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rejeitar os deuses (que não suportam que os homens sejam felizes), não tendo medo da morte, regulando os desejos e suportando com paciência a dor. Na Idade Média, para usar um termo atual, a felicidade foi cancelada e Santo Agostinho deixa claro que a busca da felicidade é inacessível nessa vida. Portanto, por não ser possível ser feliz aqui é preciso acreditar numa vida próxima, no outro mundo. No entanto, há vários exemplos de pessoas e povos que insistem em buscar um paraíso terrestre. São os tempos da busca das ilhas da bem-aventurança, onde todos seriam felizes. Muitos desses lugares ainda constavam de alguns mapas de não muito tempo atrás. Hoje sabemos que as religiões, os sistemas políticos, o socialismo, a democracia, o utilitarismo, os humanistas e até mesmo os anarquistas, e tantos outros, ainda insistem em adotar uma fórmula mágica que possa indicar o caminho para se obter a tão sonhada felicidade. Não basta, como fez os Estados Unidos e posteriormente a Revolução Francesa, incluir na sua constituição direitos inalienáveis como à vida, à liberdade e à busca da felicidade. A psicologia freudiana e outras correntes filosóficas dizem que na realidade a felicidade absoluta é impossível de ser conquistada. Se ninguém é feliz como saber o que é felicidade. Por sempre querer mais o homem não pode ser feliz. O melhor então seria se contentar com as pequenas e fugazes felicidades, como diz a canção de Tom Jobim e Vinicius de Moraes
A felicidade é como a pluma Que o vento vai levando pelo ar Voa tão leve Mas tem a vida breve Precisa que haja vento sem parar
magazine 60+ #33 - Março/2022 - pág.18