tumes, fazendo-se passar como um paladino da família e das virtudes cristãs, usando chavões vazios em conteúdo e gestos medidos e cerimoniosos. Era um burocrata, manipulando carimbos, despachos, fichas e relatórios sem nenhuma serventia. Toda vez que o nome do Rei era pronunciado, o Conselheiro erguia-se um pouco da cadeira. Dono de gestos medidos, calculava inclusive o modo como inalava o inseparável rapé. Era histriônico Mantinha um romance clandestino com sua criada e se aventurava na escrita, tendo escrito “elementos genéricos da ciência da riqueza e sua distribuição segundo melhores autores” e como subtítulo “Leituras do Sertão.” Personagem aparentemente menor no contexto dos caracteres do romance O Primo Basílio, o Conselheiro Acácio primava pelas obviedades; nesse sentido, e por tudo que envolve esse esboço humano tão realista, o Conselheiro transformou-se em um personagem maior. As intervenções de Acácio nos remetem a figuras absolutamente moralista, que por outro lado contrasta com o ridículo de sua vida particular mantido com a ajudante doméstica. É o exemplo do bacharel que muito fala, não diz nada, não pensa e tudo reproduz. Como outros acacianos que encontramos no parlamento, no executivo e nos meios jurídicos são pessoas infelizes que criam arquétipos com a sociedade, demonstrando além da ostentação, do alarde e da fanfarronice. São pessoas vazias que tem por objetivo iludir e passar falsos conhecimentos sobre qualquer assunto. Quais serão os sentimentos dessas pessoas quando esses arquétipos forem denunciados e seu Eu interior sofrer as consequências psicológicas reais?
rariaalfarrabista.com - divulgação
magazine 60+ #33 - Março/2022 - pág.22