Olhares do Mundo - 2019/2020

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ÁFRICA

Resistência à medicina dificulta o combate ao ebola no Congo Mais de 2000 pessoas já morreram no novo surto da doença que assola o leste da Republica Democrática do Congo. Enquanto a população desconfia da vacina, grupos rebeldes atacam centros médicos.

Por Priscila Palermo, Thiago Lopes, Carolina Denari, Açucena Barreto e Felicio Henrik

A

epidemia de ebola na República Democrática do Congo (RDC) já matou mais de 2.000 pessoas desde agosto de 2018, quando a doença voltou a se manifestar na região leste, na fronteira com Ruanda e Uganda. Há cerca de 3.000 infectados. Apesar dos avanços da medicina e do desenvolvimento de oito vacinas contra o vírus, o Congo está longe de combater o novo surto. A resistência da população em geral em aceitar a vacina tem levado a uma alta mortalidade: 90% das pessoas que contraem ebola falecem, sendo um terço delas crianças.

Kivu do Norte, província onde o surto está localizado (principalmente nas cidades de Butembo, Beni e Goma), vive em guerra há mais de vinte anos, com dezenas de grupos rebeldes locais e estrangeiros de diferentes etnias disputando territórios ricos em minérios. De acordo com analistas, a situação de constantes conflitos, a corrupção governamental e o baixo investimento em saúde e segurança levaram a população à desconfiança generalizada, a teorias de conspiração e à propagação de rumores. Muitos habitantes acreditam que o ebola 63

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