrubando casas da Rua Pinheiros, uma das primeiras foi a escola de meus netinhos, uma casa muito simpática numa rua de uma quadra entre Rebouças e Pinheiros, e logo várias, inclusive um posto de gasolina. Foram todos demolidos e placas anunciando novos empreendimentos: conjuntos comerciais, residenciais, hotéis.... Em seguida a demolição começou na Francisco Leitão, Joao Moura, Lisboa, Conego, Rebouças.... praticamente em quase todas as ruas da região. Não respeitam a lei do silencio, não respeitam os moradores. Caminhões enormes funcionam parados, dia e noite, soltando fumaça e com motor em alta rotação. Pode ligar para 156.... 190.... pra quem quiser, NADA ACONTECE. Uma cidade para robôs. Praças, terminais de ônibus, áreas do metro sem bancos para seres humanos S.O.S: quem pode salvar a Cidade da Garoa, a Sampa de Caetano, de Adoniran Barbosa, dos artistas da Semana de 22, do teatro de Arena, da Rita Lee, de Elis e Jair, dos festivais de música da Record, do Chorinho..... São Paulo pede SOCORRO. E eu me junto ao pedido: Quem pode salvar a nossa querida “capital” da América Latina?
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arquivo
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Literatura e Vida
A passividade do sentir e o seu caráter revelativo e ocultante Sonia Fernandez
A imprensa vai deixar o corona vírus descansar neste Carnaval. Quem quiser provar da Ômicron vai poder se sentir livre leve e solto. O pobre povo ucraniano é que vai estar na tela, massacrado pelos horrores putianos e o cinismo ocidental. Refeições indigestas nos esperam, mas o que seremos capazes de revelar e ocultar de nós mesmos frente a esses acontecimentos observados em tempo real: medo? indiferença? Mais um espetáculo provocado por alguém que quer o mundo para si contrapartilhado com quem acha que já tem o mundo nas mãos. Inevitável lembrar dos oxímoros da ucraniana brasileira Clarice Lispector: “a crueza do mundo era tranquila” “o assassinato era profundo” Sigo pensando o que pode significar um assassinato profundo. Não consigo atinar com a sensação que pode ter gerado essa afirmação. Um assassinato é necessariamente premeditado. Se não seria Xavier matou Orlando. Nunca Xavier assassinou Orlando. Mas um assassinato profundo? De onde vem esse “profundo”? Do assassino? Do leitor? Do morto é que não pode ser. E as mortes profundas que a Ucrânia produzirá nos próximos dias? A população andava tranquila cuidando da vida. Não acreditando em tamanha desfaçatez. Segundo meu afilhado que esteve lá por vinte dias, em julho do ano passado, o povo é alegre, receptivo. Ele, um brasileiro de passagem se enamorou do povo de Kiev e sofre profundamente com o que está acontecendo.
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F
Foto: tecmundo.com - divulgação
É como se Clarice antecipasse os sentimentos advindos do fato de saber-se em perigo, mas querer continuar gozando de espaço tão fundamental. Equivale a ter uma noção, suposição, antevisão, premonição da profundeza psicológica do assassinato que está em curso. Enquanto os ucranianos, já desacostumados de russos no seu cangote, dormiam liberdade. Positivas ou negativas. Esse é outro assunto. Não confundamos as coisas. O motivo de todas as guerras é o roubo, conforme assevera Eduardo Galeano. Depois vem os motivos construídos historicamente, maquiavelicamente, oportunisticamente e por ai vai. E as antíteses de Clarice: “a decomposição era profunda, perfumada”, “fascinante X nojo”, “amava com nojo”, “piedade violenta”, “piedade de leão”. Martelando... martelando... Uma decomposição pode ser intensa ou extensiva, mas não profunda. Já perfumada é possível. Esses adjetivos soam como se a mão que escreve não conhecesse muito bem o idioma no qual escreve e, no entanto, é absolutamente aceitável “a crueza do mundo (é) tranquila”. Milhões de gentes sentadas na frente do televisor e das telas de computador assistindo passivamente e (com tranquilidade) as cenas de canibalismo sem ritual, cujo único sentido repousa na transcrição do discurso artificial, subjetivo, aleatório do líder, com objetivo de sugerir um sentido ao que não faz nenhum sentido. Os bichos de Clarice estão a clamar entre uma martelada e outra. A galinha e seu curto voo. Só trinta anos de respiro ucraniano do vento russo, soviético. Por que alguns espaços vivem na mira dos czares, bolcheviques de toda ordem e não conseguem fazer valer seu destino com voo próprio? São obrigados a andar atrelados a seus algozes. Há uns três anos, estive nas três repúblicas dos Balcãs, tão felizes os achei, por livrarem-se de russos e suecos sempre no seu encalço e agora essa ameaça novamente. Nós aqui do outro lado do mundo, mas não longe o suficiente para não receber o cheiro de fumaça chernobil, passaremos o terceiro Carnaval seguido sem carnaval, ameaçados também por essa sinestesia de ânsia de poder com indiferença ou cálculo, porém, muito apaziguados frente a mais uma guerra televisiva, assim como estivemos quando da leitura do conto “Relatos de Carnaval”, da brasileira ucraniana Clarice Lispector. Ao final, sobrará a fantasia - a rosa – e, ao motivo de antes, - a pandemia – se somará o paradoxo: tristeza absoluta (a guerra) X alegria absoluta (a festa). Outra rosa de Hiroshima é uma possibilidade. O que esperar do “destino imperioso”?
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Mensagens
Mulheres Luiz Arnaldo Moncau
MÃES ESPOSAS AMIGAS GUERREIRAS UNIVERSO DE LUZES A ILUMINAR NOSSAS VIDAS LAÇO REGAÇO UM AFAGO UM ABRAÇO HEI-LAS PRESENTES EM TODOS MEUS PASSOS ENVOLTAS EM MANTOS DE LUTA E DE PAZ REINANDO SUAVES EM MARES REVOLTOS EMPUNHANDO ARMAS A DEFENDER SEUS ESPAÇOS SEMPRE PRESENTES SEM ELAS O QUE FAÇO?
SORRINDO FALANDO CORRENDO VIVENDO ALEGRES ESPERTAS DE VIVAZES MANEIRAS OLHARES QUE VÊEM O QUE OUTROS NÃO SABEM.
TEM O DOM DE BUSCAR O QUE DE FATO INTERESSA ULTRAPASSAM COM GRAÇA UMA LÓGICA INCERTA DA INTUIÇÃO A VERDADE LOGO PERCEBEM OUSAM E CONSTROEM O BEM QUE NOS CERCA.
LUIZ ARNALDO MONCAU 8/3/22 Dia da Mulher
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foto: Rad Pozniakov - Ucrânia
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Humor
Mui amigo Laerte Temple Doutor em Ciências Sociais Relações Internacionais
Amigos no colégio, Heitor, o melhor da classe, cursou universidade e fez pós no exterior. Ivo estudou técnicas de venda, a distância. Reencontraram-se na mesma empresa, onde o gênio precoce é gerente financeiro e o antigo e único amigo é vendedor. Um muito bem sucedido, outro sobrevivendo. Com as mulheres, o desempenho é inverso. Heitor treina krav maga e beach tênis, tem carro do ano, belo apê e as garotas o acham lindo. Para as mães, é o genro ideal. É culto, letrado, educado, gentil, mas seus encontros ficam sempre no zero a zero. Ivo é fraco de feição, desabonitado a ponto de fazer cebola chorar, prefere games e futebol em vez de livros. Mas tem uma cantada irresistível e consegue a mulher que quiser. Quinta-feira, depois da academia, Lola, frequentadora assídua, piscou para Ivo e sugeriu uma esticada no bar logo mais. - Posso perguntar uma coisa? Não se ofenda, tá! Eu sou bonito, forte, pós graduado, ganho bem... - Tem certeza de que é sem ofensa? - Claro. Quero saber qual é seu segredo. Você arruma mulher com facilidade, fatura todas e eu nada! O que há de errado comigo? Ivo disse que o que falta a Heitor é pegada. Foi-se o tempo que elas procuravam um cara romântico, honesto e trabalhador para casar. Hoje querem apenas transar sem compromisso. Coisa séria, só daqui há alguns anos. - Eu quis me formar, trabalhar, namorar e transar, nessa ordem. - Era assim nos anos 50. Quantos anos você tem? - Eu tenho ... - Brincadeira! Cara, o mundo mudou. Vamos ao bar. Vou pedir pra Lola levar uma amiga fácil, você me vê em ação e assimila. Sacou? - Encontro às cegas! Acha que funciona? - Não é pra funcionar. É só para dar a elas orgasmo na escala Richter!
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Foto: IMPE
Eles foram uma hora antes e pediram mesa no balcão. Ivo explicou os métodos de pegação e mostrou exemplos que rolavam no piso inferior. Lola chegou e grudou em Ivo. Andrea ficou com Heitor, na mesma mesa, para o pegador orientar o aprendiz: “tudo o que eu falo para a minha, você fala para a sua”. Ivo e Lola enxugaram 2 garrafas de Malbec, Heitor e Andrea, loira, linda, de pouca conversa e com leve sotaque, beberam apenas água e uma taça de Pinot Grigio cada. Os quatro passaram a noite no apê de Heitor. Dia seguinte, os amigos exaustos e sonolentos trocaram mensagens em linguagem cifrada durante um treinamento na empresa. - E o sismógrafo? Recorde na escala Richter? - Não. Só 3.8. Um fiasco. Depois desmaiei. - Também, 2 Malbecs! - Quem disse que vinho e amor combinam? - Shakespeare. Dizia que um bom vinho é um camarada bondoso e de confiança, se tomado com sabedoria. Mas 2 Malbecs comprometem. - Também, pudera, eu no tapete da sala e você na suíte nupcial. - O general que escolhe o campo de batalha tem mais chance de vencer – Sun Tzu. - Sun o quê? Deixa pra lá. Qual foi o placar? - Ontem foi só treino tático. - Treino tático? Era pra ser goleada! - Adversário contundido, com sangramento, sacou? Mas foi um bom treino. Hoje tem jogo e prorrogação. No intervalo para café, Heitor disse que não tem o telefone de Andrea e pediu ao único amigo para agendar concentração no barzinho. Ivo terminou de checar suas mensagens e disse: - Más notícias. - O que houve? - Andrea está no PS. O sangramento era hemorroida. Ele vai ficar 3 dias em repouso. - Ele? Andrea é ELA! - Ele, ela, tanto faz. É trans. - Sua amiga me arrumou um traveco? - Andrea Milano é um italianinho trans muito legal. Vai operar logo. - Por que ninguém me avisou? - Lola disse que, em cima da hora, foi o melhor que conseguiu. Amizade abalada, o clima nunca mais foi o mesmo. O gerente financeiro trocou krav maga por dança de salão. Pouco homem e muita mulher bonita e solteira. O grupo sai para dançar toda sexta-feira e o placar não demorou a sair do zero a zero. Heitor compreendeu o dito popular “Amigos são como rolos de papel higiênico: é sempre bom ter alguns extras sob a pia.” Vida que segue.
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Em todas as telas
Envelhecer é mais que sabedoria acumulada, são vivências Katia Brito Produtora de conteúdo sobre envelhecimento e longevidade
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Série traz diferentes depoimen vividas ao red
divulgação
Uma das associações comuns ao envelhecer é que as pessoas se tornam mais sábias, mas nem sempre é o que ocorre, embora seja uma alusão comum na mídia. A série “Sabedoria do Tempo, com Papa Francisco “, disponível no Netflix, baseada no livro “La Sabiduria del Tiempo”, escrito pelo papa, talvez devesse adotar o título em inglês “Histórias de uma geração”. Não se trata de uma série religiosa, mas com boas reflexões sobre amor, sonhos, luta e trabalho, reunindo jovens cineastas e homens e mulheres com mais de 70 anos de diferentes países, com vivências completamente diferentes. Um pecado da série é a falta de diversidade, afinal as questões LGBTQIA+ ainda são um tabu para boa parte da Igreja Católica. Mas vale a pena assistir! São quatro episódios com histórias emocionantes, entrecortadas por reflexões do papa. Particularmente, acho que esse papa tem um astral bom, parece realmente preocupado com o próximo, em compartilhar amor, mesmo com os todos os dogmas que vem com a religião católica, como a própria questão LGBTQIA+. Ele até já disse que o Brasil “não tem salvação, é muita cachaça e pouca oração”. Não está muito errado (risos). Na série, o amor maduro vivido pelo cineasta Martin Scorsese , que se
Martin Scorsese fala do amor v ao lado da filha
ntos sobre as muitas velhices dor do mundo
vivido depois dos 50 anos, Francesca
tornou pai pela terceira vez por volta dos 50 anos. Sua esposa Helen S. Morris tem Parkinson. A série mostra essa história de amor, que se mantém, enfrentando a doença. Ele também fala dos desafios da carreira, dos não recebidos no começo, e como seguiu em frente e construiu sua vitoriosa carreira no cinema, com clássicos como Taxi Driver, Os Bons Companheiros, Os Infiltrados, entre outros. Ao longo dos episódios, histórias como de Estela Barnes de Carolotto, fundadora do Movimento das Mães da Plaza de Mayo, que teve a filha grávida presa pela ditadura argentina e só encontrou o neto mais de 30 anos depois. E Vito Fiorino se redescobriu pai ao salvar crianças africanas de um naufrágio próximo da ilha de Lampedusa, na Itália. A primatologista Jane Goodall, de 87 anos, que continua trabalhando pela conservação e proteção de animais. Destaque também para a história da mulher, que foi uma das primeiras crianças negras a frequentarem uma escola para brancos nos Estados Unidos, e viajou o país para encontrar a mulher hoje proprietária da fazenda onde seus ancestrais viveram escravizados. E ainda a paraquedista de 88 anos que vive se aventurando, em homenagem ao filho falecido. Mostrando também que não se trata de uma questão religiosa, há o depoimento de um chef judeu de Jerusalém, e de uma artista nigeriana, que fugiu ainda adolescente de um casamento arranjado, e volta ao seu local de origem para ensinar o trabalho com tecidos e a criação de estampas, e viver a sua fé em sua religião africana. Uma série muito bacana que traz diferentes vivências e culturas, reforçando que são muitas as velhices, como também a vivida pelo papa Francisco, que tem 85 anos.
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Benefícios
Declínio cognitivo subjetivo o que é esta condição clínica? O declínio cognitivo afeta o envelhecimento?
Thais Bento Lima gerontóloga e colunista do SUPERA Ginástica para o Cérebro
No processo de envelhecimento precisamos estar atentos tanto para as características físicas como para a cognição. A capacidade cognitiva é um forte indicador de saúde, pois está relacionada ao processamento de informações, memória, análise, aprendizado, entre outros. Com o envelhecimento há um declínio natural na cognição e variáveis como escolaridade, doenças prévias, morar sozinho e o tabagismo podem ser considerados fatores de risco para um declínio cognitivo mais acentuado. O declínio cognitivo pode ser considerado o estado transitório entre o envelhecimento cognitivo natural e a demência. As pessoas que apresentam declínio cognitivo elevado podem ter um aumento no risco de resultados adversos à saúde e uma piora na qualidade de vida, em outras palavras, as atividades pessoais, sociais e ocupacionais podem sofrer mudanças, e uma consequência seria a perda da independência e autonomia. O Declínio Cognitivo Subjetivo (DCS) é uma queixa constante que uma pessoa tem em relação a sua cognição, mas que não apresenta nenhuma perda, ou seja, mesmo tendo queixas cognitivas, quando avaliado não apresenta anormalidades. É importante destacar que essas queixas podem estar associadas a uma pior qualidade de vida. Por outro lado, o Comprometimento Cognitivo Leve (CCL) é uma queixa cognitiva que pode ser confirmada através da avaliação de diferentes domínios cognitivos e tem um leve impacto nas atividades de vida diária, em atividades mais complexas, mas sem prejudicar a independência e autonomia do indivíduo. Em seu estudo Merlin (2021) relatou três critérios para DCS: 1) Declínio cognitivo e persistente das capacidades cognitivas, associado ao desempenho normal nos testes cogniti-
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vos padronizados; 2) Ausência de diagnóstico de demência ou CCL; 3) Quadro clínico não melhor explicado por transtornos psiquiátricos, uso de medicação ou doenças orgânicas. A depressão apresenta maior prevalência para as pessoas com 50 anos ou mais, sendo comum relacionar a depressão e a ansiedade como uma causa natural do envelhecimento, o que não é verdade pois em muitos casos precisam de tratamento. Estudos relatam que as pessoas com DCS frequentemente apresentam sintomas depressivos e de ansiedade, havendo o risco de evolução para uma demência ou CCL. Apresentamos algumas ações que podem ajudar a prevenir a evolução do DCS para um quadro demencial: ● Maximizar a função cognitiva por meio de estimulação cognitiva e social; ● Tratar e controlar fatores de risco como doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, entre outros; ● Manter uma alimentação saudável; ● Praticar exercício físico regularmente; ● Tratar a depressão; ● Cuidar da perda auditiva. Por fim, é aconselhável sempre procurar um médico quando perceber que você ou um familiar começou a apresentar queixas cognitivas, visto que um diagnóstico precoce ajuda a retardar uma possível demência, favorecer a autonomia, evitar acidentes, diminuir o estresse e a ansiedade, inclusive dos familiares.
Foto: lovepik.com
Assina esse artigo Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo. Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É assessora científica e consultora do Método Supera. Referências bibliográficas MERLIN, Silva Stahl. Características de personalidade e alterações cognitivas de idosos no acompanhamento longitudinal. 2021.Tese de Doutorado. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2021. NIEHUES, Janaina Rocha. Associação entre as características percebidas do ambiente construído, declínio cognitivo e limitações físico-funcionais em idosos comunitários. 2021. Dissertação, Universidade Federal de Santa Catarina, Araranguá - SC, 2021. STUDART NETO, Adalberto; NITRINI, Ricardo. Declínio cognitivo subjetivo: a primeira manifestação clínica da doença de Alzheimer. Dementia & Neuropsychologia, v. 10, p. 170-177, 2016.
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‘Causos’ do Nordeste
Lau vem! Tony de Sousa Cineasta
Sou natural da Vila de São Sebastião, que pertencia ao município de Mossoró, no Rio Grande do Norte, até início dos anos sessenta. Em abril de 1963 a Vila emancipou-se, transformando-se em município, mudando seu nome para Governador Dix-Sept Rosado. Tinha por volta de sete anos quando andei num caminhão pela primeira vez. Vínhamos a pé do sitio do nosso avô materno e um amigo do meu pai nos deu carona para atravessar o rio. Foi uma sensação incrível. No início dos anos 70 mudei-me para Natal e de lá para cidade de São Paulo. Metade da minha família mora em Natal e metade em Mossoró. Costumo visita-los com certa frequência. Numa dessas visitas fiquei hospedado na antiga casa que era dos nossos pais, no Alto da Conceição, em Mossoró. Estava cochilando numa rede quando ouvi os gritos desesperados de meu irmão mais novo, Eduardo: “Lau vem! Lau vem! Lau vem! Em seguida minha irmã Aurivanda, passou correndo e deixou a casa sem se despedir de ninguém. Perguntei o que estava acontecendo. Minha irmã mais nova, Ana, me explicou que Auri, pegava um ônibus para ir trabalhar todos os dias naquele horário. Esse ônibus passava de hora em hora. Se o perdesse chegaria atrasada no trabalho. Então ela mandava que nosso irmão mais novo ficasse plantado na Avenida Alberto Maranhão, por onde o ônibus passava, e quando ele aparecesse, desse o alarme. Era final dos anos 70 e comecei a imaginar como devia ser Mossoró antes da existência desses ônibus. Por coincidência encontrei numa estante o livro “À sombra dos tamarindos” de Raimundo Nonato. Esse livro, além do título me remeter à casa do meu avô materno, que tinha dois enormes pés de tamarindo bem em frente, fala também, entre outros assuntos, dos transportes coletivos de Mossoró. Diz que por volta de 1926 um comerciante turco chamado Maurício teve a ideia de comprar um caminhão velho e fazer uma adaptação no veículo colocando duas fileiras de assentos. A intenção desse comerciante turco era percorrer algumas cidades vizinhas de Mossoró, cobrando passagem para o transporte. A primeira viagem deu tanto problema que o turco desistiu do negócio. Em seguida, no final dos anos 20, apareceram os primeiros carros de transportes urbanos em Mossoró. Um comerciante do ASSU, de nome Etelvino Caldas, colocou em circulação alguns ônibus que percorriam os bairros dos Paredões e Alto da Conceição. Nessa época outros aventureiros já haviam colocado em execução a ideia do turco e transformado caminhões no que se chamava de misto. Um caminhão
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com uma cabine estendida que transportava mercadoria e pessoas. Etelvino Caldas concorria com esses chamados mistos colocando ônibus em circulação entre a cidade de Mossoró e a cidade de Lages. Desses pioneiros, donos de mistos, Raimundo Nonato lembra de um que ficou famoso. Chamava-se Raimundo Agostinho. Transcrevo abaixo texto do próprio autor de “À sombra dos tamarindos”, falando desse assunto: Na linha de Fortaleza, Raimundo Agostinho foi o mais popular dos donos de caminhão. Iniciou as viagens, e por um tempão sem sem-fim, foi uma espécie de donatário na exploração do transporte de passageiros entre Mossoró e a Capital Alencarina. Igualmente a Antonio Cirilo, Raimundo Agostinho, além de dono do veículo, era também o seu motorista. Seu nome entrou no giro da literatura. Seu caminhão ficou registrado no livro de viagens da escritora Lola de Oliveira, que nele viajou de Fortaleza para Mossoró. Curiosamente, Raimundo Agostinho nunca teve maior pressa em terminar viagem. Para ele, o que tinha de ser tinha muita força. Nunca teve hora certa para partir ou para chegar. Seu caminhão virou vezes sem conta. As demoras das viagens eram explicadas, pois todo mundo dizia que, ele tinha uma namorada em cada casa, na beira da estrada. E aí, o paleio era grande: doce de leite, ou de caju, água resfriada na moringa, que ficava exposta na janela, conversa animada e café feito na hora. Em outros pontos, era o almoço, como descanso que se seguia, até o sol pender... Assim, quem tivesse pressa ou negócio com dia e hora marcados, que não fosse no seu carro. Agora, com ele a coisa era diferente: Raimundo Agostinho tinha verdadeiro curso de bom tratamento, possuía a ética da amabilidade. Nas suas viagens já ensaiava uma coisa que pareceu descoberta, era ele um interprete de relações públicas no serviço dos seus caminhões. Mas, que dizer: tinha lá sua *quizilia de fazer entrega de cartas, que lhe davam aos montes, tanto para Fortaleza como para Mossoró. Ao chegar a essas cidades, passava no jardim (em Fortaleza, na Praça do Ferreiro, em Mossoró, na Rodolfo Fernandes), pegava uma pedra e botava o pacote de cartas debaixo, dizendo: - Quem quiser que venha receber aqui... divulgação
Peço permissão ao leitor para um esclarecimento desse paragrafo pois, é o ponto alto do texto. O mais engraçado. Raimundo Agostinho tinha muita bronca de levar e trazer cartas, mas para não ser antipático com as pessoas que lhe pediam esse favor, acabava cedendo. Mas não tinha o trabalho de conferir os nomes dos destinatários e entregar as cartas pessoalmente. Convencionou pontos de acesso público em Mossoró e em Fortaleza e chegava nesses lugares deixava as cartas lá cobertas por uma pedra. Quem quisesse que fosse pegar lá.
* aborrecimento
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Falando em leitura
SEMANA DE ARTE CONTEMPORÂNEA Marly de Souza C. Almeida Pres. da Academia Contemporânea de Letras
A Academia Contemporânea de Letras (ACL) promoveu a Semana de Arte Contemporânea, em comemoração ao centenário da Semana de Arte Moderna, de 15 a 18 de fevereiro do decorrente ano. Na edição anterior, quando escrevi sobre o Modernismo, relatei alguns momentos, inclusive históricos, sobre a Semana de 22, que foi o marco desta escola. Nesta coluna abordarei um pouco mais desse evento, em contrapartida, farei uma breve explanação do que foi o evento realizado pela ACL. Em primeiro lugar, a semana de 1922 foi idealizada por Paulo Prado, considerado o mais rico daquela época. Muitos poetas e escritores estavam manifestando insatisfações com as escolas literárias atuais (Realismo/Naturalismo/Parnasianismo). Queriam algo diferente, moderno, com mais liberdade de expressão, tanto na literatura, como nas artes e música. Os rumores chegaram aos ouvidos do burguês. Ele conversou com Oswald de Andrade, que havia chegado da Europa trazendo novidades, e outros escritores, poetas e artistas, para apresentarem as novas em uma semana. A partir do dia 11 de fevereiro, de 1922, a semana começou com exposição das obras de arte, no Teatro Municipal de São Paulo. Com plateia, a semana aconteceu em três dias: 13, 15 e 17: discursos, orquestras. Ocorreram vaias, com o intuito de agitar o movimento. Alguns pesquisadores supõem que Oswald de Andrade ofereceu ingressos para pessoas vaiarem as apresentações, com o propósito de agitar o movimento. Esse evento deu origem ao Modernismo, que perdurou de 1922 a 1960, quando surgiram novas ideias e o pós-modernismo, fase em que ainda estamos. Em segundo lugar, a Academia Contemporânea de Letras seguiu os passos da Semana de 22,
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Mod
Semana de Ar foi totalm
rte Contemporânea mente on-line.
Fotos - Colunista
dernistas
planejando, desde o mês de julho de 2021, como o evento aconteceria. O Diretor de Eventos Marcos Costa redigiu o projeto, o qual analisamos, até chegarmos na organização propriamente dita. Devido à pandemia, que ainda estamos vivendo, a Semana de Arte Contemporânea foi totalmente on-line. Nos dias 8 e 10 de fevereiro, pelo Instagram da academia, realizamos lives, para um “esquenta”; as mesmas ficaram gravadas. Vale a pena assisti-las. Dia 15 foi a abertura realizada por mim, Presidente da ACL. Em seguida Marcos Costa falou sobre a Semana de Arte Moderna. Foi o dia da literatura. Tivemos como convidado especial o poeta Mailson Furtado, vencedor do prêmio Jabuti, em 2018. Dia 16 foi o dia das artes plásticas, tendo como convidados especiais os artistas Carlos Borsa, Daniel Lourenço e Ronaldo Calixto. As anfitriãs e mediadoras foram Vania Clares e Neide Ciarlariello. Dia 17 foi outro dia de literatura, com a presença do escritor Antônio Torres, também, membro da Academia Brasileira de Letras. Houve uma inversão: Beth Candio (Maria Elizabeth Candio) foi mediadora e eu, Marly, anfitriã. Marcos Costa foi o outro anfitrião; João Raimundo Coutinho, Tony de Sousa foram os outros mediadores. Dia 18 foi o encerramento e o dia da música, tendo como participantes especiais os músicos Darc Maia e Carlos Mahlungo. As mediadoras foram Maria Cristina Arantes e Glafira Menezes Corti. Ao término, ambas apresentaram a composição, melodia e letra da Cris Arantes, sobre a Semana de Arte Moderna. As lives foram abertas ao público, que nos deu inúmeros retornos positivos, e obtiveram muita audiência. No fim de cada dia do evento, sorteamos livros doados pelos acadêmicos e acadêmicas. Foi um evento muito proveitoso e de muito aprendizado. Todos os dias, de 15 a 18 de fevereiro, ficaram gravados no nosso canal no YouTube. Todos e todas poderão inscrever-se no nosso canal, procurando por Academia Contemporânea de Letras. Temos outras redes sociais e site: • Nosso site: academiacontemporaneadeletras.com; • Nosso Instagram: @ academiacontemporaneadeletras; • Nosso Facebook: @letrasacademicas ou o nome da academia. Será uma honra, para nós, vê-los(as) nos acompanhando.
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Mensagens para leituras e reflexões
O majestoso poder da fé
Fotos enviadas pelo colunista Lenildo Solano Professor
Conversando como uma amiga que algum tempo não tinha esse prazer e satisfação por ser uma pessoa sensata e de muita fé. A sua conversa então deixou-nos surpresos diante do que ela disse: olha meu amigo você sabe que sou religiosa, vou a missa, oro bastante e faço as minha obras de caridade e acima de tudo tenho muita fé mas, o que vem acontecendo em nossas vidas como doenças, essa maldita pandemia que já levou muitas pessoas queridas, a situação carente da população cada dia com poder aquisitivo menor e até a descrença nas autoridades, nos poderes constitutivos e entidades que eram sérias, respeitadas e agora também estão deixando a desejar pela dedicação e incompetência dos responsáveis pelos serviços e decisões em prol das pessoas que necessitam de seus trabalhos. Estou sentindo, confesso para o amigo, decepcionada e insegura com todas estas situações e eu oro bastante! Depois de ouvir com atenção o seu relato, que podemos dizer o seu desabafo, procuramos amenizar dizendo que pior estaria se ela não fosse mulher religiosa, de fé viva e que recorre sempre as orações. Que esses são momentos passageiros e estão servindo para a evolução do planeta, da humanidade e que não podemos sentir pessimistas, desacreditas e para ficar acima de tudo, manter a fé e a oração. Jesus em seus ensinamentos e milagres deu-nos prova do seu amor por nós e da importância da fé do beneficiado dizendo: a sua fé te salvou! Quanto a sua preocupação com a necessidade que as pessoas estão passando, a sua descrença com as instituições e atendimento de serviço pudemos dizer que é passageiro e devemos ter cuidado e critério na escolha das pessoas que vão nos representar e que possamos cobrar. Mas convenhamos de que a coisa está mesmo feia e só com o poder da fé mudará pois ela é poderosa! Estamos em ano político e está a oportunidade para a renovação daqueles que não corresponderam com as suas obrigações de trabalharem pelo melhor da nação e pela dignidadedo povo.
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A fé é bússola, lâmpada e remédio. Que nos guia, nos ilumina e nos cura de todo mal. Pedir e acreditar sem vacilar! A mensagem abaixo em verso faz parte do nosso livreto Nova Aurora, Novos Tempos que estamos compartilhando em nosso blog: lenildosolano.blogspot.com 08- FÉ A fé consiste em acreditar naquilo que não vemos e nem pegamos mas ter a convicção e esperança de que Deus e nosso tudo e nossa confiança. A fé não se prescreve nascemos com sua fagulha para fazer desenvolvê-la com a vivência da palavra divina e da oração. A fé é remédio poderoso para toda doença e necessidade mas façamos uso da ciência humana que é efeito da inspiração divina!
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um livro é sempre um bom presente
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apoio cultural: Magazine 60+
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CriativA Idade
As personas do Eu Jane Barreto Psicopedagoga e Arteterapeuta
Você já deve ter visto e até usado uma máscara feita com diferentes materiais plásticos, em forma de peça artística ou artesanato e talvez nunca tenha parado para refletir sobre seus significados. Essa arte antiga e atual, tem outros simbolismos, está presente em diversas cultura, com significados diferentes. As máscaras são consideradas pela psicologia como símbolos da identidade humana. Ao construir uma máscara durante a prática da arteterapia, há um mergulho no EU inconsciente e interior que é subjetivo, essa construção estimula a auto percepção, o auto conhecimento, a interação entre a pessoa que observa e a que usa esse adereço. No ateliê de arteterapia, o trabalho com máscaras pode revelar as diversas faces da identidade, promovendo auto - conhecimento, auto aceitação e auto - superação dos sentimentos, frustrações e angustias . As máscaras são ponte para encontro dos arquétipos. Arquétipos são apontados na linha da psicologia Yungana, significa primeiro modelo de algo, (protótipo) ou antigas impressões sobre algo segundo a filosofia, a psicologia, e a narratologia ). Segundo Yung “... Persona é uma espécie de máscara projetada, por um lado para fazer uma impressão definitiva sobre os outros, e por outro lado, dissimular a verdadeira natureza do indivíduo...” Revisitando o conceito de PERSONA, na etimologia da palavra que vêm do latim, encontramos o significado: MÁSCARA LITERAL. Na psicologia analítica, as máscaras que vestimos servem para nos sustentar no social; são várias as personas que exercemos durante a vida, e esse apoio se dá através do simbólico para o real, por isso o acesso a prática das artes é tão relevante, porque possibilitam a percepção do que está oculto. O trabalho com construção de máscaras também traz um recurso de defesa psíquica e o alerta dos profissionais é, de observar a linha tênue entre imaginário e real, pois há o risco de se apegar aos papeis que exercemos, sem se dar conta da perda de identidade. A construção de máscaras promove a possibilidade de contextualizar e ressignificar as produções durante o processo criativo, para distinguir qual é a real persona e quais são as personas que cada um usa, nesse universo de imersão em si mesmo. . Fica a pergunta: Quais são suas máscaras??? Perceba-te! Conheça-te! Aceita-te! Supera-te! Inspira-te! Encanta-te
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Fotos: enviada pela colunista
Criação de Cida Rivelli – máscara em mosaico
Regina Barretto- composição máscaras do presente
Luiza
Mariza Leitte Pintura e colagem
Poema para uma máscara Certas máscaras não caem. São como do rosto algema. Elas não são, apenas interpretam, assim como o ator no cinema. São tanto insípidas quanto inodoras, não sabem a mel, nem exalam alfazema. Não têm nem certeza nem dúvida, elas nunca vivem um dilema. Não ficam velhas nem adoecem, máscara é de pele sem eczema. E se for batida, ou mesmo socada, nem assim revela um edema. Máscara exige ser decifrada, como de 5º grau um teorema. Máscara é muda, nada fala, nem mesmo um único fonema. Enfim, a máscara não manda nem pede, que se lhe façam qualquer poema! ...... Ema, ema, ema, cada um com seu ...poema. Por Appio Ribeiro
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Nosso cafézinho
Métodos de Café
Fotos: enviadas pela colunista
Cida Castilho Barista
Seguindo a nossa linha de diferentes métodos de se confeccionar café, venho apresentar o método Toddy Brew. Nome do método: Toddy Brew Quando foi lançado: 1964 Quem lançou: Toddy Cold Brew System – Lovelend, Colorado Histórico: Todd Simpson, engenheiro químico pela Universidade de Cornell, norte americano, criou e patenteou o método Toddy Brew em 1964. O sistema de filtragem de café coado, inspirado em um concentrado de café líquido antigo, deu-se origem, logo após ter provado um café, que lhe causou uma impressão duradoura numa viagem às lendárias montanhas do Peru. Inspirando Todd Simpson a tentar replicar o método de fermentação a frio. Anos depois, Toddy Cold Brew System estreou nos EUA. . Peculiaridades/Descrição: O Toddy Brew possui um recipiente para o preparo do cold com tampa, filtro e jarra. Durante o processo de fermentação a frio, o tempo substitui o calor. Os grãos de café moído (Moagem grossa) são absorvidos por um longo período de tempo (geralmente de 8 a 24 horas) para criar um extrato de café suave e saboroso que pode ser servido quente ou frio. O extrato de fermentação fria de sabor naturalmente doce então ser diluído com água ou leite para criar bebidas de fermentação gelada exclusivas ou bebidas congeladas misturadas, infundidas com nitrogênio (nitrocoffeea), ou diluída com água quente. Curiosidades: Esta bebida pode ser refrigerada por até duas semanas na geladeira. Preparo: Adicione o pó com moagem grossa (tipo ovomaltine) e recente na proporção de 10 gramas para cada 100 ml de água. Na sequência acrescente a água em temperatura ambiente e tampe. Deixe descansando em lugar fresco ou geladeira por no mínimo 8 horas. Sirva-se. Em casa: Utilize moagens frescas e água sempre de qualidade. Estabelecimento: Em cafeterias, bares e restaurantes é imprescindível todos os materiais que se fazem necessários para a extração do método. É de fundamental importância que o Barista conheça o café
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que foi cuidadosamente selecionado, ter o domínio das técnicas do método a ser preparado, tornando aquele momento único e que estabeleça o retorno do cliente outras tantas vezes em seu estabelecimento. Onde encontrar: https://toddycafe.com/product/category/toddy-cold-brew-system Bibliografia: https://toddycafe.com/the-toddy-story
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Receitas Fáceis
DICAS DE EBE FABRA NA COZINHA Fotos e receitas da Colunista
Ebe Fabra Chef de Gastronomia
Os dias no verão e mesmo um tempo depois são mais longos, e por isso sempre cabe um lanchinho no meio da tarde, antes do almoço, ou do jantar. Um exemplo bem conhecido é aquele tira-gosto dos fins de semana que acompanha sucos, cervejas, vinho ou aperitivos, deixando o papo mais animado. Perfeitas para essas ocasiões, as bruschetas são saborosíssimas e de preparo muito fácil. Os ingredientes essenciais desse clássico italiano são o pão em fatias, o alho, o azeite e o tomate. As variações e a criatividade ficam por conta do acréscimo de queijos e de temperos, como o tradicional manjericão. Porém, as bruschetas permitem toques de ousadia, como o uso de zattar na receita desta edição. Tempero típico dos paises do Oriente Médio, ele é formado por condimentos ricos em sabor e em propriedades que nos façam bem. Aproveite a fica pra arriscar ou petiscar! BRUSCHETAS ASSADA COM ZATTAR (direita acima) Ingredientes: *1 pão italiano baguete fatiado *Azeite de Oliva,sal e pimenta do reino a gosto *2 colheres de sopa de zattar *250 g de queijo(da sua preferência) eu usei Cottage *300 g de tomate 🍒cereja *folhas de manjericão ou manjericão 🌿para finalizar. MODO DE FAZER: Coloque as fatias do pão numa assadeira grande. Regue um fio de azeite em cada uma delas, acrescente o Cottage, mais ou menos 1 colher de chá em cada uma. Acrescente os tomates cereja fatiados, coloque sal e pimenta do reino a gosto, e o zattar. Coloque em forno
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pré aquecido em 200°C por mais ou menos 15 minutos. Tire do forno e sirva em seguida. SALADA DE FOLHAS VERDES COM FIGO,TOMATES CEREJA, FIGO E GORGONZOLA (a esquerda abaixo) Ingredientes: * Meio maço de alface crespa (ou da sua preferência) *meio maço de agrião *180 g de tomates cereja(1caixinha) *5 figos * 150 g de gorgonzola MODO DE FAZER: Lave bem as folhas e deixe de molho em água potável, escorra-as e deixe secar em papel toalha. Lave os tomatinhos , e corte-os ao meio no sentido longitudinal. Lave os figos também e seque com a toalha de papel. Corte-os também no sentido longitudinal. Coloque num recipiente as folhas verdes cortadas em tiras, acrescente os tomates, e os figos por cima. Esfarele o gorgonzola por cima de toda a Salada. Tempere a gosto. Eu coloquei: sal, vinagre balsâmico e azeite. PARA O PRATO QUENTE, ESCOLHI ESTA ABOBRINHA RECHEADA... (a esquerda) Ingredientes: *2 Abobrinhas médias * 300 g de carne moída *200 g de queijo muçarela ralado *4 ovos Modo de fazer: Lave as Abobrinhas, corte-as ao meio no sentido longitudinal, com uma colher tire toda a polpa da Abobrinha, salgue e pincele com azeite. Pegue a carne moída e de uma temperada, coloquei 1 dente alho espremido, sal e pimenta do reino a gosto, e 1/2 cebola ralada, juntei a polpa da abobrinha e misture bem, preenchi todas as Abobrinhas com este recheio de carne. Coloque em forno pré aquecido em 180°C, até que a abobrinha e a carne estejas cozidas, mais ou menos uns 20 minutos, tire do forno e coloque a muçarela e quebre os ovos por coma, volte ao forno até o ovo estar no ponto.
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SORVETE DE LEITE NINHO COM GANACHE DE CHOCOLATE (abaixo) Ingredientes: * 1 lata ou cx de leite condensado * 1 lata ou cx de creme de leite * 1 xícara de leite Ninho em pó Integral Modo de fazer: Coloque no liquidificador, ou num bowl e bata com o mixer, todos estes 3 ingredientes. Coloque num refratário ou pote de sorvete e coloque no freezer. Segunda parte: * 1lata ou cx de creme de leite * 2 tabletes de chocolate em barra meio amargo (160g cada) Modo de fazer: Quebre todo o chocolate e coloque num bowl, em seguida ponha o creme de leite. Leve ao micro-ondas por 1 minuto, retire do micro e veja se está todo dissolvido o chocolate, misture bem até ficar totalmente homogêneo. Se precisar coloque mais 20 segundos no micro. Vá até o freezer e retire a massa branca. Agora pegue um outro pote de sorvete ou refratário e vá alternando, massa branca e coletadas bem espalhadas de ganache. Volte ao freezer e deixe pelo menos 4 horas no freezer ou deixe mais tempo. Espero que vocês se deliciem com mais estas receitas.....até a próxima.
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