Magazine 60+ #37

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Foto: Mercado Livre

capacidade e sua essência. Tive vontade de colocá-la no colo e cantar uma canção que a acalmasse. Senti muita dor saindo de dentro dela. Como deve ser triste envelhecer achando que o resultado disso é o ostracismo. Que nada sobrará de nós. Que não serviremos mais para nada e devemos manter-nos à espera da morte. Não há dúvidas de que nossas perdas físicas na velhice são enormes e irreversíveis, tanto na parte estética como na funcional. Mas não somos só físico e podemos aprender coisas novas. Para que ficarmos presos nas nossas perdas, se podemos focar em novas aquisições? Como podemos utilizar nosso potencial, nossa criatividade e a energia que continua viva em nosso corpo? Conheci muitas pessoas que pensavam como essa mulher. Na minha vida ouvi muita gente falando: “agora não dá mais tempo”, “meu tempo já passou” e eu pergunto: “por que passou?” Pode sofrer algumas modificações, mas muita coisa pode acontecer. Por que entregar-nos a uma ideia retrógrada de que idoso está desatualizado e tem de ficar em casa. A opção é só nossa, no que se refere à nossa velhice. Se quisermos, nossas vidas podem ir se “estragando ou serem jogadas fora”, com o passar do tempo, como disse minha amiga, nos tornando incapazes de decidir, incapazes de criar e o pior, incapazes de sermos felizes, morrermos em vida, esperando que nossos dias acabem e enquanto isso, azucrinando quem estiver por perto. Ou se quisermos, podermos ter ideias, projetos e sonharmos livremente na expectativa de coisas grandes ou pequenas, não importa, mas que encham nossa alma, nossa vida de alegria, realizações e a possibilidade de ver que utilizamos nosso potencial. E teremos o maravilhoso sentimento do dever cumprido.

magazine 60+ #37 - Agosto/2022 - pág.66


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